Arquivos mensais: julho 2025

Brandão antecipa corrida sucessória, confirma permanência no cargo e projeto de eleger sucessor

Carlos Brandão: jogo aberto sobre roteiro
político um semestre antes do programado

O governador Carlos Brandão (PSB) mandou de vez para o espaço a estratégia de só se manifestar sobre a corrida para a sua sucessão, a disputa para as duas cadeiras no Senado e os preparativos para as eleições gerais, no início do ano que vem, sob o argumento de que 2025 seria inteiramente dedicado ao trabalho. Numa guinada radical, ele decidiu antecipar o debate sucessório em nada menos que seis meses, mergulhando sem reservas nas declarações políticas, que alteraram radicalmente o cenário político estadual. O ponto culminante da virada até aqui foi a entrevista ao portal de notícias Metrópoles, na qual confirmou, letra por letra, o seu projeto de permanecer no cargo e eleger o sucessor, da sua relação, hoje rompida, com o ex-governador e atual ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino,

Até pouco tempo reticente e cauteloso diante de indagações diretas de jornalistas sobre o ambiente pré-eleitoral do Maranhão, o mandatário maranhense decidiu colocar as cartas na mesa, fulminar as dúvidas, e iniciou um jogo de largo alcance. Sem qualquer reserva, anunciou que fica no cargo até o final do mandato, abrindo mão de um mandato quase certo de senador, e comunicou ao mundo que vai apostar todas as suas fichas na candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, seu sobrinho e braço direito Orleans Brandão (MDB), com a previsão de que a aliança governista elegerá os dois senadores, fará uma forte bancada federal e mais da metade da Assembleia Legislativa.

A mudança de atitude começou no início de junho, em Cajapió, onde, ao falar numa inauguração de obra, sinalizou pela primeira vez, publicamente, o propósito de lançar seu sobrinho candidato à sua sucessão. Mesmo tendo sido uma manifestação clara, direta, a declaração foi suficiente para assanhar os bastidores da política. De lá para cá, o governador veio num crescendo, explicitando cada vez mais o seu projeto de poder, animando seus aliados, entre eles a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), e o prefeito de Bacabal e presidente da Famem, Roberto Costa (MDB), por exemplo.

À medida em que foi abrindo o jogo e confirmando o projeto de candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, o governador Carlos Brandão foi dinamitando as bases que sustentavam o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT). Mais do que isso, atraiu para a aliança que controla forças até então distanciadas do seu Governo, como o senador Weverton Rocha (PDT), que conseguiu se tornar a primeira opção do grupo brandonista, e o deputado Aluísio Mendes, que agregou à base governista o poder de fogo do Republicanos no Maranhão. Na sequência entraram na locomotiva governista a Federação União Progressista, com as pré-candidaturas dos deputados federais André Fufuca (PP) e Pedro Lucas Fernandes (União) ao Senado. Ontem à noite, o PSDB, liderado pelo secretário-chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira, se reuniu, com a presença do seu presidente nacional, Marconi Perillo, para declarar apoio a Orleans Brandão.

Como acontece em toda grande virada política, a guinada produziu um custo, que deve ser a perda do PSB, que lhe deve ser tirado nos próximos dias. A experiência nesse jogo o fez preparar terreno para eventuais rebordosas, e disso resultou assumir o controle do MDB, para se garantir e aos seus aliados mais próximos. A crise instalada no PSB mostra que Carlos Brandão tinha razão quando acionou o seu irmão, Marcus Brandão, para assumir o controle do MDB no estado. Assim, se deixar o PSB nos próximos dias, como está rascunhado, terá o MDB como sua reserva estratégica e o seu porto seguro.

Chama a atenção o fato de o governador Carlos Brandão comandar a produção do atual cenário político maranhense sem perder o link que o mantém como aliado de primeira linha do presidente Lula da Silva (PT) e figurar na lista dos bons companheiros do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) nas fileiras do PSDB em outros tempos.

PONTO & CONTRAPONTO

Post de Camarão criticando a família Bolsonaro foi interpretado como tendo um segundo alvo

Felipe Camarão: petardo
com dois alvos

O vice-governador Felipe Camarão (PT) saiu em defesa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, agredido pela insanidade ideológica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele publicou o seguinte nas suas redes sociais:

“Deixaram o Brasil de lado para lutar pela impunidade familiar! Ainda bem que o eleitor brasileiro não aceita mais esse jogo em que a prioridade é a manutenção do poder familiar! Precisamos nos unir contra quem prefere o mal dos brasileiros para sustentar o poder familiar e a impunidade! O nosso Judiciário é livre! O nosso povo é livre! O que estão fazendo com o ministro Alexandre de Moraes não é um ataque pessoal, é um ataque à soberania do Brasil! Eu luto por um país livre e soberano!”

Não há qualquer dúvida de que o alvo do seu petardo é a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem cometendo a insanidade de prejudicar o País em troca de uma anistia que não vai acontecer.

Mas alguns observadores entenderam que por tabela o vice-governador também tentou alvejar o comando do Palácio dos Leões.

Bonfim tenta ganhar espaço em São Luís provocando Braide, mas o prefeito o ignora

Lahesio Bonfim: provocação a
Eduardo Braide não está funcionando

Pré-candidato do Novo ao Governo do Estado, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim parece empenhado em escalar o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), como seu adversário preferencial. Depois de vários gestos tentando se aproximar do prefeito, o ex-prefeito agora anda procurando oportunidades e motivos para provoca-lo, como aconteceu recentemente, quando ele criticou a demissão de Júnior Vieira da Secretaria Municipal de Esportes, ligado ao deputado Aluísio Mendes (Republicanos).

O problema de Lahesio Bonfim é que ele não consegue ocupar um espaço considerável no eleitorado de São Luís. Ele se mudou para a Capital com esse propósito, e agora tenta estocar o prefeito Eduardo Braide, tentando estabelecer um conflito político que lhe dê visibilidade no eleitorado ludovicense.

O prefeito Eduardo Braide tem experiência e inteligência política suficientes para ignorar completamente as provocações do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, deixando-o falando no vazio, como aconteceu em todas as tentativas que lhe foram dirigidas pelo candidato do Novo.

Lahesio Bonfim está convencido de que se conseguir estabelecer um confronto verbal direto com Eduardo Braide, ganhará visibilidade na Capital, onde o prefeito se reelegeu em um só turno, faz uma gestão com elevados índices de aprovação e, sem ser candidato declarado, está disparado na liderança da corrida ao Palácio dos Leões. Logo, seria pura ingenuidade reagir ao candidato do Novo. E Eduardo Braide não é ingênuo.

São Luís, 31 de Julho de 2025.

Mudança prevista no PSB reforça o alinhamento do PT à candidatura de Orleans Brandão

Francimar Melo tende a levar o PT para Orleans
Brandão, enquanto Felipe Camarão
pode migrar para o PSB

Em meio à tensa movimentação que pode tirar governador Carlos Brandão, e grande parte do seu grupo, do PSB, levando-os a migrar para o MDB, se a mudança for consumada, o braço maranhense do PT vai avançando numa posição delicada, mas bem definida. O partido do presidente Lula da Silva não abraçou o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo do Estado, e vem emitindo sinais fortes de que se encontra caminhando a passos largos para firmar um acordo com o chefe do Executivo em torno da pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB). O PT tem várias razões para se posicionar alinhado com o governador Carlos Brandão, entre elas o espaço generoso que ocupa no Governo.

O PT do Maranhão emitiu todos os sinais de alinhamento com o governador Carlos Brandão desde o processo eleitoral interno do qual Francimar Melo saiu reeleito presidente. Ele liderou a corrente que tem como referência o ex-vice-governador e ex-conselheiro do TCE Washington Oliveira, hoje secretário-chefe da Representação do Governo do Maranhão em Brasília. Ele e seu grupo montaram um rolo-compressor que esmagou nas urnas os candidatos das várias correntes do partido que entraram na disputa, da qual Francimar Melo saiu reeleito com mais de 60% dos votos, descartando a necessidade de segundo turno. E não é segredo dentro do partido que o grupo liderando por Francimar Melo com o apoio de Washington Oliveira contou com uma discreta, mas efetiva, torcida do Palácio dos Leões.

O vice-governador Felipe Camarão participou do processo de eleição interna do PT sinalizando que não se envolveria diretamente com nenhum candidato, exatamente porque o seu objetivo era agregar o partido em torno do seu projeto de candidatura. Com o resultado da eleição, o comando reeleito tentou passar uma mensagem de que apoiaria a candidatura do vice-governador, mas logo em seguida recolheu suas bandeiras. Francimar Melo foi a Brasília, conversou com a direção nacional e voltou dizendo que não havia tratado de candidaturas, passando, assim, um recado direto ao vice-governador Felipe Camarão: nada está decidido em relação ao seu projeto de candidatura.

Com a crise no PSB, que deve sair do controle do governador Carlos Brandão nos próximos dias, para abrigar a chamada corrente dinista, e com o PT caminhando para confirmar o seu alinhamento ao projeto de candidatura de Orleans Brandão, o caminho natural do vice-governador Felipe Camarão será migrar para o PSB e disputar o Governo do Estado pela legenda socialista.

O PT integra a Federação Brasil Esperança, juntamente com o PCdoB e do PV. Pelo que está sendo desenhado, o PV, comandado pelo ex-deputado estadual Adriano Sarney, juntará forças com o PT, levando assim a Federação para a base da pré-candidatura de Orleans Brandão. Ao se juntarem, PT e PV isolarão o PCdoB, levando o deputado federal Márcio Jerry a deixar a legenda comunista e migrar para o PSB, um movimento que já teria sido acertado com o comando nacional da agremiação socialista. O ingresso de Márcio Jerry no PSB compensaria a saída do deputado federal Duarte Jr. (PSB), que estaria inclinado a seguir com o governador Carlos Brandão para o MDB ou desembarcar em outra legenda de centro.

Nesse contexto, o PT seguirá sem problemas para o alinhamento com o governador Carlos Brandão apoiando Orleans Brandão. Por se tratar de política, não se descarta uma reviravolta que possa alterar radicalmente esse cenário, obrigando o PT a mudar de posição. Mas a julgar pelas declarações do governador Carlos Brandão confirmando sua permanência no cargo e a determinação com que vem se manifestando a respeito da pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, o PT deve seguir nessa toada em direção às urnas.

PONTO & CONTRAPONTO

Entrevista de Brandão ao Metrópoles sobre relação com Dino: um relato honesto e sem nenhuma surpresa

Carlos Brandão na entrevista
ao portal Metrópoles

Repercutiram fortemente, ontem, no meio político e fora dele, as declarações do governador Carlos Brandão em entrevista concedida ao portal de notícia Metrópoles. Ele falou de vários assuntos – ações de governo, tarifaço, etc. -, mas o que causou frisson mesmo foi o que disse a respeito da sua relação com o ex-governador e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal STF.

Carlos Brandão fez um relato verdadeiro e honesto sobre a sua aliança com Flávio Dino, que começou em 2006, quando ele, Carlos Brandão, cedeu várias das suas bases eleitorais ao ex-juiz federal que decidiu entrar na política como candidato a deputado federal. O apoio do então chefe da Casa Civil do Governo Zé Reinaldo foi decisivo para Flávio Dino e os dois se elegeram deputados federais e cumpriram o mandato alinhados. Em 2010, Carlos Brandão foi para uma bem-sucedida reeleição, enquanto Flávio Dino, depois de haver fracassado na sua tentativa de ser prefeito de São Luís em 2008, disputou o Governo, não se deu bem e ficou sem mandato. Em 2014, Flávio Dino se candidatou novamente e escalou o então deputado federal Carlos Brandão (PSDB) para vice. A chapa foi eleita e reeleita em 2018 em turno único. Em 2022, Flávio Dino renunciou passando o Governo para Carlos Brandão, que se reelegeu em turno único, enquanto Flávio Dino foi para o Senado com uma votação retumbante. Os dois continuaram a relação política e institucional quando o senador Flávio Dino foi ministro da Justiça até sua saída da política para ser ministro do Supremo, em fevereiro de 2024.

Foi um relato simples, sem falseamento, como o preto no branco, sem qualquer fato novo.

Carlos Brandão relatou, com mesma, naturalidade – só com uma pequena dose de ironia nas declarações -, o tom quando contou a mudança de comportamento do grupo ligado a Flávio Dino, que não entendeu que o Governo era outro, que as regras eram outras e os espaços seriam outros, apontando esse choque de realidade como o motivo de insatisfação e do afastamento e do rompimento, que se tornou fato consumado com a sua decisão de permanecer no cargo e impedir a ascensão do vice Felipe Camarão, por ele apontado como membro do grupo oposicionista.  Em resumo: o governador Carlos Brandão fez um relato íntegro da sua relação com o hoje ministro da Suprema Corte.

Nenhuma surpresa no que falou.

Saída do Republicanos deixa Eduardo Braide quase sem base partidária

Eduardo Braide

Se, de fato, estiver planejando entrar na corrida ao palácio dos Leões, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), deve estar montando uma estratégia arrojada, que certamente não incluirá o apoio de um conglomerado de partidos. Isso ficou claro depois que o Republicanos, comandado pelo deputado federal Aluísio Mendes, que estava na sua base, migrou com armas e bagagem para a aliança que sustenta o projeto de candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB).

No momento, além do seu partido, o prefeito de São Luís conta apenas com um aliado, o deputado federal Cléber Verde, que comanda o MDB na Capital, distanciado da cúpula estadual. Mas mesmo essa aliança poderá ser desfeita com a consolidação da pré-candidatura de Orleans Brandão, que é o candidato do partido.

Nesse contexto, é difícil imaginar que o deputado federal Cléber Verde, um político experiente nesse jogo, permaneça como quadro “rebelde”, se posicionando na contramão da direção estadual do MDB. Tudo indica que Cléber Verde e seu filho, o vereador Cléber Verde Filho, sairão da base de Eduardo Braide para apoiar o candidato do MDB ao Governo.

É o que manda a lógica.

São Luís, 30 de Julho de 2025.

Mudanças partidárias vão movimentar o tabuleiro político maranhense nos próximos dias

Carlos Brandão, Orleans Brandão e Felipe Camarão
serão afetados por mudanças partidárias

A semana começou com a classe política do Maranhão mergulhada em forte expectativa relacionada com o destino a ser dado ao braço maranhense do PSB e em que direção o PT se movimentará nesse contexto se o governador Carlos Brandão deixar a legenda socialista. Nos bastidores ganha status de certeza a informação de que o mandatário estadual ainda não fechou questão sobre o assunto, mas já estaria se preparando para migrar para o MDB, levando como aliado definitivo o PT, que deve declarar apoio à pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (MDB). No caso, o desfecho mais provável é que o vice-governador Felipe Camarão deixe o PT e ingresse no PSB, mantendo sua candidatura a governador pelo partido, que nesse tabuleiro voltará ao controle do chamado grupo dinista. Nas conversas mais fechadas, especula-se que esse intenso e surpreendente xadrez poderá incluir a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, que em vez de migrar para o MDB, se filiaria ao PT para ser vice de Orleans Brandão.

Como se vê, as possibilidades de movimento na agora dividida base governista são muitas, mas todas elas dependem do que será decidido em relação ao PSB. O governador Carlos Brandão está sendo pressionado a deixar o partido, que vem mantendo de pé e com bastante poder de fogo. O comando nacional do partido, porém, decidiu que a legenda deve sair do controle do governador e seus aliados e voltar à ala dinista. Se sair, como está praticamente certo, o governador Carlos Brandão deixará o PSB fragilizado. Um exemplo: Bira do Pindaré, ex-deputado federal, ex-presidente do partido, atual secretário de Agricultura Familiar e forte candidato a deputado federal já avisou que deixará a legenda socialista e seguirá o governador.

Nesse cenário, impensável até pouco tempo atrás, a situação mais emblemática será a do vice-governador Felipe Camarão, que pode deixar o PT e se filiará PSB. Isso porque o PT maranhense vem dando demonstrações fortes de que não vai romper com o governador Carlos Brandão, abrindo mão espaço que ocupa no Governo. Petistas de proa, incluindo alguns pré-candidatos às eleições de 2026, ocupam dezenas de cargos importantes, alguns por pré-candidatos à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal. Nessa hipótese, vista como a mais provável nesse contexto, Felipe Camarão manterá sua candidatura ao Governo, apoiado pela corrente dinista ou, creem alguns, até numa aliança com o PSD do prefeito Eduardo Braide.

Os rumores que correm dão conta também que o PT estaria decidido a indicar o candidato a vice de Orleans Brandão. E o nome mais cotado seria o da deputada Iracema Vale, que se deixar o PSB, se filiaria ao PT para ser candidata a vice na chapa do emedebista Orleans Brandão. Os mesmos rumores dizem que a presidente da Assembleia Legislativa, um dos quadros mais importantes e influentes da política estadual na atualidade, não simpatiza com a ideia, preferindo investir o seu cacife no projeto de reeleição. Mas, como se sabe, no tabuleiro da política tudo é possível, e a presidente da Assembleia Legislativa sabe disso, e como militante de um grupo, pode vir a mudar de ideia.

Esse cenário parece confuso, mas não é. Todos os movimentos em curso e os previstos estão dentro de uma lógica maior, que começa com a reacomodação de forças em nichos mais adequados. O governador Carlos Brandão e o seu grupo, por exemplo, têm muito mais identidade com o MDB do que com o PSB, sendo natural sua migração para a legenda emedebista, que, aliás, já se encontra sob o seu controle. O vice-governador Felipe Camarão está muito mais próximo do PSB do que do PT. E tudo indica que serão esses ajustes que nortearão as forças políticas na corrida às urnas.

Vale registrar que, ao visitar Barreirinhas na semana passada, onde, acompanhado do secretário Orleans Brandão e da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, onde entregou uma ambulância ao prefeito Vinícius Vale (MDB), o governador Carlos Brandão deixou claro que mantém firme o seu projeto de permanecer no cargo e eleger o seu sucessor. E que a quase certa mudança de partido em nada muda esse roteiro.

PONTO & CONTRAPONTO

André Fufuca confirma sua posição em relação à corrida ao Palácio dos Leões

André Fufuca: apoio decidido
a Orleans Brandão para o Governo

Até pouco tempo havia dúvidas a respeito da posição do ministro do Esporte e pré-candidato ao Senado André Fufuca a respeito da disputa pelo Governo do Estado. Mesmo depois do ato em que a Federação União Progressista (PP/União) declarou o apoio à pré-candidatura de Orleans Brandão ao Governo do Estado, lançando também o seu nome e o do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União) ao Senado, houve indagações em relação à posição do ministro, que é deputado federal licenciado.

Andaram especulando que por ser ministro do Governo Lula da Silva, o ministro do Esporte estaria automaticamente posicionado com o vice-governador Felipe Camarão (PT). Mas ele deixou claro que uma coisa nada tem com a outra.

A Coluna quis colocar a situação em pratos limpos e fez a seguinte indagação ao ministro do Esporte: “O senhor fechou mesmo com Orleans Brandão?”. O ministro respondeu com um “Sim!” enfático, jogando por terra todas as dúvidas a respeito da sua posição em relação à corrida ao Palácio dos Leões.

Vale lembrar que o ministro André Fufuca comanda o PP no Maranhão e lidera um grupo de muito peso, que tem como quadros fortes e influentes, como os prefeitos de Imperatriz, Rildo Amaral, de Caxias, Gentil Neto, e Felipe dos Pneus, Santa Inês. E está mesmo decidido a brigar por uma das cadeiras do Senado, certo de que tem cacife eleitoral para chegar lá.

Madeira desmonta factoide e prepara ato do PSDB em apoio a Orleans Brandão

Sebastião Madeira: PSDB
na base governista

Depois de atropelar impiedosamente um factoide com o qual adversários tentaram abalar sua posição no “núcleo de ferro” do governador Carlos Brandão (PSB), apontando-o como inelegível, e de cumprir uma intensa programação na Região Tocantina, o secretário-chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira dedicará hoje e amanhã parte do seu tempo ao evento no qual o seu partido, o PSDB, anunciará formalmente o seu apoio à pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalista, Orleans Brandão (MDB) ao Governo do Estado.

Não será uma reunião qualquer, a começar pelo fato de que contará com a presença do presidente nacional dos tucanos, o ex-governador goiano Marconi Perillo, que vai declarar o aval da direção nacional ao projeto sucessório confirmado pelo governador Carlos Brandão. Outras lideranças do tucanato nacional devem vir a São Luís.

Com a autoridade de fundador do partido e de atual comandante do ninho dos tucanos no Maranhão, Sebastião Madeira quer reunir prefeitos, vereadores e militantes do PSDB no encontro, que será realizado na noite de quarta-feira (30), no restaurante cabana do Sol, na Avenida Litorânea.

O PSDB será a segunda organização partidária a declarar formalmente apoio ao projeto de candidatura de Orleans Brandão. A primeira foi a Federação União Progressista, cujo presidente, Antônio Amoeda, comandou em São Luís, há duas semanas, um ato nessa direção.

São Luís, 29 de Julho de 2025.

Em clima de impasse, Brandão e a cúpula nacional vão decidir o destino do PSB até o final do mês

Sem se abalar com a indefinição no PSB, Carlos
Brandão cumpre agenda intensa no interior,
como sábado, em Alto Alegre, onde, junto com o ministro André Fufuca, entregou cartões do Fome Zero e títulos de terra

A tsunami de indefinições que invadiu o tabuleiro da política maranhense, desdobramentos previstos do rompimento que colocou em campos opostos o governador Carlos Brandão e o grupo remanescente da aliança liderada pelo ex-senador Flávio Dino, agora ministro do Supremo Tribunal Federal (e para todos os efeitos fora da política), pode produzir o seu primeiro resultado nesta semana com dois eventos relacionados ao futuro do PSB, hoje controlado no estado pelo governante maranhense. Um será a visita do vice-presidente Geraldo Alckmin, provavelmente na quarta-feira (30), e o outro será uma nova reunião do governador com o presidente nacional da legenda, o prefeito do Recife, João Campos. A soma dos resultados   desses dois eventos deve definir o destino do PSB no Maranhão.

No momento, o braço maranhense do PSB – que tem o governador, um deputado federal, 11 deputados estaduais, entre eles a presidente da Assembleia Legislativa, 19 prefeitos e uma legião de vereadores –   está travado por um impasse. Sob forte pressão do chamado grupo dinista e aliados, o comando nacional da legenda decidiu tirá-la do controle do governador Carlos Brandão e entrega-la à senadora Ana Paula Lobato, que está saindo do PDT. O governador Carlos Brandão não aceita a decisão da cúpula. O governador e o presidente se reuniram em Brasília na semana passada, e numa conversa longa e difícil, o presidente João Campos pediu o controle do partido, mas o governador Carlos Brandão se recusou a entregar, levando o encontro a um impasse. Os dois acertaram uma nova reunião nesta semana, depois que o governador conversar com o presidente Lula da Silva (PT).

Uma solução poderá ser encaminhada nesta semana, com a vinda do vice-presidente Geraldo Alckmin a São Luís. Hoje o quadro mais importante do PSB e conhecido pela sua moderação – tanto que foi escalado pelo presidente Lula da Silva para comandar o grupo de negociadores brasileiros na crise do tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump -, o vice-presidente da República pode ser o mediador ideal para essa crise, a começar pelo fato de que cultiva relação de amizade com o governador Carlos Brandão, construída desde que os dois militaram por longo tempo no PSDB.

O impasse continuava na noite de sábado, com o comando nacional da legenda mantendo a decisão de retomar o controle do PSB e o governador Carlos Brandão decidido a manter o controle sobre a legenda no Maranhão. Mais do que isso: para a direção nacional, o problema tem de ser resolvido antes do fim do recesso parlamentar, no dia 02 de agosto.

O roteiro está definido e não há mais surpresa. Se o governador Carlos Brandão e seu grupo deixarem a legenda, o controle do PSB será entregue à senadora Ana Paula Lobato e terá como braço forte o deputado Othelino Neto, com a permanência de deputados estaduais e prefeitos identificados com o grupo dinista, como é o caso de Carlos Lula e Francisco Nagib. Mas se o controle permanecer com o governador Carlos Brandão, a estrutura do partido continuará como está, devendo perder os dois deputados dinistas. Nesse contexto, não se sabe exatamente qual será o destino do deputado federal Duarte Jr., o único representante socialista na bancada federal do PSB.

Se vier a deixar o PSB, o governador Carlos Brandão e seu grupo migração para o MDB, controlado por seu irmão, o empresário Marcus Brandão, reforçando ainda mais a sua já consolidada relação com o que restou do grupo Sarney, o que aumenta o seu poder de fogo político e eleitoral. No MDB, Carlos Brandão reforçará a candidatura de Orleans Brandão ao Governo do Estado, pois sabe que ele vai enfrentar o vice-governador Felipe Camarão (PT), que não abre mão de ser candidato “em qualquer circunstância”. E muito provavelmente o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que lidera a corrida, segundo todas as pesquisas que mediram a disputa aos Leões no último ano.

PONTO & CONTRAPONTO

Saída de Brandão atiça e torna indefinida a corrida ao Senado

Weverton Rocha, Eliziane Gama, André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes
estão definidos; já Roberto Rocha, Roseana Sarney, Hilton Gonçalo
e César Pires estudam o cenário para se posicionar

A decisão do governador Carlos Brandão de não concorrer ao Senado alterou radicalmente, como previsto há tempos pela Coluna, a equação dessa disputa. Para começar, quatro pré-candidatos assumidos – os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) e os deputados federais André Fufuca (PP) e Pedro Lucas Fernandes (União) – encontram-se ainda navegando sem saber exatamente em que chapas majoritárias correrão para as urnas.

Pelo que está posto até aqui, o senador Weverton Rocha deve concorrer como candidato na chapa a ser liderada por Orleans Brandão (MDB), o que exigirá uma aliança formal entre os dois partidos. E aí surge uma certa confusão: André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes pertencem à Federação União Progressista, que deverá se aliar ao MDB na majoritária em torno de Orleans Brandão. E vem a pergunta: pode uma coligação ter três candidatos às duas vagas no Senado? Se puder, o senador Weverton Rocha terá de concorrer com dois “aliados”. Se não puder, um dos dois lançados pela federação terá de cair fora da chapa.

A situação da senadora Eliziane Gama é mais complexa. Ela pertence à base governista, mas se encontra filiada a um partido, o PSD, que está na oposição a esse Governo. E o mais curioso é que esse é o partido do prefeito Eduardo Braide, que lidera as pesquisas, mas não disse até agora se será ou não candidato. Se Eduardo Braide entrar na disputa pelo Governo, Eliziane Gama ganhará uma grande chance de reeleição, à medida que será candidatada de proa nesse movimento. Mas se o prefeito não entrar, ela enfrentará uma situação muito complicada, podendo ter como saída uma eventual aliança do PSD com o vice-governador Felipe Camarão (PT).

No grupo dos candidatos atua o ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza), que faz uma campanha solitária e sem ter declarado ainda apoio a qualquer candidato a governador.

O complicado cenário da disputa vai mais além, uma vez que as duas cadeiras da Câmara Alta estão sendo miradas também, à distância pelo ex-senador Roberto Rocha, que continua sem partido e nem declarou ainda se vai tentar voltar à Casa, e pela deputada federal Roseana Sarney (MDB), que vem sendo tentada a entrar na briga para ser senadora de novo. O que chama a atenção é que ambos aparecem entre os primeiros nas preferências dos eleitores quando os seus nomes são incluídos nas pesquisas.

Além disso, aguarda-se os candidatos ao Senado na chapa do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo). Ele andou falando do ex-deputado estadual César Pires, que se manifestou disposto a aceitar, mas até agora não houve confirmação. E, finalmente, não está descartado o surgimento de outros candidatos, com menos poder de fogo, mas com voz para animar o cenário.

Denúncia sobre “Operação 18 Minutos” é nova pancada ética no Judiciário, na advocacia e na política

Nelma Sarney, Edilázio Júnior e Fred Campos:
acusados com fortes laços com a política

A dignidade do Poder Judiciário do Maranhão, do braço maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da classe política estadual receberam mais uma pancada forte na semana que passou, com a denúncia, pela Procuradoria Geral da República, que acusou os envolvidos na chamada escandalosa e inacreditável “Operação 18 Minutos”. Quatro desembargadores, dois juízes, 13 advogados militantes, dois advogados que atuam na política partidária e três servidores do Tribunal de Justiça foram acusados de montar e colocar em prática um esquema criminoso de fraude contra o Banco do Nordeste, com desvio estimado em de mais de R$ 50 milhões.

Os desembargadores são Antônio Guerreiro, Luiz Gonzaga Almeida, Marcelino Weverton e Nelma Sarney, que figuram na cúpula da trama. Os juízes são Alice de Souza Rocha e Cristiano Simas.

Nesse imbróglio, que envolve corrupção pesada, orgânica, porque foi tramada e executada por uma cadeia hierárquica no Poder Judiciário do Maranhão em conluio com militantes da advocacia, em que três envolvidos têm situação delicada em relação à opinião pública.

A desembargadora Nelma Sarney, pelos laços de família com o ex-presidente José Sarney, de quem é cunhada; o ex-deputado federal Edilázio Jr., que é genro da desembargadora Nelma Sarney; e o prefeito de Paço do Lumiar, que já passou pelo vexame de usar tornozeleira eletrônica durante a campanha eleitoral, e agora amarga a condição de denunciado como integrante do esquema criminoso contra o Banco do Nordeste.

 Com a denúncia do Ministério Público Federal, os acusados têm agora a oportunidade de apresentar as suas defesas. Se convencerem a Justiça, poderão se safar. Mas se não conseguirem desmontar a consistente denúncia do MPF, serão transformados em réus e terão de brigar nos tribunais para salvar as suas peles.

São Luís, 27 de Julho de 2025.

Declaração do presidente do PT atinge projeto de Camarão e mostra alinhamento com Brandão

A cúpula do PT maranhense com Edinho Silva,
presidente nacional, após reunião em Brasília

O presidente reeleito do PT no Maranhão, Francimar Melo, disparou um petardo mortífero no projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo do Estado. Ele declarou, sem rodeios, que o assunto não foi tratado na reunião que o novo comando da legenda no estado manteve esta semana, em Brasília, com o novo presidente nacional da agremiação, Edinho Silva. “Não houve determinação nem definição sobre candidaturas no Maranhão”, declarou Francimar Melo, que foi ao encontro do presidente nacional acompanhado de Washington Oliveira, secretário da representação do Governo do Estado em Brasília, e de Cricielle Muniz, diretora geral da rede de Iemas, ambos alinhados ao governador Carlos Brandão (PSB).

A declaração de Francimar Melo repercutiu fortemente no meio político por dois motivos. Primeiro porque quando teve sua reeleição confirmada, duas semanas atrás, ele deu várias declarações respaldando a pré-candidatura do vice-governador Felipe Camarão ao Governo do Estado, dando a entender que o PT estaria inteiramente mobilizado em torno do projeto. E segundo porque ninguém acredita que o projeto de Felipe Camarão de se candidatar em qualquer circunstância não tenha tratado na reunião com o novo comandante nacional da legenda, que há alguns dias sinalizou o aval da cúpula nacional do partido ao vice-governador.

O que corre nos bastidores é que o PT está rachado em relação ao projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão. Além das profundas divergências que mantém as correntes petistas maranhenses em permanente clima de beligerância, existe uma grande fatia do partido integrada a diferentes escalões do Governo Brandão, parte dela já claramente inclinada a apoiar a pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (MDB). Esse grupo, que congrega vários quadros importantes, a começar pelo ex-vice-governador, ex-conselheiro do TCE e atual secretário da Representação do Governo do Maranhão em Brasília, Washington Oliveira, que lidera o atual grupo dominante do partido no Maranhão e atua o principal avalista e aliado de Francimar Melo.      

As declarações e os movimentos mais recentes da cúpula estadual do PT indicam com clareza que o presidente Francimar Melo fala sério quando diz que não há ainda definição “sobre candidaturas” no Maranhão. E isso significa o projeto de candidatura do vice-governador Felipe Camarão não é questão fechada no PT, assim como a do secretário Orleans Brandão também não o é. Mas uma análise mais aprofunda e abrangente do cenário em construção indica que nesse momento a inclinação de grande parte é pelo alinhamento com o governador Carlos Brandão, sob o poderoso argumento de que o mandatário maranhense está rigorosamente alinhado ao presidente Lula da Silva (PT), que, se candidato à reeleição, vai precisar de um palanque forte no Maranhão.

É provável que o PT do Maranhão ainda coloque o tema da escolha do candidato a governador na sua pauta de discussão. Mas não há dúvida de que o partido está sendo internamente sacudido pelo debate, com um a ala pró-Felipe Camarão e outra inclinada por Orleans Brandão.  

PONTO & CONTRAPONTO

Brandão diz que permanece no PSB e que trabalha para fortalecer o partido

Carlos Brandão diz que permanece
no comando do PSB

O governador Carlos Brandão continua no comando do PSB, informa que atua para fortalecer o partido e que o encontro com o presidente nacional, João Campos, foi uma reunião de trabalho em que foi discutida nominata – grupo de candidatos para eleições proporcionais, especialmente deputado federal, que é o objetivo maior dos partidos brasileiros na atual realidade política nacional.

Em entrevista concedida ao portal Imirante, o governador garantiu que ele e seu grupo continuam trabalhando para fortalecer o PSB, de modo que o partido tenha um bom desempenho nas urnas em 2026.

Ao noticiar que vai continuar trabalhando para fortalecer o PSB no Maranhão, investindo inclusive para eleger até três deputados federais, o governador Carlos Brandão sinaliza que arquivou, pelo menos momentaneamente, o caminho alternativo de migrar com seu grupo para o MDB, partido controlado por seu irmão, Marcus Brandão, e ao qual Orleans Brandão, seu candidato declarado a governador, está filiado.

A menos que tenha mudado o roteiro, o governador Carlos Brandão deverá ajustar a sua situação partidária em uma conversa sobre o assunto com o presidente Lula da Silva. Afinal, encontram-se ainda filiados ao PSB deputados estaduais do grupo dinista, alinhados ao presidente da república, mas em oposição ao Governo do Estado, como é o caso de Carlos Lula e Francisco Nagib, por exemplo.

O fato é que o governador Carlos Brandão trem posição política forte, esteja no PSB ou migrando para o MDB.

Registro

Saiu Oriana Gomes, entrou Eulálio Figueiredo: mudança emblemática no Colégio de Desembargadores

Eulálio Figueiredo, magistrado, poeta e compositor, entrou na vaga aberta por
Oriana Gomes, magistrada e professora

O Colégio de Desembargadores do Tribunal de Justiça do Maranhão fez uma substituição emblemática na quarta-feira (23). Deixou o colegiado, voluntariamente, a desembargadora Oriana Gomes e assumiu a cadeira na mais alta Corte de Justiça do Estado o agora desembargador Eulálio Figueiredo. Ambos chegaram ao colégio superior da magistratura maranhense pelo critério de antiguidade, sem precisar, portanto, de aval decisivo dos seus colegas.

Oriana Gomes fez história na magistratura estadual. Ativa, preparada, independente e cultivando sempre o hábito de dizer o que pensa, exatamente porque não tem manchas éticas na sua trajetória. Negra, nunca deixou o preconceito tirá-la do eixo, até porque poucos se atreveram, construiu uma carreira digna, que incluiu a via crucis por diversas comarcas, construindo, também como professora universitária, a estrada que a levou finalmente ao Colégio de Desembargadores, onde atuou. Vai para a aposentadoria com a dignidade de quem fez a sua parte, apesar dos percalços que enfrentou.

O novo desembargador é uma personalidade diferenciada. Magistrado atuante, que construiu sua carreira dentro das regras, também com peregrinação por comarcas de diversas regiões, alcançou a quarta entrância, que é o topo da magistratura, com os méritos de um juiz ativo. Chegar ao Colégio de desembargadores foi o desdobramento natural de uma carreira que também enfrentou obstáculos.

Além do Direito e da magistratura, Eulálio Figueiredo também cultiva forte viés cultural. Nas horas vagas, ele é poeta com vários livros publicados e compositor que já conquistou espaço no mundo da Música Popular Maranhense. É comum encontrá-lo em shows, festivais e rodas de música, substituindo a sisudez da toga e do paletó por camisas coloridas e chapéu de palha, típicas do mundo do samba e da marchinha carnavalesca.    

Em Tempo: Com a ascensão de Eulálio Figueiredo ao Colégio de desembargadores, a Família Figueiredo tem agora três membros na mais alta Corte de Justiça do Estado. Irmãos, os desembargadores José Joaquim Figueiredo dos Anjos e José Jorge Figueiredo são primos de Eulálio Figueiredo. Os três têm como origem São João Batista, na Baixada Ocidental, onde os Figueiredo são influentes na política há muitas décadas.

São Luís, 25 de Julho de 2025.

Brandão e grupo podem deixar o PSB, mas decisão depende de conversa com Lula

Carlos Brandão pode deixar o PSB, mas decisão
só será tomada depois de uma conversa
com o presidente Lula da Silva

Os bastidores da política fervilharam ontem diante da possibilidade de o governador Carlos Brandão deixar o Partido Socialista Brasileiro (PSB). Ele se reuniu em Brasília com o presidente nacional da legenda, o deputado federal pernambucano João Campos, mas, ao que tudo indica, nada resolveram. O governador maranhense preferiu definir seu futuro em relação ao PSB depois de conversar com o presidente Lula da Silva (PT), que tem interesse direto tanto na situação partidária do governador quanto nos passos que a agremiação socialista poderá dar no Maranhão. A conversa com Lula da Silva deve ocorrer ainda nesta semana, ou no máximo no início da próxima. Isso porque, a julgar pelos movimentos já em curso visando as eleições do ano que vem, o governador Carlos Brandão quer essa definição com tempo para organizar sua base para as eleições. Se resolver deixar a seara socialista, o governador e seu grupo já tem para onde ir, dando uma guinada para o centro: o MDB.

O governador Carlos Brandão é um político de centro, mas na sua trajetória, ele navegou no centro-esquerda ao longo de dois mandatos de deputado federal na socialdemocracia do PSDB, passou uma temporada no centro-direita, quando esteve no Republicanos, retornou ao ninho dos tucanos e, finalmente, dando outra guinada forte, se converteu à esquerda moderada ao se filiar ao PSB numa dobradinha com o então governador Flávio Dino, que deixou o PCdoB para assumir o controle da agremiação socialista no Maranhão. No partido – ressuscitado na redemocratização pelo líder pernambucano Miguel Arraes, de quem o atual presidente nacional é bisneto -, o governador Carlos Brandão se reelegeu em 2022 em dobradinha com o ex-governador Flávio Dino, que se elegeu senador.

Naquele pleito, o PSB fez e mantém um deputado federal (Duarte Júnior) e 11 deputados estaduais, a começar por Iracema Vale, que saiu das urnas como campeã de votos e conquistou a presidência da Assembleia Legislativa. Nas eleições municipais de 2024, o PSB maranhense elegeu 19 prefeitos e várias dezenas de vereadores.

Ao sair da vida política para retornar à magistratura como ministro da Suprema Corte, Flávio Dino renunciou também à presidência estadual do PSB, que passou a ser presidido pelo governador Carlos Brandão. As divergências e o agora consumado rompimento da ala dinista com a ala brandonista alcançou o PSB. Nesse jogo, o único deputado federal do PSB, Duarte Júnior, tem sinalizado com a intenção de deixar o partido.

Daí vem a celeuma criada em torno do PSB. Se Duarte Júnior migrar para outra legenda – que pode ser o União, o PP ou o Republicanos -, o comando estadual perde força, porque nas regras partidárias atuais, para um partido, um deputado federal vale por uma centena de prefeitos, por exemplo. Nesse ambiente, correu o rumor segundo o qual o deputado Othelino Neto, que está deixando o Solidariedade, bateu às portas do PSB com a proposta de assumir o comando do partido levando um deputado federal – seria Márcio Jerry, que deixaria o PCdoB – e a senadora Ana Paula Lobato, o que fortaleceria a bancada do partido no Senado.

O governador Carlos Brandão não está muito preocupado de deixar o controle do PSB. Ela tem como reserva especial o MDB, hoje sob o comando do seu irmão, Marcus Brandão, e ao qual está filiado o seu candidato a governador, o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão. O MDB chegou às mãos dos Brandão após uma bem-sucedida negociação com o grupo Sarney, ao qual o governador se aproximou. Formando uma aliança política sólida. O MDB é também um partido com o qual a deputada-presidente Iracema Vale se identifica e não terá nenhum problema de migrar do PSB para as fileiras emedebistas, onde, aliás, já está o seu filho, o prefeito de Barreirinhas Vinícius Vale.

Em resumo: nesse cenário, independentemente de qual seja o destino do PSB, se migrar para o MDB, o governador Carlos Brandão poderá sair com um lucro político robusto.

PONTO & CONTRAPONTO

Braide avalia dezembro como momento adequado para definir se entra ou não na corrida aos Leões

Eduardo Braide: decisão sobre
candidatura só em dezembro

Tem fundamento a informação segundo a qual o prefeito Eduardo Braide (PSD) teria definido o mês de dezembro como o momento em que decidirá se será ou não candidato ao Governo do Estado. Ele teria avaliado que no final do ano o quadro da disputa já estará desenhado com as pré-candidaturas do vice-governador Felipe Camarão (PT), do secretário Orleans Brandão (MDB) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo).

Diante dos últimos acontecimentos, a começar pela decisão do governador Carlos Brandão de permanecer no cargo com a determinação política de eleger o seu auxiliar como sucessor, o prefeito estaria apostando na avaliação de que depois de dezembro não haverá fato novo em relação a candidaturas. Poderá haver movimentos, alianças, desistências, etc., mas não há sinais de que uma nova candidatura, com potencial eleitoral, apareça depois de dezembro.

O cenário de dezembro indicará também o quadro em relação ao potencial eleitoral de cada pré-candidatura, situando o prefeito de São Luís no que diz respeito ao seu cacife para entrar na corrida.

Vale lembrar que o prefeito Eduardo Braide tem até aqui motivos convincentes para entrar na corrida. Começa com o fato de que liderou com folga as 19 pesquisas feitas até aqui, e, em meio a outros fatores, termina com a decisão do comando nacional do seu partido, o PSD, de elegê-lo à condição de prioridade absoluta.

Pré-candidatura de Orleans abriu corrida pela vaga de vice

Maura Jorge

A confirmação da pré-candidatura do secretário Orleans Brandão ao Governo do Estado deflagrou uma movimentação, ainda discreta, mas muito intensa, nos bastidores da aliança governista pela vaga de candidato a vice-governador.

No ato em que Orleans Brandão admitiu ser pré-candidato ao Governo, ao receber o apoio declarado da Federação União Progressista, a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSDB), foi apontada como nome política e eleitoralmente qualificado para ser companheira de chapa do pré-candidato do MDB.

Nenhum outro nome foi sugerido, mas a cúpula da aliança governista, a começar pelo governador Carlos Brandão, que teria orientado aos seus auxiliares no sentido de evitar especulações em relação à escolha de vice para Orleans Brandão. E o motivo é simples: essa escolha se dá por meio de amplas negociações para reforçar a chapa.

São Luís, 24 de Julho de 2025.  

Brandão declara que vai permanecer no cargo e afirma: “Nós vamos eleger o nosso sucessor”

Entre Orleans Brandão e Roberto Costa, no Castelinho,
Carlos Brandão declara que vai ficar
no cargo e que elegerá seu sucessor

“Eles estão dizendo aí quando assumir vão acabar o programa Maranhão Livre da Fome. Eu quero garantir que, enquanto eu for governador, eu vou ser governador até o último dia do meu mandato, dia ninguém acaba o programa até dezembro de 2026. E não vai acabar para a frente, porque nós vamos eleger o nosso sucessor, e o nosso sucessor vai continuar o programa. Enquanto os cães ladram, a carruagem passa. E a carruagem passa mostrando trabalho”. Com essa declaração, feita em tom enfático em discurso feito segunda-feira no Ginásio Castelinho, no ato em que entregou novas viaturas ao Sistema de Segurança Pública, o governador Carlos Brandão confirmou seu arrojado projeto de permanecer no Governo e eleger Orleans Brandão (MDB), secretário de Assuntos Municipalistas.

E a confirmação do roteiro da decisão política mais importante tomada no Maranhão nos últimos tempos foi feita como uma espécie de declaração de guerra aos adversários. Ao defender o Programa Maranhão Livre da Fome, que segundo denunciou, estaria sendo ameaçado de suspensão por adversários, o governador Carlos Brandão declarou, finalmente, que permanecerá no Governo até o final do seu mandato, o que garantirá a existência do Programa.

E fechou o anúncio da sua permanência e a manutenção do programa Maranhão Livre da Fome, manifestando convicção de que elegerá o seu sucessor, cujo nome não citou, mas não deixou dúvida tratar-se do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, que estava ao seu lado e o aplaudiu entusiasticamente. Ele confirmara sua pré-candidatura ao Governo na última sexta-feira, no ato em que recebeu o apoio da Federação União Progressista, mas manteve sobre o assunto. Carlos Brandão também recebeu aplausos efusivos do prefeito de Bacabal e presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), Roberto Costa, que é um dos líderes do MDB estadual e apoiador de primeira hora do projeto de candidatura do seu colega de partido ao Palácio dos Leões.

Com a manifestação confirmadora do mais arrojado e desafiador projeto político do Maranhão desde a volta das eleições diretas para governador, em 1982, o governador Carlos Brandão comunicou ao mundo a impossibilidade de recompor a aliança com as forças ligadas ao ex-senador Flávio Dino, atual ministro da Suprema Corte. Conformou também que não abrirá caminho para a ascensão do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo em abril do ano que vem, impossibilitando-o de disputar a sucessão concorrendo à reeleição. E justificou sua decisão confirmando o que dissera a aliados em conversas fechadas: não existiu acordo firmado com o grupo dinista com a promessa de apoiar a candidatura de Felipe Camarão ara o Governo do Estado, contrariando as vozes dinistas que aqui e ali falam do tal acordo.

Não há dúvida, no meio político e fora dele, que o governador Carlos Brandão joga a mais importante e ousada cartada política no Maranhão em meio século. A decisão de permanecer no Governo e lançar a candidatura do sobrinho e principal auxiliar para sucedê-lo não tem paralelo na história recente da política maranhense. Ao formular essa equação, o governador dá uma forte demonstração de que está muito seguro da viabilidade do seu projeto. Afinal, ele está trocando uma eleição certa para o Senado, onde permaneceria com grande poder de fogo no tabuleiro política estadual e com influência no epicentro do poder nacional.

Na sua fala, Caros Brandão deu uma pequena mostra de que está preparado para comandar o processo que, na sua avaliação, levará à eleição de Orleans Brandão. Informou que tem 2.300 projetos para serem realizados em todo o estado, sendo necessária a contratação de 70 engenheiros para tirar essas ações do papel. Ou seja, além da articulação política, que tem nos prefeitos o suporte principal, ele guarda balas na agulha para mostrar a força do Governo que espera ser continuado por seu sucessor.

PONTO & CONTRAPONTO

Lahesio Bonfim e Roberto Rocha: direita dura tentando se articular

Lahesio Bonfim e Roberto Rocha: conversa
sem acordo, mas que pode ser retomada

Provavelmente empurrados pelo turbilhão causado pela indicação de que o governador Carlos Brandão (PSB) vai mesmo permanecer no cargo e comandar as forças governistas em torno da candidatura, já assumida, do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), e o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) tentam articular uma aliança que, se concretizada, poderá representar as forças da direita mais dura na corrida ao Governo do Estado e ao Senado nas eleições do ano que vem. Ambos estão de pé, têm exibido poder de fogo nas pesquisas feitas até aqui para garimpar as intenções do eleitorado, podendo reunir cacife para alterar, ainda que parcialmente, qualquer cenário da ciranda sucessória de agora por diante.

Em encontro recente, o dois sentaram à mesa de um restaurante da Capital e colocaram as suas cartas na mesa. Mais experiente – cresceu aprendendo com o pai, o ex-governador Luiz Rocha, todos os truques da política -, o ex-senador Roberto Rocha teria proposto nada menos uma aliança na qual seja o candidato a governador, enquanto Lahesio Bonfim entraria como candidato a senador. Uma inversão das informações trazidas à tona pelas pesquisas, que apontam o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes com viabilidade na disputa pelos Leões, e o ex-senador com cacife para brigar por uma cadeira no Senado. E como era previsível, não chegaram a um acordo. Mas, até onde se sabe, não fecharam as portas para novas conversas, pois ainda há tempo folgado para outras tentativas de acerto.

Segundo colocado na eleição de 2022 para o Palácio dos Leões, Lahesio Bonfim, que está consolidado como o nome do partido Novo para a corrida de 2026, encontra-se em campanha aberta e intensa. E o resultado da sua investida sobre o eleitorado está sinalizado na pesquisa mais recente, feita pelo instituto Econométrica, na qual aparece em terceiro lugar, mas tecnicamente empatado com Orleans Brandão, que está em segundo, e bem à frente do vice-governador Felipe Camarão (PT). O ex-senador Roberto Rocha tem sido um político bem-sucedido no plano eleitoral quando não está disputando o Governo do Estado, menos nas disputas para o Governo do Estado – em 2018, por exemplo, amargou o quarto lugar. Nas pesquisas de agora, aparece melhor para o Senado do que para o Governo.

Diferentes em quase tudo, Lahesio Bonfim e Roberto Rocha não convergem em quase nada, a começar pelo essencial: ambos brigam para ser candidato ao Palácio dos Leões representando as forças da direita, especialmente os segmentos mais radicais, como o bolsonarismo, por exemplo. Ambos exibem confiança de que podem chegar ao Governo, deixando de lado a ideia de alcançar o Senado. E pelo fazem e dizem na seara política, travam uma dura guerra de egos, muito difícil de ser contida pela moderação. Suas declarações atestam isso com muita clareza.

O fato é que, mesmo não tendo sequer alinhavado as bases de um acordo, a reunião de Lahesio Bonfim e Roberto Rocha foi um evento que, sem resultado imediato, pode produzir desdobramentos futuros, que poderão, ou não, levar a uma aliança. Afinal, um é terceiro na corrida aos leões e o outro está bem situado na peleja pelo Senado.

Hilton Gonçalo se diz decidido a concorrer ao Senado

Hilton Gonçalo: aspirante
a vaga no Senado

O ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza), reafirma sua disposição de concorrer a uma das vagas no Senado. A confirmação chega ao tabuleiro político no momento em que o governador Carlos Brandão bate martelo confirmando sua permanência no cargo, abrindo mão, portanto, de disputar vaga na Câmara Alta. Sem o governador no páreo, o bem avaliado ex-prefeito de Santa Rita enxerga um cenário mais promissor para o seu projeto de candidatura.

Político experiente, que lidera um grupo reconhecido no cenário político estadual, e carregando na bagagem quatro mandatos bem-sucedidos como prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo parece mesmo determinado a encarar uma disputa que já conta com os senadores Werverton Rocha, atual líder do PDT no Senado, e Eliziane Gama (PSD), candidatos à reeleição em campos diferentes. E os deputados federais André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte, e Pedro Lucas Fernandes, atual líder do União na Câmara Federal, ambos pela Federação União Progressista.

Além dos quatro candidatos já assumidos, a corrida\ senatorial pode atrair o ex-senador Roberto Rocha (sem partido), que pretende ser candidato a governador, mas já teria admitido concorrer à senatória. E a deputada federal Roseana Sarney (MDB), que estimulada pelas pesquisas e pela candidatura do seu colega emedebista Orleans Brandão ao Governo do Estado, estaria pensando seriamente.

Se vier, de fato, a se confirmar, a entrada de Hilton Gonçalo no páreo senatorial pode alterar ainda mais o jogo, principalmente pelo que se convencionou chamar de segunda vaga.

São Luís, 23 de Julho de 2025.

Brandão arma sua maior cartada política ao ficar no Governo e apoiar Orleans para sucessor

Carlos Brandão decide cumprir
os quatro anos do mandato

O governador Carlos Brandão (PSB) fez a maior aposta da sua até agora bem-sucedida carreira política, em que foi o poderoso secretário chefe-chefe da Casa Civil no Governo de José Reinado Tavares, deputado federal por dois mandatos, vice-governador por sete anos e menos e três meses, e governador reeleito em turno único em 2022, cumprindo atualmente o terceiro ano do seu mandato. Rompido com seu antecessor e parceiro Flávio Dino, hoje ministro da Suprema Corte, o governador decidiu abrir mão de um mandato quase certo de senador, vai permanecer no cargo até o final do mandato (31/12/2026), com o objetivo de conduzir as forças aliadas em torno da candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), seu sobrinho e principal auxiliar, à sua sucessão nas eleições de 2026. Com a decisão de não renunciar para ser candidato ao Senado, Carlos Brandão tira o lastro do projeto de candidatura ao vice-governador Felipe Camarão (PT), que nesse jogo representa o que se convencionou chamar de dinismo.

Tema principal de especulações, a decisão de permanecer não foi ainda declarada pelo próprio governador. Mas ficou evidenciada sexta-feira (18), em São Luís, no ato em que o presidente nacional da Federação União Progressista, Antônio Rueda, anunciou o apoio da organização partidária ao projeto de candidatura do secretário Orleans Brandão, que no ato se declarou pré-candidato. Essa manifestação confirma também a decisão do mandatário maranhense de não disputar o Senado, pois do contrário, Orleans Brandao não seria pré-candidato assumido e declarado nem a Federação União Progressista teria feito esse movimento de apoio, inclusive lançando dois candidatos ao Senado, o ministro do Esporte André Fufuca (PP) e o líder da bancada do União na Câmara Federal, Pedro Lucas Fernandes (União).

A aposta do governador Carlos Brandão é alta e desafiadora. À frente de um Governo de viés municipalista, o que tornou o secretário Orleans Brandão o seu braço direito, Carlos Brandão faz uma gestão bem avaliada, que mantém, ampliou os programas sociais do Governo Flávio Dino – Restaurantes Populares e Centro de Hemodiálise, por exemplo –, e se voltou fortemente para uma relação produtiva com os municípios, o que vem lhe dando uma forte base de apoio de prefeitos e vereadores. Tem sido um processo intenso e abrangente, coordenado pelo secretário Orleans Brandão, que faz a ponte entre os prefeitos e o gabinete principal do Palácio dos Leões. E também criticado por adversários.

O afastamento visível e o rompimento ainda não declarado com o ministro Flávio Dino e o grupo que o segue parecem irreversíveis. E começa exatamente com o fato de que a decisão de permanecer desmonta de vez o projeto do vice-governador Felipe Camarão (PT) de se tornar governador e com correr à reeleição no cargo, que pode criar tensões com comando do PT. E com o Palácio do Planalto, Vozes dinistas acusam o governador de romper um acordo em torno de Felipe Camarão. A interlocutores próximos, o governador garante que esse acordo nunca foi firmado, portanto, nunca existiu, e que por isso ele não está obrigado a cumpri-lo. Além disso, Carlos Brando acusa o grupo dinista de agredir a ele e a seu Governo com “factoides” judiciais – como o imbróglio sobre a escolha de conselheiros do TCE pela Assembleia Legislativa, emperrado há mais de um ano no birô do ministro-relator Flávio Dino na Suprema Corte. Corre no maio político que o grupo dinista vai jogar pesado contra o governador se a situação permanecer.

O fato é que, embalado por um Governo avaliado positivamente, com um caixa fornido, e no controle de um cacife político e administrativo poderoso, o governador Carlos Brandão resolveu jogar alto, mesmo avaliando que toda empreitada dessa natureza e dessa envergadura contém riscos. Isso porque adversários desse projeto, a começar pelo vice-governador Felipe Camarão, com o aval silencioso do ministro Flávio Dino e com as bênçãos do novo comando nacional do PT e do Palácio do Planalto, mantém seu projeto de candidatura, afirmando que será candidato de qualquer maneira. Além disso, o animado e declarado projeto de candidatura do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo) ganha o status de risco. E mais o futuro não desenhado do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que não disse se será candidato, mas lidera com folga a preferência do eleitorado segundo mostraram as 19 pesquisas feitas até para medir a corrida sucessória.

Como é visível e indiscutível, a decisão silenciosa do governador Carlos Brandão definiu o roteiro para a corrida aos Leões.

PONTO & CONTRAPONTO

Por motivos e objetivos diferentes, permanência de Brandão será diferente das de Luiz Rocha e José Reinaldo

Carlos Brandão vai entrar no time de
governadores eleitos que cumpriram
quatro anos de mandato

O governador Carlos Brandão (PSB) será o terceiro mandatário maranhense a permanecer no Governo e abrindo m]ao de disputar uma cadeira no Senado. Ele se juntará a um time formado por Luiz Rocha, que governou o estado entre 1983 e 1986, e José Reinaldo Tavares, que comandou a máquina maranhense de 2012 a 2006. A diferença é que, ao contrário dos outros dois, ele decidiu ficar por viabilizar um projeto que, se bem-sucedido, o manterá próximo ao poder por mais quatro anos.

Item especial da sua rica trajetória política – vereador, deputado estadual, deputado federal e governador eleito em 1982, Luiz Rocha montou o seu roteiro para deixar o Governo em abril de 1986 e disputar o Senado, no que seria uma eleição quase sem risco, dada a sua força no interior. Ocorre em 1984, para chegar à vice-presidência da República, José Sarney, que viria a ser presidente, fizera um acordo com o PMDB assegurando que o sucessor de Luiz Rocha no Governo seria então deputado federal Epitácio Cafeteira. Luiz Rocha e mais de uma centena de prefeitos foram chamados ao Palácio do Planalto e comunicados pelo próprio presidente que o seu candidato seria Epitácio Cafeteira e que ele, Luiz Rocha, permaneceria no Governo até o final, para garantir a vitória da chapa governista. Luiz Rocha e seus aliados reagiram, mas o presidente José Sarney “sufocou” a revolta e o obrigou a cumprir seu mandato até o fim. Quando deixou o poder e ficou sem mandato, Luiz Rocha virou alvo do novo Governo.

O dado central: se tivesse renunciado para ser senador, Luiz Rocha teria de passar o Governo para o vice-governador João Rodolfo, homem de confiança do senador João Castelo, uma situação inaceitável para o presidente José Sarney.

Já o governador José Reinaldo Tavares decidiu permanecer no Governo para ajudar o candidato oposicionista Jackson Lago derrotasse a senadora Roseana Sarney nas urnas. Político umbilicalmente ligado ao Grupo Sarney, José Reinaldo entrou em rota de colisão com ex-presidente quando a governadora Roseana Sarney, de quem era vice, sinalizou que não o queria como sucessor. Ela já caminhava para escolher um candidato, quando, em março de 2002, estourou a bomba do Caso Lunus, que desmontou toda a sua base política. Semanas depois, Roseana Sarney, fragilizada, renunciou ao Governo para concorrer ao Senado e José Reinaldo assumiu e se reelegeu. Ao longo do seu Governo, as relações com seus aliados se deterioraram, o que o levou a abrir mão de disputar o Senado e jogar todo o seu poder político e governamental no apoio à candidatura de Jackson Lago (PDT), que derrotou Roseana Sarney. E como estava escrito nas estrelas, Jackson Lago se afastou do seu apoiador, que acabou isolado e se elegendo deputado federal em 2014, tendo sido esse o seu último mandato eletivo até aqui.

Dado essencial: com a renúncia de José Reinaldo para se candidatar ao Senado em 2006, o Governo cairia nas mãos do vice-governador Jura Filho, muito ligado ao Grupo Sarney por intermédio do ex-senador João Alberto. Situação inaceitável para José Reinaldo.

O caso do governador Carlos Brandão não difere muito dos de Luiz Rocha e José Reinaldo Tavares. Ele vai permanecer no Governo com os seus principais adversários pressionando para ele sair. Na hipótese da renúncia, o Governo será assumido por Felipe Camarão, que brigará pela reeleição. A diferença é que Carlos Brandão quer permanecer no Governo por avaliar que, aconteça o que acontecer depois, ele vai brigar pela eleição de um sucessor no qual deposita toda a sua confiança, certo também de que ficará sem mandato. Se der tudo certo, será a vitória suprema; se dão der, seu futuro será incerto. E pelo visto, até aqui ele acredita que pode dar certo.

Iracema reafirma apoio a Orleans ao Governo e Weverton ao Senado e deixa segundo nome em aberto

Iracema Vale reafirma apoio a
Orleans Brandão e Weverton Rocha

“Política se faz com diálogo, lealdade e respeito às construções coletivas. Tenho deixado claro que, para 2026, minhas preferências são: Orleans Brandão para o Governo do Estado e Weverton Rocha para o Senado”.

A declaração é da presidente da Assembleia legislativa, Iracema Vale (PSB), feita pera reforçar a sua posição em relação às escolhas majoritárias para 2026. Ela desmonta assim especulações que vieram à tona após a declaração de apoio da Federação União Progressista, à pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, lançando também os deputados federais André Fufuca (PP) e Pedro Lucas Fernandes (União) ao Senado.

A posição de Iracema Vale está definida faz tempo. Ela sempre deixou claro que seu primeiro voto seria para o governador Carlos Brandão, caso ele se lançasse candidato. De uns tempos para cá, provavelmente já informada de que Carlos Brandão não deixará o Governo, ela se posicionou pela pré-candidatura de Orleans aos Leões e ao projeto de reeleição do senador Weverton Rocha (PDT).

Agora, que o seu grupo está definido para o Governo e tem o senador Weverton Rocha como primeiro candidato a senador, ela ainda está trabalhando para definir o segundo candidato. Além do ministro André Fufuca e do líder Pedro Lucas Fernandes, ela poderá ter como opção a deputada federal Roseana Sarney (MDB), que estaria avaliando a hipótese de entrar nessa briga diante da decisão do governador Carlos Brandão não concorrer.

A presidente da Assembleia Legislativa só definirá o seu outro candidato ao Senado depois que o quadro estiver definido, incluindo a senadora Eliziane Gama (PSD), que busca a reeleição e deve se alinhar à provável candidatura do prefeito Eduardo Braide (PSD).

São Luís, 20 de Julho de 2025.

Apoio de Federação confirma que Brandão fica, Orleans será candidato e Fufuca e Pedro Lucas tentarão Senado

Iracema Vale e Antônio Rueda (centro) selam o apoio da FUP
a Orleans Brandão ao Governo e André Fufuca e
Pedro Lucas Fernandes (atrás de Iracema) ao Senado

A menos que haja uma reviravolta sem precedentes, o governador Carlos Brandão (PSB) vai cumprir seu mandato até o final, com poder de fogo para ter participação decisiva na corrida ao Palácio dos Leões. Essa equação foi definida ontem, no amplo salão do Blue Tree, o antigo Hotel Quatro Rodas, num ato em que o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), confirmou sua pré-candidatura ao Governo do Estado ao receber a declaração de apoio do comando nacional da Federação União Progressista (União/PP). O evento produziu uma série de situações novas, sendo a principal delas a confirmação do próprio Orleans Brandão avisando que sua pré-candidatura deixou de ser uma possibilidade para se tornar fato concreto. Além do item principal, o presidente da FUP, Antônio Rueda (União), anunciou o ministro do Esporte, o deputado federal André Fufuca (PP), e seu colega Pedro Lucas Fernandes (União) às duas vagas no Senado. Mais ainda: abriu caminho para a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PSDB), atuar para ser candidata a vice na chapa do emedebista.

O governador Carlos Brandão (PSB), claro, não compareceu, e o expressivo ato político foi comandado pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB). E como era previsto, do deputado federal Juscelino Filho (União), ex-ministro das Comunicações, também não apareceu, confirmando sua dissidência em relação ao grupo

A declaração de apoio da FUP ao secretário Orleans Brandão deflagrou de vez a corrida ao Palácio dos Leões. Agora são três pré-candidatos assumidos – ele próprio, o vice-governador Felipe Camarão (PT) e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim (Novo) -, permanecendo indefinida a posição do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD). A confirmação da pré-candidatura de Orleans Brandão tem importância decisiva nesse contexto, uma vez que ele é o nome escolhido pelo governador Carlos Brandão, que desistiu de disputar cadeira no Senado para apoiar integralmente esse projeto. O agora pré-candidato do MDB se consolida no jogo com um nome forte, cuja campanha terá o suporte das maiores forças políticas reunidas hoje no Maranhão.

Ao anunciar o apoio, Antônio Rueda declarou: “Precisamos apoiar esse projeto, que tem transformado o Maranhão. Seguiremos no mesmo caminho, agora também ao lado de Orleans, que, sem dúvida, seguirá rumo ao sucesso”. Em resposta, Orleans Brandão agradeceu, confirmando o seu projeto de candidatura: “Agradeço à Federação, ao presidente Antônio de Rueda e a todas as lideranças que aqui estão pelo apoio à minha pré-candidatura. Esse apoio é um sinal claro de confiança no trabalho que o governador Carlos Brandão tem realizado em nosso estado. Juntos, vamos continuar esse projeto de transformação e avançar ainda mais para um Maranhão mais justo e próspero”.

Na ausência do governador Carlos Brandão, a deputada-presidente Iracema vale chancelou e justificou o ingresso da FUP na base de apoio de Orleans Brandão: “Orleans é um jovem que agrega inovações ao nosso estado, sabe dialogar e tem trabalhado junto com o nosso governador para melhorar o Maranhão. É alguém preparado para dar continuidade a esse projeto que vem transformando a vida do povo maranhense”.

O evento de ontem, que reuniu parlamentares, prefeitos e vereadores, pode ser considerado um marco na corrida ao Palácio dos Leões. Isso porque o que parecia impensável aconteceu: o governador Carlos Brandão, bem avaliado e política e eleitoralmente forte, abre mão de ser senador da República, tendo como projeto político maior dar suporte à candidatura do seu sobrinho e principal auxiliar. E com o adendo de que Orleans Brandão poderá compor sua chapa tendo como vice uma liderança feminina forte, a prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge.

A corrida sucessória está em pleno curso, chamando agora as atenções ao prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que ainda não disse se será ou não candidato, e ao vice-governador Felipe Camarão, que agora sabe que não assumirá o Governo para ser candidato à reeleição.

PONTO & CONTRAPONTO

Candidaturas de André Fufuca e Pedro Lucas colocam Weverton Rocha sob pressão na base governista

André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes
colocam Weverton Rocha sob pressão

O ato em que a FUP (União/PP) declarou apoio ao secretário Orleans Brandão (MDB) para o Governo do Estado promoveu uma mudança forte na composição da corrida ao Senado. Sem o governador Carlos Brandão no páreo, a Federação lançou o deputado federal André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte, e, para surpresa de muitos – incluindo a Coluna -, do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), atual líder do partido na Câmara Federal.

Com a senadora Eliziane Gama caminhando para ser candidata numa eventual chapa do prefeito Eduardo Braide, distanciando-se, portanto, da base governista, os votos da aliança liderada pelo governador Carlos Brandão serão agora divididos entre Weverton Rocha, que já conta com o apoio declarado do mandatário e da deputada-presidente Iracema Vale, e André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes. Será uma disputa dura, na qual um deles sobrará, já que são apenas duas cadeiras em jogo. E pode complicar ainda mais se Eliziane Gama reforçar seu cacife daqui até a corrida às urnas.

Ontem, após o lançamento de André Fufuca e Pedro Lucas Fernandes, várias apostas foram feitas, sendo que uma delas é a de que Pedro Lucas Fernandes fará logo as contas e preferirá buscar a reeleição para a Câmara Federal.

Iracema reforça condição de principal articuladora da candidatura de Orleans Brandão

Iracema Vale: participação decisiva na
articulação por Orleans Brandão

O movimento da Federação União Progressista em favor da candidatura do secretário Orleans Brandão consolidou também a deputada-presidente Iracema Vale como um dos quadros mais ativos e bem articulados da política maranhense na atualidade. Aliada incondicional do governador Carlos Brandão, ela tem tido participação decisiva na construção da candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, e nas articulações para as posições políticas que o grupo governista vem tomando.

Em relação da candidatura de Orleans Brandão, ela abraçou o projeto desde a sua fase embrionária, quando recebeu sinal verde do govenador Carlos Brandão para se movimentar. Têm sido dela as iniciativas públicas mais arrojadas em favor do secretário, num jogo dosado de ousadia e habilidade política.

No mês passado, por exemplo, ela reuniu sua base em Urbano Santos e comunicou a decisão de apoiar Orleans Brandão. Depois, apresentou o secretário numa reunião de mulheres legisladoras. Mais recentemente, reuniu a maioria dos integrantes da Assembleia Legislativa e obteve deles o apoio declarado à candidato do emedebista. Isso sem contar os discursos entusiasmados feitos em eventos do Governo no interior

Ontem, na ausência do governador Carlos Brandão, Iracema assumiu a condição de líder principal da aliança governista, e nessa condição recepcionou o presidente da Federação Antônio Rueda e defendeu a iniciativa com o argumento de que “o Maranhão está muito melhor”.

Nessa pisada, a presidente da Assembleia Legislativa caminha para se reeleger com uma votação diferenciada, a exemplo do que aconteceu em 2022, quando saiu das urnas como a primeira mulher eleita deputada estadual com votação acima dos 100 mil sufrágios.

São Luís, 19 de Julho de 2025.

Iracema cobra decisão do Supremo sobre o TCE e garante que Brandão quer pacificar a base pelo diálogo

Iracema Vale entre vereadores exibe o título de Cidadã de Itapecuru Mirim,
recebido ontem em sessão solene na Câmara Municipal daquele município

“A gente espera que termine o mais rápido possível, aguarda que a Justiça dê uma decisão. O povo do Maranhão tem pressa”. A reação foi da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), na TV Mirante, ontem, ao ser indagada sobre sua expectativa em relação ao processo (ADI nº 8870) sobre regras para a escolha de conselheiros do TCE, que tramita há mais de um ano, no Supremo Tribunal Federal sob a relatoria do ministro Flávio Dino.  A presidente do parlamento estadual não escondeu o seu incômodo com o caso, principalmente pelo fato de que o questionamento das regras pelo deputado Othelino Neto, através do partido, o Solidariedade e caracterizou a iniciativa como uma ação política. Na entrevista, que versou sobre outros temas, a presidente do parlamento estadual não escondeu nem minimizou a situação política, defendendo a postura do governador Carlos Brandão (PSB), que na sua avaliação vem tentando resolver pendências políticas pela via do diálogo.

A chefe do Poder Legislativo foi firme e direta ao comentar, em tom crítico, o fato de o Tribunal de Contas do Estado encontrar-se desfalcado de dois conselheiros, o que sobrecarrega os demais conselheiros e torna o sistema de controle de contas mais lento. Serena, sem aumentar o tom de voz nem exibir o tamanho do seu poder, a deputada Iracema Vale mostrou que a Assembleia Legislativa já fez a sua parte ao promover as mudanças recomendadas e atualizar o Regimento Interno da Casa no que respeita à escolha de conselheiros do TCE, inclusive com pareceres favoráveis da Procuradoria Geral da República e da Advocacia Geral da União. O processo só depende de providências formais do ministro-relator Flávio Dino, não havendo justificativa para o alongamento do tempo para o ponto final.

A presidente do Poder Legislativo demonstrou visível incômodo com a tentativa do PCdoB de ingressar na ação como amicus curiae, iniciativa que foi rechaçada pelo comando nacional da Federação Brasil da Esperança, a exemplo do que acontecera com o Solidariedade, autor da ação, cuja direção nacional agira na mesma linha ao determinar a saída do partido do processo, por considerar não haver mais motivo para continuar a chicana judicial. E chamou a atenção para o prejuízo nas atividades fiscalizadoras e controladoras do TCE com o desfalque injustificado de dois conselheiros.

E mesmo considerando a situação injustificável, a presidente do Poder Legislativo manteve o tom quase diplomático, ainda que dosado de forte tom crítico ao fato de que o que começou como uma questão técnica tenha ganhado uma forte conotação política.

Na defesa que fez do governador Carlos Brandão, de quem é hoje o aliado mais importante na política estadual, fazendo parte do chamado “núcleo duro” do Palácio dos Leões, disse: “O governador Brandão é um pacificador, prega unidade e parceria”. E, sem citar nomes, fez uma denúncia na direção de dissidentes e adversários da base governista: “Há uma tentativa de afastar o governador do Governo Federal, de criar um imbróglio”. Não foi além, mas deixou no ar o que pareceu um alerta de que a tensão na relação com a dissidência dinista da aliança governista vai continuar.

Mas num claro jogo de habilidade política, a deputada Iracema Vale deixou espaço para a possibilidade de recomposição da base governista, reunindo novamente os hoje chamados grupos dinista e brandonista, por mais distanciados que esses grupos estejam no tabuleiro da política maranhense por conta da corrida ao Palácio dos Leões. “Na política, tudo é possível. A política é a arte do diálogo e o governador Carlos Brandão dialoga bem com todos” avaliou, e declarou “Nunca partiu do governador uma fala agressiva”.

Mas enquanto a conciliação não vem – os fatos estão mostrando que ela dificilmente virá -, a presidente da Assembleia Legislativa mantém intensa atividade política e partidária, preparando-se e a seu grupo para a guerra eleitoral do ano que vem. 

PONTO & CONTRAPONTO

Se deixar o PSB, como está sendo especulado, Brandão migrará para o MDB

Carlos Brandão comanda o PSB,
que está na mira de Ana Paula Lobato

Ainda não passa de rumor tênue, mas se de fato o braço maranhense do PSB vier a ser entregue à senadora Ana Paula, que, tudo indica, está se despedindo do PDT e caminhando de volta à legenda socialista, hoje comandada pelo governador Carlos Brandão, haverá uma reacomodação radical na atual composição partidária do Maranhão. São várias as hipóteses.

O desdobramento mais importante será a saída do governador Carlos Brandão e seu grupo, sendo o MDB o seu caminho natural. Vale lembrar que quando o empresário Marcus Brandão assumi o controle do braço emedebista estadual, houve forte especulação dando conta de que o governador Carlos Brandão migraria para o partido controlado pelo irmão. Naquele momento, a deputada Iracema Vale declarou forte simpatia pelo MDB, sinalizando que também migraria para o partido caso o governador decidisse deixar o PSB.

O governador Carlos Brandão e seu grupo permaneceram no PSB, mas o MDB continuou recebendo estímulos para se fortalecer, tanto que saiu das urnas de 2024 com três dezenas de prefeitos, mais forte, portanto, que a legenda socialista.

Em resumo: se o rumor da transferência de controle do PSB maranhense para a senadora Ana Paula vier a se confirmar, o desdobramento natural e mais importante será a migração do governador Carlos Brandão para o MDB, onde tem como principal aliado o prefeito de Bacabal e presidente da Famem, Roberto Costa, hoje a principal liderança emedebista de “raiz”.

E se permanecer no Governo, como tudo está indicando, Carlos Brandão fortalecerá a candidatura do emedebista Orleans Brandão à sua sucessão, podendo apoiar também o eventual lançamento da candidatura da deputada federal Roseana Sarney ao Senado.

Especulações são fortes, mas Pedro Lucas dificilmente disputará o Senado

Pedro Lucas Fernandes:
reeleição ou aventura

Por mais que os ativos nichos de especulação se esforcem, é fora da lógica considerar a possibilidade de que o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União), atual líder do partido na Câmara Federal, abandone uma reeleição quase certa, sem maiores dificuldades, para se embrenhar na aventura de disputar uma cadeira no Senado.

Um dos mais bem-sucedidos políticos da geração que está chegando ao poder no Maranhão, Pedro Lucas Fernandes tem se revelado um bom articulador, não apenas na seara política estadual, mas sobretudo no jogo pesado das forças que atuam no Congresso Nacional. Sua escolha para ser o líder do União teve, é verdade, o apoio decisivo do presidente do partido, Antônio Rueda, foi também, em grande medida, resultado da própria atuação na seara partidária.

Não se duvida de que, como qualquer político jovem, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes tenha ambições, como a de ser senador, prefeito de São Luís e até governador do Estado, por exemplo. Mas entrar agora na corrida ao Senado seria se expor a um risco desnecessário. A começar pelo fato de que disputaria com os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD), ambos em busca da reeleição, e com o deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP), que há tempos vem trabalhando sua candidatura à Câmara Alta.

A reunião de hoje, na qual a Federação União Progressista (FUP) declarará apoio à pré-candidatura do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), ao Governo do Estado, pode produzir evidências sobre o futuro do líder do União na Câmara Baixa.

São Luís, 18 de Julho de 2025.