Arquivos mensais: janeiro 2020

Sem nome forte em São Luís, PDT caminha mesmo para aliança com o DEM em torno de Neto Evangelista

 

Juscelino Filho e Weverton Rocha (e) firmam aliança em torno de neto Evangelista (d)

A julgar pelas informações que circularam nos bastidores do meio político nas últimas horas, o PDT não terá mesmo candidato à sucessão do prefeito pedetista Edivaldo Holanda Júnior, ficando de fora da luta pelo poder na Capital pela primeira vez em três décadas. A informação dominante é a de que as cúpulas nacionais do PDT e do DEM firmaram mesmo um acordo amplo, que garante a aliança dos dois partidos onde for possível, principalmente nas disputas em vários estados, inclusive o Maranhão, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em São Luís, a aliança entre brizolistas e democratas deve dar forma a uma chapa absolutamente inusitada, com o deputado Neto Evangelista (DEM) na cabeça e um membro do PDT como vice, conforme vem sendo rascunhado há tempos nos bastidores dos dois partidos. Essa fórmula coloca o PDT em segundo plano e catapulta o DEM para o primeiro plano da cena política de São Luís, uma inversão de papéis até pouco tempo impensável em se tratando de disputa pelo Palácio de la Ravardière.

A decisão interromperá um histórico rico de participação ativa e decisiva na vida de São Luís desde 1988, quando Jackson Lago, fundador do partido, se elegeu para comandar a Capital atropelando o poderoso esquema montado pelo então governador Epitácio Cafeteira, com o apoio do presidente José Sarney, que tinha como candidato seu fiel escudeiro, o então deputado estadual Carlos Guterres (PMDB). De lá para cá, o PDT comandou a Prefeitura de São Luís por mais de duas décadas, com Jackson Lago dando as cartas durante 10 anos (de 1989 a 1992 e de 1997 a 2002), Tadeu Palácio por seis anos (2002 a 2008) e Edivaldo Holanda Júnior por quatro anos (de 2015 até agora), tendo ainda mandado durante dois anos no Governo de Conceição Andrade (1993-1996), que se elegeu pelo PSB, mas com o apoio decisivo do PDT.

Com a morte do líder Jackson Lago em 2011, aos 76 anos, o PDT mergulhou numa crise profunda, que resultou num “racha” danoso para o partido. De um lado ficou o então deputado federal Weverton Rocha, que começou no movimento estudantil e se tornou, por sua militância e ousadia, braço direito de Jackson Lago, sendo por ele preparado para sucedê-lo. Do outro lado ficaram a viúva de Jackson Lago, Clay Lago, familiares e um grande número de velhos militantes do partido, que inconformados com o comando de Weverton Rocha, migraram primeiro para o PPS, espalhando-se depois até perder a feição de grupo. Weverton Rocha seguiu em frente, escalou as instâncias do que restou do brizolismo até chegar ao topo, trabalhou duro para fortalecer o partido, tornando-se seu líder absoluto no Maranhão, e uma das figuras de proa do PDT no plano nacional.

Mas, curiosamente, ao mesmo tempo em que operou para ampliar as bases do PDT nas diversas regiões do Maranhão, o novo líder do partido concentrou poderes e não incentivou o surgimento de novas lideranças do partido em São Luís, sua maior e mais importante base. Esse problema se agravou em 2015, quando recorreu à filiação do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que se elegera em 2012 pelo minúsculo PTC, para não ficar de fora da disputa em 2016. A falta de quadros com estatura política e eleitoral em São Luís chegou ao seu ponto crítico agora, quando o partido que esbanjou poder elegendo um senador com quase dois milhões de votos, se encontra na incômoda situação de ter de aliar-se ao DEM, um partido estava na indigência e renasceu pela ação de jovens líderes de direita, para não ser esmagado de vez na Capital. Tal situação se repete nos maiores municípios, como Imperatriz, São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Bacabal, Santa Inês e Pinheiro, entre outros.

E se, por conta da dinâmica e da imprevisibilidade da política, a aliança com o DEM não for consumada, o caminho natural do PDT será compor com o PCdoB, indicando o vice de Rubens Júnior ou Duarte Júnior, uma equação que pelo menos o manterá na sua seara ideológica.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Lula foi deselegante ao declarar que o PT não apoiaria uma candidatura de Flávio Dino

Lula da Silva foi deselegante com Flávio Dino

As declarações dúbias do ex-presidente Lula da Silva sobre o apoio dele e do PT a uma eventual candidatura do governador Flávio Dino a presidente da República causaram mal-estar no PCdoB. Lula da Silva disse que apoiaria a candidatura, rasgou elogios à competência administrativa e à estatura política do governador maranhense, mas logo em seguida deu uma guinada no discurso ao avaliar como “muito difícil” um projeto de eleição de Flávio Dino pelo PCdoB, sinalizando, com toda clareza, que dificilmente se alinhará a ele, acrescentando que não enxerga futuro numa candidatura de esquerda sem o apoio do PT. Ou seja, Lula da Silva deixou claro, com todas as letras que ele e seu partido não abraçam o projeto.

Lula da Silva foi no mínimo politicamente deselegante ao fazer tal avaliação ao longo de uma entrevista ao jornalista Juca Kifouri. Primeiro porque não levou em conta o fato de que, mesmo com toda movimentação no plano nacional, Flávio Dino nunca se lançou candidato a presidente de maneira explícita, e sempre que falou no assunto colocou a candidatura do líder petista em absoluto primeiro plano. O governador foi um dos mais ativos e empenhados defensores do ex-presidente, sem nunca ter dito uma só palavra condicionando seus movimentos a qualquer projeto futuro. Por outro lado, tanto o PT maranhense quanto o nacional sempre demonstraram incômodo com a ascensão política de Flávio Dino, fez de tudo para barrar-lhe a caminhada entre 2006 e 2014, no auge da aliança Lula-Sarney.

Flávio Dino, ao contrário, tem usado grande parte do seu prestígio pessoal e do seu capital político apoiando explicitamente o PT nos momentos mais dramáticos da derrocada do seu projeto de poder. Foi uma das vozes mais enfáticas na defesa da presidente Dilma Rousseff contra o golpe institucional que resultou no seu impeachment, abraçou a candidatura de Fernando Haddad a presidente e liderou os maranhenses na segunda maior vitória proporcional que o petista recebeu em todo o País, e foi voz ácida em críticas aos excessos da Lava Jato no processo que levou Lula da Silva à prisão. Nesse período, sempre que falou de disputa presidencial, apontou o líder petista como principal referência das esquerdas.

Não se discute a liderança, a importância e a habilidade política do ex-presidente Lula da Silva, e nesse contexto, é difícil aponta-lo como um adversário do governador Flávio Dino. Mas também não há como não enxergar sinais claros do seu incômodo com a caminhada política do governador, que motivaram às declarações reveladoras e desnecessárias.

 

Braide quer aproveitar o Carnaval para negociar alianças e procurar nomes para vice

Eduardo Braide quer definir alianças e vice

Sem qualquer réstia de dúvida sobre o seu projeto de disputar a Prefeitura de São Luís, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos), que lidera as pesquisas de opinião até aqui, vai aproveitar a agitação carnavalesca para iniciar duas costuras. A primeira visa a montagem de uma aliança partidária que lhe assegure um tempo razoável no rádio e na TV, e a segunda é a busca de nomes para escolher o seu companheiro de chapa. Eduardo Braide estaria decidido a encaminhar logo essas negociações, para chegar em maio, se não com elas definidas, pelo menos alinhavadas e dependendo apenas de arremate. Isso não quer dizer que o candidato do Podemos queira definir logo um vice e colocá-lo à tiracolo antes da campanha oficial, que começa no final de agosto. O que ele pretende agora, segundo uma fonte próxima dele, é trabalhar alternativas, entre elas uma possível aliança com o PSDB, que indicaria o vice da sua chapa, caso os chefes tucanos pulverizem o projeto de candidatura do deputado Wellington do Curso, como está sendo rascunhado.

São Luís, 19 de Janeiro de 2020.

Com situações bem diferentes, PCdoB e PDT começam contagem regressiva para escolher candidatos em São Luís

 

Flávio Dino vai decidir entre Rubens Júnior e Duarte Júnior, enquanto Weverton Rocha não tem escolha a fazer no PDT para disputar a Prefeitura de São Luís

A definição política e partidária das candidaturas de Eduardo Braide (Podemos), Bira do Pindaré (PSB), Neto Evangelista (DEM), Adriano Sarney (PV), Carlos Madeira (Solidariedade) e Jeisael Marx (Rede) começa a transformar o cenário da corrida sucessória em São Luís como base de pressão para duas definições que, pelo poder de fogo que concentram, são consideradas essenciais e decisivas para o desfecho da eleição. Trata-se, primeiro, da batida de martelo do comando do PCdoB para escolher entre Rubens Júnior e Duarte Júnior, e, segundo, da martelada que definirá o rumo do PDT nesse processo, se com candidato próprio ou com um vice numa aliança. A escolha do candidato do PCdoB está nas mãos do governador Flávio Dino, com o suporte do presidente do partido, deputado federal Márcio Jerry, e será orientada por pesquisas. A forma de participação do PDT depende de uma tomada de decisão do seu presidente, senador Weverton Rocha, com o aval do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, hoje a segunda voz de maior peso dentro do partido.

A situação no PCdoB é simples e a dificuldade na escolha do candidato é apenas uma questão de quem, de fato, tem lastro para, com o embalo do partido e seus aliados, reunir potencial eleitoral e levar a eleição ao segundo turno num provável enfrentamento direto desse candidato com o candidato do Podemos, apontado por todos como presença certa numa segunda rodada. Rubens Júnior tem sólido lastro – dois mandatos de deputado estadual e dois de deputado federal, com votações crescentes e desempenho parlamentar acima da média -, faltando turbinar essa base com o gás de uma boa fatia do eleitorado da Capital. Duarte Júnior, por seu turno, tem uma trajetória política modesta – um até agora bem exercido mandato de deputado estadual, com posição reforçada por um desempenho destacado e bem-sucedido como chefe do Procon e do sistema Viva -, mas embalado por uma excepcional malha de apoio nas redes sociais, o que faz dele um dos três melhor posicionados nas pesquisas realizadas até aqui para medir as preferências do eleitorado da Capital.

Por mais que seus líderes se esforcem para manter a normalidade, não há como negar que uma guerra entre Rubens Júnior e Duarte Júnior nos bastidores do PCdoB. No final do ano passado, o presidente Márcio Jerry anunciou informalmente uma agenda segundo a qual a escolha do PCdoB será feita entre o final de janeiro e o início de fevereiro. Desde então, Rubens Júnior vem se movimentando intensamente em busca de suporte eleitoral e Duarte Júnior corre em busca de apoio político. Pelo que é possível perceber, o problema no PCdoB não é exatamente escolher o candidato, mas garantir que o não escolhido declare apoio ao escolhido, evitando uma cisão dentro do partido. O desfecho desse processo entrou em contagem regressiva.

A decisão a ser tomada no PDT é bem mais complexa. O partido está no poder e não dispõe de um nome com cacife político e eleitoral para disputar a Prefeitura com alguma chance de sucesso. O único quadro com esse perfil é o próprio senador Weverton Rocha, mas ele se descarta como alternativa por estar investindo forte na sucessão do governador Flávio Dino em 2022. Sem opção no arraial pedetista, o comando do partido alimenta a possibilidade de apoiar a candidatura de Neto Evangelista por um acordo em que o PDT indicará o candidato a vice. Ou evoluir para uma aliança do PDT com o PCdoB, na qual também participem com a indicação do candidato a vice. Até o momento, nenhuma outra equação admitida pelo senador Weverton Rocha.

Além da falta de um nome forte, a indefinição do PDT se torna um grande problema à medida que com o tempo está passando – estamos a menos de 10 meses da corrida às urnas, período que começa a tornar difícil construção de uma candidatura num cenário em que outras já estão definidas. A situação do PDT começa, portanto, a ganhar ares dramáticos ante o indicador de que o partido caminha para abrir mão da cabeça e indicar o vice.

Em resumo: o PCdoB tenta evitar tremores por excesso de bons nomes, enquanto o PDT mergulha da indefinição por falta de opção.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Confirmado: César Sabá será o presidente e o candidato do MDB em Caxias

César Sabá será candidato do MDB em Caxias com apoio total de João Alberto

Questão fechada, sem possibilidade de reviravolta: o empresário César Sabá será mesmo o candidato do MDB à Prefeitura de Caxias. A escolha foi confirmada pelo presidente estadual do partido, o ex-governador João Alberto, que desembarcará no dia 30 na Princesa do Sertão para empossar César Sabá na presidência do partido no município, dando-lhe assim plena autonomia para organizar sua candidatura, preparar uma chapa com candidatos a vereador, fazer uma aliança e encontrar um vice, reunindo, portanto, os meios para enfrentar nas urnas o prefeito Fábio Gentil (PRB) e o eventual candidato do Grupo Coutinho, que poderá ser até mesmo a deputada Cleide Coutinho (PDT). Nas avaliações que fez com o comando emedebista sobre as suas possibilidades, César Sabá calculou que poderá se dar bem como o candidato de uma terceira via, fora do confronto entre os Grupos Gentil e Coutinho.

Com a decisão, o braço caxiense do MDB sai definitivamente do controle do ex-prefeito Paulo Marinho, que mandou na agremiação desde o início dos anos 80 do século passado. Nos últimos meses, Paulo Marinho tentou manter o MDB sob sua área de influência, atuou fortemente para evitar que o partido fosse entregue a César Sabá, mas o posicionamento do comando do partido foi mais firme do que suas pressões. O MDB caxiense começa agora um novo ciclo.

 

Wellington do Curso vive a incerteza sobre se será ou não candidato a prefeito pelo PSDB

Wellington do Curso não tem a garantia de que será candidato do PSDB

Um impasse cruel mina o projeto do deputado Wellington do Curso de disputar a Prefeitura de São Luís, mesmo estando ele entre os quatro mais bem posicionados nas pesquisas divulgadas até aqui. É que, ainda que detentor desse cacife, o parlamentar ainda não obteve do comando do PSDB a garantia de que ser[ao candidato do partido. O quadro é complicado e vexatório para Wellington do Curso, uma vez que, se acordo com informações que já circulam há algum tempo, o comando do PSDB estaria alimentando uma posição dúbia, pois ao mesmo tempo em que silencia em relação à pré-candidatura do deputado, mantém abertamente um processo de aproximação com o candidato do Podemos, Eduardo Braide, sinalizando a possibilidade de uma aliança. Nos bastidores, Wellington do Curso tem dito que será candidato de qualquer maneira, preferindo trabalhar com a hipótese de que será o candidato do PSDB e com o apoio do senador Roberto Rocha. Aliados do chefe dos tucanos no Maranhão, porém, não vêm a candidatura do parlamentar. O senador Roberto Rocha deve resolver esse impasse ao longo de fevereiro, de modo a normalizar a situação dentro do PSDB, seja com Wellington do Curso candidato, seja numa aliança com Eduardo Braide, na qual indicará o candidato a vice.

São Luís, 17 de Janeiro de 2020.

Madeira lança candidatura prometendo “governar para os pobres” porque “a São Luís da barbárie não acabou”

 

José Carlos Madeira: “Quero governar para os pobres”

O ex-juiz federal José Carlos do Vale Madeira é o mais novo pré-candidato a prefeito de São Luís com situação partidária definida. Ele anunciou ontem sua filiação ao Solidariedade e o seu projeto de concorrer, eleger-se e governar “para os mais pobres”, argumentando que “a São Luís da barbárie não acabou”. Definiu-se como um político de esquerda, afirmando ter “militância social”, e recusou a condição de neófito em política. Justificou sua postura pessoal e o seu projeto político assinalando que nasceu pobre no Bairro de Fátima, enfrentou dificuldades extremas e que venceu na vida por esforço próprio. Acompanhado do presidente do SD, o secretário de Estado de Indústria e Comércio Simplício Araújo, Carlos Madeira apresentou-se como titular de uma “candidatura independente”, que, segundo afirmou com ênfase, não está condicionada ao fato de o partido pertencer à aliança comandada pelo governador Flávio Dino (PCdoB).  “Eu não vejo o Solidariedade neste contexto como partido do Governo. Eu, mesmo sendo amigo do governador, não estou no contexto de aliado dele. Minha candidatura nasce independente”, garantiu.

Frases políticas de efeito e declarações emocionadas à parte, Carlos Madeira entrou de vez na corrida à Prefeitura de São Luís como o único postulante que ainda não foi testado nas urnas. Sua trajetória de juiz federal sério, reconhecido por decisões que mudaram o curso de situações dramáticas – como a autorização para a entrada da Polícia Federal nos escritórios da Lunus, em 2002, numa ação que explodiu a candidatura presidencial de Roseana Sarney, e a que livrou centenas de trabalhadores de arcar com os débitos gerados pelo golpe que desmontou o controverso projeto da fábrica de confecção de Rosário – lhe dão autoridade para entrar na política. Mas ele próprio deve ter plena consciência de que na luta pelo poder na Capital e maior colégio eleitoral do Maranhão o jogo é pesado, não havendo muito espaço para trajetórias de origem comovente.

Carlos Madeira entra na corrida ao Palácio de la Ravardière num cenário ainda de indefinição quanto a várias candidaturas, mesmo com um número expressivo de aspirantes assumidos. Já tem como adversário definido o deputado federal Eduardo Braide (Podemos), que lidera a corrida até aqui com larga vantagem, e o deputado federal Bira do Pindaré, cujo partido, o PSB, bateu martelo a seu favor. O mesmo cenário aguarda uma queda de braços dentro do PCdoB entre Duarte Jr. e Rubens Júnior, e ainda a formalização da candidatura do deputado estadual Neto Evangelista pelo DEM, podendo sair sozinho ou numa aliança tendo um vice do PDT, que surpreendentemente, não tem um nome forte à sucessão do prefeito pedetista Edivaldo Holanda Júnior. No jogo estão Roseana Sarney (MDB), Wellington do Curso (PSDB), Adriano Sarney (PV), Tadeu Palácio (PSL), Franklin Douglas (PSOL) e Saulo Arcangeli (PSTU), todos com lastro político e partidários, o que tornará a corrida bem mais difícil quando o quadro de candidatos estiver definido e as forças que os embalarão forem mobilizadas. É nesse contexto que Carlos Madeira se posiciona para a largada.

Motivado pelo que, segundo o seu entendimento, “São Luís ainda não saiu da barbárie”, o agora pré-candidato Carlos Madeira deixou no ar algumas interrogações, entre elas a de como pretende, se eleito, administrar uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, que tem problemas de infraestrutura, mobilidade e dificuldades enormes nas áreas de educação, saúde e limpeza urbana, ao mesmo tempo em que é detentora do título de Patrimônio Cultural da Humanidade por conta de um patrimônio arquitetônico historicamente riquíssimo, mas ameaçado, apesar dos esforços da atual gestão e do apoio determinação do Governo do Estado. Não passou a certeza de que esteja tecnicamente preparado para enfrentar esse enorme desafio à frente de uma máquina administrativa tocada por mais de 20 mil servidores e uma quase crônica crise de caixa. Exibiu, no entanto, a determinação e a experiência de um homem público bem-sucedido, ainda que numa esfera de poder sem a responsabilidade de arrecadar para bancar suas necessidades.

O pré-candidato do SD tem menos de seis meses para convencer o comando do partido de que sua candidatura é viável e seja confirmado na convenção. Até lá, enfrentará desafios, embates, provocações e, provavelmente, até ataques, situações com as quais certamente não está habituado. Terá também a oportunidade de mostrar que, mesmo sendo o mais velho dos candidatos, pode jogar esse jogo e – quem sabe? – se dar bem.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Chama a atenção a falta de definição no PDT em relação a sucessão em São Luís

Weverton Rocha

Uma situação está chamando a atenção dos que observam com atenção a evolução da corrida à Prefeitura de São Luís: o silêncio do presidente estadual do PDT, senador Weverton Rocha, a respeito da posição do partido em relação à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Isso não quer dizer que ele tem mantido silêncio fechado sobre o assunto. Sempre que provocado em relação ao tema, responde até com boa vontade. Mas em geral suas respostas são despidas da objetividade afirmativa com que sempre reage a indagações, principalmente as de natureza política. Há quem ache que Weverton Rocha está aguardando o momento certo para colocar o PDT no jogo. O problema é que o partido, que já teve o poder de eleger “poste” em São Luís, encontra-se na delicada e inacreditável situação de não ter um nome de peso para entrar na corrida com alguma chance de vitória, a não ser ele próprio, que, no entanto, não manifesta qualquer interesse no Palácio de la Ravardière. Nos bastidores da sucessão, é forte a expectativa em relação à decisão que Weverton Rocha tomará com o objetivo de manter seu partido no comando da Capital.

 

Sucessão em S. J. de Ribamar caminha para ser uma disputa entre Luís Fernando Silva e os Cutrim

Eudes Sampaio entre Luis Fernando Silva e Gil Cutrim

Caminha para um grande embaraço a corrida para a prefeitura de São José de Ribamar. Em campanha aberta pela reeleição, o prefeito Eudes Sampaio (PTB) trabalha para atrair aliados em todas as correntes. Por seu turno, o ex-deputado Jota Pinto (Patriotas), se movimenta passando a impressão de que tem o apoio do Palácio dos Leões, sem que nada confirme isso. Agora, o ex-prefeito Julinho Matos – que muitos dizem que não pode ser candidato, havendo também que diz que pode – entra na briga pelo Rede, com o apoio declarado do candidato do partido em São Luís, Jeisael Marx. Outros candidatos de menor poder ofensivo estão tentando se viabilizar. Um político ribamarense disse à Coluna que o caldo sucessório dali vai entornar para valer mesmo quando os ex-prefeitos Gil Cutrim (ainda no PDT), hoje deputado federal, e Luís Fernando Silva (DEM), hoje secretário estadual de Assuntos Estratégicos, disserem quem são os seus candidatos. Na avaliação desse observador, se o governador Flávio Dino não se posicionar ali com firmeza, a disputa na Cidade do Padroeiro será uma medição entre Luís Fernando Silva e a família Cutrim.

São Luís, 15 de Janeiro de 2020.

Flávio Dino diz que conversar sobre 2022 é importante, mas a prioridade agora são as eleições municipais

 

Flávio Dino: as eleições municipais são a prioridade

Não faz sentido articular qualquer projeto de aliança visando 2022 quando a prioridade é cuidar das eleições municipais deste ano, cujos resultados terão influência decisiva na disputa para governador e presidente da República. Agora, é momento para  conversar a sério sobre o Brasil e não sobre sucessão presidencial. Foi essa a grande mensagem passada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) nos espaços que ocupou nas edições de domingo de O Globo, ao qual concedeu entrevista sobre o cenário político nacional, e de O Estado de S. Paulo, que publicou densa reportagem interpretativa sobre sua cruzada política pregando a unidade das esquerdas e propondo que esses segmentos saiam do isolamento e abram diálogo com setores do centro, para combater a direita. O governador confirmou que tem conversado com personalidades não-esquerdistas, como o apresentador Luciano Huck e o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, enfatizando, porém, que essas conversas tiveram como pauta o Brasil e seus problemas, descartando, “por razões práticas”, qualquer abordagem sobre a corrida presidencial de 2022. “Seria um debate destituído de objetividade, uma vez que daqui até lá há inúmeros caminhos a serem percorridos”, disse o governador a O Globo.

Com esse posicionamento, o governador do Maranhão demonstra que não se deixa contaminar pela precipitação e que se movimenta no cenário nacional impulsionado pela racionalidade política. Essa postura ganha sentido prático quando coloca as eleições municipais como prioridade, não fazendo sentido antecipar articulações para 2022 antes que os brasileiros elejam mais de 5.500 prefeitos e mais de 57 mil vereadores. Os eleitos em 2020 para prefeituras e Câmaras Municipais serão a base do processo político que desembocará nas urnas em 2022. Eles definirão o poder de fogo político e eleitoral dos partidos e, principalmente, dos candidatos a governador, senador e presidente. Um grande resultado poderá turbinar um partido e seu candidato, um mau desempenho nessas eleições poderá até mesmo liquidar as pretensões de um partido e do seu candidato presidencial, o mesmo acontecendo nas eleições para governador e senador.

Em suas respostas à entrevista a O Globo, Flávio Dino exibe   consciência de como funciona esse processo. Sabe que o projeto de poder que desenvolve com seu grupo só terá futuro tranquilo se mantiver os 16 partidos na aliança que construiu e que lhe dá sustentação, e se mostrar força nas urnas municipais. Para ele, é importante que os partidos aliados, a começar pelo PCdoB, repitam, ou até mesmo melhorem em 2020 o desempenho que tiveram nas eleições municipais de 2016. Naquele pleito, o seu partido, o PCdoB saiu das urnas com 46 prefeitos, cacife que foi reforçado pelo PDT, aliado de primeira hora, com 28 prefeitos e o PSDB, que à época era da base e comandado pelo vice-governador Carlos Brandão, que elegeu 29 prefeitos, muitos dos quais migraram com ele para o PRB, depois que o senador Roberto Rocha tomou o controle do ninho dos tucanos no Maranhão. A aliança governista elegeu também a maioria dos mais de 2,4 mil vereadores naquele pleito.

Além do recado, Flávio Dino revelou que vai jogar duro nas eleições municipais, avisando que participará ativamente das campanhas de candidatos aliados, sinalizando fortemente que ele e seu grupo não darão moleza para a Oposição na briga por prefeituras e vagas em Câmaras Municipais. Em entrevistas a programas de rádio em São Luís, há cerca de duas semanas, o governador foi enfático ao afirmar que só não participará da campanha eleitoral onde houver dois aliados disputando, e que no caso de São Luís, diante da certeza de que haverá aliados em confronto, aguardará para se posicionar no segundo turno, prevendo, com visível segurança, que a eleição do sucessor do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) não acontecerá em turno único.

Seus movimentos no cenário nacional, que há até pouco tempo eram vistos com reservas por analistas da chamada Grande Imprensa, agora são avaliados como uma ação política saudável, que já fazem parte do grande debate prévio sobre o Brasil que será discutido na corrida eleitoral de 2022.

 

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Honorato Fernandes tenta abrir o PT a conversas, mas Zé Carlos e Zé Inácio tentam desautorizá-lo

Honorato Fernandes tenta abrir o PT, mas Zé Carlos e Zé Inácio tentam  desautorizá-lo

Curiosa, e para alguns, incompreensível, a movimentação do PT em relação à corrida para a Prefeitura de São Luís. Com a autoridade política de presidente do braço do partido em São Luís, o vereador Honorato Fernandes tem conversado para, tudo indica, situar o partido no contexto da corrida sucessória. Na semana que passou, Honorato Fernandes reuniu-se com Rubens Júnior, pré-candidato do PCdoB à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Ontem, o chefe do PT ludovicense sentou para conversar com o deputado federal Bira do Pindaré, candidato definido do PSB ao Palácio de ao Ravardière. O problema é que o deputado federal Zé Carlos e o deputado estadual Zé Inácio, ambos interessados em que o PT entre na disputa tendo um deles como candidato, tentam desmoralizar os    movimentos de Honorato Fernandes, declarando que o vereador não tem autoridade para tratar desse assunto em nome do partido. Estranha a reação dos dois parlamentares, que parecem não perceber que atacando o presidente do partido nesse tom estão dando uma demonstração pública de que o PT de São Luís, e por via de consequência o do Maranhão, é um partido cheio de sem rumo.

 

Othelino Neto quer manter normalidade na Assembleia durante o primeiro semestre

Othelino Neto

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), está definindo uma estratégia para impedir que por causa da disputa eleitoral nos municípios o Poder Legislativo tenha sua dinâmica prejudicada ao longo dos próximos meses. O presidente deve anunciar em fevereiro, com o retorno das atividades parlamentares, as bases de uma agenda que permita aos deputados cumprir as obrigações e os deveres do mandato, encontrando tempo também para dar assistência aos seus aliados em campanha nos municípios. Além das atividades legislativas propriamente ditas, como o debate e a votação de matérias, o presidente pretende manter projetos como o Assembleia em Ação, por exemplo, pelo menos durante o primeiro semestre. A ideia é manter a normalidade da Casa até o início da campanha eleitoral, em agosto, quando será mantida a tradição do “recesso branco” durante a corrida às urnas.

São Luís, 14 de Janeiro de 2020.

Caxias: Grupo Coutinho ainda é poderoso, mas sem um líder forte, corre o risco de cair na desagregação

 

Sem a liderança de Humberto Coutinho, Cleide Coutinho tem dificuldade para manter aliados como Rubens Pereira, 

O anúncio feito na semana passada pelo ex-prefeito de Matões e ex-deputado estadual Rubens Pereira informando que tomará outro rumo, ou seja, não apoiará a candidatura do prefeito Ferdinando Coutinho (PSB) à reeleição na eleição de outubro, confirma o que já vinha sendo previsto nos bastidores mais fechados e nos círculos mais ativos da política estadual: a desagregação do poderoso grupo político criado pelo ex-prefeito de ex-deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), falecido no início de 2018, quando exercia o segundo mandato de presidente da Assembleia Legislativa. O afastamento de Rubens Pereira se dá num momento em que o Grupo Coutinho, hoje comandado pela viúva de Humberto Coutinho, deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), estremece numa desgastante e perigosa guerra interna por conta da indefinição sobre quem vai representá-lo na corrida sucessória em Caxias, o epicentro do seu poder, evidenciando uma desidratação que vem consumindo suas forças desde a partida do seu grande líder.

Ao longo de mais de três décadas, período em que foi cinco vezes deputado estadual – duas vezes presidente da Assembleia Legislativa, tendo, numa delas, sido governador por 72 horas – e duas vezes prefeito de Caxias, liderando uma guerra política cerrada, intensa e sem concessões contra o poder ascendente do também deputado estadual, deputado federal e prefeito Paulo Marinho (MDB), Humberto Coutinho acumulou um enorme cacife político, com habilidade, carisma e uma surpreendente capacidade de articulação. Montou em Caxias e Matões pilares sólidos da sua malha de poder, que exerceu praticando e aprimorando a sua versão ímpar de fazer política: conversa franca, acordos bem amarrados e rigorosamente cumpridos e compensações materializadas nos resultados das urnas. Durante todo o seu período de ação política, Humberto Coutinho se notabilizou por movimentos arrojados, como o rompimento com o Grupo Sarney – feito a contragosto devido à opção dos líderes sarneysistas por uma aliança com Paulo Marinho -, o apoio ao governador José Reinaldo no rompimento desse com o sarneysismo em 2004, e às candidaturas de Flávio Dino (PCdoB) para deputado federal e de Jackson Lago (PDT) ao Governo em 2006.

Humberto Coutinho tentou criar seu sucessor elegendo o sobrinho Leo Coutinho prefeito em 2012. Mas derrota dele ao tentar se reeleger numa disputa com o vereador Fábio Gentil (PRB) em 2016 foi um duro e inesperado golpe no poder de fogo de Humberto Coutinho, que se encontrava no auge do seu poder como o principal esteio político do governador Flávio Dino. Os meses que se seguiram à derrota fragilizaram o Grupo e a saúde do líder, que acabou vencido por um câncer no início de 2018. Sem a sua liderança forte e incontestável e sem um sucessor devidamente preparado, o Grupo por ele criado teve seu comando assumido pela viúva Cleide Coutinho, que mostrou força ao se eleger deputada estadual com a segunda maior votação. Os primeiros movimentos para as eleições municipais, em 2019, porém, sinalizaram com clareza que, sem a liderança e o comando firme de Humberto Coutinho, o Grupo dificilmente se manteria unido. Tanto que o ano terminou sem que tivesse definido um candidato ou negociado uma aliança em torna de um nome para enfrentar o prefeito Fábio Gentil.

O afastamento de Rubens Pereira poderá impor ao Grupo Coutinho a perda do comando político de Matões, o que será mais um golpe duro no legado político de Humberto Coutinho. Por maior que sejam a sua boa vontade, o seu prestígio e o apoio de aliados decisivos – como o governador Flávio Dino, por exemplo, que tentou, em vão, costurar uma grande aliança unindo os Coutinho com os Gentil -, a deputada Cleide Coutinho dificilmente terá força e ânimo para manter o grupo unido. Além das divergências internas e, contribuem para isso o fortalecimento visível e crescente do prefeito Fábio Gentil, a aliança por ele mantida com Paulo Marinho e o surgimento de lideranças novas, como o deputado Adelmo Soares (PCdoB), que vai aos poucos ocupando seu espaço na seara política da Princesa do Sertão.

Esse cenário em evolução não aponta para a desagregação imediata do Grupo Coutinho, mas se as suas correntes não demonstrarem rapidamente que podem estancar o desgaste com a escolha de uma nova liderança, o desmanche será apenas uma questão de tempo.

PONTO & CONTRAPONTO

 

PCdoB tentará manter Rubens Jr. e Duarte Jr. do mesmo lado

Rubens Júnior e Duarte Júnior: um terá de apoiar o que for escolhido candidato do PCdoB à Prefeitura de SL

Não houve ainda qualquer manifestação do governador Flávio Dino nem do presidente do partido, deputado federal Márcio Jerry, mas todos os movimentos informais dentro e fora dos bastidores governistas sugerem que o PCdoB caminha para escalar o deputado federal licenciado e atual secretário das Cidades e Desenvolvimento Urbano, Rubens Júnior, como o candidato da agremiação à Prefeitura de São Luís. As manifestações pró-Rubens Júnior são evidentes e ele próprio vem se movimentando de maneira independente, mas aqui e ali deixando entrever que seus passos têm clara anuência do domando partidário. O único fator de retardamento da formalização da escolha é o deputado Duarte Júnior, que é pré-candidato assumido, tem mostrado desempenho surpreendente nas pesquisas e estaria até mesmo disposto a mudar de partido para concorrer à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT). O governador Flávio Dino e o deputado Márcio Jerry tentam encontrar uma fórmula de consolidar o projeto Rubens Júnior sem impor desgastes a Duarte Júnior, que é hoje um quadro que o PCdoB não tem razões para perder, ao contrário, tem todas as razões do mundo para preservar. A ordem do governador Flávio Dino é usar todos os recursos da diplomacia política para manter Rubens Júnior e Duarte Júnior como aliados nessa disputa. E nesse ponto os dois estão tendo comportamento exemplar: Rubens Júnior não ataca Duarte Júnior, e vice-versa.

 

MDB planeja lançar chapa forte à Câmara de São Luís

MDB quer emplacar vereadores na Câmara de São Luís

Ao mesmo tempo em que movimenta o cenário tentando convencer a ex-governadora Roseana Sarney a entrar na briga pela Prefeitura de São Luís, a cúpula do MDB cuida, de maneira mais discreta, mas com o mesmo empenho, de montar uma chapa de peso para disputar cadeiras da Câmara Municipal. Os nomes ainda estão são mantidos sob sete capaz, mas é certo que a chapa contará com políticos, empresários, artistas e, claro, ex-vereadores tentando fazer o caminho de volta. O projeto é arrojado e ambicioso: eleger entre três e cinco vereadores. Isso explica em parte a corrida do partido em busca de um candidato a prefeito de forte expressão política e bom lastro eleitoral, que possa “puxar” a chapa de candidatos a vereador, como a ex-governadora Roseana Sarney, por exemplo. Com a iniciativa, o MDB está determinado a não repetir a vexatória situação de 2016, quando não elegeu nenhum dos 31 vereadores de São Luís. É anotar e conferir.

São Luís 12 de Janeiro de 2020.

 

Corrida à Prefeitura de São Luís começa ressuscitando o que há de mais saudável na política: a conversa

 

Acima: Rubens Júnior conversa com Honorato Fernandes; no meio: Simplício Araújo conversa com Duarte Júnior e Carlos Madeira, e embaixo: Franklin Douglas conversa com Bira do Pindaré

O eleitor ludovicense mais atento está assistindo a um processo político saudável: pré-candidatos à Prefeitura de São Luís mergulhados em articulações que se dão por meio de conversas entre representantes partidários em busca de alianças que lhes garantam lastro político e eleitoral para a corrida às urnas daqui a pouco mais de nove meses. Nas últimas duas semanas foram registrados encontros diversos nesse sentido, entre eles o da cúpula do Solidariedade com os aspirantes a candidato Duarte Jr. (PCdoB) e Carlos Madeira (que deve se filiar ao SD), o de Bira do Pindaré (PSB) com Franklin Douglas (PSOL), o que reuniu Rubens Júnior (PCdoB) e Honorato Fernandes (PT), e a rumorosa conversa de Eduardo Braide (Podemos) com Josimar de Maranhãozinho (PL), além vários outros a respeito dos quais só se soube por meio de rumores de bastidor. Uma das conversas mais importantes se deu entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), tendo o primeiro entregue a coordenação do processo político-eleitoral ao segundo, que deve deflagrar a operação no final de fevereiro ou no início de março.

É universal a tradição segundo a qual política é a arte de alcançar o impossível por meio da boa conversa. Mas no Maranhão, durante muitos anos, as decisões foram tomadas na mansão do Calhau, o QG do Grupo Sarney, onde todos dependiam da palavra final de José Sarney e, mais recentemente, de Roseana Sarney. No campo oposicionista, as decisões eram tomadas no apartamento de Jackson Lago, que tinha a palavra final sobre qualquer decisão do PDT, e na residência de João Castelo, que também costumava bater martelo sem levar muito em conta a opinião de aliados.

O que está acontecendo agora na Capital, por conta da sucessão no Palácio de la Ravardière, é a reinvenção da política por excelência, na qual propor alianças e até mesmo dialogar com adversários deixou de ser heresia, valendo o que for acertado na mesa de negociação, na qual se faz propostas e concessões para se obter bons acordos, como recomenda a boa prática política. Um exemplo dessa boa prática são as investidas do chefe do Solidariedade, Simplício Araújo, em busca de um candidato para seu partido, abrindo caminho para entendimentos em diversas direções. Também a conversa de Rubens Júnior com o chefe petista Honorato Fernandes demonstra ser possível a construção de uma aliança PCdoB/PT visando a Prefeitura de São Luís.

Quando Bira do Pindaré e Franklin Douglas conversam sobre a conveniência política de PSB e PSOL marcharem alinhados, se possível levando junto PCB e PT. Com a iniciativa, demonstram que o isolamento de alguns segmentos da esquerda mais radical pode ser quebrado, de modo a que eles possam formar o lastro de uma chapa potencialmente forte, se encabeçada pelo parlamentar do PSB, já testado nas urnas da Capital. O mesmo ocorre quando o senador Weverton Rocha comanda entendimentos do PDT com Neto Evangelista, do DEM, e Roberto Costa propõe a candidatura da ex-governadora Roseana Sarney, ao mesmo tempo em que tenta abrir o MDB em todas as direções. Diferentemente de outros tempos, as conversas se dão sem a preocupação de os articuladores estarem contrariando chefes maiores dos seus grupos.

Esse novo movimento no tabuleiro político de São Luís é em grande medida resultado da visão política do governador Flávio Dino, que é o comandante inconteste de uma ampla aliança, mas não reprime a ação política dos líderes que dela fazem parte. No caso da sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, vários nomes se movimentam em busca de apoio para lançar candidaturas. Ninguém foi atropelado. Isso significa dizer que a aliança comandada pelo governador pode formar fileira em torno de um candidato, podendo também pode se dividir para embalar várias candidaturas, que terminarão por de mobilizar no apoio à mais viável.

É a boa prática política em andamento.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Se Luciano Huck for candidato pelo Cidadania, Eliziane Gama pode ficar em situação delicada

Eliziane Gama: corrida presidencial poderá colocá-la numa saia muito justa

A senadora Eliziane Gama acompanha atentamente a movimentação do chefe maior do seu partido, o Cidadania, Roberto Freire, no sentido de emplacar o apresentador Luciano Huck como candidato da agremiação a presidente da República em 2022. Eleita para o Senado com o apoio decisivo do governador Flávio Dino, Eliziane Gama ficará numa tremenda saia justa se o projeto de Roberto Freire ganhar força e o governador Flávio Dino também entre na corrida presidencial pelo PCdoB. Nos últimos dias, Roberto Freire tem se movimentado intensamente para atrair Luciano Huck para o Cidadania, uma vez que, mesmo com o apoio aberto e assumido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a filiação ao apresentador ao PSDB foi mortalmente bombardeada pelo governador de São Paulo, João Dória, que dá hoje as cartas no partido e é candidatíssimo à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Hoje um dos nomes mais destacados do Cidadania no Congresso Nacional, a senadora Eliziane Gama terá de tomar uma decisão dificílima se Luciano Huck sair candidato pelo seu partido e o governador Flávio Dino entrar na corrida presidencial pelo PCdoB.

 

Presença da primeira-dama na comitiva do prefeito de São Luís tem chamado a atenção

A primeira-dama Camila Holanda tem acompanhado o prefeito Edivaldo Holanda Júnior em todas incursões dele para inspecionar obras em andamento nos bairros

Aumenta a cada dia a curiosidade geral a respeito do que está realmente motivando a participação da primeira-dama de São Luís, Camila Holanda, nas incursões diárias do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) pelos bairros de São Luís onde estão sendo realizadas obras da Prefeitura. No primeiro mandato do marido, de quem é o maior esteio, Camila Holanda teve participação discreta, distante da rotina de trabalho do prefeito. Desde o ano passado, porém, ela se tornou parte ativa e permanente dessa rotina, usando capacete de proteção, calças jeans surradas e calçando botas para pisar na lama, se for o caso. Fala pouco, evita palpite técnicos, mas os auxiliares mais próximos do prefeito já teriam aprendido a identificar no seu olhar as expressões de aprovação e desaprovação em relação às obras vistoriadas. Há quem diga que Camila Holanda estaria se preparando para uma tarefa política de grande envergadura, mas ninguém arrisca um palpite a respeito. O fato é que sua juventude, beleza e simpatia têm dado um armais leve à comitiva do prefeito Edivaldo Holanda Júnior.

São Luís, 10 de Janeiro de 2020.

Eficiência do Governo Dino mostrada pelo G1 é fruto de gestão feita com princípios e decisão política

 

Flávio Dino: trabalho duro e controle férreo têm produzido gestão eficiente no Estado

Se seus adversários apostaram que no segundo mandato o governador Flávio Dino (PCdoB) seria intimidado e mergulharia no desânimo diante do cenário em que a política nacional deu uma guinada radical à extrema direita com a eleição de Jair Bolsonaro presidente da República, perderam a aposta. Mais animado politicamente, tendo assumido a linha de frente da Oposição ao novo poder central, o governador do Maranhão pisou no acelerador administrativo e fechou o primeiro ano do segundo mandato apontado como comandante do segundo Governo mais eficiente do País, tendo realizado nada menos que 70% das metas traçadas no programa de ação, de acordo com levantamento feito pelo G1, o portal de notícias do sistema Globo. O Governo do Maranhão ficou atrás apenas do Governo do Ceará, que conseguiu cumprir 74% das metas anunciadas. Com essa informação, Flávio Dino ganhou gás suficiente para turbinar sua gestão, dando continuidade aos programas de Governo, e intensificar sua ação política, que tem no plano maior uma eventual candidatura ao Palácio do Planalto.

Realizado desde o final de 2015, o levantamento do G1 avalia o cumprimento dos compromissos de campanha e das promessas feitas por cada governante antes de assumir o cargo. Os números anunciados nesta semana dizem respeito ao primeiro ano de mandato dos governadores eleitos ou reeleitos em 2018 e empossados em janeiro de 2019. O resultado obtido pelo Governo do Maranhão é melhor do que o alcançado no primeiro ano do primeiro mandato, em 2015, quando a eficiência fez com que o Governo realizasse 59% dos seus compromissos de campanha, tendo colocado o Maranhão na segunda posição.

A eficiência da atual gestão estadual não é uma ocorrência surpreendente e imprevista, mas o resultado de um conjunto de ações motivadas por decisões políticas cuidadosamente concebidas. No discurso de posse que fez na Assembleia Legislativa no dia 1º de janeiro de 2015, o governador Flávio Dino (PCdoB) assumiu, perante deputados, autoridades e convidados um compromisso muito claro e enfático: governar usando correta e honestamente os recursos públicos, de modo a realizar uma gestão que investisse em programas voltados para enfrentar e reduzir as desigualdades que maculam fortemente a estrutura social do Maranhão. Daí nasceram programas como Escola Digna, Iemas, Mais IDH, Mais Saúde, Mais Segurança, outros que encontrou já em andamento e que ampliou fortemente, como o Restaurante Popular, além de investimentos em infraestrutura e na cultura, entre outros de igual peso nas diversas áreas de alcance dos serviços públicos.

Os bons resultados alcançados pelo Governo do Maranhão são frutos do que pode ser definido como um princípio em forma de procedimento: a boa aplicação do dinheiro público. Nos seus cinco anos não veio à tona, nem como especulação, qualquer suspeita de desvio, desperdício ou outra distorção no uso dos recursos do contribuinte. Nos bastidores do Governo todos os ordenadores de despesas sabem que o governador é intolerante e implacável nesse campo, exercendo um controle férreo sobre compras, contratos e pagamentos. Parte das 12, 14 horas de trabalho diário é dedicada ao acompanhamento da situação financeira do Governo, informando-se permanentemente sobre o que tinha, o que entrou e o que saiu do caixa. Esse cuidado   permanente lhe permitiu garantir o pagamento da folha de pessoal sem uma semana de atraso nos seus 60 meses de Governo, o que o tornou uma referência entre os governadores.

O levantamento feito pelo G1 chega num momento importante tanto no aspecto administrativo quanto no campo da política. Administrativamente, reforça a imagem de gestor eficiente que o governador Flávio Dino vem consolidando desde o primeiro levantamento, revelado no início de 2016.  Já no campo político, reforça sua posição e sua influência no tabuleiro no tabuleiro onde se movem as pedras da política maranhense, situação que se reflete no cenário nacional, no qual muitos gestores são vistos como exemplos de fracasso.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Holanda Júnior só vai tratar de sucessão depois do Carnaval

Edivaldo Holanda Júnior, acompanhado da primeira-dama Camila Holanda: sucessão só depois do Carnaval

Uma decisão teria sido tomada no gabinete principal do Palácio de la Ravardière: o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) vai mesmo coordenar as articulações para a participação dos partidos aliados na corrida para a sua sucessão. Mas estaria decidido também a só entrar no cenário sucessório para valer depois do Carnaval, que terá seu ápice no dia 25 de fevereiro. Isso significa dizer que as definições só ocorrerão com a chegada das águas de março. O prefeito está no momento focado no programa de obras que pretende inaugurar até o final do ano, sendo que muitas delas – como a reforma da Praça da Bíblia, por exemplo – deverão ser entregues antes da folia momesca. Isso não significa dizer que Edivaldo Holanda Júnior esteja à margem da movimentação dentro e fora do seu partido na busca de candidatos. Há relatos de que ele tem conversado com o senador Weverton Rocha sobre a posição do PDT, mas nada que tenha resultado em definição. Portanto, mesmo considerando a imprevisibilidade da política, é quase certo que o prefeito só vai mesmo se manifestar sobre o assunto quando Momo partir.

 

Distância entre partidos da base mostra o tamanho da divisão do sarneysismo

Roberto Costa, Adriano Sarney, Edilázio Júnior e Aluísio Mendes: sarneysismo dividido e sem chance de união

A corrida à Prefeitura de São Luís vem mostrando o tamanho da divisão que torna quase impossível ao que restou do Grupo Sarney se juntar em torno de um projeto de candidatura. O MDB, sob o comando político do deputado Roberto Costa, caminha com os seus próprios pés e emite todos os sinais de que não quer conversa com a pré-candidatura do deputado estadual Adriano Sarney (PV), que também tem feito o mesmo em relação ao MDB. O deputado federal Edilázio Júnior, que controla o PSD no Maranhão, tem se mantido distante dos movimentos do MDB e da pré-candidatura de Adriano Sarney, dando a impressão de que só conversará com o PV depois de esgotar outras possibilidades. E, finalmente, o deputado Aluísio Mendes, agora no comando do PSC, nada disse ainda a respeito de como seu partido caminhará rumo ao Palácio de la Ravardière. E o que chama mais atenção é que a ex-governadora Roseana Sarney, que poderia articular uma frente com esses partidos, parece não ter qualquer interesse em assumir o desafio.

São Luís, 09 de Janeiro de 2020.