
movimentação direta e indireta na direção dos Leões
A segunda-feira (20) mostrou que, em meio a especulações furadas dando conta de um encontro – que não houve – do governador Carlos Brandão (ainda no PSB) com o presidente Lula da Silva (PT), os nomes que estão, de fato, na corrida ao Palácio dos Leões passaram a impressão de que decidiram pisar fundo no acelerador das suas pré-campanhas. Com exceção do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo), que anda meio sumido do cenário sucessório, o vice-governador Felipe Camarão (PT), o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) e o prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD) fizerem movimentos diretos e indiretos para demonstrar que estão na peleja. Eles alimentam um quadro que pode ser radicalmente alterado pelo resultado da conversa entre o chefe da Nação e o mandatário maranhense.
Felipe Camarão decidiu mostrar que está vivo e firme no páreo, reafirmando sua candidatura “em qualquer circunstância”. Além de estocar Orleans Brandão repicando um comparativo de formação profissional, o vice-governador exibiu nova musculatura partidária ao assumir o Setor de Comunicação do PT no Maranhão, bem como sua ascensão à condição de membro da Executiva estadual do partido, posições avalizadas pelo comando nacional do petismo. Com esses movimentos, Felipe Camarão confirma que não abre mão da condição de vice-governador nem de levar em frente o seu projeto de candidatura à sucessão do governador Carlos Brandão. E até onde se pode enxergar, ao mesmo tempo em que parte do PT maranhense ainda não lhe garantiu apoio, ele conta com as bênçãos da cúpula nacional do partido, aí incluído o presidente Lula da Silva.
Se não forma seu lastro na base de discursos e disparos verbais, preferindo a costura nos bastidores e nas ações de Governo, Orleans Brandão opera para consolidar o seu projeto de candidatura atuando fortemente nos municípios como representante direto do governador Carlos Brandão na execução da ampla e ambiciosa política municipalista em curso. Ontem, por exemplo, que foi presença destacada ao lado do mandatário na inauguração de uma rodovia pavimentada ligando Barreirinhas ao Delta do Parnaíba. Presença forte nesses atos, o pré-candidato do MDB tem se mostrado cuidadoso com as palavras, deixando que seus aliados falem por ele.
Se, por um lado, o prefeito Eduardo Braide mantém silêncio obstinado sobre ser ou não ser candidato ao Governo do Estado, por outro leva em frente a estratégia de alimentar sua presença na corrida sucessória estadual por vozes aliadas. Ontem, o vereador Joel Jr. (PSD), que foi o seu secretário de Saúde e atua como líder do |Governo na Câmara Municipal, concedeu entrevista manifestando a convicção de que o prefeito de São Luís vai concorrer à sucessão do governador Carlos Brandão, argumentando que o dirigente ludovicense reúne “todos os atributos” para ser um candidato viável. Além disso, a desenvoltura do prefeito nas inaugurações e nas redes sociais, tendo ao lado a vice-prefeita Esmênia Miranda (PSD), que se prepara para assumir a Prefeitura em abril do ano que vem, começa a indicar que Eduardo Braide está de fato se preparando para lançar sua candidatura ao Palácio dos Leões.
Não é demais lembrar que a confirmação desse cenário, ou não, está condicionada ao resultado da conversa do governador Carlos Brandão com o presidente Lula da Silva sobre a sucessão no Maranhão. Ele pode ser confirmado com a eventual permanência do governador no cargo até o final do mandato, o que significará a confirmação da candidatura de Orleans Brandão, mas pode também ter seu desenho mudado com eventual mudança de rumo na candidatura de Felipe Camarão, com a possibilidade de assumir o Governo e ser candidato à reeleição num grande acordo que levará o governador Carlos Brandão ao Senado.
A agitação entre os aspirantes é, portanto, indicativa de que o desenho da corrida ao Palácio dos Leões está prestes a receber o seu formato definitivo.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino volta a ser apontado como trunfo da esquerda ficou democrática para o Planalto
Não surpreendeu a matéria da revista Veja empurrando o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para a seara política, como que alimentando um ciclo que vem se cumprindo desde que ele foi governador do Maranhão, se repetiu quando chegou ao Senado e foi mais evidente quando ele atuou como ministro da Justiça, dando ao terceiro Governo Lula da Silva a face política que ele não tinha. E agora o ciclo se repete com ele membro em ascensão na Suprema Corte, onde preside a 1ª Turma, responsável pelo julgamento da trama golpista.
Na nova especulação, Veja levanta a possibilidade de que, se reeleito em 2026, o presidente Lula da Silva aponte Flávio Dino como candidato à sua sucessão em 2030. Esse projeto exigiria que o Flávio Dino, hoje com 57 anos, rompesse de novo com a magistratura para retornar à política, agora como candidato a presidente da República. Toda a matéria se baseia em rumores nos bastidores, a partir de conversas com aliados do ministro e membros do PT.
A abordagem de Veja em nada difere das especulações que “lançaram” pré-candidato a presidente o então governador do Maranhão, filiado ao PCdoB, que ganhou visibilidade nacional como adversário ferrenho do então presidente Jair Bolsonaro (PL), em quem identificou inclinação para comandar um golpe de estado. Eleito senador, agora no PSB, com a maior votação proporcional do País, Flávio Dino foi convocado pelo presidente Lula da Silva para o Ministério da Justiça onde teve atuação fundamental no desmonte da trama golpista de 8 de Janeiro de 2023, e em seguida como o mais ativo e politicamente atuante ministro do Governo do PT, ao qual deu um perfil de firmeza e coerência.
Agora, diante da evidência de que o PT não construiu alternativas ao presidente Lula da Silva, Flávio Dino volta a ser apontado como o trunfo da esquerda democrática para disputar a presidência da República quando Lula da Silva se aposentar. E não será nenhuma surpresa se ele vier a topar o desafio.
Esquema com emenda parlamentar causa constrangimento na Alema
A prisão de uma assessora da deputada Andreia Rezende (PSB), Larissa Rezende dos Santos, juntamente com os presidentes da Associação Cultural Catarina Mina, Ivan Madeira, e da Associação do Boi de Maracanã, Maria José Soares, com R$ 500 mil em espécie, dinheiro de emenda parlamentar, sacado do Banco do Brasil, e que cuja fatia maior, R$ 400 mil, seria entregues à deputada Helena Duailibe (PP), numa operação em que a deputada Claudia Coutinho (PDT) foi “apanhada de raspão” como suposta beneficiária, causou um forte mal-estar nos bastidores da Assembleia Legislativa. De acordo com o relatório da Polícia Federal, outras suspeitas de esquema estão sendo investigadas.
Os apontados como envolvidos, a começar ela deputada Helena Duailibe, disseram que nada sabem sobre o caso e que nada têm a ver com o suposto esquema de corrupção. Mas a ação da Polícia Federal indicou com clareza de que algo de muito errado aconteceu com aquela fatia do dinheiro público destinado a bancar projetos da cultura popular. Afinal, a assessora da deputada Andreia Rezende – cujo nome indica ser sua parente – sacou numa agência do Banco do Brasil no centro de São Luís R$ 500 mil relativos a emenda parlamentar. Dessa bolada, R$ 400 seriam entregues à deputada Helena Duailibe, e o restando foi dividido entre os dois presidentes de entidades culturais.
O desmonte do esquema pela PF indica que pode haver outros, colocando a Assembleia Legislativa na seara dos deslizes, causando constrangimento nos deputados não atingidos e colocando a Mesa Diretora, da qual a deputada Andreia Rezende faz parte, numa situação delicada. Tanto que, em nota, a presidente da Alema, deputada Iracema Vale (PSB), usou a cautela ao abordar o assunto, mas deixando claro que não vacilará na tomada de providências que o caso exigir quando for totalmente colocado em pratos limpos.
São Luís, 21 de Outubro de 2025.