Arquivos mensais: julho 2023

Paulo Victor deixa o PCdoB ciente dos riscos de entrar na guerra pela Prefeitura de São Luís

Paulo Victor decide deixar
o PCdoB para procurar
novo partido

Estava escrito nas estrelas que o vereador Paulo Victor, presidente da Câmara Municipal de São Luís, deixaria o PCdoB para buscar um partido pelo qual possa viabilizar sua candidatura à Prefeitura da Capital. O anúncio do desligamento da legenda comunista acontece no momento em que os três partidos da base governista – PSB, PCdoB e PT – se articulam para iniciar conversas com o objetivo de definir a participação dos três na corrida à Prefeitura. Essa articulação pode acabar juntando os três em torno de um candidato ou criando uma situação em que os três lancem candidatos.  O PCdoB entra nessas conversas enfraquecido sem a presença do presidente da Câmara Municipal, mas ainda com gás suficiente para se manter no time que hoje dá as cartas na política estadual. Com o movimento, o presidente da Câmara mostra que tem faro político apurado, ao se dar conta de que não há espaço para sua candidatura no PCdoB nem numa eventual aliança entre os três partidos em torno de um candidato para enfrentar o prefeito Eduardo Braide (PSD) em 2024.

Ao deixar o PCdoB, o vereador Paulo Victor abre uma enorme janela para o centro e para a direita, vários deles estão lhe acenando com ficha de filiação e prometendo o apoio possível ao seu projeto de candidatura ao Palácio de la Ravardière. Duas incursões que fez à Brasília no mês passado o levaram a gabinetes de diferentes líderes partidários, todos manifestando interesse na sua filiação. Afinal, não se trata apenas do vereador Paulo Victor, que preside as Câmara Municipal de São Luís, ele está articulado com pelo menos 20 dos 31 atuais vereadores, tem link forte com o Palácio dos Leões e tem se esforçado para ser identificado como o mais ativo opositor do prefeito Eduardo Braide.  

O mais provável novo pouso partidário do presidente da Câmara é o PP, mola-mestra do Centrão e que abriga um leque ideológico, que vai do centro à direita conservadora, com pouca relação com a direita extremista e radical. O braço pepista maranhense é comandado pelo deputado federal André Fufuca, que vem se consolidando como um dos ases da nova geração e alimenta projetos que vão muito além de reeleições para a Câmara Federal. O presidente da Câmara também está conversando à sério com o presidente estadual do Podemos, deputado federal Fábio Macedo, que por sua vez já manifestou interesse na filiação do vereador, enxergando nela um caminho para turbinar e consolidar sua posição de comando.

Pelo cenário que está desenhando com seus movimentos, o vereador Paulo Victor está ciente do que está em jogo. Se conseguir um bom partido e consolidar sua candidatura, dando forma e conteúdo a um projeto que antes parecia sem rumo, pode participar da disputa e – quem sabe? – sair com um bom resultado. Mas se deixar o PCdoB e sua busca partidária for equivocada, o seu projeto de candidatura pode até mesmo nem sair do papel, podendo também ser uma aventura cujo desfecho pode ser uma pequena tragédia política, que pode inclusive imobilizá-lo por bom tempo.

Ainda há tempo para tudo no processo que levará às urnas em outubro do ano que vem. Há tempo para medir as condições, há tempo para fazer uma escolha partidária adequada, há tempo para costurar alianças e acordos para produzirem resultados agora e em futuro próximo. Em meio a essa avaliação temporal, o vereador-presidente Paulo Victor tem uma vantagem: sabe onde quer chegar. E parece disposto a correr todos os riscos para viabilizar sua caminhada para se tornar efetivamente o adversário do prefeito Eduardo Braide na guerra pelo controle político e administrativo de São Luís.

E pelo o que se ouve nos bastidores, ao migrar para outro partido, o vereador Paulo Victor levará pelo menos três vareadores hoje insatisfeitos nas suas agremiações.

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane Gama vem ganhado estatura política na relatoria de CPMI

Eliziane Gama

A senadora Eliziane Gama (PSD) vem ganhando musculatura dentro do seu partido. Tem sido bem avaliado seu desempenho como relatora da CPMI dos Atos Golpistas, função para a qual foi indicada pela cúpula partidária, com total aval do presidente da agremiação, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Eliziane tem provado as delícias do poder de ser relatora de uma CPMI tão importante, ganhando visibilidade pela maneira eficiente e equilibrada, mas também tem sentido o gosto amargo de ser relatora de uma CPMI em que o partidarismo e o extremismo ideológico estão pautando a conduta de boa parte dos seus integrantes. Mas está também amargando o elevado nível de exposição, transformada que foi em alvo preferencial do radicalismo dominante nas redes sociais, principalmente na parte da teia identificada com as intenções golpistas dos líderes do movimento de 8 de Janeiro em Brasília.

Na avaliação de colegas seus, a senadora Eliziane Gama sairá desse processo fortemente atingida por adversários, mas também carregando uma gama de prestígio que deve ter influência decisiva no seu projeto de reeleição em 2026.

Lei de Iracema Vale obriga registro de nascimento sem identificação de paternidade

Iracema Vale e Carlos Brandão após sansão da lei

A presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), ampliou ontem o seu currículo como legisladora, ao ter sancionada pelo governador Carlos Brandão (PSB) lei de sua autoria que torna obrigatória a comunicação à Defensoria Pública do Maranhão (DPE-MA) dos nascimentos sem identificação de paternidade.

Pela nova regra, os oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais ficam obrigados a encaminhar, trimestralmente, à DPE-MA a relação dos registros de nascimento, realizados em seus cartórios, em que não conste a identificação de paternidade. A relação deve conter todos os dados do registro de nascimento, inclusive o endereço da mãe do recém-nascido, seu número de telefone, caso o possua, nome e endereço do suposto pai, se este tiver sido indicado pela mãe na ocasião da realização do registro. Onde não houver representação da DPE-MA, os casos devem ser encaminhados à Defensoria Geral, em São Luís.

 A deputada-presidente Iracema Vale se disse satisfeita: “Agora, crianças registradas sem o nome do pai terão o direito assegurado de saber quem as gerou. Para tanto, a Defensoria Pública será acionada pelos cartórios para que todas as medidas necessárias sejam tomadas. Além do reconhecimento da paternidade, a lei propõe uma rede de proteção à criança e reestruturação das famílias”.

São Luís, 05 de Julho de 2023.

Cúpula do MDB põe “freio” na pressa de Cleber Verde de declarar apoio a Braide

Eduardo Braide pode ser o candidato do MDB, já que
Roseana Sarney, Roberto Costa e Lobão Filho estão fora

O comando do MDB conseguiu, pelo menos por enquanto, conter o entusiasmo do novo presidente do partido em São Luís, deputado federal Cleber Verde, de levar em frente o apoio pessoal e do partido ao projeto de reeleição do prefeito Eduardo Braide (PSD). Vozes influentes da seara emedebista não descartam a possibilidade de apoiar o projeto eleitoral do prefeito de São Luís, mas consideram precipitada uma tomada de posição um ano antes das convenções partidárias para as eleições municipais de outubro do ano que vem. Começa com o fato de que o MDB não dispõe de nomes com a capilaridade eleitoral na sede maranhense, uma vez que o nome possível, a deputada federal Roseana Sarney, não quer nem ouvir falar no assunto. Outra opção seria o deputado estadual Roberto Costa, vice-presidente do partido, mas o propósito dele é trabalhar na articulação político-partidária, para fortalecer o MDB para o pleito municipal e para as eleições gerais de 2026. Preto no branco, a tendência mesmo é a legenda emedebista participar de uma coligação sem candidato majoritário, ou no máximo indicando um candidato a vice, e investindo pesado em candidaturas à Câmara Municipal.

Quando se filiou e ganhou o controle do MDB em São Luís, no final de maio, depois de perder o comando do Republicanos no estado, o deputado federal Cleber Verde, que já foi vereador e tem base na Capital, surpreendeu meio mundo ao colocar a sucessão ludovicense na pauta do partido. E foi direto ao declarar: “A gente assume a condução dessa aliança a favor da cidade, e nós vamos trabalhar com muito diálogo para buscar uma caminhada que possa levar à recondução do prefeito Eduardo Braide”. Essa declaração caiu como uma bomba no meio político, porque a leitura imediata foi a de que ele estava falando em nome do MDB, quando na verdade ele falava sem combinar com a cúpula partidária, que reagiu aparentemente com indiferença, mas agiu rápido para minimizar o dito sem desautorizar o declarante.

O grande problema é que o MDB não tem nomes com estatura para enfrentar uma disputa na Capital. A ex-governadora e atual deputada federal Roseana Sarney já deixou claro ao seu entorno que não há hipótese de ela entrar nessa briga, sinalizando que o decepcionante resultado de 2022 foi a sua última batalha eleitoral. O deputado Roberto Costa, por sua vez, prefere atuar nas reentrâncias das articulações, descartando uma candidatura para enfrentar pesos pesados como o prefeito Eduardo Braide e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), os dois mais bem posicionados nas primeiras pesquisas sobre a corrida ao Palácio de la Ravardière. O empresário e ex-suplente de senador Lobão Filho também se afastou depois do fiasco da sua candidatura a deputado federal em 2022. Logo, o MDB não tem nomes.

Nesse tabuleiro, o MDB caminha para ter o seu futuro em São Luís definido pelo Palácio dos Leões, por intermédio do empresário Marcus Brandão, que decidiu entrar na vida partidária filiando-se ao partido controlado pelos Sarney. Por mais que haja um esforço para tratar o movimento do irmão do governador Carlos Brandão (PSB) como fato isolado, a leitura geral é a de que Marcus Brandão põe em marcha uma estratégia cuidadosamente desenhada no Palácio dos Leões. Sem o suporte leonino, Marcus Brandão dificilmente entraria no MDB já recebendo a tarefa de comandar o partido no Maranhão, num grande acordo que certamente inclui a guerra perla Prefeitura de São Luís.

Nas conversas informais que ocorrem nos bastidores da política, a especulação dominante, que nenhum emedebista de proa confirma ainda, é a de que, a declaração impetuosa do neoemedebista Cleber Verde de apoio ao prefeito Eduardo Braide é a tradução do que estaria sendo planejado pelo comando do MDB. Isso em conversas já com a participação direta do empresário Marcus Brandão, que ainda não se filiou, mas já é tratado como futuro chefe do partido no Maranhão. E com as bênçãos do ex-presidente José Sarney, da deputada Roseana Sarney, dos ex-senadores João Alberto e Edison Lobão e do deputado Roberto Costa, que é o articulador-mor desse projeto.

PONTO & CONTRAPONTO

Aluísio Mendes não viu golpismo, apenas baderna, no 8 de Janeiro

Aluísio Mendes foi linha de frente na base do
presidente Jair Bolsonaro na Câmara Federal

Integrante da CPMI que apura os atos de 8 de Janeiro, já batizada de CPMI dos Atos Golpistas, o deputado federal Aluísio Mendes (Republicanos) não concorda com a tese de que houve uma tentativa de golpe de estado na manifestação em que milhares de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília, que resultou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes da República. Para ele, o que houve foi uma “ação de baderneiros desequilibrados e marginais, que precisam ser punidos pelo que fizeram”.

Na mesma resposta, dada em entrevista, ontem, ao programa Ponto Final, da Rádio Mirante AM, comandado pelo Jornalista Jorge Aragão, o parlamentar disse também: “Precisamos punir aqueles que se omitiram, que tinham por dever de ofício fazer com que aquilo não prosperasse, que receberam as informações, que não atuaram e aqueles que incentivaram, financiaram”.

Vale lembrar que o deputado Aluísio Mendes é agente de carreira da Polícia Federal, foi assessor do ex-presidente José Sarney, secretário de Segurança Pública do Maranhão na equipe da então governadora Roseana Sarney e se elegeu deputado federal em 2014 pelo já extinto PSDC. Político de direita assumido, abraçou a concepção de política e poder do presidente Jair Bolsonaro, de cujo governo foi vice-líder na Câmara Federal. No cenário político estadual, afastou-se do Grupo Sarney, atuando numa linha de independência, dando apoio ao governador Carlos Brandão e ao prefeito Eduardo Braide.

Suas posições em relação à CPMI dos Atos Golpistas são idênticas às do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lei de Iracema Vale coloca escolas no combate à violência contra mulher

Iracema Vale aprova lei de combate
à violência contra a mulher

Mais uma norma visando garantir que crimes de violência contra a mulher, em especial no âmbito doméstico, vai ganhar força de lei nos próximos dias, quando o governador Carlos Brandão (PSB) sancionar o Projeto de Lei nº 143/2023, de autoria da presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), na semana passada. Pela nova lei estadual, as escolas das redes pública e privada serão obrigadas a fornecer às mulheres um formulário padrão para denúncia de violência, de modo a protege-las contra violência e de situações de extrema vulnerabilidade.

Com a experiência de quem exerceu dois mandatos de prefeita de Urbano Santos e acompanhou de perto nas escolas do município, a deputada Iracema Vale decidiu propor a criação do formulário para denúncia, a ser entregue no ato da matrícula, com   obrigatoriedade definida por lei. Nesse documento serão inclusive registrados casos já ocorridos. As escolas deverão disponibilizar, no ato da matrícula, informações sobre medidas de combate à violência contra a mulher e ter outras atividades informativas durante o ano letivo. 

O formulário, conforme a lei, deverá ser disponibilizado para a mãe ou responsável legal pelo aluno, devendo ser preenchido individualmente e entregue ao responsável pela matrícula, que deverá arquivar cópia da documentação no prontuário do aluno e informar o ocorrido à direção da escola, que tomará as medidas legais e necessárias.

Se houver registro de caso recente, as providências deverão ser imediatas, assegurada a permanência da mãe ou da responsável legal na unidade de ensino, até que as autoridades policiais responsáveis solucionem o ocorrido. O poder público poderá disponibilizar comunicação entre as escolas e as forças de segurança pública por meio de ferramentas tecnológicas.

A presidente da Assembleia Legislativa justificou a sua iniciativa: “Ainda há um exorbitante número de vítimas de violência doméstica e familiar contra a mulher em todo o Brasil. Todos os meios que informem os cidadãos maranhenses sobre o combate a qualquer forma de violência são primordiais para a garantia de direitos e para a diminuição do número de vítimas”.

São Luís, 04 de Julho de 2023.

ESPECIAL: Aos 38 anos, Barrica mantém o brilho com que começou sua paixão pela Estrela Dalva

Boizinho Barrica, momentos do espetáculo, Roberto Brandão, Zé Pereira Godão e Inácio Pinheiro, momentos da festa, Luiz Bulcão, brincantes e Gordo Elinaldo

Primeira hora do primeiro dia de julho de 2023, no arraial montado no pátio ainda improvisado da Igreja de São Paulo Apóstolo, no Jardim Renascença, em São Luís do Maranhão. Ali, vivenciando os 38 anos da sua festiva e musical busca pela Estrela da Manhã, sua paixão, o Boizinho Barrica fez a sua chegança, e durante cerca de mais ou menos uma hora, contagiou e deixou extasiadas as mais de mil pessoas – incluindo crianças, jovens, adultos e velhos – que o aguardaram ansiosamente e foram por ele abraçadas. A espera valeu a pena. Sob o comando do Zé Pereira Godão, embalado pelas toadas do próprio amo, e do poeta e segundo pai Luiz Bulcão, pelas vozes de Roberto Brandão e Inácio Pinheiro e pela orquestra de vários formatos e ritmos, cada um com os seus próprios instrumentos, regida por Gordo Elinaldo, o Boizinho Barrica encantou mais uma vez. Seus vaqueiros e vaqueiras, índios e índias, caboclos de pena e de fita, num balé de belas e envolventes coreografias, perfeitamente sincronizadas com as toadas, transformaram mais um arraial num mundo encantado de música e poesia sem amarras.

Quem o viu nos seus primeiros movimentos, 38 São Joãos atrás, quando dava os primeiros passos – firmes pela convicção de que havia encontrado um caminho para enriquecer a cultura junina maranhense, mas também com a incerteza que cerca qualquer ousadia num mundo de tradições rígidas -, enxerga hoje um Boizinho Barrica robusto. Não mudou de tamanho, mas foi envolvido por densa aura mítica, exibindo a confiança que só a maturidade produz. Hoje tem ares quase profissionais e baila com experiência cosmopolita, sem deixar nada a dever a qualquer outra brincadeira de rua de qualquer parte do planeta, vivência possível por haver se apresentado em Nova Iorque, Paris, Londres, Barcelona, Roma, Berlin, Tóquio e Toronto, entre outras. Reencontrá-lo tempos depois é encontrar mais uma vez o espírito de festa mágica embalando um grupo com ânimo de estreia após duras semanas de preparação.

Motivados pela leitura de partes do roteiro da saga romântica emotivamente declamada pelo amo Zé Pereira Godão, os bailarinos do Boizinho Barrica entram em cena visivelmente empurrados por uma energia que impressiona e contagia, revelada no sorriso franco, e na perfeita sincronia dos passos com cada ritmo, ao qual todo circunstante se dobra. O bailado, que traduz fielmente os sotaques de matraca e pandeirões, típico da Ilha de Upaon Açu; de zabumba, que nasceu e cresceu na Baixada; de orquestra, que veio do Munim, e o de matraca da região do Pindaré, evolui diferente e intenso a cada uma das toadas, que expressam o amor nos seus mais diferentes vieses. E aí acontece o desfecho da magia que todo artista e brincante espera: a plateia se rende, ninguém em volta resiste.

Como os batalhões centenários, os quais interpreta com fidelidade didática, o Boizinho Barrica, com a sua existência de ópera de rua, surpreende pela capacidade de se reinventar a cada ano sem mudar a forma e as coreografias. As atualizações estão nas novas toadas, que conservam a base temática, mas renovam a cada ano a beleza harmônica apurada e as sutilezas da poesia popular de uma trilha sonora na qual Godão e Bulcão falam sempre do mesmo caso de amor entre o Boizinho e a Estrela Dalva. Isso tudo interpretado magistralmente pelas vozes maiores do grupo, com o suporte supremo de cordas, metais, pandeirões, zabumbas, matracas e maracás em cujo epicentro está Gordo Elinaldo.

Para muitos, a lógica desse desafio poderia ser o desgaste por cansaço de uma fórmula concebida pela ousadia. Mas o que o amo Zé Pereira Godão concebeu alicerçado pela poesia de Luiz Bulcão, pelas vozes de Roberto Brandão e Inácio Pinheiro e pelo coro de baile popular formado por devotados bailarinos, mostrou na apresentação do dia 1º  que o Boizinho Barrica tem ainda muito gás. Tudo, portanto, para continuar encantando milhares no arraial de São Paulo Apóstolo, nos de São Luís, em largos de qualquer palco coberto ou aberto do País ou em qualquer praça do planeta.

E nesse contexto de festa, versos geniais já imortalizados como “Escrevi teu nome, na areia da beira da praia, na barra da saia da maré vazante, foi o bordado de amor”; “Alumia o meu amor, que vem nas ondas do mar, incendiou meu coração pra eu não chorar”; “Acenei meu lenço pra dizer meu bem, se o amor tem saudade, eu vou chorar também”; “Eu quero acender as estrelas lá do céu com balão de papel de seda”; “Eu fiz uma gaiola de ouro pra prender teu coração, mas o amor, que é duradouro, não quer viver numa prisão, tu podes prender passarinho, mas o canto dele, não”, e muitos outros que compõem o rico acervo musical do Boizinho Barrica vão alimentando a magia do folguedo que, como já dito aqui noutro registro, nasceu com tudo para não dar certo. Mas o tempo mostrou que a cria de Zé Pereira Godão e Luiz Bulcão, assim como tudo o que eles conceberam depois, como o Bicho Terra e o Natalina da Paixão, veio para ficar. E por muito tempo. E um dos motores da espetacular trajetória do Boizinho Barrica são as bênçãos e o respeito que ele ganhou dos gigantes que inspiraram sua existência: Maracanã, Maioba, Pindoba, Ribamar, Fé em Deus, Madre Deus, Guimarães, Pindaré, Morros, Rosário, entre outros do mesmo naipe.

Vivas, portanto, para o Boizinho Barrica, Godão, Bulcão, Brandão, Inácio, Elinaldo, os músicos e, em especial, os seus bailarinos.

São Luís, 02 de Julho de 2023.

Dizimada nas urnas e sem vozes influentes, direita maranhense não reage à inelegibilidade de Bolsonaro

Foto 1: Roberto Rocha, aliado de Jair Bolsonaro não se
manifestou. Foto 2: Josimar de Maranhãozinho e seu
grupo na base do presidente Lula da Silva

Inexpressiva no auge do poder do bolsonarismo, a fatia da direita maranhense identificada com o extremismo golpista do bolsonarismo mergulhou ainda mais ontem, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou inelegível, por oito anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por crimes contra o sistema eleitoral brasileiro. Principal porta-voz dessa corrente, o ex-senador Roberto Rocha (PTB), manteve silêncio sobre a decisão, o mesmo acontecendo com outras vozes bolsonaristas assumidas, como o deputado federal Aluísio Mendes (Republicanos), que foi vice-líder do Governo Bolsonaro no Congresso Nacional, e do ex-deputado federal Edilázio Jr. (PSD), partidário ostensivo das posições e movimentos do então presidente da República. Na mesma linha, se comportou o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, que ficou em segundo lugar na disputa pelo Governo do Estado, e que se posicionou como apoiador do presidente Jair Bolsonaro, permaneceu em silêncio, ontem. O mesmo aconteceu com a deputada estadual Mical Damasceno (PSD), ultradireitista alinhada ao bolsonarismo.

Algumas vozes da direita radical ligadas a movimentos sociais, que chegaram a apoiar acampamento ilegal no João Paulo, incentivando as instituições militares a dar um golpe de estado e fechar a suprema corte Justiça do País, também fizeram de conta de que não tomaram conhecimento da decisão do TSE. Ninguém se manifestou em favor do ex-presidente fora das redes sociais bolsonaristas, que é um mundo fechado. Por outro lado, a fatia da direita menos conservadora e mais pragmática, que não mais vê o bolsonarismo como caminho político de futuro, caminha célere afastando-se do ex-presidente e migrando para a base do Governo do presidente Lula da Silva (PT), decidida a não mergulhar no ostracismo em nome de uma causa que já vê perdida.

Quinta-feira, enquanto Jair Bolsonaro perdia o direito de ser votado em quatro eleições por causa dos seus atos, e o presidente nacional do partido dele, Waldemar Costa Neto, curtia os cassinos de Las Vegas, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que comanda o PL no Maranhão, a mulher dele, a deputada federal Detinha (PL), e os deputados federais Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr – este integrante da bancada evangélica -, ambos do PL, estiveram com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para negociar o apoio do grupo ao Governo Lula da Silva. O deputado Josivaldo JP (PSD), que sempre se declarou aliado entusiasmado do Governo Bolsonaro, mergulhou ontem na mais absoluta cautela, como quem manda um recado público silencioso dizendo que, se não saiu ainda de vez da malha bolsonarista, encontra-se estudando a maneira mais efetiva de dizer que nada tem a ver com isso.

Nesse contexto, existe um nicho de direita conservadora sendo construído no Maranhão, com foco de nascença na Assembleia Legislativa, na voz do deputado Yglésio Moises, que na política via PDT – partido que patrocinou a ação que resultou na inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Atualmente no PSB, de onde tenta sair sem perder o mandato, ele é hoje um partidário do bolsonarismo e um propagador dos ideais da direita. Já criticou o julgamento do ex-presidente pelo TSE, não enxergando nada de anormal na reunião do então presidente Jair Bolsonaro com os embaixadores. Até o seu fechamento, a Coluna não localizou nenhuma manifestação do deputado neobolsonarista sobre o desfecho do julgamento que deixou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030.

O fato é que, se já era fraco no Maranhão, onde foi rejeitado nas urnas, tendo sido trucidado nas duas últimas eleições gerais, o bolsonarismo tende a desaparecer como organização política ativa. Isso porque a direita, incluindo sua banda mais liberal e o seu nicho mais conservador, vai tentar sobreviver procurando alternativa que represente seus ideais na corrida presidencial e para o Governo do Estado em 2026, já devendo fazer essas escolhas nas eleições municipais do ano que vem.

PONTO & CONTRAPOPNTO

Dino reage à inelegibilidade de Bolsonaro com postura de ministro da Justiça

Flávio Dino: inelegibilidade de Jair Bolsonaro deixa lições de como não se deve agir na política

Adversário figadal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em quem enxerga a presença do fascismo na política brasileira, Flávio Dino manteve sua postura de ministro da Justiça e Segurança Pública ao se manifestar em dois posts nas suas redes sociais sobre a decisão do TSE de tornar inelegível o ex-chefe da Nação.

No primeiro, ele escreveu o seguinte:

“Do julgamento do TSE emanam importantes mensagens:

1 mentir não é uma ferramenta legítima para o exercício de uma função pública

2 Política não é regida pela “lei da selva”, em que o mais forte pode tudo.

A democracia venceu o mais duro teste de estresse das últimas décadas”.

No segundo, o ministro da Justiça e Segurança Pública anunciou:

“Decisão do TSE prova a perpetração de ataques abusivos ao Sistema de Justiça e à ordem jurídica. Por isso, enviarei requerimento à AGU visando análise de ação de indenização pelos danos causados ao Poder Judiciário da União e à sociedade em face da conduta do Sr. Bolsonaro”.

Nada fora das “quatro linhas”.

Deputado vê ministro empenhado em melhorar a conectividade no Maranhão

Neto Evangelista vê Juscelino Filho atuando
para melhorar conectividade no Maranhão

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, está empenhado em tornar melhor a conectividade no Maranhão, assim como pretende interligar o estado por meio de um sistema de conexão de melhor qualidade no estado. Para tanto, estaria o ministro dialogando com o governador Carlos Brandão (PSB), para que esse projeto de ampliação da conectividade no estado seja realmente efetivado.

Esse cenário envolvendo ações do ministro Juscelino Filho foi desenhado verbalmente pelo deputado Neto Evangelista (União Brasil). Ele destacou a atuação do ministro das Comunicações, avaliando que Juscelino Filho tem mantido diálogo com o governador Carlos Brandão para proporcionar conectividade de qualidade no Maranhão.

Neto Evangelista deu também uma boa notícia. Segundo ele, no plano nacional o ministro Juscelino Filho tem trabalhado muito na busca de parcerias nacionais e internacionais para solucionar problemas de conexão no Brasil. 

“O ministro Juscelino Filho está em viagem internacional representado o Governo Federal para entender o funcionamento da internet universalizada em países desenvolvidos, com o objetivo de trazer essa experiência ao Brasil, por determinação do presidente Lula”, declarou o deputado Neto Evangelista. Ele acrescentou que o diálogo do ministro com o governador Carlos Brandão inclui também implantar internet por fibra óptica no Maranhão.   

Certo de que o Maranhão será contemplado com uma internet de qualidade, o deputado Neto Evangelista explicou: “É para conectar sistemas de saúde, educação e segurança pública. É para criar conexão direta entre as pessoas e em todo um sistema no país. Juscelino Filho tem avançado e buscado informações fora do Brasil, além de olhar com carinho para o nosso estado”.

Em Tempo: Na semana passada, a Coluna registrou o fato de o ministro das Comunicações haver marcado presença na visita de vários ministros ao Maranhão, feitas em curtos intervalos de tempo.

São Luís, 01 de Julho de 2023.