O Maranhão encontra-se a um passo de sofrer uma mexida radical no seu tabuleiro político, ou de continuar sem mudanças traumáticas, com as marchas e contramarchas que o tem animado desde 2014. Tudo depende do futuro do senador Flávio Dino (PSB) atual ministro da Justiça e Segurança Pública, do desempenho dos deputados federais e atuais ministros André Fufuca (PP), do Esporte, e Juscelino Filho (UB), das Comunicações, e do posicionamento do governador Carlos Brandão (PSB) no tabuleiro a ser formado enquanto ele estiver no comando da máquina até abril de 2026. Além disso, serão decisivos os movimentos do vice-governador Felipe Camarão (PT), que deve assumir o comando da máquina em abril de 2026, e como se moverão os senadores Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PDT). E por último, como se posicionará a senadora Ana Paula Lobato (PSB), caso Flávio Dino seja indicado para o Supremo Tribunal Federal. É uma equação difícil de montar agora, mas não há como fugir das situações a serem criadas dependendo dos movimentos dos seus componentes.
Se for para o Supremo Tribunal Federal (STF), como quer uma ala petista e estimulam alguns jornais da chamada Grande Imprensa, a volta de Flávio Dino à magistratura abrirá uma gigantesca lacuna no cenário político maranhense, o que levará automaticamente o governador Carlos Brandão ao comando político do Maranhão, sem sombra, pelo menos até abril de 2026, quando terá a opção de passar o bastão ao vice-governador Felipe Camarão (PT) e disputar vaga no Senado, ou permanecer no cargo até o final, o que parece não ser o caso. Sem Flávio Dino no ambiente político, os hoje ministros André Fufuca e Juscelino Filho – ou pelo menos um deles – estarão cacifados para entrar na briga pela segunda vaga de senador, que tem como aspirantes naturais a senadora Eliziane Gama, que vem se cacifando fortemente no plano nacional, e Weverton Rocha, que não se sabe ainda se tentará a reeleição ou mais uma vez o Governo do Estado, com elevados riscos de ficar sem mandato. No tabuleiro sem Flávio Dino, Ana Paula Lobato se tornará titular da cadeira que já ocupa interinamente, o que mudará radicalmente o seu status no tabuleiro da política maranhense, fortalecendo também a posição do deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), e atual secretário do Maranhão em Brasília.
No ambiente sem Flávio Dino, o vice-governador Felipe Camarão assumirá naturalmente o comando das forças mais alinhadas ao eventual ministro do STF, reforçando em proporções gigantescas, seu cacife na cúpula do PT e no Palácio do Planalto, onde sua reeleição já integra a lista de prioridades do presidente Lula da Silva (PT). E é quase certo que casará seu projeto de reeleição com a eleição de Carlos Brandão para uma das vagas do Senado, como está desenhado até aqui, uma vez que não há motivo para ruptura da aliança que vem dando certo desde as eleições de 2014. Nesse quadro, o atual governador deve ir para o Senado deixando um aliado seu como vice-governador e com chance de disputar o Governo em 2030, caso Felipe Camarão saia das urnas reeleito em 2026, num contexto em que a deputada Iracema Vale, presidente da Assembleia Legislativa, sairá fortalecida. Nesse caso, a grande disputa de 2026 se dará pela segunda vaga do Senado que será alvo de uma guerra a ser travada entre a senadora Eliziane Gama, o senador Weverton Rocha – caso ele não tente novamente concorrer ao Palácio dos Leões, e muito provavelmente um terceiro candidato viável, que pode ser um dos deputados hoje ministros.
Na arena oposicionista pontifica, destacado, o prefeito Eduardo Braide (PSD), sem grupo, mas de longe o quadro mais bem-sucedido da direita civilizada do Maranhão, e cujo caminho definitivo será traçado na eleição de 2024: se for reeleito, se credenciará para disputar o Governo ou o Senado em 2026 ou em 2030; se não, terá de refazer planos. No outro extremo da oposição encontram-se duas frentes, sendo a primeira, de extrema-direita, bolsonarista, comandada pelo ex-senador Roberto Rocha (PTB) que, mesmo trucidado nas urnas, voltou às redes sociais dando pitacos na cena política, e a segunda, também de direita agressiva, referenciada por Lahesio Bonfim, segundo colocado na disputa pelo Governo do Estado em 2022, que está mirando o Senado e o Palácio dos Leões.
No centro do tabuleiro encontra-se a centro-direita de viés democrático, representada pelas forças abrigadas no MDB, que reúne o que restou do sarneysismo e agora abrigando parte do grupo liderado pelo governador Carlos Brandão, e o PSDB, que renasce com força sobretudo em São Luís, via vereador Paulo Victor.
É esse o cenário possível se o senador Flávio Dino for indicado e aceitar a indicação para o STF.
PONTO & CONTRAPONTO
São Luís: Brandão faz entregas com a meta de alcançar 213 obras até o final do ano
Depois de quase uma semana intensa em Brasília, onde incursionou por ministérios em busca de recursos já alinhavados em diversas áreas e participou de vários atos, entre eles a posse do deputado federal André Fufuca (PP) no cargo de ministro do Esporte, o governador Carlos Brandão (PSB) mergulhou na grande São Luís, visitando Cidade Operária, Pedrinhas e Maracanã, onde entregou obras para melhorar a vida dos seus habitantes.
Aos moradores de uma área até então esquecida da Cidade Operária, Carlos Brandão entregou a Arena Índio, um espaço completo para a prática de esporte comunitário, equipada com quiosques, vestiários, academia, guarita, arquibancada, além de novas instalações elétricas, urbanização e paisagismo.
No Maracanã, o governador inaugurou a Praça da Família, um espaço dotado de uma série de equipamentos para uso comunitário. O espaço foi concebido para ser uma área de convívio, lazer e cultura.
E em Pedrinhas, o chefe do Executivo estadual reinaugurou o Centro Educa Mais Professor Mário Martins Meireles, escola de tempo integral, cujas instalações foram melhoradas e ampliadas. Além da reestruturação das salas, a escola ganhou novos banheiros, ar-condicionado, câmeras de segurança e novos espaços de lazer e esportes.
Essas obras estão dentro da meta do Palácio dos Leões de entregar 120 obras no mês de aniversário de São Luís, de modo a alcançar, até o final do ano, um total de 213 benfeitorias do Governo do Maranhão na Capital.
Rubens Jr, enfrenta ataques, mas defende mudanças feitas na minirreforma eleitoral
O deputado federal Rubens Jr. (PT) enfrentou e continua enfrentando uma saraivada de críticas ao projeto da minirreforma eleitoral por ele relatado. Líderes políticos, cientistas da área, analistas políticos de todos os níveis da imprensa dispararam petardos poderosos e incômodos ao texto – já aprovado pela Câmara Federal – e ao relator. Nessas essas interpretações, ele é acusado de haver cometido uma série de distorções, que levaram o projeto a afrouxar as regras para gastos do milionário Fundo Eleitoral, reduzir a transparência, flexibilizar a Lei da Ficha Limpa, reduzir a obrigatoriedade da cota das mulheres nas chapas de candidatos, entre outras mudanças classificadas como retrocessos.
O deputado Rubens Jr. tem se defendido dos ataques afirmando, categoricamente, que as mudanças promovidas por ele como relator, tiveram, na maioria dos casos, o propósito de destravar alguns pontos da legislação eleitoral, sem que a essência das normas – como no caso das mudanças na Lei da Ficha Limpa – fosse alterada. Sua alegação mais frequente é a de que alguns pontos foram simplificados, sem que a natureza e o âmago das normas tenham sido mudados. O parlamentar garante que a essência da legislação eleitoral está intacta, e que isso pode ser observado com um exame mais cuidadoso das alterações que foram feitas em pontos sensíveis da legislação.
Em meio à polêmica, o deputado Rubens Jr. aguarda agora o desfecho da minirreforma no Senado, onde não terá tramitação fácil, já que o presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (UB-MG), avisou que não pretende acelera-la, de modo a que esteja aprovada e sancionada até o dia 06 de outubro, data-limite para que as mudanças valham para as eleições municipais do ano que vem.
São Luís, 17 de Setembro de 2023.