Arquivos mensais: setembro 2023

Se Dino for para o Supremo, o tabuleiro político do Maranhão sofrerá mexida ampla e radical

Flávio Dino no STF abre caminho para Carlos Brandão,
Felipe Camarão, Eliziane Gama, Weverton Rocha,
Ana Paula Lobato, André Fufuca e Juscelino Filho,
mexendo também com Eduardo Braide,
Lahezio Bonfim e Roberto Rocha, entre outros

O Maranhão encontra-se a um passo de sofrer uma mexida radical no seu tabuleiro político, ou de continuar sem mudanças traumáticas, com as marchas e contramarchas que o tem animado desde 2014. Tudo depende do futuro do senador Flávio Dino (PSB) atual ministro da Justiça e Segurança Pública, do desempenho dos deputados federais e atuais ministros André Fufuca (PP), do Esporte, e Juscelino Filho (UB), das Comunicações, e do posicionamento do governador Carlos Brandão (PSB) no tabuleiro a ser formado enquanto ele estiver no comando da máquina até abril de 2026. Além disso, serão decisivos os movimentos do vice-governador Felipe Camarão (PT), que deve assumir o comando da máquina em abril de 2026, e como se moverão os senadores Eliziane Gama (PSD) e Weverton Rocha (PDT). E por último, como se posicionará a senadora Ana Paula Lobato (PSB), caso Flávio Dino seja indicado para o Supremo Tribunal Federal. É uma equação difícil de montar agora, mas não há como fugir das situações a serem criadas dependendo dos movimentos dos seus componentes.

Se for para o Supremo Tribunal Federal (STF), como quer uma ala petista e estimulam alguns jornais da chamada Grande Imprensa, a volta de Flávio Dino à magistratura abrirá uma gigantesca lacuna no cenário político maranhense, o que levará automaticamente o governador Carlos Brandão ao comando político do Maranhão, sem sombra, pelo menos até abril de 2026, quando terá a opção de passar o bastão ao vice-governador Felipe Camarão (PT) e disputar vaga no Senado, ou permanecer no cargo até o final, o que parece não ser o caso. Sem Flávio Dino no ambiente político, os hoje ministros André Fufuca e Juscelino Filho – ou pelo menos um deles – estarão cacifados para entrar na briga pela segunda vaga de senador, que tem como aspirantes naturais a senadora Eliziane Gama, que vem se cacifando fortemente no plano nacional, e Weverton Rocha, que não se sabe ainda se tentará a reeleição ou mais uma vez o Governo do Estado, com elevados riscos de ficar sem mandato. No tabuleiro sem Flávio Dino, Ana Paula Lobato se tornará titular da cadeira que já ocupa interinamente, o que mudará radicalmente o seu status no tabuleiro da política maranhense, fortalecendo também a posição do deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), e atual secretário do Maranhão em Brasília.

No ambiente sem Flávio Dino, o vice-governador Felipe Camarão assumirá naturalmente o comando das forças mais alinhadas ao eventual ministro do STF, reforçando em proporções gigantescas, seu cacife na cúpula do PT e no Palácio do Planalto, onde sua reeleição já integra a lista de prioridades do presidente Lula da Silva (PT). E é quase certo que casará seu projeto de reeleição com a eleição de Carlos Brandão para uma das vagas do Senado, como está desenhado até aqui, uma vez que não há motivo para ruptura da aliança que vem dando certo desde as eleições de 2014. Nesse quadro, o atual governador deve ir para o Senado deixando um aliado seu como vice-governador e com chance de disputar o Governo em 2030, caso Felipe Camarão saia das urnas reeleito em 2026, num contexto em que a deputada Iracema Vale, presidente da Assembleia Legislativa, sairá fortalecida. Nesse caso, a grande disputa de 2026 se dará pela segunda vaga do Senado que será alvo de uma guerra a ser travada entre a senadora Eliziane Gama, o senador Weverton Rocha – caso ele não tente novamente concorrer ao Palácio dos Leões, e muito provavelmente um terceiro candidato viável, que pode ser um dos deputados hoje ministros.

Na arena oposicionista pontifica, destacado, o prefeito Eduardo Braide (PSD), sem grupo, mas de longe o quadro mais bem-sucedido da direita civilizada do Maranhão, e cujo caminho definitivo será traçado na eleição de 2024: se for reeleito, se credenciará para disputar o Governo ou o Senado em 2026 ou em 2030; se não, terá de refazer planos. No outro extremo da oposição encontram-se duas frentes, sendo a primeira, de extrema-direita, bolsonarista, comandada pelo ex-senador Roberto Rocha (PTB) que, mesmo trucidado nas urnas, voltou às redes sociais dando pitacos na cena política, e a segunda, também de direita agressiva, referenciada por Lahesio Bonfim, segundo colocado na disputa pelo Governo do Estado em 2022, que está mirando o Senado e o Palácio dos Leões.

No centro do tabuleiro encontra-se a centro-direita de viés democrático, representada pelas forças abrigadas no MDB, que reúne o que restou do sarneysismo e agora abrigando parte do grupo liderado pelo governador Carlos Brandão, e o PSDB, que renasce com força sobretudo em São Luís, via vereador Paulo Victor.

É esse o cenário possível se o senador Flávio Dino for indicado e aceitar a indicação para o STF.

PONTO & CONTRAPONTO

São Luís: Brandão faz entregas com a meta de alcançar 213 obras até o final do ano

Carlos Brandão entre alunos do Mário Martins
Meireles, após brindar a Cidade Operária com
praça e a arena esportiva no Maracanã

Depois de quase uma semana intensa em Brasília, onde incursionou por ministérios em busca de recursos já alinhavados em diversas áreas e participou de vários atos, entre eles a posse do deputado federal André Fufuca (PP) no cargo de ministro do Esporte, o governador Carlos Brandão (PSB) mergulhou na grande São Luís, visitando Cidade Operária, Pedrinhas e  Maracanã, onde entregou obras para melhorar a vida dos seus habitantes.

Aos moradores de uma área até então esquecida da Cidade Operária, Carlos Brandão entregou a Arena Índio, um espaço completo para a prática de esporte comunitário, equipada com quiosques, vestiários, academia, guarita, arquibancada, além de novas instalações elétricas, urbanização e paisagismo.

No Maracanã, o governador inaugurou a Praça da Família, um espaço dotado de uma série de equipamentos para uso comunitário. O espaço foi concebido para ser uma área de convívio, lazer e cultura.

E em Pedrinhas, o chefe do Executivo estadual reinaugurou o Centro Educa Mais Professor Mário Martins Meireles, escola de tempo integral, cujas instalações foram melhoradas e ampliadas. Além da reestruturação das salas, a escola ganhou novos banheiros, ar-condicionado, câmeras de segurança e novos espaços de lazer e esportes.

Essas obras estão dentro da meta do Palácio dos Leões de entregar 120 obras no mês de aniversário de São Luís, de modo a alcançar, até o final do ano, um total de 213 benfeitorias do Governo do Maranhão na Capital.

Rubens Jr, enfrenta ataques, mas defende mudanças feitas na minirreforma eleitoral

Rubens Jr. rebate duros ataques
à minirreforma eleitoral

O deputado federal Rubens Jr. (PT) enfrentou e continua enfrentando uma saraivada de críticas ao projeto da minirreforma eleitoral por ele relatado. Líderes políticos, cientistas da área, analistas políticos de todos os níveis da imprensa dispararam petardos poderosos e incômodos ao texto – já aprovado pela Câmara Federal – e ao relator. Nessas essas interpretações, ele é acusado de haver cometido uma série de distorções, que levaram o projeto a afrouxar as regras para gastos do milionário Fundo Eleitoral, reduzir a transparência, flexibilizar a Lei da Ficha Limpa, reduzir a obrigatoriedade da cota das mulheres nas chapas de candidatos, entre outras mudanças classificadas como retrocessos.

O deputado Rubens Jr. tem se defendido dos ataques afirmando, categoricamente, que as mudanças promovidas por ele como relator, tiveram, na maioria dos casos, o propósito de destravar alguns pontos da legislação eleitoral, sem que a essência das normas – como no caso das mudanças na Lei da Ficha Limpa – fosse alterada. Sua alegação mais frequente é a de que alguns pontos foram simplificados, sem que a natureza e o âmago das normas tenham sido mudados. O parlamentar garante que a essência da legislação eleitoral está intacta, e que isso pode ser observado com um exame mais cuidadoso das alterações que foram feitas em pontos sensíveis da legislação.

Em meio à polêmica, o deputado Rubens Jr. aguarda agora o desfecho da minirreforma no Senado, onde não terá tramitação fácil, já que o presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (UB-MG), avisou que não pretende acelera-la, de modo a que esteja aprovada e sancionada até o dia 06 de outubro, data-limite para que as mudanças valham para as eleições municipais do ano que vem.

São Luís, 17 de Setembro de 2023.

Estadão mostra que grupo petista teme a força de Dino e tenta mina-lo no Ministério da Justiça

Flávio Dino incomoda banda petista, que tenta fragiliza-lo, segundo jornal paulista

O que antes era um zumzum nos bastidores de Brasília e logo ganharia as redes sociais e agências de notícia, a pressão de alguns setores do PT para induzir o presidente Lula da Silva a indicar o senador e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino (PSB) para o Supremo Tribunal Federal ganhou força nos últimos dias, à medida que se aproxima a abertura da vaga com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. A manobra chegou ao seu ponto máximo ontem, com a publicação, pelo jornal O Estado de S. Paulo, de matéria em que “fontes da cúpula do PT e do Governo” – cujas identidades foram convenientemente preservadas, teriam comentado que o senador maranhense estaria a ponto de perder o cargo por não ter ainda apresentado resultados na área da segurança pública. A alegada fragilidade da gestão de Flávio Dino seria o escandaloso fracasso da política de segurança pública na Bahia, em especial Salvador, que de uns tempos para cá virou uma versão do Rio de Janeiro no Nordeste.

Essa banda petista, que atrapalha mais do que ajuda, não se conforma com o fato de Flávio Dino haver mantido a área de Segurança Pública incorporada ao Ministério da Justiça. Esses setores queriam, e ainda querem, que Lula da Silva criasse o Ministério da Segurança Pública e o entregasse ao PT, deixando para Flávio Dino um Ministério da Justiça esvaziado e tímido, cuidando das relações institucionais e de incursões na área política, numa ação mais conceitual do que prática. Esse Ministério da Justiça não interessa a Flávio Dino, um político que conhece as instituições brasileiras pelo direito e pelo avesso, lastreado na sua experiência de ex-juiz federal e de governador do Maranhão, com passagem também pela Câmara Federal.

O calcanhar de Aquiles do PT na área de segurança pública é a Bahia, um estado grande, mas problemático, governado há quase duas décadas pelo partido, que não soube agir nesse setor. O resultado é que na região metropolitana de Salvador quadrilhas mantidas pelo tráfico de drogas estão enfrentando a polícia a céu aberto, resultando em matanças diárias. Além disso, a pistolagem age solta, como no brutal assassinato da líder quilombola e espiritual Mãe Bernadette, no mês passado, trazendo à tona a incapacidade da polícia baiana de garantir-lhe a segurança prometida, caso que repercutiu no mundo inteiro, causando constrangimento e desgaste ao Governo brasileiro. Em vez de pressionar o Governo da Bahia, dando-lhe as condições para enfrentar o crime organizado, os chefes dessa banda petista querem resolver o problema controlando o tal ministério a ser criado, caso consigam convencer o presidente de retalhar a pasta comandada por Flávio Dino. Os líderes do PT baiano não conseguem fazer o que Flávio Dino fez no Maranhão, transformando a segurança pública, que encontrou mergulhada em crise em 2015, e o sistema prisional, que era um vexame nacional e hoje é apontado como o melhor do País.

É claro que o senador maranhense não aceitará o esquartejamento da sua pasta, a começar pelo fato de que vem realizando um trabalho arrojado na área de segurança pública propriamente dita, cuja base é trazer as Polícias Federal e Rodoviária Federal para o seu eixo institucional, depois de elas terem sido perigosamente politizadas, e apoiar estados e municípios com ações concretas. O ministro Flávio Dino tem percorrido o País levando aos estados apoio federal por meio do Pronasci e outros programas em andamento. Além disso, tem atuado como a mais firme voz em defesa do Governo Lula da Silva e no enfrentamento político às forças de direita radical movidas pelo bolsonarismo.

Quem conhece um pouco de política é capaz de perceber que esse é um movimento orquestrado por um grupo que teme o crescimento político de Flávio Dino, que já é percebido nitidamente, a ponto de ele ser incluído na relação de nomes com cacife para disputar a presidência da República. A ligação do caos na segurança pública baiana diz respeito diretamente a Rui Costa, ex-governador por dois mandatos e senador pela Bahia, atual chefe da Casa Civil, que trabalha intensamente para se viabilizar como sucessor de Lula da Silva. No mesmo jogo estão partidários do ministro da Fazenda Fernando Haddad, que o querem no lugar do presidente.

Flávio Dino tem experiência suficiente para perceber esse jogo e não entrar nele. O Supremo não está nos seus planos, porque isso significaria sua aposentadoria política. Faz sentido, portanto, supor que, caso a manobra venha a tira-lo do ministério, o seu caminho natural será o Senado, onde tem todas as condições de se tornar um quadro de destaque. Mas essa possibilidade é remota, porque o presidente Lula da Silva sabe o que faz.      

PONTO & CONTRAPONTO

Assembleia aprova projeto que evita monocultura na região dos Lençóis Maranhenses

Iracema Vale quer monocultura longe dos biomas
que fazem a Região dos Lençóis Maranhenses

O avanço avassalador e sem controle de monoculturas, como o eucalipto e a soja, que já ocupam imensas áreas em diversas regiões maranhenses, não vai desequilibrar o meio ambiente em volta dos Lençóis Maranhenses. A integridade daquela região, que deve ser reconhecida como Patrimônio Natural da Humanidade, está garantida com a aprovação, ontem, pela Assembleia Legislativa, do Projeto de Lei 434/2023, de autoria da deputada Iracema Vale (PSB), presidente do Poder Legislativo.

A nova Lei proíbe a plantação em larga escala de eucalipto e soja nos municípios que pertencem ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, “tendo em vista a salvaguarda da rica flora e recursos hídricos da região, bem como a abertura de novas áreas para monocultura e a expansão de lavouras e plantações existentes em meio ao complexo natural”. Além disso, as áreas de preservação permanente e de reserva legal previstas na legislação estadual e no Código Florestal “deverão ser rigorosamente observadas, sendo vedada a supressão de vegetação nativa para a implantação de monoculturas”.

A nova Lei também determina a criação do Programa Estadual de Proteção e Desenvolvimento Sustentável dos Lençóis Maranhenses, que terá a responsabilidade de promover a delimitação e proteção de áreas prioritárias para conservação de ecossistemas, e de incentivar a implantação de agroflorestais e estimular o ecoturismo e o turismo sustentável. Quem tentar burlar a lei vai responder na Justiça e, se condenado, poderá parar na cadeia.

A presidente Iracema Vale justifica sua iniciativa com o argumento de que o Parque Nacional dos Lençóis é hoje o principal destino turístico do Maranhão. São 155 mil hectares que abrigam ecossistemas diversos e frágeis, como a restinga e os manguezais e o campo de dunas que ocupa dois terços da área do parque.

A crescente expansão das monoculturas na região tem causado impactos ambientais significativos, como a perda de habitat, o aumento da poluição das águas e a degradação dos solos. Esses impactos, se não forem controlados, podem levar a uma perda irreversível da diversidade biológica e cultural.  “Esse projeto representa um passo fundamental na preservação deste importante ecossistema e na promoção do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental” – sustentou Iracema Vale, que viu o projeto ser aprovado pela unanimidade dos presentes.

Essa iniciativa certamente vai entrar para a história da luta pela preservação ambiental no Maranhão.

Bancada deu maioria esmagadora à polêmica minirreforma eleitoral; só dois votos contra

Rubens Jr. teve seu relatório
avalizado pela maioria dos
deputados maranhenses

Os 18 deputados federais do Maranhão participaram da votação da polêmica e muito criticada minirreforma eleitoral, quarta-feira, na Câmara Federal. E o resultado foi surpreendente: 16 votaram a favor do projeto relatado pelo deputado maranhense Rubens Jr. (PT) e dois votaram contra: Duarte Jr. (PSB) e Fábio Macedo (Podemos).

O aval da esmagadora maioria já era esperado, mas havia quem acreditasse que, a julgar pelas mudanças, o voto contrário seria mais numeroso. Além do relator Rubens Jr., o voto favorável contou com a expoente do centro Roseana Sarney (MDB), o comunista Márcio Jerry (PCdoB), o casal de direita Josimar de Maranhãozinho (PL) e Detinha (PL) e o rebento da direita bolsonarista Allan Garcês, suplente que entrou na vaga aberta pelo agora ministro André Fufuca (PP).

Chamou a atenção que o socialista Duarte Jr. e o centro-direitista Fábio Macedo tenham se posicionado contra a minirreforma eleitoral, uma vez que seus partidos não têm vínculos políticos e ideológicos.

O fato, porém, é que um leque que vai da esquerda à direita radical avalizou a minirreforma relatada pelo deputado Rubens Pereira, que está sendo elogiada e criticada quase que na mesma medida.

São Luís, 15 de Setembro de 2023.   

André Fufuca vira ministro, diz que qualidade do esporte é “quase zero”, é criticado, e promete revolução

André Fufuca chega ao Ministério dos Transportes para assumir o cargo de ministro

O deputado federal André Fufuca (PP) é o novo ministro do Esporte e, aos 34 anos e com formação em Medicina, é o mais jovem integrante da Esplanada dos Ministérios. Ele foi empossado ontem de manhã pelo presidente Lula da Silva (PT), numa cerimônia sem pompa no Palácio do Planalto, e assumiu o cargo no início da noite, na sede da pasta, sem a presença de sua antecessora, a jogadora de vôlei e medalhista olímpica Ana Moser, que deixou Brasília no início da tarde, não escondeu sua insatisfação por haver sido dispensada, dando ao mesmo tempo uma demonstração da sua falta de educação política. O ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, participou do ato de posse e deu boas vindas ao novo colega de ministério, com quem tem excelentes relações, apesar da distância política e ideológica que os separa.

A posse morna no Palácio do Planalto e a ausência da antecessora na transmissão de cargo poderiam ter tirado André Fufuca do eixo, principalmente porque nos últimos dias, em especial ontem, ele foi duramente criticado, ora em tom duro, ora com ironia, apontado como um político comum e sem estatura para substituir a célebre Ana Moser no comando da pasta.  Mas quem apostou nesse estado de ânimo perdeu feio. Exibindo alto astral, o deputado maranhense assumiu o lugar de Ana Moser, sorridente e entusiasmado, deixando claro que erram os que dizem ou pensam que ele nada sabe sobre esportes, e declarando, sem tremer a voz, que ao longo da sua gestão aprenderá o que não souber sobre a área. E foi muito mais longe com uma declaração ousada, que chegou a causar visível irritação em alguns dos seus críticos. Disse que o esporte brasileiro tem “qualidade quase zero” e que pretende fazer uma revolução na área. E quando lhe perguntaram sobre a ausência de Ana Moser na posse, manifestou quase indiferença e encerrou a conversa dizendo que sempre foi e que continua sendo seu fã.  

André Fufuca foi duro quando respondeu a jornalistas: “Tenho visto que nos últimos dias, não tendo como me desqualificar, muitos têm feito trocadilhos com o meu nome. Devo dizer, com muita tranquilidade: não me atinge. Pelo contrário. Tenho orgulho de ser o André Fufuca, aquele jovem do Maranhão, que saiu do castigado Nordeste em busca de meios para ajudar o povo”, afirmou no evento. Mais cedo, Fufuca causou uma tempestade na imprensa e nos meios esportivos ao afirmar, numa frase pronunciada enfaticamente, que o esporte brasileiro tem “qualidade quase zero” e que pretende realizar “uma revolução” na área. Sua declaração provocou uma reação em cadeia no meio jornalístico do Distrito Federal, que a considerou uma grave precipitação. Mas ele reagiu como um político tarimbado, avisando que vai surpreender os que duvidam da sua capacidade.

Um dos motes mais fortes das críticas que recebeu foi o de que é de direita, que trabalhou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e que apoiou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), seguindo a linha de ação do seu partido. A crítica, porém, não se sustenta diante da fartura de exemplos. Um deles: José Sarney e Roseana Sarney, aliados do então vice-presidente Michel Temer, e seguindo o interesse do seu partido, o MDB, fizeram campanha a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, e hoje estão de volta ao aconchego do PT e do presidente Lula da Silva.  

A pouca idade e a aparência muito jovem escondem um político que, aos 34 anos, está no exercício do seu quarto mandato, um de deputado estadual e três de deputado federal, tendo alcançado lugar no “alto clero” da Câmara Federal, sonho colorido de políticos já maduros. Nesses nove anos de Brasília, já foi vice-presidente e presidente temporário da Câmara Federal, foi presidente nacional do PP por mais de meio ano, e até ontem era líder da bancada do PP. Sua ida para o Ministério do Esporte é parte de uma grande negociação do presidente Lula da Silva com   a cúpula do seu partido, bancada principalmente pelo presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL).

André Fufuca tem agora a oportunidade de mostrar que tem cacife para usar o que sabe sobre esportes, aprender o que não sabe e fazer na pasta a revolução que prometeu no discurso de posse.

PONTO & CONTRAPONTO

Bolsonarista roxo, suplente de André Fufuca vai votar seguindo a orientação do PP

Allan Garcez: bolsonarista que
votará de acordo com o PP

Para assumir o Ministério do Esporte, o deputado federal André Fufuca e a cúpula do seu partido, o PP, conversaram muito. Um dos interlocutores foi o suplente Allan Garcez, anti-Lula declarado e bolsonarista de carteirinha e que se define como “conservador e armamentista”.

O mote da conversa com Allan Garcez foi simples e direto. O ideal seria ele alinhar-se ao Governo do PT, mas já sabendo que isso seria simplesmente impossível, por conta da relação quase umbilical com o bolsonarismo, o PP não lhe cobrará esse alinhamento, desde que ele mantenha uma posição discreta e que vote seguindo a orientação da liderança do PP na Câmara Federal.

De olho na possibilidade de ganhar fôlego político e eleitoral no período em que ocupar a vaga, Allan Garcez garante que cumprirá fielmente o acordo firmado com André Fufuca e Arthur Lira.

Fraude na eleição na OAB continua gerando problemas para o Tribunal de Justiça

Plenário do TJ: desembargadores só podem preencher vagas após
resolver a pendência da pendência com a OAB

A fraude eleitoral que maculou forte e indelevelmente o braço maranhense da OAB, ocorrida na primeira consulta para a formação da lista sêxtupla destinada à escolha do desembargador pelo Quinto Constitucional da categoria, continua criando problema ao Tribunal de Justiça.

A suspensão, por ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da escolha de outro desembargador, este por antiguidade, que ocorreria ontem, causou um mal-estar muito forte na mais alta Corde de Justiça do Maranhão. Durante a sessão administrativa, desembargadores se estranharam, trocaram palavras duras, como há tempos não ocorria no colégio de desembargadores.

Agora, em vez de só uma vaga, a destinada à OAB, duas vagas estão abertas na Corte, o que significa a existência de uma crise no Poder Judiciário. E até que ela se resolva, o comando do TJ terá de recorrer à convocação de juízes de quarta entrância para preenche-las momentaneamente.

São Luís, 14 de Setembro de 2023.   

Parlamentares maranhenses dominam a cena e ampliam espaço na Câmara e no Senado

Eliziane Gama, Rubens Jr., Duarte Jr. e Pedro Lucas
Fernandes: atuações destacadas em Brasília

O Maranhão político está dando as cartas em Brasília. Ontem, os quatro eventos mais importantes do Congresso Nacional foram protagonizados por parlamentares maranhenses, e hoje mais um deve estar no epicentro da cena política ao migrar temporariamente da Câmara Federal para a Esplanada dos Ministérios, onde já se encontram dois deles. Essa movimentação intensa de deputados federais e senadores confirmam a avaliação de que, ainda que não formem um bloco homogêneo brigando pelo Maranhão, uma vez que estão espalhados pelas mais diversas legendas partidárias e vinculados a grupos e tendências de direita e de esquerda, integrantes da bancada maranhense no Legislativo federal têm atuado de maneira diferenciada, cada um marcando espaço à sua maneira. Além do senador Flávio Dino (PSB), que comanda o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a senadora Eliziane Gama (PSD) e os deputados federais Rubens Jr. (PT), Duarte Jr. (PSB), André Fufuca (PP), Juscelino Filho (UB) e Pedro Lucas Fernandes (UB) abrem espaço com atuações destacadas no Congresso Nacional.

O dia de ontem foi expressivo, com a atuação da senadora Eliziane Gama (PSD) como relatora da CPMI dos Atos Golpistas, onde enfrenta agressões e todo tipo de artimanha da bancada bolsonarista com o objetivo de minar sua segurança e a sua determinação de apurar os fatos e, se for o caso, denunciar os envolvidos na trama golpista à Justiça. A senadora maranhense   já viveu altos e baixos nessa tarefa, mas é fato que vem se consolidando como um quadro diferenciado no Senado, a ponto de inspirar na Bancada Feminina a criação de um movimento destinado a lançá-la à presidência do Senado e do Congresso Nacional. 

A atuação do deputado federal Rubens Jr. (PT) como relator da minirreforma eleitoral vem surpreendendo. Primeiro pela autoridade parlamentar que ganhou ao ser escolhido pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL) entre dezenas de deputados com boa formação e larga experiência, tanto na esquerda quanto da direita, na situação ou na oposição. O presidente Arthur Lira não entregaria essa tarefa a um colega que não tivesse o preparo e a vivência para coordenar os trabalhos de um grupo politicamente heterogêneo, com visões e interesses conflitantes numa matéria tão sensível – para se ter uma ideia, a sub-relatora é ninguém menos que a deputada Dani Cunha (UB-RJ), filha do ex-deputado Eduardo Cunha. Sem alarde, bem ao seu estilo, o deputado Rubens Jr. conseguiu fazer a sua parte sem abrir mão da função de coordenar a atuação dos deputados e senadores do PT na CPMI dos Atos Golpista, missão que lhe foi dada pelo comando nacional do PT.   

Montado no lastro que construiu como advogado militante na área de defesa do consumidor e que tem seu nome associado ao Procon do Maranhão, o deputado federal Duarte Jr. chamou a atenção como relator do projeto que altera as regras dos planos de saúde. O ponto forte do relatório são as regras que impedem reajustes abusivos na mensalidade dos planos coletivos, uma vez que pelas normas atuais, esses mecanismos protegem apenas os planos individuais. O parlamentar tem tido atuação forte num grupo de jovens parlamentares focados em ações para melhorar a educação no País, e também integra a linha de frente da bancada governista no enfrentamento à oposição, principalmente a banda bolsonarista.

O deputado Pedro Lucas Fernandes agitou o cenário do Congresso Nacional ao criar a Frente Parlamentar de Defesa da Exploração de Petróleo na Margem Equatorial, trombeteando milhões de vozes favoráveis àquela atividade, que poderá turbinar a posição do Brasil como produtor de petróleo e reforçar a economia da região, incluindo a do Maranhão. Nesse contexto, o deputado federal André Fufuca (PP) deve assumir nas próximas horas o Ministério do Esporte, em nome do seu partido. E como todo peso tem o seu contrapeso, o deputado federal Juscelino Filho (UB) aguarda a palavra do presidente Lula da Silva (PT) sobre seu futuro no Ministério das Comunicações.

O fato é que esses jovens políticos estão fazendo seus nomes e vão dar as cartas no Maranhão em pouco tempo.

PONTO & CONTRAPONTO

Comissão da Assembleia abre discussão sobre limites municipais e fronteiras do Maranhão

O presidente da Comissão. Hemetério Weba, e a presidente da Assembleia Legislativa,
Iracema Vale durante a reunião que discutiu a questão dos limites

Uma questão antiga, que tem criado problemas nas mais diversas regiões do estado, começou a ser colocada sobre a mesa para uma discussão séria e, se tudo avançar corretamente, encontrar soluções definitivas para os imprecisos limites dos municípios do Maranhão e suas fronteiras com outros estados. Essas linhas foram o tema central de uma reunião realizada ontem na Assembleia Legislativa pela Comissão de Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional com técnicos do IBGE e do Imesc.

Na reunião, conduzida pelo presidente da Comissão, deputado Hemetério Weba (PP), que teve a participação da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), o gerente de Base Territorial do IBGE, José Henrique Silva, fez uma explanação técnica sobre o tema, mas foi direto ao problema: os limites municipais no Maranhão são imprecisos, e isso leva a uma série de distorções, incluindo ganho e perda de território e de população. Disse ele: “Há muitos casos de leis antigas, limites imprecisos e de difícil identificação”. Um problema que ocorre em todo o País.

Conhecedora do problema como prefeita (Urbano Santos), a presidente Iracema Vale reconheceu as dificuldades que ele causa: “Buscamos ter clareza com relação à legislação existente no país para resolvermos a questão dos limites municipais e das divisas entre os estados, principalmente em se tratando do Maranhão e do Pará”, assinalou Iracema Vale.

O deputado Hemetério Weba explicou que o propósito da Comissão de Assuntos Municipais é diagnosticar o problema e em seguida criar as condições para resolvê-lo. Ele manifestou confiança de que o IBGE e o Imesc podem contribuir decisivamente para resolver o problema da imprecisão dos limites e das fronteiras do Maranhão.

Além do aval da presidente Iracema Vale, o deputado Hemetério Weba conta com apoio do 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Rodrigo Lago (PCdoB), e dos deputados Carlos Lula (PSB), Antônio Pereira (PSB), Ricardo Arruda (MDB), Ana do Gás (PCdoB), Vivianne Silva (PDT), Cláudio Cunha (PL) e Zé Inácio (PT).

Gutemberg Araújo tem 27 leis promulgadas e se consolida como um dos maiores legisladores de São Luís

Gutemberg Araújo: 27 novas leis para SL

Um dos quadros mais experientes da política ludovicense, o vereador Gutemberg Araújo (PSC) acaba de se consolidar como um dos legisladores mais ativos da Câmara Municipal de São Luís em tempos recentes. Nesta semana, nada menos que 27 projetos de sua autoria viraram leis, promulgadas que foram pela Mesa da Casa, depois de aprovados pelo plenário.

Foram 12 no campo de saúde, duas no de educação, quatro na área de cultura, quatro na área de direitos, e uma na de alimentação, uma na área de sustentabilidade e uma sobre a questão se gênero.

As leis promulgadas ontem foram:

Lei n° 7.290 que trata da obrigatoriedade da fixação de placas informativas nas barracas das praias de São Luís, alertando sobre os riscos de câncer de pele.

Lei 7.313 acrescenta o art. 3-A à Lei Promulgada nº 453, para determinar a afixação de seu texto em locais de fácil acesso e visualização nas instituições de saúde públicas, em São Luís.

Lei 7.317 inclui o absorvente íntimo feminino na lista de produtos das cestas básicas, distribuídas às famílias carentes pela Prefeitura.

Lei 7.315 institui políticas públicas para minimizar os impactos financeiros e psicológicos sofridos por crianças e adolescentes que perderam pais ou responsáveis para a Covid-19.

Lei 7.170 cria o ‘Dia Municipal de Combate às Doenças Inflamatórias Intestinais.

Lei 7.187 trata da adoção de programas de prevenção à Septicemia e de protocolo de diagnóstico e tratamento, por hospitais, clínicas e unidades de saúde, públicos e privados, que prestem serviços de saúde no âmbito do SUS, no Município de São Luís, e dá outras providências.

Lei 7.193 cria o Programa Municipal de Atendimento Educacional Hospitalar e Domiciliar.

Lei 7.228 autoriza o Poder Executivo Municipal a conceder 14º salário emergencial aos servidores e prestadores de serviço público na saúde municipal, envolvidos diretamente ou indiretamente no combate ao Vírus Sars – CoV-2 (Covid-19).

Lei 7.388 inclui no Calendário Oficial de São Luís, o dia 12 de maio como o Dia Municipal da Enfermeira e do Enfermeiro.

Lei 7.389 inclui no mesmo calendário, o dia 20 de maio como o Dia Municipal do Técnico e Auxiliar de Enfermagem.

Lei n° 7.406 dispõe sobre debates com tema na obesidade infantil, através do Programa de Prevenção e Controle do Diabetes, para crianças e adolescentes matriculados nas Escolas da Rede Pública Municipal, e dá outras providências.

Lei 7.164 estabelece prioridade no atendimento em estabelecimentos públicos e privados, em São Luís, às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Lei n° 7.326 que cria o Dia Municipal da Troca de Livros, na rede escolar municipal.

Lei 7.169 que estabelece a fixação de miniatura das bandeiras da República Federativa do Brasil, do Estado do Maranhão, do Município de São Luís e do órgão municipal, se houver, em instituições municipais da capital. 

Lei n° 7.292 cria o Programa Municipal de Aquisição de Alimentos. 

Lei 7.305, que determina soluções para carregamento de veículos elétricos em edifícios, condomínios residenciais e comerciais da capital.

Lei 7.306, que determina a fixação de cartazes em condomínios residenciais, comerciais, conjuntos habitacionais, mistos, associações residenciais, associações de moradores e outras organizações, que contenham informações sobre o atendimento a mulheres em situação de violência.

Lei 7.308 trata da divulgação dos direitos da pessoa portadora de câncer.

A Lei n° 7.316 cria o programa ‘Rua para todos’.

A Lei 7.413 cria a Semana Municipal do Empreendedorismo Feminino. E a Lei 7.246, cria o Programa Cidade Amiga do Idoso.

Lei 7.338 cria a Praça dos Pets, espaço público para cães, gatos e animais de pequeno porte.

Lei n° 7.319 institui o Festival de Artes nas escolas públicas municipais.

Lei 7.327 institui a Semana Cultural do Município de São Luís.

Lei 7.368 inclui no Calendário Oficial de São Luís o dia 10 de agosto como Dia da Literatura Maranhense.

Lei 7.407 considera de Utilidade Pública o Rotary Club de São Luís.

A essas leis de autoria do vereador Gutemberg Araújo se somam dezenas de outras.

São Luís, 13 de Setembro de 2023.

Pesquisa mostra prestígio dos partidos no País, mas o cenário no Maranhão é muito diferente

O PT, que é um mosaico da esquerda moderada no Brasil, é o partido com o maior número de simpatizantes entre os brasileiros, detentor de 65% da preferência dos que disseram gostar de um dos atuais partidos existentes no País, de acordo com o a segunda versão da pesquisa “A Cara da Democracia”, realizada pelo Instituto Democracia financiada por CNPq, Capes e Fapemig, publicada pelo jornal O Globo. Em segundo lugar está o PL, o mais assumido partido da direita conservadora, com 15%; em terceiro aparece o MDB, com 3%, e em quarto o PSOL com 2%. Na sequência na quinta colocação, figuram PSDB, PDT, PCdoB, PS, PP e Republicanos com 1% cada; 3% responderam “outros” e 4% não souberam responder. Esse mosaico da simpatia dos brasileiros por partidos representa apenas 20% dos 100% da pesquisa – 80% responderam que não simpatizam com nenhum dos atuais partidos -, que ouviu 2.558 eleitores presencialmente em 167 cidades, de todas as regiões do país, entre 22 e 29 de agosto, tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e intervalo de segurança de 95%.

Trazida para o território maranhense, essa informação não bate com a realidade regional. No caso do PT, essa robusta maioria de simpatizantes só se revela nas eleições presidenciais, com as esmagadoras vitórias de Lula da Silva (2002, 2006 e 2022), de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e de Fernando Haddad em 2018, mesmo tendo ele perdido para Jair Bolsonaro no plano nacional. Mas no geral, o PT maranhense não tem conseguido eleger senadores, tem tido desempenho raquítico nas disputas para a Câmara Federal – agora mesmo, elegeu Lula da Silva com votação gigantesca, emplacou o vice-governador Felipe Camarão (PT), emplacou um deputado federal, Rubens Jr., mas nenhum deputado estadual. Atualmente, quase não tem prefeitos e são poucos seus vereadores – no caso de São Luís, ocupa apenas uma das 31 cadeiras da Câmara Municipal, com o Coletivo Nós, eleito em 2020.

O PL vive situação inversa. Viu Jair Bolsonaro ser esmagado no Maranhão por Lula da Silva em 2022, não se envolveu com a eleição para o Senado, mas em compensação, elegeu quatro deputados federais, sendo que só a soma das votações de Josimar de Maranhãozinho e da mulher dele, Detinha, alcançou a surpreendente a marca dos 350 mil votos. O partido também fez cinco deputados estaduais. Já o MDB, que aparece em terceiro lugar no ranking nacional dos mais simpáticos e já foi o maior partido do Maranhão, emagreceu fortemente na última eleição, com um deputado federal, Roseana Sarney, e dois deputados estaduais, contando hoje um segundo deputado federal, Cléber Verde, que chegou ao partido por migração, e com alguns prefeitos e uma penca modesta de vereadores. Quarto em maior número de admiradores, o PSOL nada tem no Maranhão, a não ser um grupo de militantes aguerridos, mas ninguém com mandato.

Dois dos demais partidos, PSB e PCdoB não angariam muita simpatia no plano nacional, mas no Maranhão foram transformados em máquinas partidárias fortes e “boas de voto”. O PSB é hoje o maior partido no Maranhão, com o governador, Carlos Brandão, um senador, Flávio Dino, um deputado federal, Duarte Jr. e 11 deputados estaduais, entre eles a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, enquanto o PCdoB, que também já foi grande, tem hoje um deputado federal e cinco deputados estaduais. O PSDB, que praticamente desapareceu, saiu das urnas de 2022 sem nada.

Também na casa do 1% na pesquisa nacional, o PDT está em franca decadência no Maranhão, embora conte ainda com um senador, Weverton Rocha, nenhum deputado federal e quatro deputados estaduais. Já o PSD tem hoje, por migração depois das eleições, a senadora Eliziane Gama e o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, um deputado estadual e apenas dois vereadores na Capital. Também o PP, que integra o grupo com poucos simpatizantes, tem um deputado federal, André Fufuca, e quatro deputados estaduais e o prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio. O Republicanos, que tem o prefeito de Caxias, Fábio Gentil, elegeu dois deputados federais, Amanda Gentil e Aluízio Mendes, que chegou ao partido por migração depois das eleições, já que o segundo eleito pela legenda, Cleber Verde, migrou para o MDB. Todas essas agremiações contrariam frontalmente o Norte na pesquisa no plano nacional.

Chamou a atenção o fato de partidos como União Brasil, que elegeu dois deputados federais no Maranhão, PSC e Podemos não terem sido mencionados na pesquisa, o que significa dizer que, apesar da força que mostraram, não construíram laços com o eleitorado.

PONTO & CONTRAPONTO

CCJ dá sinal verde para projetos de largo interesse social, cultural e econômico

Deputados Davi Brandão, Florêncio Neto, Carlos Lula
(presidente) e Yglésio Moises na reunião da CCJ

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Assembleia Legislativa confirmou ontem a constitucionalidade de três Projetos de Lei importantes, que em breve irão à discussão e votação no plenário.

Primeiro

O Projeto de Lei 106/2023, de autoria do deputado Carlos Lula (PSB), que destina 2% das vagas de todos os contratos terceirizados pelo Governo do Estado para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Ao justificar a iniciativa, o deputado Carlos Lula disse que essas mulheres se verão livres do jugo da violência, a que são submetidas muitas vezes por serem financeiramente dependentes. Ele acredita que essa medida vai ajudar no combate a essa situação.

Segundo

A CCJ deu sinal verde para a aprovação do PL 461/2023, de autoria da deputada Iracema Vale (PSB), presidente da Assembleia Legislativa, declarando e reconhecendo a aguardente Tiquira, feita à base de mandioca fermentada, como Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão.

Terceiro

Aprovado ainda pela CCJ o PL 434/2023, de autoria da deputada-presidente Iracema Vale, destinado a preservar e proteger a região dos Lençóis Maranhenses, com foco principal na adoção de políticas para conter o avanço de novas lavouras de monocultura na região, como o eucalipto e a soja, por exemplo. Iracema Vale fundamenta sua proposta: “Essa medida visa garantir um futuro mais sustentável para as comunidades locais e para as futuras gerações. Assegura que as comunidades tradicionais possam continuar produzindo e representa um passo fundamental na preservação desse importante ecossistema e na promoção do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental”.

Rubens Jr. recebe carta com sugestões para controle da propaganda eleitoral na internet

Rubens Jr., relator da
minirreforma eleitoral

Não estava previsto, mas a minirreforma eleitoral para as eleições municipais de 2024 poderá abrigar regras fundamentais para garantir equilíbrio e segurança jurídica aos candidatos e partidos: um controle maior e mais efetivo sobre a propaganda na internet, sobretudo nas redes sociais. É esse o conteúdo de uma carta respaldada por várias organizações civis e acadêmicas e que chegou ontem às mãos do relator da matéria, o deputado federal maranhense Rubens Júnior (PT).  Na Carta, essas organizações fazem uma série de sugestões de normas para disciplinar a propaganda na internet, de modo a “avançar na segurança jurídica do controle da desinformação on-line no Brasil durante eleições”.

Entre as sugestões do grupo está a inclusão na legislação eleitoral da obrigação para que plataformas deem transparência a conteúdos impulsionadas por candidatos, mandatos e coligações, da proibição de disparo em massa e ampliação do entendimento sobre violência política nas redes.

Mais uma sugestão: vedar em lei o disparo em massa de “conteúdo partidário, político, eleitoral e dogmático”, em qualquer formato e em qualquer plataforma sem consentimento prévio do destinatário. Outro ponto previsto apenas em resolução incluído na lista é que a propaganda eleitoral na internet seja vedada 48 horas antes e até 24 horas depois do dia de votação.

Por fim, outra sugestão: ampliar o escopo de pessoas protegidas pela Lei de Violência Política, de 2021. O entendimento é que é um equívoco limitar sua aplicação a mulheres candidatas a cargos eletivos ou detentoras de mandatos. Uma sugestão é incluir jornalistas, comunicadoras que cobrem o pleito, além de ativistas políticas e outros grupos sub-representados. As instituições também pedem acréscimo de dispositivos para responsabilizar partidos políticos e candidaturas que utilizarem violência política como estratégia de campanha, como multas ou diminuição de acesso aos recursos públicos destinados a campanhas eleitorais.

Não se sabe o que o relator Rubens Jr. vai aproveita desse leque de sugestões feitas na carta assinada por 20 organizações.

São Luís, 12 de Setembro de 2023.

Mesmo com eleições municipais no meio, a ação política de agora prevê luta titânica pelo Senado

Carlos Brandão, Eliziane Gama e Weverton Rocha:
duas cadeiras do Senado em jogo em 2026

A atuação dos braços políticos do Governo, os destaques da bancada federal, os embates ainda discretos na Assembleia Legislativa e a agitação que já ganha os municípios maranhenses são, em larga medida, movimentos que têm como foco imediato as eleições municipais do ano que vem. Isso é ponto pacífico. Mas ocorrem, também em grande medida, já mirando as eleições de 2026 que, ao contrário do que muitos avaliam, já estão na pauta das lideranças que têm força para influenciar na definição dos rumos. Nessa agenda, dois focos são prioridade, a sucessão do governador Carlos Brandão (PSB) e a corrida às duas vagas no Senado. O primeiro item parece, pelo menos até aqui, bem delineado, com a provável ascensão do vice-governador Felipe Camarão (PT), em razão do caminho natural do governador, que é renunciar e se candidatar a uma cadeira no Senado. O segundo, mesmo tendo as candidaturas naturais dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) à reeleição, está sendo rascunhado como a grande disputa das eleições gerais.

A disputa pelo Governo do Estado já tem roteiro definido com a saída do governador Carlos Brandão e a ascensão do vice-governador Felipe Camarão. Isso porque não há hipótese de esse roteiro ser mudado. A começar pelo fato de que até agora não há o menor indício de que o governador venha a mudar de ideia e decida, por exemplo, permanecer no cargo até o final do mandato, qualquer que seja o motivo. E depois, é improvável que, permanecendo ou não no cargo, o governador Carlos Brandão se disponha e lançar um candidato e entrar em rota de colisão com seus aliados e, principalmente, com o Palácio do Planalto, que já tem em Felipe Camarão o nome a ser apoiado pelo presidente Lula da Silva (PT) ao Governo do Maranhão. Além disso, não há, ao alcance da vista, uma razão para que esse roteiro seja alterado. Mas como o ditado popular diz que na política do Maranhão “boi voa de asa quebrada”, vale aguardar os acontecimentos a partir dos resultados das urnas de 2024.

A situação que envolve a eleição senatorial de 2026 é bem diferente. As duas vagas têm candidatos naturais, que são os senadores Weverton Rocha e Eliziane Gama. Ocorre que o roteiro já desenhado prevê que o governador Carlos Brandão vai disputar uma dessas vagas, e isso muda radicalmente a configuração da disputa. Mais do que isso, não será surpresa se um quarto nome com cacife político e eleitoral vier a entrar no circuito senatorial aspirando uma das vagas, como a deputada federal Roseana Sarney (MDB), o ministro do Esporte André Fufuca (PP) ou o atual prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), por exemplo.

Nesse rascunho, a avaliação dominante é de que, se mantiver o roteiro atualmente traçado e o ritmo da sua gestão, o governador Carlos Brandão é, de longe, o candidato mais forte a uma das vagas, uma vez que não existe no cenário de agora um nome com a sua força política e o seu suporte eleitoral. No caso, a grande disputa pela segunda vaga vai se dar entre os senadores Eliziane Gama e Weverton Rocha e demais interessados, se aparecerem de fato.

Sem desgastes sofridos nas eleições de 2022, quando limitou sua atuação a apoiar o projeto de reeleição do governador Carlos Brandão e a candidatura do ex-governador Flávio Dino (PSB) à terceira vaga na Câmara Alta, a senadora Eliziane Gama vem num forte processo de ascensão como legisladora. Sua atuação tem sido tão forte e intensa que a tornou relatora da CPMI dos Atos Golpistas, com projeção nacional, a ponto de a bancada feminina articular um movimento para lança-la candidata à presidência do Senado e do Congresso Nacional, na eleição da nova Mesa, em fevereiro de 2025.

O senador Weverton Rocha, por sua vez se movimenta para superar o desgaste que sofreu na corrida ao Governo do Estado em 2022, contra o governador Carlos Brandão, realizando uma extensa pauta de visitas aos municípios, liberando recursos de emendas parlamentares para o Maranhão, e ações localizadas, como o Hospital do Câncer de Pinheiro e entrega de viaturas policiais blindadas à Polícia Militar e à Polícia Rodoviária federal (PRF). Se não disputar novamente o Governo do Estado, irá para uma reeleição complicada.

Como é possível prever, será uma luta titânica pelas duas vagas, com desfecho imprevisível para, pelo menos, uma delas.

PONTO & CONTRAPONTO

Condutor da redemocratização, Sarney continua entre os líderes do MDB

José Sarney, Simone Tebet e Roseana
Sarney: posições diferentes no MDB

Pesquisa divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou o prestígio dos grandes líderes do MDB. A pesquisa perguntou aos entrevistados de quem eles se lembram quando pensam no MDB.

Foram lembrados Ulisses Guimarães, que foi o grande timoneiro do partido, Tancredo Neves, que se tornou presidente da República eleito mas morreu antes de assumir, José Sarney, que era vice e assumiu no lugar de Tancredo Neves e conduziu o processo de transição da ditadura para a democracia, Michel Temer, que era vice e assumiu no lugar da presidente Dilma Rousseff (PT), tirada do cargo por um impeachment fajuta, e Simione Tebet, que foi senadora e candidata a presidente, e hoje é  ministra de Planejamento do Governo do PT.

Alguns espaços registraram que a deputada federal Roseana Sarney não foi lembrada na pesquisa. Não faria muito sentido, já que ela não é emedebista de raiz, é uma política estadual, com ação restrita. Ganhou projeção há três décadas como a primeira mulher governadora do País, eleita pelo PFL e no início deste século como pré-candidata à Presidência da República, também pelo PFL, e que só não avançou porque foi atropelada por uma grande armação em que foi acusada de corrupção. Roseana Sarney e seu entorno até hoje acham que tudo foi armado pela cúpula do PSDB para ajudar José Serra, que acabou derrotado por Lula da Silva (PT).

Mesmo com uma trajetória bem mais modesta do que a de Roseana Sarney – que além de ser a primeira mulher a governar um estado, venceu três eleições para o Governo, chegou a liderar pesquisas para a Presidência da República pelo PDS, foi senadora e líder do Governo Lula no Congresso Nacional -, Simone Tebet teve a vantagem de concorrer à Presidência da República, apoiar no segundo turno o candidato vencedor, Lula da Silva (PT), e agora está pontificando com uma atuação forte no Ministério do Planejamento.

E a explicação para Roseana Sarney não aparecer como líder do MDB é que ela, mesmo com sua rica trajetória, nunca teve nenhuma ação destacada em nome do partido. Simone Tebet, ao contrário, nasceu e cresceu emedebista, seguindo os passos do pai, o prestigiado líder sul-mato-grossense Ramez Tebet, que foi governador e senador.

Já José Sarney, mesmo não sendo emedebista de raiz, se credenciou integralmente para ser lembrado como um dos líderes do partido.

Ministério: enquanto André Fufuca entra, Juscelino Filho não sabe se fica ou sai

André Fufuca e Juscelino Filho: o primeiro
está confirmado, o segundo é dúvida

Uma situação curiosa evolui na fatia maranhense do ministério. Enquanto o ministro Flávio Dino se consolida cada vez mais no Ministério da Justiça e Segurança Pública, mesmo diante da possibilidade de se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal, e o deputado federal André Fufuca (PP) vive a inebriante expectativa de assumir o Ministério do Esporte, o ministro Juscelino Filho (UB), das Comunicações, vive um tenso processo de contagem regressiva para saber se permanece no cargo ou volta para a Câmara Federal.

Todas as informações que circularam desde a semana passada dão conta de que a banda do União Brasil que o segura no cargo já estaria lavando as mãos, uma situação desfavorável reforçada pela pressão que a esquerda petista está fazendo para que o presidente Lula da Silva troque o ministro, nem que seja por outro representante do UB. Isso sem contar o bombardeio que Juscelino Filho está sofrendo na imprensa.

O ministro das Comunicações vem se esforçando para mostrar tranquilidade. No dia do Soldado (25 de agosto), ele estava no palanque e foi homenageado com uma comenda militar. Já no 7 de Setembro, compareceu ao desfile em Brasília com a família, tendo se posicionado estrategicamente atrás do presidente Lula da Silva.

O presidente Lula viajou para a Índia depois de confirmar a entrega do Ministério do Esporte para André Fufuca, mas sem dizer uma só palavra sobre o futuro de Juscelino Rezende no Governo.

São Luís, 10 de Setembro de 2023.

ESPECIAL: Em “Éramos felizes e não sabíamos” Bernardo de Almeida mostra uma São Luís viva e pujante na Era de Ouro do Rádio

Bernardo de Almeida em nanquim, a 1ª
edição do livro e imagens da São Luís “feliz”

Existiu uma São Luís que o mundo das luzes apontou como uma Atenas nos trópicos, existiu uma São Luís rebelde, existiu uma São Luís musa de poetas e romancistas, e ainda existe uma São Luís que, aos 411 anos de idade e 1,2 milhão de habitantes, está consagrada como Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade e que ainda guarda um pouco de tudo isso e conserva com obstinação a base da sua cultura popular e o seu viés literário. Nessa linha temporal, existiu uma São Luís cujos filhos foram felizes sem se dar conta disso. Essa São Luís, que nasceu nos anos  40 e se desfez nos anos 80 do século passado, período em que o Rádio viveu o seu apogeu, tempo em que a democracia renascida em 45, foi novamente sufocada em 64, quando a televisão desembarcou com força avassaladora e mudou costumes, prenunciando as mudanças revolucionárias que seriam trazidas pelo século XXI, essa cidade, com seu teatro, seus bares, seus cabarés, sua cultura e seus personagens, é mostrada, sem maquiagem e apaixonadamente, em “Éramos felizes e não sabíamos” , o magistral registro em 48 crônicas do jornalista, poeta, romancista e político Bernardo Coelho de Almeida, publicado em 1989.

Os textos são verdadeiros memoriais, quase autobiográficos, que  trazem o condão de mostrar uma cidade viva, o seu cotidiano, os seus limites, as suas contradições, realidade pura, sem maniqueísmo. A crônica de abertura, “Um profeta em sua terra” é um verdadeiro mosaico da São Luís dos anos 50/60, mostrada em detalhes por Bernardo de Almeida. Ali estão as ruas principais, as casas comerciais, os bares, ainda os velhos bondes, os poucos “carros de praça” – sinônimos de status -, os cafés, os pontos de encontro, as escolas. Com riqueza de informação, o cronista mostra surpreendente intimidade com a cidade, dando nome às coisas e às pessoas, sugerindo que cada uma tem uma bela história. E com a honestidade de só ter contado o que viu e viveu.

Movido pela ideia de remontar em detalhes a cidade feliz, Bernardo de Almeida, que nela desembarcou aos cinco anos, vindo da longínqua São Bernardo para estudar no Seminário Santo Antônio e se ordenar padre, rascunha, à sua maneira, a origem da felicidade que ele próprio vivenciou integralmente. Naquele tempo, São Luís tinha cinco fábricas de tecido funcionando a todo vapor – Santa Isabel, Cânhamo, Rio-Anil, Santa Amélia e Camboa –, “que nos acordavam ao alvorecer com o silvo dos seus longos apitos (e) davam guarida a milhares de operários saudáveis e felizes”, e era cortada por cinco linhas de bonde. E segue mostrando a pujança do comércio da Praia Grande, onde duas dezenas de poderosas firmas – Martins & Irmãos, Chames Aboud, Cunha Santos, Gaspar Marques, entre outras – abasteciam a cidade e todo o Maranhão alcançável por terra e mar. Mais para o centro, já na Rua Grande, estavam as lojas sofisticadas, as livrarias, os bazares, os armarinhos, as alfaiatarias, as sapatarias que davam a São Luís, por ele definida como “nosso pequeno mundo singelo e tranquilo”, um traço cosmopolita, acentuado com a passagem dos soldados norte-americanos a caminho do front, apesar do seu isolamento do resto do País.

Boêmio incorrigível e avesso a reuniões sociais, Bernardo de Almeida recorda a São Luís dos bares que frequentou e que, ao busca-los na memória, em 1988 reclama que não eram mais como antigamente. Fala de cada um deles com detalhes e profundidade, como se lhes conhecesse a alma. Registra que o famoso bar do Hotel Central tinha suas mesas animadas e bem atendidas pelo garçom Fonseca e pelo português Oliveira Maia. Fala do Moto Bar, “do Serafim”, que tinha o “melhor tira-gosto”, e logo ao lado o Jurandeiro, de Manoel Santos. A rota boêmia passava pelo Café Paulista, dos irmãos Nicolau, na Rua da Paz. Os boêmios ocupavam também o bar Para Todos, onde eram servidos em pé, e o Bar do Nasciso, um português que servia um “camarão seco fantástico”. Mas o grande ícone foi o Bar do Castro, do generoso espanhol Leôncio Castro, frequentado por boêmios e intelectuais, onde se reunia a nata dos poetas e escritores, a exemplo do grupo que fundou a revista Legendas, idealizada e comandada pelo próprio Bernardo de Almeida: o poeta José Chagas, o jornalista Reginaldo Teles, o pintor Antônio Almeida, o poeta Déo Silva, o cronista Ubiratan Teixeira e o jornalista Benito Neiva. Ali também pontificaram o célebre orador Murilo Ferreira, o poeta-declamador-polemista Carlos Cunha e o articulista e provocador Erasmo Dias.

Bernardo de Almeida escreve que essa São Luís, com pouco mais de 70 mil habitantes, foi também uma cidade onde aos domingos as famílias passeavam na Praça Benedito Leite embaladas pelos dobrados e valsas de uma bandinha instalada no coreto. Mas também foi a São Luís cuja vida noturna acontecia nos cabarés comandados pelas madames Honorina, Ziloca, Maroca, Lolita, Mercedes e Lavínia, frequentado por políticos, empresários, profissionais liberais e jovens, que se divertiam ao som de orquestras. O Carnaval daquela São Luís, sem escolas de samba, era “singelo, comunicativo, alegre e generoso”, com animados corsos, homens vestidos de mulher e vice-versa, fofões, e era animado pelos famosos bailes de máscara do Moisés, do Walmir Reis, do Mundiquinho, do Dutra e do Edson nos quais as mulheres eram obrigadas a usar máscaras para não serem reconhecidas. Esses bailes, que marcaram época, foram sumariamente proibidos pelo então prefeito Epitácio Cafeteira, que também desfigurou aquela cidade com a retirada dos bondes.

Aquela São Luís tinha fama de abrigar boas escolas, como o Liceu Maranhense, então considerado um templo da educação, o Colégio Santa Teresa, o Maristas, o Ateneu, o Centro Caixeiral, a Escola Técnica, o Colégio São Luís, o Rosa Castro e a Escola Normal. Seus alunos eram brindados com os ensinamentos de mestres como Mata Roma, Rubem Almeida, Zuleide Bogeia, Luiz Rego, Arimateia Cisne, Zoé Cerveira, Lilah Lisboa, Nascimento Morais, Hipátia Damasceno, entre outros luminares da educação formal. E contava com a medicina “mágica e humanitária” de Carlos Macieira e Odorico Amaral de Matos, entre outras figuras importantes das mais diversas áreas de atuação na cidade.

Era uma cidade intensa e pujante e que ganhou novas luzes com o retorno de Bandeira Tribuzi, após concluir seus estudos em Coimbra, e trazer na bagagem os novos horizontes poéticos abertos com a obra de Fernando Pessoa, uma nova visão de administração pública baseada no planejamento, informações técnicas em grande medida contidas nos ideais socialistas pregados por Karl Marx, os quais cultivou por toda a vida, sem retrocesso nem remorso, como líder de pelo menos três gerações de poetas, e que, da sua obra imortalizada, foi destacada a música “Louvação a São Luís”, adotada como Hino Oficial da Capital do Maranhão.

O cronista Bernardo de Almeida registra, com muito orgulho, a sua rica trajetória de radialista que teve papel central e decisivo na animação daquele “mundo singelo” pelas ondas de Rádio, que produziram naquele momento a Era de Ouro do Rádio no Maranhão, sendo ele o todo-poderoso diretor artístico da Rádio Difusora AM 680, a mais completa e influente emissora do estado. Seu relato é rico de situações e mostra que naquele tempo uma emissora de Rádio era uma grande empresa segmentada – programas de estúdio, programas de auditório, rádio-jornalismo intenso, departamento de esporte, equipe de repórteres, rádio-escuta, cast de cantores e de músicos e de locutores de radionovela – e que influenciava, às vezes decisivamente, qualquer situação, principalmente as de viés político. O ponto alto era o editorial Difusora Opina, ao meio dia, por ele redigido diariamente, e por meio do qual a emissora se posicionava, o que fazia com que o governador e o motorista de táxi parassem para ouvi-lo. A audiência e a influência da emissora foram consagradas com a versão da Guerra dos Mundos, de Orson Welles, produzida pelo radialista Sérgio Brito com a sonoplastia do célebre Parafuso, que quase levou a cidade à loucura com a suposta invasão de marcianos. E relata o começo do fim da Era de Ouro do Rádio quando, por ironia do destino, ele próprio, que foi um dos seus ícones, apareceu na primeira transmissão da TV Difusora, em 1963. A Difusora AM resistiu, se manteve no topo por alguns anos, mas quedou.

Homem cortês, que tinha talento excepcional para se relacionar e construir amizades, apesar das dificuldades que lhe eram impostas pela condição de político – foi deputado estadual quatro vezes, eleito sempre pela força da sua família em São Bernardo e região -, Bernardo de Almeida enriquece “Éramos felizes e não sabíamos” com crônicas em que traduz, por sua ótica singular, personalidades que tiveram participação importante e às vezes decisiva na vida de São Luís e do Maranhão, como fez com Bandeira Tribuzi no grandioso registro “O profeta em sua terra”, que abre o livro.

A crônica “Éramos felizes e não sabíamos” é um relato primoroso e completo da sua juventude no internato do Colégio Maristas, depois de deixar o seminário por falta de vocação, tendo sobrado apenas um fiel católico, conservador e temente a Deus. Nessa seleção rigorosa, ele destaca a figura incomum e respeitada do senador Henrique de la Rocque, a quem dedicou grande amizade e define como “o melhor homem do mundo”. A crônica “Brilha uma estrela em seu destino” é dedicada a José Sarney, de quem sempre foi adversário político – militava no MDB e Sarney na Arena e sucedâneos -, mas sempre alimentando uma brecha para manter uma amizade por admiração e afinidade intelectual, tanto que corrige algumas injustiças contra o ex-presidente da República. Nas linhas de “Os enormes sapatos lhe cobriam o rosto fúnebre”, o cronista exalta o escritor, político e polemista Erasmo Dias, destacando seus talentos e sua incontrolável disposição para o confronto. O poeta José Chagas foi seu amigo desde que principiou no plano literário e no Rádio, e com ele somou esforços para divulgar a literatura, sendo um dos seus próximos por toda a vida, tanto que editou seu primeiro livro, “Canção da Expectativa”. José Chagas é a personalidade da crônica “Como admirar um grande poeta”.

No rico registro de personalidades, Bernardo Almeida dedica uma ampla e densa crônica ao escritor e pesquisador Jomar Moraes, com quem manteve relação próxima em todos os momentos importantes, daí o título “Como alcançar a imortalidade”. E prossegue destacando o sacerdócio gramatical de Amaral Raposo, o mecenato do empresário Eduardo Aboud, a genialidade humilde e humana do jornalista e poeta Odylo Costa, filho, a incrível e bem sucedida trajetória do jornalista, escritor, poeta e magistrado superior Edson Vidigal – “o menino do Beco do Urubu”, e o coração grande do médico e governador Jorge Dino. Registra a paixão pelo cinema e mostra que essa arte foi um dos pilares da cultura espantosa de Fernando Moreira, um dos gênios literários do seu tempo, e destaca em “A grande mulher maranhense”, a dignidade da médica Maria Aragão – militante de esquerda que enfrentou a ditadura como poucos e que se tornou uma referência. E enxerga o padre, médico e militante católico João Mohana como um quase santo, “um ser especial, inteiramente voltado para amar seus semelhantes em adoração ao Senhor”.

Bernardo de Almeida registra alguns momentos da sua vida como político em “Nem tudo está perdido”, mostra em “Música, divina música” toda a força da sua paixão pela música, explicada em parte pela sua longa atuação como diretor artístico da Rádio Difusora, o que dá a “Éramos felizes e não sabíamos” um retrato do mundo feliz no qual viveu até se dar conta de que ele não mais existia quando, infelizmente, o Rádio perdeu força e o prestígio, a TV impôs uma nova realidade, os bares deixaram de ser redutos da boêmia autêntica e a violência das ruas começou a mostrar sua cara em São Luís.

Além de “Éramos felizes e não sabíamos”, Bernardo de Almeida escreveu “Luz! Mais luz!” e “A gênese do azul” (poesia), “Galeria” (crônicas), “A última promessa” (romance) e “O Bequimão” (romance). Pouco antes de morrer, em 1997, aos 69, anos, reclamava que o trabalho e a boêmia não o deixaram escrever o quanto que deveria e queria ter escrito.

São Luís, 8 de Setembro de 2023.

André Fufuca se torna ministro e turbina seu cacife no tabuleiro político maranhense 

André Fufuca comemora com Alexandre Padilha e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE),
que vai para Portos e Aeroportos, após convite do presidente Lula da Silva

Confirmado ontem à noite o que já estava decidido há cerca de um mês: o deputado federal André Fufuca (PP) foi convidado pelo presidente Lula da Silva (PT) para ser ministro do Esporte e aceitou o convite, em nome dele próprio e do seu partido. O parlamentar, que lidera a bancada do PP na Câmara Federal, será empossado no ministério tão logo o presidente da República retorne de uma viagem ao exterior, na próxima semana. André Fufuca se torna ministro no bojo de uma ampla negociação por meio da qual o presidente Lula da Silva trabalha para ampliar o quadro de aliados no Congresso Nacional, de modo a ter votos suficientes para aprovar matérias de importância vital para o futuro do seu Governo e para o País.  O líder do PP se torna o terceiro maranhense na equipe ministerial do atual Governo, onde já estão o senador Flávio Dino (PSB), no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e o deputado federal Juscelino Filho, titular da pasta das Comunicações.

A ascensão do deputado federal maranhense ao comando do Ministério do Esporte, sucedendo a medalhista do vôlei Ana Moser, foi o resultado de uma grande articulação feita pelo Palácio do Planalto para reforçar o poder de fogo do Governo na Câmara Federal, onde enfrenta uma oposição renhida de uma banda conservadora que tem à frente a falange bolsonarista. Numa articulação partidária interna, os líderes do PP, com destaque para o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL), indicaram André Fufuca para compor o ministério. Inicialmente, ele ocuparia uma pasta voltada para a assistência social, que nasceria da desmontagem do Ministério do Desenvolvimento Social, comandado pelo ex-governador e senador pelo Piauí Wellington Dias (PP), que conseguiu resistir. A opção recaiu sobre o Ministério do Esporte, inicialmente rejeitado pelo PP, mas em seguida aceito depois que a pasta foi turbinada com a prerrogativa de taxar as casas de aposta que hoje movimentam milhões na área esportiva, principalmente o futebol.

Aos 34 anos e médico por formação, André Fufuca está no quarto mandato parlamentar – um de deputado estadual e três de deputado federal -, ocupando espaço destacado dentro do seu partido, o que já lhe valeu a presidência de uma CPI (Prótese), a vice-presidência da Câmara Federal e presidente interino por várias vezes, a presidência nacional do PP por quase um ano, e a liderança do partido na Câmara Federal, função na qual se tornou um dos articuladores de proa do Congresso Nacional. Essa trajetória fez dele um nome de peso dentro do PP e nos bastidores da Câmara Federal, onde não se expõe muito, mas é respeitado como articulador. Agora mesmo, ao ser escolhido para representar o PP no ministério, teve de fazer uma grande articulação para apagar focos de insatisfação e evitar uma guerra pela sua vaga de líder da bancada do PP.

Ao se tornar ministro do Esporte, André Fufuca amplia e consolida o espaço que vem ocupando no cenário político. Já era um dos nomes mais destacados da mais nova geração de políticos maranhenses, e com potencial para alçar voos mais altos na política estadual. Afinal, a sua bem-sucedida trajetória parlamentar o credencia para entrar na disputa majoritária estadual, a começar por vaga no Senado. O seu desempenho político é a confirmação de um projeto que vem sendo montado cuidadosamente, sem movimentos bruscos nem gestos precipitados, resultado de uma lição que recebeu ainda em casa e que ele próprio traduz ao afirmar que só tira os sapatos para colocar os pés na água.

Vale registrar que, como o senador Flávio Dino e o deputado federal Juscelino Filho, o deputado federal André Fufuca assumirá o Ministério do Esporte sem qualquer relação com o fato de ser maranhense, pois a articulação que o levou ao cargo foi fruto dos pesos e contrapesos que movem as forças que dão as cartas no Congresso Nacional.

PONTO & CONTRAPONTO

Contrato Gasmar/Eneva vai garantir gás veicular para São Luís e Imperatriz em 2024

Carlos Brandão avaliza o contrato firmado entre
Allan Kardek (Gasmar) e Marcelo Cruz (Eneva)

Um contrato assinado ontem no Palácio dos Leões foi um passo concreto para que São Luís e Imperatriz disponham de gás veicular para abastecimento de veículos e fornecimento para empresas, a partir do ano que vem. O termo foi firmado entre o presidente da Companhia de Gás Maranhense (Gasmar), Allan Kardek Barros Filho, e o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Cruz Lopes, com o sinal verde e o aval do governador Carlos Brandão (PSB).

Pelo contrato, a Eneva se compromete a fornecer gás para o consumo de veículos. Combustível mais barato e com menos impactos para o meio ambiente, o gás natural veicular pode melhorar a competitividade do Maranhão na economia.

Visivelmente entusiasmado, o governador Carlos Brandão comandou o ato avaliando que a oferta do gás como combustível impacta direta e positivamente na economia maranhense. “O primeiro eixo é a questão social, com um combustível mais barato e menos poluente atendendo todos os segmentos da sociedade, o que inclui motoristas de táxi e de aplicativos. O segundo eixo é a industrialização. Através do gás que virá da Eneva, também atenderemos às indústrias, como Vale, Alumiar, Suzano e tantas outras. A energia mais barata torna o produto da empresa mais competitivo”, destacou o governador.

O diretor-presidente da Gasmar, Allan Kardec Barros Filho, afirmou que o contrato marca uma importante conquista, uma vez que o Maranhão possui uma grande bacia de gás natural, a Bacia do Parnaíba, e revelou:  “Quando o governador me chamou para ser presidente da Gasmar, ele pediu para industrializar o Maranhão, ou seja, servir gás para a indústria do estado. Então, para a Gasmar é uma vitória, mas o mérito é do governador Carlos Brandão”.

O diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva disse que o contrato assinado com a gestão estadual representa desenvolvimento. “Esse contrato é um compromisso de longo prazo para darmos toda a tranquilidade para a Gasmar ter a molécula de forma confiável e competitiva ao longo do tempo para desenvolver o mercado de gás veicular aqui no Maranhão”, observou Marcelo Cruz Lopes.

O ato de assinatura do contrato também contou com a presença de representantes de empresas como Alumar, Vale, Suzano e empresários do ramo de distribuição de combustíveis, assim como representantes de órgãos estatais como a Casa Civil, cujo atual titular, Sebastião Madeira, antecedeu Allan Kardek Barros Filho na presidência da Gasmar. (Registro com informações da Secom).

Situação de Juscelino Filho fica em suspense até o retorno de Lula

Juscelino Filho vai aguardar o retorno
de Lula da Silva para definir seu futuro

Nem o presidente Lula da Silva nem os seus ministros mais próximos se manifestaram sobre a situação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, alvo de intenso bombardeio depois que o Supremo Tribunal Federal, por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, afastou a irmã dele, Luanna Bringel Rezende, do comando da Prefeitura de Vitorino Freire por suposto desvio de dinheiro proveniente de emendas que o próprio ministro, que é deputado federal, enviou para o município. No bojo da decisão, o ministro do Supremo também determinou o bloqueio de bens do ministro Juscelino Filho no valor de até R$ 835 mil, para repor supostos desvios de recursos de emendas.

Diante da repercussão da decisão afastando a irmã prefeita e do bloqueio atingindo diretamente o ministro, o partido de Juscelino Filho, o União Brasil, que o indicou para o cargo, o chamou para conversar. Não se conhece ainda o teor dessa conversa. Há quem diga que Juscelino Filho recebeu aval para continuar no cargo se Lula da Silva assim decidir. Mas há também quem garanta que o União Brasil teria lavado as mãos, deixando o ministro por contra própria.

O desfecho desse imbróglio se dará com o retorno do presidente ao Brasil, na semana que vem.

São Luís, 07 de Setembro de 2023.

Duas mil legisladoras e militantes políticas defendem mais espaço de poder para as mulheres

O ato de abertura, com Amanda Gentil, Eliziane Gama, Larissa Brandão,
Iracema Vale, Diogo Moraes e Roseana Sarney; Iracema Vale discursando;
Roseana Sarney como palestrante; Iracema Vale e Diogo Moraes (Unale)
com legisladoras; Daniella Gidão e a plateia do evento

Nenhum evento ocorrido antes em São Luís tendo como tema a mulher e seu papel social e político foi tão representativo e abrangente quanto o 1º Seminário Nacional de Legisladoras – Mulheres no Poder, realizado pela Assembleia Legislativa em parceria com a União Nacional de Legisladores e Legislativos (Unale). Mais de duas mil mulheres detentoras de mandatos legislativos – senadoras, deputadas federais, deputadas estaduais e vereadoras – se reuniram no Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana para debater o papel da mulher na política e o desempenho do gênero feminino na complexa decisiva tarefa de legislar. Sob a presidência da deputada Iracema Vale (PSB), primeira mulher a comandar uma Assembleia Legislativa no Brasil, o evento contou com a participação de mulheres com trajetórias excepcionais, como a deputada federal Roseana Sarney (MDB), primeira mulher a governar um Estado no País, e a senadora Eliziane Gama (PSD), que atualmente exerce a função de relatora da CPMI dos Atos Golpistas, o que a coloca no epicentro do debate político nacional. A primeira-dama Larissa Brandão representou o governador Carlos Brandão (PSB) no evento.

Esse evento não poderia ter acontecido em outro lugar, pois não há nas 27 unidades da Federação e no Distrito Federal um Estado com mulheres que tenham alcançado o comando do Poder Executivo estadual e a presidência do Poder Legislativo, o que lhes dá a condição excepcional do pioneirismo, quebrando todos os tabus, como o enfrentamento da visão machista que ainda predomina no Brasil, inclusive nas três esferas do Poder Legislativo. As delegações vindas do interior do Maranhão e de outros estados deram a dimensão exata do evento e mostraram que a crescente ocupação dos espaços de poder pela mulher no Maranhão e no País é uma realidade, ainda que muitos obstáculos bloqueiem esse avanço.

Na fala com que abriu o evento, a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale – que mostrou a força política da mulher ao sair das urnas com mais de 100 mil votos e como referência política no estado -, a grande anfitriã, foi enfática ao defender o debate, cada vez mais amplo, sobre o papel da mulher na política, cuja ação deve ser reconhecida com a maior abrangência possível. Ao se dirigir às parlamentares visitantes e às conterrâneas maranhenses, entre elas as 12 mulheres que integram a Assembleia Legislativa, Iracema Vale foi no âmago da questão: “É um momento único de discussão sobre as mulheres ocupando espaços de poder para que nós, nas próximas eleições, tenhamos cada vez mais mulheres em posição de liderança”.

Seu parceiro na iniciativa, o deputado federal Diogo Moraes (PSB-PE), presidente da Unale, destacou a dimensão do evento e anunciou que esse seminário passa a ser item fixo na programação anual da Unale. “A ordem do dia nos pede mais presença de mulheres na política. A partir desse primeiro seminário, vamos partir para fazer anualmente um fórum para que as mulheres possam, cada vez mais, ocupar seus espaços e decidir, justamente, as políticas públicas que sirvam para a valorização das mulheres brasileiras”, destacou o deputado federal Diogo Moraes.

Ao longo da programação de palestras, o Seminário teve momentos importantes, como a palestra da deputada federal Roseana Sarney (MDB) sobre o tema “Participação efetiva da mulher nos espaços de poder”. Ela falou da sua experiência de poder, lembrou grandes líderes políticas femininas que fizeram história, como Golda Meir, a primeira-ministra de Israel nos anos 60, que foi decisiva para consolidar o estado judeu; Indira Gandi, a líder indiana que como primeira-ministra ajudou a aperfeiçoar o sistema parlamentarista da Índia; e Michele Bachelet, líder socialista do Chile, que sobreviveu à ditadura e governou o País duas vezes, ocupando hoje a área de defesa dos direitos humanos da ONU, entre outras. Primeira mulher a assumir um Governo estadual no País, ela avaliou que “esse debate é de suma importância, pois são inúmeros os desafios que ainda temos pela frente”.

As palestrantes do Seminário abordaram ainda temas como a violência contra a mulher, a paridade entre homem e mulher na política, com número igual nas chapas que disputam vagas parlamentares. E em meio a essas etapas, a deputada Daniella Gidão (PSB), procuradora da Mulher na Assembleia Legislativa, anunciou a adoção de um protocolo por meio do qual a Procuradoria da Mulher do Legislativo estadual vai auxiliar as Câmaras Municipais maranhenses a implantarem esse serviço em defesas de vereadoras e servidoras.

O 1º Seminário Nacional de Legisladoras – Mulheres no Poder foi, de longe, o maior evento voltado para as mulheres já realizado no Maranhão nos últimos tempos. Pontos, portanto, para a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale, que com o apoio da Mesa Diretora, soube alinhavar o evento com a Unale.

PONTO & CONTRAPONTO

Tudo indica que o martelo foi batido e que vem aí o terceiro ministro

André Fufuca

Não será nenhuma surpresa se o deputado federal André Fufuca, que atualmente lidera a bancada do PP na Câmara Federal, seja anunciado hoje como novo titular do Ministério dos Esportes. A princípio, o PP não queria aquele ministério, preferindo ficar com uma banda do atual Ministério de Desenvolvimento Social. O Governo, no entanto, comandado pelo senador licenciado Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí.

O PP mudou de posição em relação ao Ministério dos Esportes, antes esnobado, depois que o presidente Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiram permitir a taxação dos jogos com temática nos esportes, o que reforçou imensamente o Ministério dos Esportes. 

Pelo roteiro das especulações, o presidente Lula da Silva despachará hoje a atual titular da pasta, a ex-jogadora de basquete Ana Moser, devendo em seguida anunciar André Fufuca como o novo titular, uma vez que a cúpula do PP concordou.

Dentro dessa grande animação política, André Fufuca começa o dia como deputado federal e deve termina-lo como Ministro dos Esportes, o terceiro maranhense na equipe do presidente Lula da Silva.

Paulo Victor prepara “pré-campanha” para fortalecer projeto de candidatura

Paulo Victor

O vereador-presidente Paulo Victor (PSDB) está se preparando para iniciar o que um aliado dele definiu como a “pré-campanha” à Prefeitura de São Luís. Esse estágio será o de mergulhar em articulações para atrair o apoio de mais vereadores e de líderes comunitários, de outros segmentos da sociedade e de partidos políticos.

Paulo Victor cumprirá uma agenda de visitas a entidades empresariais, a organizações culturais e a sindicatos. Ele pretende formar uma grande frente de apoio à sua pré-candidatura, e acredita que conseguirá. Essa movimentação terá o suporte de outros vereadores alinhados ao seu projeto de candidatura, que nas contas da fonte podem chegar a 15.

Outra etapa dessa agenda será a de conversar com os mais diferentes líderes partidários visando uma aliança que seja capitaneada pelo PSDB. E finalmente trazer de volta às fileiras do partido tucanos que se desgarraram, como o grupo que foi liderado pelo ex-governador João Castelo.

São Luís, 06 de Setembro de 2023.

Disputa de 2024 pode manter o prefeito de São Luís longe dos Leões, mas pode haver reviravolta

Eduardo Braide vai para a reeleição e Carlos Brandão
quer um aliado na Prefeitura de São Luís

Vários são os motivos que tornam intensa a disputa pela Prefeitura de São Luís. A lista começa com o fato de que se trata da maior e mais importante cidade, a Capital do Maranhão, com uma população superior a 1 milhão de habitantes, um orçamento anual de quase R$ 5 bilhões – é o que está previsto para 2024 -, e de abrigar uma joia arquitetônica que levou a Unesco, o braço cultural da ONU, a torna-la Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade -, entre vários outros. Mas o que vem pesando na corrida ao Palácio de la Ravardière é a influência que o eleitorado da cidade terá nas eleições gerais de 2026, quando os maranhenses escolherão presidente, governador, (2) senadores, deputados federais e deputados estaduais. Calcula-se que o candidato a governador que tiver um aliado fiel comandando a Prefeitura de São Luís, com noção de grupo político e disposição para brigar, com certeza terá uma posição diferenciada no contexto da disputa.

Uma avaliação superficial das últimas disputas pelo Governo do Estado mostra que os prefeitos não se envolveram como poderiam para apoiar seus candidatos. Em 2010, o então prefeito João Castelo não teve participação destacada na disputa entre Flávio Dino (PCdoB), Jackson Lago (PDT) e Roseana Sarney (PMDB), que estava no comando do Estado e obteve a reeleição no 1º turno. Em 2014, o prefeito era Edivaldo Holanda Jr. (PTC) teve pouca influência da eleição de Flávio Dino (PCdoB) para o Governo do Estado, mesmo que Flávio Dino tenha sido decisivo na sua eleição para a Prefeitura em 2012. O mesmo aconteceu em 2018, quando Edivaldo Holanda Jr., agora no PDT, não arregaçou as mangas pelo então governador Flávio Dino, que mesmo sem o seu apoio ostensivo, conseguiu a reeleição em turno único.

Nas eleições de 2022, a participação do prefeito Eduardo Braide (PSD) em nada contribuiu para o desempenho do candidato que apoiou para o Governo do Estado, o senador Weverton Rocha (PDT), que o apoiara, sem muito esforço, no segundo turno da sua disputa contra o deputado estadual Duarte Jr. (PR) em 2020. Ficou claro que naqueles pleitos a participação dos prefeitos não foi importante nem decisiva. O que valeu mesmo foi a força política e o prestígio eleitoral dos candidatos a governador.

Esse histórico vem motivando o Palácio dos Leões a montar uma estratégia para emplacar no Palácio de la Ravardière um aliado de proa do governador Carlos Brandão (PSB). Esse aliado deve ter disposição para jogar pesado a favor do projeto brandonista para 2026, que é, em primeiro lugar, incentivar o eleitorado ludovicense a embalar a candidatura do governador ao Senado, bem como o candidato do grupo ao Governo do Estado, no caso o vice-governador Felipe Camarão (PT). Esse candidato pode ser o deputado federal Duarte Jr., que é do seu partido e já teve o seu apoio efetivo na corrida à Prefeitura em 2020, quando Carlos Brandão era vice-governador. Mas pode ser também o atual presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSDB), que investe nesse projeto e vem ganhando espaço no cenário pré-eleitoral.

Do alto do seu cacife de gestor bem avaliado e líder de intenções de voto nas pesquisas feitas até aqui, o prefeito Eduardo Braide estuda com atenção cada movimento palaciano, preparando-se para o grande embate que certamente ocorrerá se o cenário continuar evoluindo como agora. Mas pode acontecer reviravoltas, com um improvável, mas possível, acerto entre o prefeito de São Luís e o governador do Estado, que resulte na montagem de uma chapa de composição liderada pelo prefeito. Pode ser também que os projetos de candidatura continuem evoluindo e que o desfecho seja o grande confronto, por exemplo, entre as forças lideradas pelo governador e o prefeito e os aliados que puder mobilizar.

Nesse caso, as incertezas em relação ao peso do prefeito de São Luís vão continuar em 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

André Fufuca mantém a prudência e não confirma ministério

André Fufuca; ministério só
após convite do presidente

Ao mesmo tempo em que a imprensa, de modo geral, especula que ele estaria confirmado para o Ministério dos Esportes, pasta que ganhará relevância e peso político com a atribuição de taxar os esquemas de aposta que hoje movimentam milhões e milhões por semana, o deputado federal André Fufuca permanece como líder do PP na Câmara Federal, com o cuidado de não fazer qualquer movimento precipitado.

Ontem, em meio às especulações motivadas por entrevistas do ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, praticamente confirmando acertos que ainda não estavam devidamente amarrados, o jovem líder do PP, provocado sobre o assunto, manteve o discurso da cautela. “Nada está decidido ainda”, disse ele com a prudência das raposas tarimbadas.

Para o deputado André Fufuca, aconteça o que acontecer, fale quem falar, o fato só será consumado se, ou quando, ele for chamado ao Palácio do Planalto e for convidado pelo presidente Lula da Silva (PT). Sem isso, nada feito.

– Só tiro o sapato para colocar meus pés na água – disse ele à Coluna na semana passada, falando sobre o mesmo assunto.

TV e Rádio Assembleia ganham nova identidade visual

Acima: as novas logomarcas. Ao meio: Iracema
Vale, Jequeline Heluy, Larissa Brandão, Carlos
Brandão, Glaucione Pedrozo e Juraci Filho.
Abaixo: a equipe comemora mudança

Depois da grande guinada nas suas programações, que foram enriquecidas com vários programas voltados, de fato, para o interesse público e de caráter integralmente regional, a TV Assembleia (canal aberto digital 9.2, 17 da Maxx e Sky 309.2) e a Rádio Assembleia (96.9) tiveram também suas identidades renovadas. Sustentadas pelo slogan “A gente faz, a gente mostra”, as duas logomarcas foram apresentadas na noite de domingo na festa de abertura da 63ª Exposição Agropecuária do Maranhão (Expoema), num evento que contou com a presença da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB) e do governador Carlos Brandão (PSB).

As novas marcas, na cor azul em tons variados, destacando a estrela, ganharam uma linguagem visual direta e inteligente, que não exige qualquer esforço de compreensão. A ideia foi suavizar a identidade, abrindo mão da já cansada fórmula de uso das cores básicas, um recurso estético que funcionou quando houve a migração da TV em preto e branco para a TV a cores, e que hoje não faz mais sentido. A inovação mostrou que a TV Assembleia, bem como a Rádio Assembleia, fez uma aposta no futuro na modernização.

Grande avalista da renovação, a presidente Iracema Vale se mostrou entusiasmada com a mudança, assinalando que a nova marca preserva o principal símbolo do Parlamento Estadual. “Preservou a estrela, o coração da marca da Assembleia Legislativa, que é o povo do Maranhão. Então, tanto a TV, como a Rádio estão de parabéns pela marca, que ficou muito bonita”, enfatizou. O governador Carlos Brandão também elogiou a mudança na TV e Rádio Assembleia, observando que “as novas marcas são muito bonitas e eu fico muito feliz de participar dessa estreia do novo momento da Assembleia”.

A atualização da identidade visual da TV Assembleia e da Rádio Assembleia é o ápice de um roteiro de renovação que começou em fevereiro, quando a jornalista Jacqueline Heluy assumiu a Diretoria de Comunicação da Assembleia Legislativa. Com vasta experiência na área, ela compreendeu que qualquer passo modernizador não estaria completo se as marcas que identificavam os veículos havia mais de uma década, não fossem também renovadas. A ideia foi dar às emissoras uma identidade noiva, dentro do espírito de renovação que o Parlamento Estadual está vivendo a direção de uma mulher. “A modernidade, a aproximação com a difusão da cidadania, maior aproximação com os nossos telespectadores, ouvintes e todo o público que acompanha o nosso trabalho”, esclareceu Jacqueline Heluy.

Juraci Filho, subdiretor de TV e Rádio, os investimentos feitos no Complexo de Comunicação na gestão da presidente Iracema Vale fortalecem o compromisso das emissoras com os maranhenses. “A gente tem a oportunidade de colocar uma marca mais forte agora, mostrando bem o que é a revitalização de todo o trabalho e reestruturação da TV Assembleia”, completou.

São Luís, 05 de Setembro de 2023.