Arquivos mensais: julho 2015

Parcerias com o Governo reforçam Edivaldo Jr. para a corrida às urnas no ano que vem

 

interbairros
Ao lado do deputado Humberto Coutinho, presidente da Assembleia Legislativa, o prefeito Edivaldo Jr. abre largo sorriso ao ouvir o governador Flávio Dino
eliziane 2-horz
Eliziane Gama e João Castelo lideram as pesquisas,

O lançamento, segunda-feira, do Projeto Interbairros, no qual Governo do Estado e Prefeitura de São Luís estão se unindo, via convênios, para a construção de 14 vias destinadas a interligar bairros e, assim, aliviar o sufocante trânsito de São Luís com a redução dos congestionamentos, tem também o seu viés político. O programa é um desses tiros no centro do alvo, a começar pelo fato de que a malha viária da capital encontra-se na iminência de entrar em colapso. E, associado a outras ações, como o recém lançado pacote de recuperação e pavimentação de eixos viários, o governador Flávio Dino (PCdoB) injeta no prefeito Edivaldo Jr. (PTC) uma dose de ânimo administrativo que, ninguém duvida, será revertido em cacife político para as eleições do ano que vem.

No que pode ser interpretado como uma estratégia, o governador Flávio Dino vai delineando os contornos do cenário para a corrida eleitoral de 2016 em São Luís. Cumpre sua parte do trato político firmado ainda em 2012, quando, ao fazer a opção pelo então deputado federal Edivaldo Jr. como seu candidato a prefeito, fez campanha pregando que a eleição dele seria o primeiro passo do movimento que o elegeria governador em 2014. E se aquele projeto vingasse, o Governo do Estado quebraria a velha, surrada e cruel regra segundo o qual, controlados por adversários políticos, Governo do Estado e Prefeitura de São Luís nada fariam juntos. O trato está sendo cumprido à risca.

Essa aliança administrativa forjada com material político coloca, aparentemente, o governador Flávio Dino numa situação embaraçosa em relação a outros aliados seus também se preparando para disputar a cadeira principal do Palácio de la Ravardière com claras possibilidades de levar a melhor nas urnas. E para evitar problemas e afastamentos, o governador avisou, em alto e bom tom, que não tem candidato a prefeito. Mas acrescentou, na mesma batida: a disputa política à sua volta não pode impedi-lo de firmar as tão sonhadas parcerias com a Capital.

No tabuleiro sucessório de São Luís, os três nomes com plena viabilidade estão entre os aliados do Governo do Estado: a deputada federal Eliziane Gama (PPS), o deputado federal João Castelo (PSDB) e o prefeito Edivaldo Jr.. Os três integram a base política liderada pelo governador Flávio Dino, mas têm posições bem diferentes. Eliziane Gama faz cerrada oposição ao Governo da presidente Dilma Rousseff, o que não interessa ao Governo do Estado. João Castelo vem se equilibrando numa posição ambígua, em que, mesmo tucano, vem amenizando o discurso em relação ao Governo Federal. Já o prefeito Edivaldo Jr., na linha do governador, está alinhado ao Palácio do Planalto.

Qualquer análise, superficial ou aprofundada, do cenário certamente levará à conclusão de que o atual prefeito de São Luís é, politicamente, o parceiro mais confiável e conveniente ao governador. Isso, no entanto, não quer dizer que Flávio Dino esteja disposto a abrir mão de ter na sua esfera de ação política quadros como Eliziane Gama e João Castelo, até porque não seria nada proveitoso tê-los como adversários.

As parcerias firmadas até agora dão novo ânimo à atual gestão da Capital, e não há dúvidas de que no campo político o prefeito Edivaldo Jr. é o grande beneficiário. E todas as avaliações feitas indicam que ele dispõe de tempo e gás para se credenciar a um segundo mandato. Tais condições são o caminho, mas não lhe asseguram a reeleição, de vez que, a deputada Eliziane Gama aparece até aqui com larga vantagem nas primeiras medições das preferências do eleitorado para uma eleição que acontecerá daqui a 14 meses. E até lá tudo pode acontecer.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Hildo Rocha acende rastilho de pólvora I

hildo rocha 2O deputado federal Hildo Rocha (PMDB) (foto) fez ontem um discurso que pode ter acendido um rastilho de pólvora que poderá levar a uma bomba política de proporções difíceis de mensurar ou a um traque sem qualquer consequência. Ele levantou a suspeita de que o governador Flávio Dino (PCdoB) recebeu dinheiro da empreiteira UTC, do empresário Ricardo Pessoa, apontado como chefão do esquema de corrupção que desviou bilhões da Petrobrás e financiou campanhas eleitorais e foi apanhado pela Operação Lava Jato. Sem fazer acusação direta, Hildo Rocha registrou, primeiro, que a deputada fluminense Jandira Feghali, uma das maiores estrelas do PCdoB, recebeu dinheiro sujo da UTC, conforme planilhas apresentadas por Ricardo Pessoa. E que no depoimento do empresário consta que ele deu dinheiro para dois candidatos a governador, um deles seria o atual governador do Maranhão.

 

Hildo Rocha acende rastilho de pólvora II

No seu discurso, o deputado Hildo Rocha revelou que tomou conhecimento desse rumor no final de maio, quando oficiou ao Ministério Público Federal solicitando as planilhas. Foi atendido em parte, porque as folhas que citariam os governadores foram retiradas. Rocha relatou que conversou com vários congressistas e advogados sobre o assunto e que ouviu de alguns deles a suspeita de que a não revelação do nome do governador poderia ser um acerto com o procurador federal Nicolau Dino, subprocurador geral da República e um dos braços direitos do procurador geral Rodrigo Junot. “Todos me disserem que eu estou perdendo tempo”, destacou. O deputado pemedebista demonstrou que não tem certeza absoluta, mas que está convencido de que o tal governador cujo nome está sendo mantido sob sigilo é o do chefe do executivo do Maranhão. Reclamando do vazamento seletivo, o deputado avisou que vai continuar tentando colocar tal suspeita a limpo.

 

São Luís, 07 de Julho de 2015.

 

 

Planilhas de empresário e reportagem da Globo atingem Lobão

 

Ricardo Pessoa
Pessoa reafirmou denúncia, a Globo repicou e Lobão sofreu mais desgaste

Na noite de sábado (4), os maranhenses foram surpreendidos por uma matéria de fôlego no Jornal Nacional, da Rede Globo, repercutindo declaração do empresário Ricardo Pessoa, em depoimento em regime de delação premiada, afirmando que o senador Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e Energia, recebeu R$ 1 milhão – pago em duas ou três parcelas – para remover alguns obstáculos que estariam atrapalhando as ações do consórcio de empreiteiras na construção da Usina Nuclear Angra 3. Ricardo Pessoa apresentou como prova algumas planilhas montadas por ele próprio, as quais, afirma, representariam o mapa da corrupção. A bomba contra o senador é questionada do ponto de vista formal, mas ninguém duvida de que ela aumenta o estrago já feito na imagem política e pessoal dele.

A informação foi divulgada pela revista Veja – que apontou o senador maranhense como “achacador” – e pelos grandes jornais, que registraram a declaração de Pessoa em relação ao ex-ministro de Minas e Energia. Mas a Globo foi mais longe, elegendo a denúncia contra Lobão como a mais importante do conjunto das supostas provas publicadas por Veja. A rede deslocou um repórter para por a limpo a informação segundo a qual o dinheiro teria sido recebido por um amigo do então ministro de Minas Energia. O cenário da reportagem foi Brasília, mas o esforço de investigação jornalística terminou como começou, sem acrescentar uma vírgula ao que já tinha sido publicado, deixando no ar a suspeita de que a intenção implícita na pauta foi disparar chumbo grosso contra o senador.

Como vem acontecendo desde a primeira denúncia sobre o esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato, a defesa do senador Edison Lobão, representada pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, tem contestado as denúncias. Usa um argumento para muitos insuficiente, mas que aos olhos da Justiça é francamente favorável ao ex-ministro de Minas e Energia: a falta de provas consistentes e incontestáveis. Para quem acha que Lobão é favorecido, a delação não vale se não é acompanhada de prova material ou documental irrefutável, o que dificilmente seria produzida num esquema de corrupção.

Craque em política, tarimbado no jogo do poder e senador que tem grande peso na bancada do PMDB, Lobão se mantém na trincheira e alimenta a briga com delatores da Lava Jato que o acusam de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Sabe, por outro lado, que o estrago político está feito, com potencial para inviabilizar qualquer projeto eleitoral futuro. Com a experiência que acumulou durante mais de três décadas de uma bem sucedida caminhada política, Lobão sabe inclusive que o estrago pode alcançar o suplente de senador Lobão Filho, seu herdeiro político e apontado como um dos nomes do PMDB para disputar a Prefeitura de São Luís no ano que vem.

Alvejado por duas acusações – a outra é a de que teria ordenado ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a entregar R$ 2 milhões à então governadora Roseana Sarney em 2010 -, Lobão volta agora suas atenções para o Supremo Tribunal Federal, que poderá acatar as denúncias da Procuradoria Geral de Justiça e abrir processo contra ele. Se isso acontecer, ele terá amplo direito de defesa, podendo ser inocentado no final. Mas o processo não interessa a Lobão, que agora se esforça mesmo é para desqualificar a denúncia e mandar o caso para o arquivo morto. Isso porque responder a um processo dessa natureza impõe ao acusado um longo período de tensão e desgaste.

As planilhas de Ricardo Pessoa e a reportagem da Rede Globo na edição do Jornal Nacional do dia 2 nada acrescentaram ao que já tinha sido seguidas vezes publicado. Por outro lado, aumentaram expressivamente o estrago moral e político do senador.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Pancadas no atacado

andrea 4A deputada Andrea Murad (PMDB) disparou ontem meia hora de pancadas verbais no governador Flávio Dino (PCdoB) e seu governo. A pretexto de fazer um balanço do seu próprio mandato, a parlamentar disparou no atacado contra o governo: repicou as críticas e acusações na área de saúde, bateu forte no valor de alguns aluguéis de contratos recentes, repetiu a pancadaria verbal na área de segurança e fez duras e ácidas críticas diretas ao governador do Estado, enfatizando a visita que ele fez a Coroatá sexta-feira (3) para inaugurar a MA-020 – que liga aquela cidade a Vargem Grande – e que, segundo afirmou, foi obra planejada e licitada pelo governo passado.

Fogo nos ex-secretários

Ao se referir diretamente ao governador Flávio Dino, a deputada Andrea Murad relatou que uma repórter “que não tem medo de ninguém”, perguntou ao chefe do Executivo porque ele não construía mais estradas, ao que ele respondeu que está ainda tapando os rombos deixados por quadrilhas que roubavam o dinheiro das estradas. A deputada então avançou: “Então o governador está dizendo que Luis Fernando Silva e Max Barro roubaram o dinheiro das estradas? Luis Fernando Silva é ladrão?”

Só para lembrar: Luís Fernando Silva foi secretário de Infraestrutura do governo Roseana Sarney, responsável direto pelo programa rodoviário levado a cabo até o dia em que ele deixou o cargo e se filiou ao PSDB em ato do qual participou o governador. E Max Barros (PMDB) faz uma oposição moderada, sem ataques ao governo.

 

O que vem por aí?

leviGovernista de primeira linha, o ponderado, mas firme, deputado Levi Pontes (SD) foi à tribuna para rebater os ataques de Andrea Murad ao governo e ao governador. Disse que ela fala o que não sabe e cobrou respeito ao governador Flávio Dino, que na sua avaliação está realizando um governo voltado para os interesses da população, citando o programa Mais IDH como exemplo. E como se estivesse fazendo um anúncio em tom sombrio, disse que em breve “o que vem por aí” fará com que a deputada “fique tímida”, sem “condições de falar como fala agora”. Mas não deu nenhuma pista do que “vem por aí”.

 

São Luís, 06 de Julho de 2015.

Governo dá gás para reforçar a ação de Ricardo Murad na oposição

 

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Flávio Dino e comitiva inauguram festivamente a MA-020 em Coroatá, como se… 
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… estivesse provocando Ricardo Murad

 

Ao desembarcar sexta-feira em Coroatá, para inaugurar a MA-020, receber um terreno no qual será construída uma unidade do Instituto Estadual de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação (Iema), e também anunciar reforço do Governo do Estado às fazendas da Esperança, uma ação da Igreja Católica para tratar viciados em drogas, o governador Flávio Dino (PCdoB) deixou no ar a impressão de que ele e seu governo travam uma guerra direta com o ex-deputado estadual, ex-todo-poderoso secretário estadual de Saúde e atual mandachuva daquele município, Ricardo Murad, atualmente no PMDB.

As ações iniciais do governo de vasculhar o passado recente da Secretaria de Estado da Saúde em busca de desvios e propinagem no programa Saúde é Vida, com foco especial na construção de dezenas de hospitais, parece não ter produzido – pelo menos até aqui – resultados que intimidem o ex-secretário, de vez que ele vem chamando diariamente o governo para a briga.

Não é segredo para ninguém que o novo governo esperava encontrar na máquina estadual uma situação de terra arrasada e evidências escancaradas de mal feitos criminosos os quais, apurados, mostrariam ao Maranhão a “ação nefasta das quadrilhas que dominavam o Estado”. Nesse contexto e por dedução lógica, a SES, comandada pelo controvertido cunhado da governadora Roseana Sarney (PMDB), seria o espaço maior das supostas falcatruas. E como quem vai com muita sede ao pote, o novo governo criou a emblemática Secretaria de Estado de Transparência e Controle, entregou-a a um arqui-inimigo do Grupo Sarney, o competente e ativo advogado Rodrigo Lago, e deu sinal verde para colocar tudo em pratos limpos. Durante meses, rumores do tipo “Ricardo Murad vai para a cadeia” agitaram os meios políticos.

Passados seis meses, ou seja, 180 dias de investigação, o que veio à tona foram suspeitas menores, como uso irregular de helicóptero, denúncias de que alguns hospitais inaugurados foram fechados logo após a inauguração, e, mais recentemente, o caso de um hospital que teria sido pago e não construído em Rosário. Nada de macro, com desvios comprovados e responsáveis identificados. Há quem diga que as auditagens estão acumulando provas contra o ex-secretário de Saúde e que cedo ou tarde elas virão à tona.

Até aqui, um semestre depois, nenhuma investida do governo tirou Ricardo Murad do seu eixo. Ao contrário, reagiu a todas com a clássica estratégia segundo a qual a melhor defesa é o ataque. E nessa linha, vem afrontando o governo com ataques virulentos e acusações soltas, sem, no entanto, deixar de dar explicações técnicas e numéricas sobre cada caso denunciado. Vem atuando pessoalmente, por meio de redes sociais e notas técnicas nos jornais, e na Assembleia Legislativa, onde a deputada Andrea Murad (PMDB), sua filha, e o deputado Souza Neto (PTN), sem genro, metralham o governo diariamente com denúncias e acusações as mais diversas. A ação parlamentar é reforçada pelos deputados Adriano Sarney e Edilázio Jr., que nem de longe rezam na cartilha política de Ricardo Murad, mas endossam sua estratégia e mantêm seus espaços como membros de proa da oposição.

Da sua parte, as vozes do governo se manifestam de maneira pulverizada, com um ou outro secretário atacando nas redes sociais, a assessoria de comunicação formal divulgando releases sobre supostos mal feitos na SES. O líder Rogério Cafeteira (PSC) atua na função de rebater os virulentos ataques de Murad e sua pequena tropa, apresentando números e informações que os desmentiriam, aproveitando também para fazer duras acusações do ex-secretário de Saúde. Outros deputados governistas, como Levi Pontes (SD) reforçam a ação do líder e enfatizam as supostas distorções.As reações governistas só têm estimulado o atual mandachuva de Coroatá a ousar mais a cada dia.

Não se sabe se é uma estratégia com a qual o governo esteja fazendo jogo de cena para, em algum momento, apanhar o ex-secretário de Saúde no contrapé e inviabilizar sua ação política. Mas o que se viu até aqui foi que o governo calculou mal a quantidade de chumbo que esperava encontrar nas gavetas e arquivos da Secretaria de Saúde para disparar contra Ricardo Murad. Com isso, deu-lhe gás para alimentar sua fama de ser trator em política. E a ida do governador a Coroatá, reforçou a impressão de que o ex-secretário foi mesmo “eleito” como o principal adversário do governo.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Voto espontâneo

eliziane 4-horzA Coluna publica hoje um dado da pesquisa Exata/Fiema, TV Guará e Jornal Pequeno não publicado no post de ontem. Trata-se da manifestação espontânea, aquela em que não se apresenta nomes ao entrevistado. Nesse levantamento, a deputada federal Eliziane Gama (PPS), que lidera em todas as simulações estimuladas, aparece em primeiro com 10% das intenções de voto. Em segundo aparece o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), com 9%. O ex-prefeito João Castelo desponta na terceira colocação com 6%. A ex-governadora Roseana Sarney é citada por 2% dos entrevistados, seguida de Luís Fernando Silva, Bira do Pindaré e Rose Sales com 1% cada um. Outros candidatos que não foram citados.

Massa que decide

Na pesquisa espontânea dois dados chamaram atenção. O primeiro foi o empate técnico entre a deputada Eliziane Gama (10%) e o prefeito Edivaldo Jr. (9%). O outro dado é bem mais expressivo: 11% disseram que nã votariam em ninguém, e 56% simplesmente responderam que não sabem. Esse percentual de indecisos é que vai definir os rumos da disputa.

 

São Luís, 04 de Julho de 2015.

Pesquisa mostra Eliziane na frente, mas cenário indica que Edivaldo Jr. pode avançar

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Eliziane lidera a corrida; Edivaldo Jr. começa a se movimentar e Castelo observa

Pesquisa do instituto Exata, contratada pela Fiema, TV Guará e Jornal Pequeno, mostra que a corrida para a Prefeitura de São Luís será acirrada. Os números indicam que se a eleição fosse agora, a deputada federal Eliziane Gama (PPS) ganharia passaporte para assumir o comando no Palácio de la Ravardière. Seus principais adversários seriam o ex-prefeito João Castelo (PSDB) e o prefeito Edivaldo Jr.. Mas uma análise cuidadosa, que observe os mais diferentes aspectos desse desenho, poderá indicar que, apesar de muito expressiva, a vantagem da pré-candidata do PPS pode sofrer danos se o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), seu principal oponente, reagir como está ensaiando e o quadro da disputa vier a incluir mesmo o ex-prefeito João Castelo (PSDB) e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), ou alguém de peso a ela ligado. O expressivo número de votos indefinidos (nenhum, brancos, nulos e não sabe) aponta para uma possível mudança de cenário se o prefeito Edivaldo Jr. acelerar o movimento da máquina municipal nos próximos 15 meses.

A pesquisa simulou cinco cenários, nos quais Eliziane Gama disputa com Edivaldo Jr., João Castelo e vários outros nomes citados como possíveis candidatos, entre eles Roseana Sarney e o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB). Ela aparece em todos com a maior votação, variando de nome para nome. No primeiro cenário da pesquisa estimulada foram incluídos os cinco nomes já citados, mais o ex-prefeito de São José de Ribamar Luis Fernando Silva (PSDB), a vereadora Rose Sales (PP), o deputado estadual Neto Evangelista (PSDB), Marcos Silva (PSTU), Antonio Pedrosa (PSOL), Ricardo Murad (PMDB ou PTN), Zéluís Lago (PPL) e Natalino Salgado (ainda sem partido). Nos demais cenários, foram colocados apenas três candidatos.

Com 13 nomes, o primeiro cenário mostra Eliziane com 28%, seguida de Castelo com 17% e Edivaldo Jr. com 14%. Em seguida, despontam empatados com 6% Roseana, Bira do Pindaré e Luís Fernando. Logo abaixo, com 3%, aparecem Rose Sales e Neto Evangelista, seguidos de Marcos Silva com 2%, e, finalmente, surgem Antonio Pedrosa, Ricardo Murad, José Luís Lago e Natalino Salgado, todos com 1%. Nulos, brancos e indecisos: 11%.

O segundo cenário, com oito nomes, um pouco mais realista, mostra Eliziane liderando a corrida com 29%, seguida de Castelo com 17% e Edivaldo Jr. com 15%. Pindaré e Roseana empatam com 7%, um a mais que Luís Fernando. Rose Sales e Neto Evangelistas têm 3% cada. Brancos, nulos e indecisos: 13%.

Quando são apresentados apenas três candidatos os números se afastam. Eliziane sobe para 41% das intenções de voto, seguida de Castelo com 23% e Edivaldo Jr. com 18%. Nulos, brancos e indecisos: 18%.

Em outro cenário com três nomes, incluindo Roseana no lugar de Castelo, Eliziane sobe para 47%, ficando Edivaldo Júnior com 19% e Roseana Sarney, com 14%. Nulos, brancos e indecisos: 20%.

Em caso de 2º turno, a pesquisa simulou cinco situações. Entre Eliziane e Edivaldo Jr., ela seria eleita com 54% dos votos, contra 21% do prefeito. Brancos, nulos e indecisos: 25%.

Num cenário entre Castelo e Edivaldo Jr., o ex-prefeito vence com 36% contra 30%. Brancos, nulos e indecisos: 34%.

Entre Edivaldo Jr. e Roseana, o prefeito se reelegeria com 36% dos votos, contra 25% da ex-governadora. Brancos, nulos e indecisos: 39%.

Se a disputa fosse entre Eliziane e Roseana, a deputada se tornaria prefeita com 59% dos votos, contra 18% da ex-governadora. Brancos, nulos e indecisos: 23%.

Num 2º turno entre Edivaldo Jr. e Luís Fernando, o prefeito venceria por 34% contra 26%. Brancos, nulos e indecisos: 40%.

E, finalmente, numa disputa entre Eliziane e Luís Fernando, a deputada alcançaria estratosféricos 60% contra 15%. Brancos, nulos e indecisos: 25%.

Os números da pesquisa e o tempo que falta para a corrida às urnas – só acontecerá em outubro do ano que vem – recomendam muita cautela nas avaliações. Mas, grosso modo, eles estimulam a previsão de que a grande disputa se dará entre o prefeito Edivaldo Jr. e a deputada Eliziane Gama. Os números que a favorecem largamente agora são frutos do momento: ela está em plena evidência, saiu das eleições de 2014 como mais votada para a Câmara Federal, e lá vem ocupando espaços com muita habilidade, principalmente na CPI da Petrobras; ele saindo de dois anos de gestão sem a força do obrismo, e avisando que arrumou a casa e que a agora vai movimentar a máquina nos quatro cantos da cidade.

Eliziane Gama é uma política talentosa, que sabe dizer as coisas certas nas horas adequadas, que desenvolveu uma grande capacidade de se comunicar, tornando-se um produto midiático. Por isso precisa mostrar consistência, densidade e, principalmente, conhecimento da realidade de um município como São Luís, associando a isso propostas efetivas para resolvê-los. Dizer que está errado sem mostrar o que é certo não vai funcionar. Se ela não ganhar a consistência necessária e não tiver gás para se manter em evidência, sua vantagem poderá se perder no espaço.

O prefeito Edivaldo Jr. é exatamente o oposto. Os primeiros tempos do seu governo deram margem para que ele fosse apontado como inexperiente e não devidamente preparado para exercer o desafiador mandato de prefeito de São Luís. Encontrou uma máquina com as engrenagens emperradas e os cofres vazios.  “Apanhou” durante dois anos, mas aproveitou esse período para avaliar os problemas e arrumar a casa. Hoje, a situação é bem diferente. O prefeito tímido, que evitada câmeras, é hoje um gestor sorridente, que tem o governador do Estado como aliado e que está pronto para deslanchar. Ao contrário da sua maior adversária, o prefeito tem a possibilidade de sair da retranca e partir para o ataque.

No centro da disputa, o deputado federal João Castelo sabe que tem um teto em São Luís e que dificilmente encontrará gás para avançar e entrar na disputa para valer. Mas sua experiência recomenda que ele permaneça  no cenário da corrida.

As próximas pesquisas apontarão os caminhos.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Indecisos podem mudar cenário

Um dos dados mais importantes dados da pesquisa é a soma dos percentuais de eleitores que não engolem nenhum dos candidatos, dos que têm a intenção de votar nulo ou em branco e dos que disseram que não sabem em quem votar. Há cenários em que essa soma alcança mais de 40%ntenção de votar nulo, de votar em branco. Em todos eles, uma simples alteração nesse cenário pode mudar radicalmente o resultado da disputa. Trata-se, portanto, de um dado que reforça a suspeita de que a vantagem de Eliziane Gama pode ser ameaçada.

 

Inclusão estranha

luis fernando

Um dado da pesquisa Exata chamou a atenção e não foi bem entendido: a inclusão de Luis Fernando Silva (PSDB), já candidato assumido à Prefeitura de São José de Ribamar, onde, segundo todas as pesquisas e prognósticos, será eleito. Sua inclusão na corrida causa estranheza, pois até agora não surgiu no cenário político nenhum sinal de que ele estaria disposto a trocar uma eleição certa por uma aventura em que ele não ganha em nenhum cenário. Incluí-lo na pesquisa parece uma estratégia de medir o poder de fogo de João Castelo e de Neto Evangelista, que são do PSDB. Para alguns observadores, pareceu perda de tempo.

 

Melhor ficar em casa

rose 5A pesquisa Exata recomenda que a ex-governadora Roseana Sarney fique em casa e não se aventure numa disputa eleitoral em São Luís. Em diferentes cenários, sua melhor posição foi numa disputa de 2º turno com o prefeito Edivaldo Jr., na qual ela perderia feio. Isso não significa dizer que sua posição nas preferências do eleitorado não possa mudar para melhor. O problema é que a ex-governadora há muito deixou de ser uma novidade e já não gera expectativas, uma vez que o eleitorado já a conhece sabe como ela atua e o que é capaz de fazer.

 

São Luís, 3 de Julho de 2015.

Maioria da bancada maranhense votou pela redução da maioridade penal

 

Sessão extraordinária destinada a continuar as votações da PEC da maioridade penal (PEC 171/93)
Plenário da Câmara Federal logo após a aprovação da redução da maioridade penal

A Câmara Federal aprovou, na madrugada de quinta-feira, a redução da maioridade penal para 16 anos. O fez no desfecho de uma das mais bem engendradas e competentes manobras regimentais já registradas naquela Casa, comandada pelo deputado fluminense Eduardo Cunha (PMDB) e revertendo uma derrota ocorrida 24 horas antes. Foram 323 votos a favor da mudança na Constituição da República e 155 contrários, com o registro de apenas duas abstenções e na ausência de 34 deputados. Nesse contexto, a bancada maranhense, composta de 18 representantes, se dividiu, com 10 deputados votando a favor da mudança e sete dando votos contra. Um deputado maranhense, Victor Mendes (PV) não compareceu à sessão.

A aprovação da medida revelou uma Câmara Federal claramente sob forte  influência de segmentos organizados que veem o cenário da violência no Brasil a partir dos estardalhaços midiáticos, deixando de lado as implicações sociais e as consequências que ela pode gerar, por exemplo, no sistema prisional brasileiro, definido, sob qualquer ótica, como a mais próxima definição do inferno, para citar o viés religioso.

A decisão tomada – que ainda precisa ser confirmada em 2º turno e passar pelo crivo do Senado da República antes de ser promulgada – poderá entrar para a História por duas portas. Uma, a porta de uma medida que contribuirá expressivamente para reduzir a criminalidade e a violência no país. A outra poderá resultar no aumento da criminalidade numa proporção tamanha, que obrigará a mesma Casa legislativa a rever sua decisão em meio a uma situação dramática.

A bancada maranhense participou do debate e da votação com os deputados mais ou menos posicionados pela cor ideológica. Os parlamentares de direita (PEN, PRB, PRP e PP) e de centro (PMDB, PSDB e PSB) votaram maciçamente a favor da redução da maioridade penal. Já os deputados de centro (PMDB), centro-esquerda (PTB, PDT e PV) e esquerda (PCdoB, PPS e PT) votaram em bloco contra a redução da maioridade penal. Essa divisão foi formada na primeira votação e se manteve na segunda, com duas diferenças: Waldir Maranhão votou contra na primeira e a favor na segunda, e o deputado José Carlos votou contra na primeira e não participou da segunda votação.

Os votos maranhenses foram os seguintes: André Fufuca (PEN), Alberto Filho (PMDB), Aluísio Mendes (PSDC), Cléber Verde (PRP), Hildo Rocha (PMDB), João Castelo (PSDB), José Reinaldo Tavares (PSB) Júnior Marreca (PEN), Juscelino Filho (PRP) e Waldir Maranhão (PP) votaram a favor da redução da maioridade penal. E os deputados João Marcelo (PMDB), Pedro Fernandes (PTB), Sarney Filho (PV), Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PPS), Zé Carlos (PT) e Rubens Jr. (PCdoB) votaram contra a mudança.

Não há como ignorar os votos dos ex-governadores João Castelo e José Reinaldo Tavares. Com a experiência de terem o problema da violência sob sua responsabilidade quando governaram o Estado, Castelo e Tavares deram votos em tese consistentes, partindo-se do pressuposto de que conhecem os dois lados da moeda, sendo, portanto, difícil contestá-los. Aluísio Mendes descarregou no seu voto a visão de agente federal que enfrentou a violência no dia a dia como fundador e chefe do GTA e secretário de Segurança Pública.  Difícil identificar o que motivou os votos de Cléber Verde, Hildo Rocha e Júnior Marreca. Mais complicado ainda é compreender os votos dos deputados Fufuca Dantas e Juscelino Filho, dois jovens que acabaram de sair da adolescência sem passar a ideia de que a compreendem. Estranha, muito estranha, a mudança de posição de Waldir Maranhão, que é professor universitário.

O deputado João Marcelo, que é sociólogo por formação, votou contra a redução da maioridade penal. O deputado Pedro Fernandes não apenas votou contra, como fez campanha contra a PEC aprovada ontem. Na mesma linha atuou o deputado Sarney Filho, que liderou a bancada do PV no esforço para derrubar a proposta. O deputado Rubens Jr. se perfilou com a bancada do PCdoB, pregando voto contra. A deputada Eliziane Gama se movimentou intensamente contra a mudança, inteiramente identificada com a bancada do PPS. O mais ativo no plenário foi o deputado Weverton Rocha, que não apenas usou todos os espaços de articulação para inviabilizar a PEC, mas também foi uma das vozes a contestar, com muita ênfase, a manobra do presidente Eduardo Cunha.

Resta agora aguardar o segundo turno na Câmara, para depois saber como votarão os três senadores maranhenses.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Título para o bispo

roberto 6A Assembleia Legislativa aprovou ontem projeto de lei que concede o título de Cidadão Maranhense a dom Armando Martins Gutierres, bispo diocesano de Bacabal. O título foi proposto pelo deputado Roberto Costa (PMDB) (foto), que há muito cultiva relações de amizade com o sacerdote. Dom Armando é espanhol – natural de Madri – e veio para o Brasil em 1988, para a diocese de Mogi das Cruzes (SP), onde, além do sacerdócio, exerceu o magistério, seguindo depois para a diocese de Juiz de Fora (MG), sendo nomeado bispo de Bacabal pelo papa Bento XVI, sucedendo a Dom José Belisário, na época nomeado arcebispo metropolitano de São Luís. Em tempo: Roberto Costa levantou mesmo um fortim político em Bacabal.

 

Para não parar

pedro fernandes 4O deputado federal Pedro Fernandes (PTB) (foto) protocolou no Ministério dos Transportes documento em que mostra o elevado número de acidentes na BR-135, no trecho entre o Estreito dos Mosquitos e Bacabeira, que está sendo duplicado. O relatório dá ênfase ao acidente mais recente (26/06), que deixou quatro mortos. O deputado espera que as informações sensibilizem o ministro para a necessidade de concluir a duplicação o mais rapidamente possível, para evitar a continuidade da tragédia que ali se repete quase que diariamente. Pedro Fernandes diz no documento que os maranhenses já não suportam essa situação e não aceitam que as obras, que estão em ritmo muito lento, parem de vez. A iniciativa do deputado é nobre.

 

São Luís, 02 de Julho de 2015.

 

 

MPF manda e Flávio Dino vai mudar nomes dados ilegalmente a espaços públicos em 50 cidades

 

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Flávio Dino v ai conduzir o processo de troca de nomes em áreas públicas

O que há duas semanas parecia uma discussão causada por provocações na Assembleia Legislativa, agora é fato consumado. Acatando, sem discutir, recomendação da Procuradoria da República no Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) assinou decreto que determina a ocultação ou remoção de nomes de pessoas vivas em prédios pertencentes ou sob a administração do Poder Executivo do Estado do Maranhão. O decreto reza também que os nomes de pessoas vivas serão trocados pelos de pessoas mortas de acordo com sugestões dos gestores desses órgãos encaminhadas ao governador do Estado. E a escolha terá como base alguns critérios: que, além de já ter falecido, o homenageado tenha sido probo e tenha contribuído para o desenvolvimento do estado.

O decreto alcança unidades educacionais e de saúde, museus, bibliotecas, sedes de repartições e serviços públicos, prédios, monumentos, ginásios, estádios, autarquias, fundações, institutos e quaisquer logradouros públicos (praças, ruas, avenidas, travessas, pontes, bairros, vilas, distritos, parques), bem como obras públicas em cidades não poderão conter nome de pessoas vivas. O prazo para a mudança é de 60 dias.

Serão inicialmente alcançados 50 municípios das regiões polarizadas por Caxias (Afonso Cunha, Aldeias Altas, Barão do Grajaú, Buriti Bravo, Codó, Coelho Neto, Duque Bacelar, Gonçalves Dias, Governador Archer, Governador Eugênio Barros, Lagoa do Mato, Matões, Nova Iorque, Parnarama, Passagem Franca, Pastos Bons, São Domingos do Azeitão, São Francisco do Maranhão, São João do Sóter, São João dos Patos, Senador Alexandre Costa, Sucupira do Norte, Sucupira do Riachão, Timbiras e Timon) e por Bacabal (Altamira do MA, Alto Alegre do MA, Bom Lugar, Brejo de Areia, Conceição do Lago-Açu, Esperantinópolis, Igarapé Grande, Lago da Pedra, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues, Lago Verde, Lagoa Grande do MA, Olho d’Água das Cunhãs, Paulo Ramos, Peritoró, Pio XII, Poção de Pedras, São Luís Gonzaga do MA, São Mateus do MA, São Raimundo do Doca Bezerra, São Roberto, Satubinha e Vitorino Freire).

O Palácio dos Leões já teria sido informado de que recomendação com o mesmo teor alcançará em breve a Ilha de São Luís, com ênfase, é claro, na Capital do Estado. Nesse caso, a medida alcançará grandes e importantes prédios, monumentos, espaços e logradouros já plenamente identificados com os nomes que receberam ilegalmente, segundo o MPF. Seguem-se cinco exemplos:

1 – Maternidade Marly Sarney – Construída no final dos anos 60, ainda no Governo de José Sarney, é uma das mais importantes casas de saúde de São Luís. Não há quem não a conheça ou não tenha ouvido dela falar como tal. Trata-se, portanto, de um nome há muito incorporado ao dia a dia e até mesmo à história recente do Maranhão. Rebatizá-la será um desafio e tanto para o atual secretário estadual de Saúde e para o governador Flávio Dino. Nesse caso, além da batata quente nas mãos dos atuais gestores, a providência certamente acirrará o mal-estar político. Vale perguntar: quem substituirá a ex-primeira dama do Maranhão e do Brasil.

2 – Ponte José Sarney – Construída no Governo José Sarney, a ponte que abriu caminho para a região das praias e permitiu a criação de uma nova cidade a partir do São Francisco, é mais conhecida pelo nome do bairro, foi batizada oficialmente de Ponte José Sarney, situação que praticamente ninguém no Maranhão desconhece. Rebatizá-la com outro nome certamente aumentará o mal-estar político do Grupo Sarney com o atual governo, que certamente se livrará da responsabilidade usando o argumento segundo o qual apenas atenderá a uma recomendação do MPF. Resta saber quem vai substituir José Sarney.

3 – Avenida Ferreira Gullar – Extensão da Avenida Litorânea que contorna o bairro do São Francisco e o liga à Avenida Carlos Cunha, foi inaugurada no final dos anos 90 do século passado pela governadora Roseana Sarney (PMDB), com a presença do autor de Poema Sujo, considerado um dos mais importantes poemas da moderna poesia brasileira. Respeitado em todo o mundo como um dos mais importantes poetas de língua portuguesa e também pela sua luta contra a ditadura, Gullar relutou em aceitar a homenagem, mas diante da insistência, impôs-se na época o enorme sacrifício de voar – tem pavor de viajar de avião – do Rio de Janeiro até São Luís, para receber a honraria, juntamente com outro gigante da poesia, José Chagas, que foi à mesma festa e emprestou seu nome a uma praça que liga as duas avenidas. Será uma mudança complicada.

4 – Elevado Alcione Nazareth – A cantora maranhense foi homenageada por tudo o que já fez – e continua fazendo – pela cultura do Maranhão. Ícone da Música Popular Brasileira, principalmente como intérprete de samba, Alcione aceitou a homenagem feita pela governadora Roseana Sarney, certa de que não passaria por constrangimentos como o que certamente passará se o MPF seguir em frente e chagar a São Luís, o que para muitos é apenas uma questão de tempo – pouco tempo, vale enfatizar. Será uma escolha difícil.

5 – Estádio Governador João Castelo, o Castelão – Poucas ações públicas são tão ligadas ao gestor que as realizou como o Castelão é ligado ao ex-governador João Castelo. Tanto quanto a Ponte José Sarney identifica o ex-presidente da República, o Castelão remete ao hoje deputado federal João Castelo. Trata-se, portanto, de um caso muito especial, que envolve, além dos interessados, os aficionados por futebol, que veem no Castelão uma espécie de símbolo maior desse esporte no Maranhão e, sempre que podem, rendem homenagem ao ex-governador. Nos bastidores correm rumores de que o estádio receberia o nome de Herbert Fontenele, em homenagem ao comentarista recém falecido. Uma mudança que dará muito o que falar.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Guerra paroquial I

louro-horzAterrissa mais cedo do que se imaginava na mesa do governador Flávio Dino os problemas que começam a tensionar disputas regionais por causa das eleições municipais do ano que vem. Ontem, o deputado Vinícius Louro (PR) acusou o secretário de Indústria e Comércio, Simplício Araújo, suplente de deputado federal, de tê-lo agredido ao rotulá-lo, em declarações na imprensa, de “batedor de carteira”. O parlamentar reagiu com indignação, rebatendo o secretário e acusando-o de estar praticando atos ilícitos na sua pasta, como a nomeação de parentes, não estando, por isso, moralmente habilitado a permanecer no cargo. Em tom cada vez mais elevado, o deputado perguntou: “Governador, o secretário de Estado da Indústria e Comércio, é digno deste governo?”

 

Guerra paroquial II

Com o argumento de que ele e seus familiares – entre ele o seu pai, o ex-deputado e ex-prefeito de pedreiras Raimundo Louro -, Vinícius Louro chamou o secretário de “pseudo bacabalense” e “eterno suplente de deputado federal”. O deputado acusou o secretário de usar “vocabulário lastimável e retórica agressiva”, e de não ter “trabalho prestado ao povo, especialmente na minha querida terra, Pedreiras”. Ao contrário do ex-deputado Raimundo Louro, que “apesar de toda a perseguição que sofremos, mesmo assim vem se consagrando como a maior liderança política de toda aquela região”. Vinícius Louro ganhou o apoio e a solidariedade dos deputados Júnior Verde (PR), Adriano Sarney (PV) e Sousa Neto (PTN), que criticaram duramente o secretário Simplício Araújo.

 

Guerra paroquial III

Claro que o embate entre Vinícius Louro e Simplício Araújo decorre da luta política paroquial de Pedreiras, onde os grupos que representam se digladiam no dia a dia. No cenário estadual, o deputado aparentemente está em vantagem, porque é detentor de mandato. Mas nos bastidores é sabido que o governador Flávio Dino não chamará o secretário às falas por causa do ataque ao deputado. Louro é da base do governo, mas o secretário Simplício Araújo integra o núcleo de confiança do governador, o que lhe dá uma vantagem enorme em relação ao deputado. E mais: na disputa pela Prefeitura de Pedreiras, dificilmente o grupo governista e o grupo dos Louro estarão do mesmo lado.

 

São Luís, 01 de Julho de 2015.

Tucanos em crise tentam dar nova identidade ao PSDB

 

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Brandão preside um partido com Castelo insatisfeito e Madeira dando as cartas

Numa das suas edições recentes, o jornal O Estado de S. Paulo trouxe matéria especial sobre a crise de identidade que atinge o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em quatro páginas densas, o jornal paulista mostra que depois da derrota em 2014 os tucanos estão perdendo o rumo como oposição, abandonando teses que sempre defenderam ardorosamente e fracionando o partido em grupos que professam posições diferentes. A crise de identidade vivida pelo PSDB nacional caminha para contaminar e causar desdobramentos graves no braço maranhense do partido, cuja unidade é mantida por uma linha muito frágil, devido às diferenças que movem os grupos que o integram. Uma das consequências de um provável racha no PSDB do Maranhão poderá ser a saída de um dos seus mais importantes líderes, o deputado federal João Castelo.

Nesse contexto, os líderes do tucanato nacional veem com perplexidade e preocupação membros do PSDB tomando rumos diferentes da orientação partidária em todo o país, desenhando alianças que dificilmente levarão o partido a um rumo do seu real interesse. E um dos exemplos está no Maranhão, onde o PSDB é representado no Governo pelo vice-governador Carlos Brandão, mas sem uma aliança sólida com o restante do partido.

Uma observação cuidadosa encontra o braço maranhense do PSDB em situação quase conflituosa com as posições hoje defendidas pelo partido e que agora os segmentos mais tradicionais da legenda tentam reimplantar como princípios imutáveis. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e muitas outras vozes tucanas criticaram duramente o atual presidente do partido, senador Aécio Neves por ele insistir na tese de impeachment  para a presidente Dilma Rousseff e nas críticas que ele vinha fazendo ao ajuste fiscal. Para aqueles líderes, defender impeachment de Dilma parece intenção de golpe, coisa que, em tese, o PSDB abomina. E criticar o ajuste fiscal é negar o que fez o próprio governo Fernando Henrique, que ajustou brutalmente as suas contas para equilibrar o governo e inventou e implantou o fator previdenciário.

Em meio à turbulência o partido vive uma situação de fragilidade, não dá sinais de que tenha teses a defender e procura dar a volta por cima para se firmar como uma agremiação que possa vir a disputar o poder de fato no estado. Um exemplo recente foi a filiação do ex-prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, que se prepara para brigar de novo pelo cargo.

No contexto geral, o PSDB maranhense encontra-se, de fato, sem poder efetivo e com o futuro incerto. Tem o vice-governador do Estado, Carlos Brandão, que se movimenta com habilidade, é prestigiado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), mas não tem poder de fato. Preside o partido sem fazer o papel de líder, porque nas entranhas da agremiação enfrenta adversários que aguardam a oportunidade certa para tomar-lhe o comando partidário. Brandão é homem de proa de um governo tecnicamente anti-tucano, embora o governador comunista tenha realizado sua campanha com um pé no ninho.

Pesa para fragilizar ainda mais a unidade do PSDB a chamada “corrente Tocantina” do partido, comandada de Imperatriz pelo prefeito Sebastião Madeira cuja identidade partidária é genuinamente tucana. E é exatamente o projeto político de Madeira que poderá aprofundar mais ainda a crise de identidade do PSDB no Maranhão. O prefeito é candidato assumido a senador em 2018. Tem mantido um bom relacionamento com o governador Flávio Dino, mas o fato de Madeira haver apoiado a pré-candidatura de Luis Fernando Silva, com o aval da então governadora Roseana Sarney o distancia do Palácio dos Leões, onde o “núcleo duro” ligado ao governador o vê com reservas, e ele sabe disso.

Hoje, o PSDB do Maranhão tem pelo menos três correntes que o tornam uma colcha de retalhos e que dificilmente se enquadrará, unido, no perfil partidário agora desenhado pelos líderes do tucanato nacional. Essas diferenças vão se acentuar quando o partido tiver de decidir como participará da corrida para a prefeitura de São Luís, por exemplo.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTO

 

Fantasma em Rosário

 

ricardo 8O jornal O Imparcial divulgou ontem, em manchete de 1ª página, a  descoberta, pela Secretaria de Estado de Transparência e Controle, do resultado de uma auditoria denunciando o pagamento, pelo Governo do Estado, de R$ 4,2 milhões por um hospital de 50 leitos em Rosário. De acordo com a reportagem, o hospital simplesmente não existe. Segundo o jornal, procurado para esclarecer, o ex-secretário de Saúde, Ricardo Murad (foto), respondeu o seguinte: “Sem maiores elementos, tenho pouco a dizer, a não ser que o programa é atestado pela gerenciadora do BNDES, que detém o poder de autorizar o pagamento de faturas apresentadas pelas empresas. Essa situação não tem condição de acontecer”.

 

João Goulart

DSC01393A Assembleia Legislativa aprovou ontem o Projeto de Lei Nº 110/2015, proposto pelo governador Flávio Dino que autoriza o Governo do Estado a adquirir imóveis pertencentes ao INSS na cidade de São Luís, através de doação em pagamento de dívida com o Instituto. Na mensagem, o governador explica que o pagamento dos imóveis será feito com uma dívida de R$ 9,9 que o INSS tem para com o Estado do Maranhão. O projeto prevê a aquisição de três imóveis, sendo um deles o Edifício João Goulart (foto), um espigão cuja presença fere violentamente a beleza arquitetônica da Praça Pedro II, mas que certamente será muito útil para abrigar órgãos públicos.

 

São Luís, 01 de junho de 2015.

Pergunta que já se ouve: onde está o PT do Maranhão?

 

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O PT começou a perder gás político depois que se aliou a Roseana Sarney
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Monteiro comanda, Gonçalves lidera outra banda e Dutra decidiu sair do partido

 

Uma pergunta começa a ser feita com alguma ênfase no meio político do Maranhão: Onde está o PT? A indagação faz todo sentido à medida que o outrora mais aguerrido dos partidos políticos brasileiros – aí incluídos os de esquerda, os de centro e os de direita – simplesmente desapareceu do cenário político maranhense. O partido não está atuando como tal, seus líderes parecem totalmente desarticulados, seus quadros já não formam a ativa militância de outros tempos, a agremiação parece ignorar o que acontece no estado e no país e, ao contrário do que acontecia em passado recente, ninguém no PT deu um pio em relação ao cenário político instalado no estado, sobre a crise política, institucional e moral que ameaça o governo da presidente Dilma, nem sobre a reforma política e as eleições municipais que se aproximam. Em resumo: o PT parece não existir como partido político no Maranhão.

Há tempos comandado pelo professor Raimundo Monteiro – que, vale assinalar, é um dos seus quadros mais fieis e ativos -, e tendo como eminência parda o ex-vice-governador Washington Oliveira, hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, o PT maranhense foi consumido pela sua aliança com o PMDB. A relação foi firmada em 2006 e consolidada nas eleições de 2010, quando o PT emplacou Oliveira como vice na chapa liderada pela pemedebista Roseana Sarney. O partido andou ocupando alguns cargos no governo, mas os embaraços administrativos, principalmente na Secretaria de Desenvolvimento Social, obrigaram a então governadora a rever algumas concessões.

No seu processo de enfraquecimento e de perda de identidade, o PT do Maranhão foi também enterrando seu poder de fogo eleitoral, que manteve até nas eleições de 2010, mas que perdeu durante o mandato. Naquele ano, além do vice-governador, o PT elegeu um deputado federal (Domingos Dutra) e três deputados estaduais (Bira do Pindaré, José Carlos e Francisca Primo). Durante o exercício do mandato, Dutra rompeu com o partido e se filiou ao SD, o mesmo acontecendo com Bira do Pindaré, que se mudou para o PSB. Dutra deixou o PT por não conseguir mais conviver com a aliança com o PMDB no Maranhão e por antever, com rara precisão, a crise que atingiria o partido nos anos seguintes. Os fatos, que continuam se desdobrando, mostram que Dutra estava certo. O mesmo aconteceu com Bira do Pindaré.

O que restou do PT no Maranhão: 10 prefeitos e cerca de 100 vereadores num universo de 217 municípios – um só representante na Câmara de São Luís; um deputado federal (José Carlos Araújo) e dois deputados estaduais (Francisca Primo e José Inácio). Um desempenho eleitoral pífio, se levado em conta o fato de que o partido tem o Governo Federal, estava aliado com o Governo do Estado e participou ativamente daquele governo de Roseana Sarney e teve os recursos necessários para um desempenho eleitoral bem melhor. Tropeçou nas urnas por não ter um discurso adequado nem apresentar um plantel de candidatos rigorosamente petista, totalmente afinado com a linha de ação do partido aqui e alhures.

Hoje, um exame com lupa política revela que o PT do Maranhão está dividido em duas correntes que não se harmonizam. Uma liderada por Raimundo Monteiro com o suporte de Washington Oliveira – que continua dando seus pitacos nos rumos do partido – e que no plano nacional faz parte da facção liderada por José Dirceu e que tem Lula como grande mentor. A outra não tem uma liderança formal, mas  participa do projeto politico posto em prática pelo governador Flávio Dino  representada por vozes expressivas como o professor Francisco Gonçalves, atual secretário de Estado de Direitos Humanos e Mobilização Popular, e Márcio Jardim, atual secretário de Estado de Esportes.

Uma terceira corrente, comandada por Fernando Magalhães – como Raimundo Monteiro, um petista de boa cepa – controla o Diretório do partido em São Luís. Foi a única que deu sinal recente de existência, ao participar de uma audiência com o prefeito Edivaldo Jr. (PTC), soltando evidências de que caminha para apoiar o seu projeto de reeleição. Como as facções que atuam no plano estadual, também está distanciada da crise que ameaça derrubar o governo de Dilma Rousseff.

O fato é que o PT maranhense perdeu muito fôlego depois que a banda majoritária se aliou ao Grupo Sarney, perdeu quadros como Domingos Dutra e Bira do Pindaré, e tirou da militância o hoje conselheiro do TCE Washington Oliveira. Além disso, o deputado federal José Carlos Araújo e a deputada estadual Francisca Primo são petistas que não encarnam a postura e o discurso do PT, tarefa que só é cumprida agora, medianamente, pelo deputado José Inácio. Nada, portanto, lembra o PT de outros tempos.

 

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Tarrafa na fraude

Um escândalo de largas proporções está sendo desenhado em relação ao setor pesqueiro artesanal no Maranhão. O Ministério da Pesca abriu, no dia 27 de julho, prazo de 60 dias para que 24 mil pescadores maranhenses registrados no período de julho a outubro do ano passado comprovem a sua condição profissional. É forte a suspeita de que mais da metade não são pescadores e que ganharam o registro de maneira fraudalenta. Há quem garanta que tem esquema eleitoreiro por trás de tais registros e que essa deformação pode alcançar dois dos três deputados estaduais e um deputado federal ligados ao setor de pesca. Se ficar comprovada a fraude, os falsos pescadores vão se dar mal, porque além de perder o registro, terão de devolver dinheiro recebido no período da piracema. É confusão das grandes.

 

Até agora, nada

joao albertoO senador João Alberto (PMDB) disse a interlocutores que se surpreendeu com informações segundo as quais o Conselho de Ética do Senado, por ele presidido pela quinta vez, não está atuando para enquadrar senadores citados nas denúncias feitas pela Operação Lava Jato. Ele explica que o Conselho de Ética não é um órgão de investigação e que, por isso não pode atuar sem uma denúncia formal, feita pela Justiça. “O Conselho só age se for provocado por denúncias que sejam confirmadas por provas materiais. Até agora, nada chegou ao Conselho. Se chegar, daremos o encaminhamento regimental, sem nenhum problema. O que não podemos é atuar a partir do que diz a imprensa, porque não é assim que funciona”, disse o senador, que garante estar absolutamente tranquilo em relação à atuação do Conselho.

 

São Luís, 31 de Julho de 2015.