O PT começa a se movimentar para sacudir poeira, dar a volta por cima e entrar na corrida eleitoral. Na noite de terça-feira, o comando do partido realizou uma reunião plenária para discutir o rumo que a agremiação tomará na disputa pela Prefeitura de São Luís. O resultado foi que líderes petistas entregaram ao presidente do Diretório do partido na Capital um documento no qual faz a seguinte recomendação: o melhor caminho para o PT em São Luís firmar uma aliança em torno de um candidato identificado com o campo político liderado pelo governador Flávio Dino (PCdoB). A aliança preferencial será com o PDT em torno da candidatura do prefeito Edivaldo Jr. à reeleição, podendo também, em hipóteses mais remotas, apoiar a candidatura do deputado estadual Bira do Pindaré (PSB). A hipótese descartada é a deputada federal Eliziane Gama (PPS), cujo partidos e aliados se movem para derrubar o governo petista. A alternativa menos provável para o PT é lançar um candidato próprio, que pode ser o deputado estadual Zé Inácio, o deputado federal José Carlos Araújo ou o ex-presidente da OAB, Mário Macieira. Caberá agora ao presidente municipal, Fernando Magalhães, mobilizar as diversas correntes do partido e coordenar as discussões, de modo a definir como o PT irá às urnas. Nas conversas informais, petistas de proa defendem que primeiro passo é reconstruir a unidade partidária, sem o que dificilmente haverá consenso.
Sob o impacto da perda de poder no País com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, enfrentando acusações fortes e graves e saindo de uma complicada aliança com o PMDB, de quem é hoje adversário cruento, o PT maranhense é um partido marcado, sobretudo, pela divisão. São basicamente duas grandes correntes, uma que abraçou a aliança com o PMDB nos governos Lula e Dilma, e outra que nunca aceitou tal união e se manteve afastada sem perder a identidade petista. Agora, o grande desafio é superar as diferenças e restabelecer um lastro que permita ao PT operar como um partido de fato. As eleições municipais, em especial a de São Luís, funcionarão como um grande teste de sobrevivência para a agremiação petista.
É nesse clima de reconstrução que a tese da aliança com o PDT em torno da candidatura do prefeito Edivaldo Jr. se encaixa como a alternativa mais viável. Isso porque reúne os requisitos essenciais, como a reunião de antigos parceiros, a começar pelo PDT, partido do prefeito, e o PCdoB, legenda do governador Flávio Dino, com quem o PT recompôs relações desde que rompeu com o PMDB. Essa aliança tem consistência e o prefeito já alcançou Eliziane Gama, zerando uma diferença que nas primeiras pesquisas chegou a mais de 30 pontos percentuais. E tudo indica que as próximas pesquisas poderá o apontá-lo na frente. A candidatura de Edivaldo Jr. à reeleição tem o aval do Palácio dos Leões, hoje o mais importante bastião de defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Não se discute que a preferência do PT seria pela candidatura do deputado Bira do Pindaré (PSB), que já foi uma das estrelas petistas, mas que abandonou o partido por não aceitar a aliança com o PMDB. O problema é que Pindaré, mesmo tendo potencial eleitoral, vive o drama de não ter o apoio da cúpula do seu partido em São Luís devido a suas insuperáveis diferenças com o senador Roberto Rocha, que poderá apoiar Eliziane Gama ou Wellington do Curso (PP). O deputado federal poderia ser o candidato, mas todas as evidências indicam que ele não tem suporte dentro do partido.
No item candidato próprio, o deputado Zé Inácio é o nome mais citado nos bastidores do partido, ele próprio admitindo que se o PT topar, vai para a briga. Um dos representantes da nova geração do PT, Zé Inácio é um militante obstinado, que aproveita todas as oportunidades para defender o governo petista e a presidente Dilma. Outro nome, que circula no circuito universitário, no meio profissional, especialmente entre advogados, é o advogado e professor Mário Macieira, ex-presidente da OAB. Petista de ponta, ele acha que o caminho mais certo para o PT é apoiar o projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr., mas admite que se a decisão final for a de lançar candidato próprio e as forças do partido o convocarem, está pronto para discutir e assumir o desafio.
O comando do PT sabe que o partido não tem mais tempo para se preparar para se jogar numa aventura em São Luís, correndo o risco de perder o que lhe resta de prestígio. O partido está muito enfraquecido para pagar mais esse preço.
PONTO & CONTRAPONTO
Fantasmas do TCE deixam Pavão incomodado
É incômoda a situação do presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jorge Pavão. O sindicato dos servidores do TCE resolveu apertar o cerco contra servidores fantasmas – uma turma que integra o contingente os mais de centenas de ocupantes de cargos em comissão, cujos salários variam de R$ 3 mil a R$ 25 mil, simplesmente não trabalha. Por mais que se esforce para parecer tranquilo com a situação, o conselheiro-presidente não consegue disfarçar seu mal-estar. Pavão virou vidraça por causa do ex-presidente, conselheiro Edimar Cutrim, que tinha entre os comissionados do seu gabinete, ganhando R$ 7 mil mensais, o médico Maranhão, filho do presidente interino da Câmara Federal, deputado Waldir Maranhão, mas que inacreditavelmente mora em São Paulo e nunca deu um só dia de expediente na Corte de Contas maranhense. O caso virou escândalo nacional, tendo Jorge Pavão sido jogado aos leões da mídia com explicações nada convincentes e prometendo um recadastramento para o início do mês que vem, quando o sindicato diz ter uma relação dos fantasmas. Enquanto isso, Edimar Cutrim, depois de dar a explicação sem nexo, saiu de cena e “mergulhou”, deixando um tremendo abacaxi para o presidente descascar. Há quem diga que o recadastramento seria um caminho para evitar um escândalo de largas proporções. Só que o sindicato dos servidores do TCE não parece disposto a comer uma fatia de uma pizza malfeita.
Frota garante que ainda não tem candidato a prefeito
O deputado estadual Sérgio Frota (PSDB) fez um esclarecimento à Coluna: não decidiu ainda o candidato que apoiará na corrida à Prefeitura de São Luís. A explicação veio a propósito de informação divulgada na edição de ontem, dando conta de que estaria na contramão do seu partido, que declarou apoio à pré-candidatura de Eliziane Gama. De acordo com informação divulgada por um jornal local, Frota teria declarado apoio ao prefeito Edivaldo Jr.. O deputado disse que o jornal interpretou mal suas palavras. Explicou que elogiou ações do prefeito de São Luís, reconheceu que ele vem melhorando o seu desempenho, mas não declarou apoio à sua candidatura á reeleição. Sérgio Frota disse que para esse essa situação ainda não está resolvida e que também não faz restrições à candidatura de Eliziane Gama, com quem tomou café da manhã ontem, a convite dela, para conversar sobre corrida eleitoral. “Estou bem à vontade, analisando cada candidato”, disse o parlamentar.
São Luís, 22 de Junho de 2016.