André Fufuca vira ministro, diz que qualidade do esporte é “quase zero”, é criticado, e promete revolução

André Fufuca chega ao Ministério dos Transportes para assumir o cargo de ministro

O deputado federal André Fufuca (PP) é o novo ministro do Esporte e, aos 34 anos e com formação em Medicina, é o mais jovem integrante da Esplanada dos Ministérios. Ele foi empossado ontem de manhã pelo presidente Lula da Silva (PT), numa cerimônia sem pompa no Palácio do Planalto, e assumiu o cargo no início da noite, na sede da pasta, sem a presença de sua antecessora, a jogadora de vôlei e medalhista olímpica Ana Moser, que deixou Brasília no início da tarde, não escondeu sua insatisfação por haver sido dispensada, dando ao mesmo tempo uma demonstração da sua falta de educação política. O ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, participou do ato de posse e deu boas vindas ao novo colega de ministério, com quem tem excelentes relações, apesar da distância política e ideológica que os separa.

A posse morna no Palácio do Planalto e a ausência da antecessora na transmissão de cargo poderiam ter tirado André Fufuca do eixo, principalmente porque nos últimos dias, em especial ontem, ele foi duramente criticado, ora em tom duro, ora com ironia, apontado como um político comum e sem estatura para substituir a célebre Ana Moser no comando da pasta.  Mas quem apostou nesse estado de ânimo perdeu feio. Exibindo alto astral, o deputado maranhense assumiu o lugar de Ana Moser, sorridente e entusiasmado, deixando claro que erram os que dizem ou pensam que ele nada sabe sobre esportes, e declarando, sem tremer a voz, que ao longo da sua gestão aprenderá o que não souber sobre a área. E foi muito mais longe com uma declaração ousada, que chegou a causar visível irritação em alguns dos seus críticos. Disse que o esporte brasileiro tem “qualidade quase zero” e que pretende fazer uma revolução na área. E quando lhe perguntaram sobre a ausência de Ana Moser na posse, manifestou quase indiferença e encerrou a conversa dizendo que sempre foi e que continua sendo seu fã.  

André Fufuca foi duro quando respondeu a jornalistas: “Tenho visto que nos últimos dias, não tendo como me desqualificar, muitos têm feito trocadilhos com o meu nome. Devo dizer, com muita tranquilidade: não me atinge. Pelo contrário. Tenho orgulho de ser o André Fufuca, aquele jovem do Maranhão, que saiu do castigado Nordeste em busca de meios para ajudar o povo”, afirmou no evento. Mais cedo, Fufuca causou uma tempestade na imprensa e nos meios esportivos ao afirmar, numa frase pronunciada enfaticamente, que o esporte brasileiro tem “qualidade quase zero” e que pretende realizar “uma revolução” na área. Sua declaração provocou uma reação em cadeia no meio jornalístico do Distrito Federal, que a considerou uma grave precipitação. Mas ele reagiu como um político tarimbado, avisando que vai surpreender os que duvidam da sua capacidade.

Um dos motes mais fortes das críticas que recebeu foi o de que é de direita, que trabalhou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e que apoiou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), seguindo a linha de ação do seu partido. A crítica, porém, não se sustenta diante da fartura de exemplos. Um deles: José Sarney e Roseana Sarney, aliados do então vice-presidente Michel Temer, e seguindo o interesse do seu partido, o MDB, fizeram campanha a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, e hoje estão de volta ao aconchego do PT e do presidente Lula da Silva.  

A pouca idade e a aparência muito jovem escondem um político que, aos 34 anos, está no exercício do seu quarto mandato, um de deputado estadual e três de deputado federal, tendo alcançado lugar no “alto clero” da Câmara Federal, sonho colorido de políticos já maduros. Nesses nove anos de Brasília, já foi vice-presidente e presidente temporário da Câmara Federal, foi presidente nacional do PP por mais de meio ano, e até ontem era líder da bancada do PP. Sua ida para o Ministério do Esporte é parte de uma grande negociação do presidente Lula da Silva com   a cúpula do seu partido, bancada principalmente pelo presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL).

André Fufuca tem agora a oportunidade de mostrar que tem cacife para usar o que sabe sobre esportes, aprender o que não sabe e fazer na pasta a revolução que prometeu no discurso de posse.

PONTO & CONTRAPONTO

Bolsonarista roxo, suplente de André Fufuca vai votar seguindo a orientação do PP

Allan Garcez: bolsonarista que
votará de acordo com o PP

Para assumir o Ministério do Esporte, o deputado federal André Fufuca e a cúpula do seu partido, o PP, conversaram muito. Um dos interlocutores foi o suplente Allan Garcez, anti-Lula declarado e bolsonarista de carteirinha e que se define como “conservador e armamentista”.

O mote da conversa com Allan Garcez foi simples e direto. O ideal seria ele alinhar-se ao Governo do PT, mas já sabendo que isso seria simplesmente impossível, por conta da relação quase umbilical com o bolsonarismo, o PP não lhe cobrará esse alinhamento, desde que ele mantenha uma posição discreta e que vote seguindo a orientação da liderança do PP na Câmara Federal.

De olho na possibilidade de ganhar fôlego político e eleitoral no período em que ocupar a vaga, Allan Garcez garante que cumprirá fielmente o acordo firmado com André Fufuca e Arthur Lira.

Fraude na eleição na OAB continua gerando problemas para o Tribunal de Justiça

Plenário do TJ: desembargadores só podem preencher vagas após
resolver a pendência da pendência com a OAB

A fraude eleitoral que maculou forte e indelevelmente o braço maranhense da OAB, ocorrida na primeira consulta para a formação da lista sêxtupla destinada à escolha do desembargador pelo Quinto Constitucional da categoria, continua criando problema ao Tribunal de Justiça.

A suspensão, por ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da escolha de outro desembargador, este por antiguidade, que ocorreria ontem, causou um mal-estar muito forte na mais alta Corde de Justiça do Maranhão. Durante a sessão administrativa, desembargadores se estranharam, trocaram palavras duras, como há tempos não ocorria no colégio de desembargadores.

Agora, em vez de só uma vaga, a destinada à OAB, duas vagas estão abertas na Corte, o que significa a existência de uma crise no Poder Judiciário. E até que ela se resolva, o comando do TJ terá de recorrer à convocação de juízes de quarta entrância para preenche-las momentaneamente.

São Luís, 14 de Setembro de 2023.   

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