Por mais que algumas das lideranças das suas várias correntes se esforcem para demonstrar que não há nada de errado na movimentação do partido, está cada vez mais claro que o braço maranhense do PT está rachado em três fatias em relação à corrida ao Palácio dos Leões. Uma delas alinhada ao projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT), outra se posicionando progressivamente pela pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), e uma terceira, que vem se posicionando numa espécie de “coluna do meio”, ora se dizendo simpática a Felipe Camarão, ora admitindo vir a apoiar Orleans Brandão, e em alguns momentos defendendo uma terceira via, num grande acordo que restaure a unidade de 2022. A divisão é tão óbvia e ostensiva que aliados de Felipe Camarão começam a pregar sua migração do PT para o PSB.
Essa divisão – que é uma tradição do PT maranhense em tempos eleitorais – tem produzido um situação indiscutivelmente contraditória: o enfraquecimento do projeto de candidatura do petista Felipe Camarão, tendo como contraponto o fortalecimento da pré-candidatura do emedebista Orleans Brandão.
A primeira corrente, formada por petistas de primeira hora, como o ex-presidente Raimundo Monteiro, está alinhada ao projeto do vice-governador, com alguns dos seus líderes pregando a dobradinha “Lula-Camarão”, acompanhando-o na maratona dos “Diálogos pelo Maranhão”. Esse grupo não faz oposição ao governador Carlos Brandão (sem partido) e defende a fórmula em que o mandatário renuncie em abril próximo e se candidate ao Senado numa chapa em que o governador Felipe Camarão seja candidato à reeleição, inclusive sugerindo que Carlos Brandão indique o vice, que poderia ser o próprio Orleans Brandão ou a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB). Na avaliação de um petista de proa, essa fórmula é hoje “muito remota, quase impossível”.
No contrapeso está a ala que tem como um dos líderes o ex-conselheiro do TCE Washington Oliveira, atual secretário-chefe da Representação do Governo do Maranhão em Brasília, que não fechou com o vice-governador. Esse grupo, que reúne petistas de expressão ocupando cargos importantes do 1º e do 2º escalões do Governo do Estado, alguns dos quais são pré-candidatos à Câmara federal e à Assembleia Legislativa, se encontra fortemente alinhado ao governador Carlos Brandão e vem sinalizando, cada vez mais fortemente, apoio à pré-candidatura de Orleans Brandão.
O terceiro grupo, que vem se mantendo sobre o “muro” e cujas lideranças se mantêm em posição mais discreta, não renega o projeto de candidatura de Felipe Camarão, mas não o defende enfaticamente, ao mesmo tempo em que não fecham abertamente com Orleans Brandão, mas também não o descartam. Para esses, se não há com o reconciliar, uma solução seria Felipe Camarão se candidatar ao Senado, desde que o governador Carlos Brandão também o fizesse, com as correntes que formam a base escolhendo um candidato a governador por consenso, desde que não seja Orleans Brandão. No duro, essa corrente não quer se afastar do governador Carlos Brandão nem colocar o vice-governador Felipe Camarão.
O maior problema é que essas correntes não conseguem sentar à mesa e tomar uma decisão mostrando que o PT maranhense pode romper com a tradição do racha interno e construir uma unidade, ainda que precária. Mas a julgar pelas falas dos seus líderes mais destacados, como Raimundo Monteiro e Washington Oliveira, passando por Francimar Melo, Augusto Lobato, Zé Carlos Araújo, Zé Inácio e o deputado federal Rubens Jr., a unidade é uma conquista muito distante, que só pode ser alcançada em torno da candidatura do presidente Lula da Silva à reeleição.
Nesse ambiente, não surpreende que vozes cada vez mais ativas sussurram sugerindo que Felipe Camarão deixe o PT e migre para o PSB. Isso, no entanto, não está na pauta do vice-governador. Pelo menos por enquanto.
PONTO & CONTRAPONTO
Orleans diz que pré-candidatura é “missão” e que já conta com 180 prefeitos e 80% dos deputados estaduais
O secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) reafirmou ontem, em Caxias, o seu projeto de candidatura ao Governo do Estado, que definiu como uma “missão”, ao receber o apoio formal e declarado do grupo Gentil, liderado pelo ex-prefeito e atual secretário de Estado de Agricultura Fábio Gentil (PP), e que tem como suporte o prefeito Gentil Neto (PP), da deputada federal Amanda Gentil (PP) – atual presidente estadual do PP – e da deputada estadual Daniella Jadão (PSB), além de vereadores e líderes comunitários.
Foi uma manifestação de peso no quarto maior colégio eleitoral do Maranhão, onde o grupo Gentil controla o poder há nove anos, mantendo agora uma aliança precária com o grupo Coutinho, que tem o Eugênio Coutinho (PDT), que já não representa integralmente o grupo Coutinho por conta do afastamento da deputada Cláudia Coutinho (PDT), esposa do ex-prefeito der Matões, Ferdinando Coutinho (PDT).
Ao mesmo tempo em que consolidas o apoio do grupo Gentil e de parte do0 grupo Coutinho, Orleans Brandão pode ganhar como adversário o grupo Marinho, comandado hoje pelo suplente de deputado federal Paulo Marinho Jr. (PL). Em tese, ele representa qualquer metade do eleitorado de Caxias, como foi demonstrado na eleição para a Prefeitura em 2024, quando saiu das urnas com 48,07% dos votos, perdendo para Gentil Neto, que recebeu 48,70, ou seja, 6,3 décimos de diferença.
Orleans Brandão consolidou o apoio do Grupo Gentil com um discurso forte, no qual declarou aceitar “a missão” de ser pré-candidato a governador. E fundamentou esse projeto com a informação segundo a qual já conta com 180 dos 217 prefeitos, e com 80% dos deputados estaduais.
Iracema recebe honraria do TRT 16ª Região mostrando prestígio no momento em que seu futuro político está sendo traçado
A presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputada Iracema Vale (PSB), é amais nova grande-oficiala da Ordem Timbira do Mérito Judiciário do Trabalho, honraria máxima concedida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região a personalidades de atuação social e política relevante reconhecida pela instituição.
A comenda foi entrega na quarta-feira em sessão solene do TRT/MA pelas mãos da presidente da instituição judiciária, desembargadora Márcia Andrea Farias, que justificou a concessão: “A entrega desta comenda simboliza a valorização de profissionais e autoridades que colaboram para o fortalecimento da Justiça do Trabalho e para o desenvolvimento social em nosso estado”.
Visivelmente emocionada, a presidente da Assembleia Legislativa agradeceu a honraria: “Essa medalha representa tudo o que vivi e aprendi dentro do Tribunal Regional do Trabalho, uma Casa que fez parte da minha formação e que me ensinou valores que levo para toda a vida”.
O ingresso da deputada na Ordem Timbira do Mérito Judiciário do Trabalho no grau de grande-oficiala se dá num momento especialmente importante da trajetória política de Iracema Vale. Ela se encontra no epicentro de uma movimentação que está tornando indefinido o seu futuro no que diz respeito às eleições do ano que vem, nas quais ela pode concorrer para renovar o mandato parlamentar ou ser alçada para um desafio majoritário. A presidente da Assembleia Legislativa foi prestigiada com a presença dos deputados Antônio Pereira (PSB), Ana do Gás (PCdoB), Davi Brandão (PSB), Glalbert Cutrim (PDT), Helena Duailibe (PP), Yglésio Moyses (PRTB), Vivianne Silva (PDT), Fred Maia (PDT), Florêncio Neto (PSB), Neto Evangelista (União) e Catulé Júnior (PP) e o prefeito de Bacabal e presidente da Famen Roberto Costa (MDB).
São Luís, 21 de Novembro de 2025.


