Se alguém duvidava que o deputado estadual Wellington do Curso (PP) se movimentava embalado pelo objetivo de entrar para valer na corrida eleitoral, essa dúvida foi derrubada ontem, no plenário da Assembleia Legislativa, em cuja tribuna ele anunciou sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís. O anúncio, feito na esteira de um discurso emocionado, transformou a sessão legislativa de num ato político cujo peso foi medido pela reação de vários deputados, que não apenas o cumprimentaram pelo audacioso projeto eleitoral, como também reconheceram que ele reúne as condições para entrar na briga em condições de obter um bom resultado nas urnas. O mais novo pré-candidato a prefeito da Capital, que há algum tempo vem assombrando os demais envolvidos na disputa com uma desenvoltura surpreendente, justificou o passo decisivo com duras críticas ao prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e, por tabela, aos demais nomes que já estão em pré-campanha, como a sua ex-colega de partido, a deputada federal Eliziane Gama (PPS), que até aqui lidera a preferência do eleitorado.
Wellington do Curso entra na briga pelo gabinete principal do Palácio de la Ravardière turbinado por pesquisas que – polêmicas à parte – o apontam como um nome leve e viável para aspirar candidatura. No levantamento mais recente, feito pelo confiável instituto Econométrica, ele aparece em terceiro lugar, com 16% das intenções de voto, atrás de Eliziane Gama (24%) e de Edivaldo Jr. (20%). Levada em conta a margem de erro de 3,5%, esses percentuais poderiam colocá-lo em situação de empate técnico com os dois, dependendo do desempenho de cada um. Tais números, somados à avaliação que faz da atual gestão municipal, lhe deram argumentos para assumir a condição de candidato a prefeito de São Luís pelo PP.
Deputado de primeiro mandato, com mais de metade da votação em São Luís, e exibindo uma vontade férrea de se tornar militante de uma política de resultados, Wellington do Curso entra na briga turbinado por uma bem armada estratégia de combinar a sua condição de parlamentar estadual com a de um atuante e incansável “vereador” de São Luís. Essa combinação começou a se desenhar em meados do ano passado, quando percebeu que seu destino imediato era figurar como suporte para Eliziane Gama, já que figurava sempre à sombra da deputada. Certo de que se permanecesse no PPS seria sempre “regra três” da pré-candidata, rompeu com o partido, permaneceu algum tempo sem partido e acabou desembarcando no PP, com a garantia de controlá-lo em São Luís. Aprendeu a lição quando em 2012, com forte possibilidade de eleger-se vereador, foi atropelado pelo então presidente do PSL, Francisco Carvalho, e por uma equação óbvia: o partido faria um vereador, Wellington do Curso; sem ele na chapa, teria a vaga, que nesse caso ficaria com o mais votado, Francisco Carvalho. Certo de que não bateria Wellington nas urnas, Carvalho o catapultou do partido.
Longe da sombra inibidora de Eliziane Gama e filiado a uma agremiação onde não corre o risco de ser atropelado, Wellington do Curso entra na corrida eleitoral focado apenas na guerra pela conquista do eleitorado. E logo chegou à conclusão de que só chegará a algum lugar credenciando-se como o mais duro e implacável opositor do prefeito Edivaldo Jr.. Desde então, tem dedicado a maior parte do seu tempo a procurar e apontar mazelas estruturais, sociais e econômicas na vida de São Luís, responsabilizando o prefeito Edivaldo Jr. por tudo o que há de errado na cidade, transformando a tribuna da Assembleia Legislativa numa espécie de trincheira, de onde dispara diariamente petardos na direção do prefeito. Sua atuação insistente já tirou várias vezes do sério o deputado Edivaldo Holanda (PTC), que faz as vezes de porta-voz e escudeiro do prefeito de São Luís no parlamento estadual.
No seu discurso, Wellington repassou sua trajetória de menino pobre que venceu na vida, tornando-se um empresário bem sucedido no ramo educacional. Na política, destacou que atua desligado de grupos, que não tem chefe nem está subordinado a financiadores, situação que lhe dá independência para fazer o que acha certo. Disse pertencer à base de apoio do governador Flávio Dino (PCdoB), mas que até hoje não foi recebido no Palácio dos Leões, o que em nada muda sua posição nem sua autonomia. E avisou que está no jogo sucessório decidido a chegar ao Palácio de la Ravardière, “para fazer o que acho que deve ser feito”.
O anúncio da pré-candidatura foi saudado por vários parlamentares, entre eles Roberto Costa (PMDB), que é pré-candidato à Prefeitura de Bacabal e que o estimulou a seguir em frente; Vinícius Louro (PR) e Cabo Campos (DEM), entre outros.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Alívio fugaz e recado direto
O ex-senador pelo Ceará e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado declarou, na sua delação premiada, que durante os mais de 10 anos em que esteve na direção da subsidiária da Petrobras arrecadou mais de R$ 100 milhões junto a empresas que prestadoras de serviço para abastecer mais de uma dezena de políticos, em especial dirigentes do PMDB, e principalmente pemedebistas maranhenses, no caso o senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão e o ex-presidente José Sarney. Os dois teriam recebido R$ 42 milhões – Lobão R$ 22 milhões e Sarney R$ 20 milhões. Tais informações chegaram a público menos de 24 horas depois de o Brasil tomar conhecimento de que o Supremo Tribunal federal decidira não acatar o pedido de prisão dos principais denunciados por Machado: José Sarney e os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá. É como se com isso o ministro-relator Teori Zavaski estivesse mandando o seguinte recado: não comemorem, pois ainda temos muito que conversar. Os detalhes com que Sérgio Machado ornou a delação são muito fortes. Um exemplo: na condição de ministro de Minas e Energia, Lobão teria exigido R$ 500 mil por mês. São não forem mentiras canalha do delator que ele parece ser, serão será um crime do qual o ministro maranhense não conseguirá se livrar. Situação idêntica a do ex-presidente José Sarney, que terá de explicar o recebimento de R$ 20 milhões em doações que supostamente lhe foram repassados pelo então presidente da Transpetro, um sujeito tão íntimo que o chamava de “pai”.
Imagem de uma geração no poder
A imagem foi registrada segunda-feira (13), na sede do Ministério Público do Maranhão, pouco antes de ser iniciado o ato de posse do novo procurador geral de Justiça, Luiz Gonzaga Coelho. Ela expressa com precisão a geração que se encontra exercendo algumas das mais importantes faces do poder no Maranhão. Na ordem da esquerda para a direita:
Edivaldo Holanda Jr. (PDT), menos de 40 anos, prefeito de São Luís há três anos e meio, enfrentando enormes dificuldades em decorrência da crise que assola o País, mas enfrentando-a com muito trabalho e, mais do que isso, com correção administrativa e coerência política. Pleiteia a reeleição, mas independentemente do resultado a ser produzido pelas urnas, já está inscrito como um dos políticos mais importantes da sua geração.
Roberto Costa, deputado estadual pelo PMDB, partido do qual é hoje um dos nomes mais representativos em todo o País, representava no ato a Assembleia Legislativa. Um dos mais destacados articuladores do Poder Legislativo, Roberto Costa é considerado um militante partidário fiel e obstinado, tanto que no momento trabalha duramente para disputar a Prefeitura de Bacabal, onde seu trabalho político o transformou em representante daquele que está entre os 10 municípios mais importantes do Maranhão.
James Magno Farias, desembargador do Trabalho e reconhecido no meio jurídico como um dos mais bem preparados magistrados do Maranhão nas mais diversas esferas da Justiça. Já comandou todas as instâncias da Justiça do Trabalho no Maranhão. Mas o exercício da magistratura é complementado com o magistério, que também exerce em faculdades de Direito de São Luís, reconhecido como um pensador do direito.
Paulo Velten, desembargador do Tribunal de Justiça do Maranhão, onde vem se destacando como um dos magistrados mais preparados. Levou para a mais importante Corte da Justiça maranhense os conhecimentos e a larga e rica experiência de advogado estudioso e fundador e líder de uma banca bem sucedida, com importante contribuição também no magistério.
Thiago Diaz, presidente da Secional Maranhense da OAB. Representante de novíssima geração de advogados maranhenses, Diaz surpreendeu o mundo da advocacia quando em 2015 contrariou a lógica e venceu a eleição para o comando da instituição que representa sua categoria profissional e atua na defesa do estado democrático de direito.
São Luís, 15 de Junho de 2016.