Ao afirmar, em entrevista ao influente blog O Antagonista, que o PDT não travará “briguinha de comadres” com o Governo de Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso Nacional, argumentando que “é isso que eles querem”, o senador pedetista Weverton Rocha mandou um recado direto: a representação do seu partido no Senado – quatro senadores – e na Câmara Federal – 28 deputados federais – vai jogar duro contra o novo Governo, deixando de lado assuntos menores como as traquinagens financeiras de Fabrício Queiros e as supostas malandragens corruptas do ex-chefe dele, o atual senador fluminense Flávio Bolsonaro (PSL), para desafiá-lo com a abordagem de temas que realmente interessam à Nação. Weverton Rocha, que lidera os senadores do pedetistas vão se comportar como uma bancada de Oposição atuante, que levará muito a sério o embate político que dominará as duas Casas do Congresso Nacional nos próximos tempos. “Não vãos entrar nessa de menino veste azul e menina veste rosa”, avisou.
A julgar por suas declarações, o senador Weverton Rocha dará continuidade no Senado à linha de que manteve nos seus dois mandatos de deputado federal. Naquele período, apoiou com empenho o Governo da presidente Dilma Rousseff (PT), esteve na linha de frente contra o impeachment da presidente – que classificou de golpe – e atuou como opositor implacável do Governo do presidente Michel Temer (PDT), principalmente no que diz respeito a questões trabalhistas. E o fez por convicção política e inteiramente de acordo com a linha de ação estabelecida pelo comando nacional do partido, do qual é membro de proa. E foi o empenho e a interpretação correta do brizolismo moderno que o tornaram vice-líder e depois líder da aguerrida bancada do PDT na Câmara Federal, posto que exerceu com fidelidade absoluta ao credo partidário.
Não surpreende sua postura como líder da bancada do PDT no Senado, ao anunciar que não pretende dar um segundo de trégua ao Governo de Jair Bolsonaro nem cair na estratégia bolsonariana de transformar cor de roupa de criança em decisão crucial para camuflar questões maiores, que realmente interessam, como a redução das desigualdades sociais no Brasil. Sua posição oposicionista ao Governo do PSL foi bem definida e exposta durante a campanha, primeiro com o apoio à candidatura pedetista de Ciro Gomes, e depois ao abraçar a candidatura do petista Fernando Haddad no segundo turno. Durante a campanha, Weverton Rocha sustentou um discurso de centro-esquerda, enfaticamente contrário ao do candidato Jair Bolsonaro, posicionando-se com o seu adversário antes, durante e depois da campanha. E reafirmou a linha de ação ao assumir o mandato senatorial.
Na entrevista a O Antagonista, o líder do PDT no Senado foi equilibrado quando lhe perguntaram se o partido manterá a candidatura de Ciro Gomes em 2022, ou apostará numa eventual candidatura do governador Flávio Dino (PCdoB). “Vamos trabalhar para que exista 2022. Não dá para falar em Ciro, se não tivermos 2022”, disse o parlamentar, de maneira quase enigmática, reforçando a impressão de que o seu partido nutre simpatia pelo projeto de candidatura presidencial do governador do Maranhão, que já ganha espaço em partidos de centro, centro-esquerda e esquerda. (Na quinta-feira, Flávio Dino foi lançado candidato a presidente em evento nacional da UNE, em Salvador). A cautela do senador em relação à posição do PDT na corrida presidencial para 2022 faz sentido, à medida que o “fator” Flávio Dino contraria frontalmente o “fator” Ciro Gomes.
Tarimbado nas guerras dentro do PDT, no campo do centro-esquerda e nas entranhas do Congresso Nacional, o senador Weverton Rocha se impõe a cada dia como um líder político de peso, com força indiscutível dentro do seu partido, no cenário político estadual e agora na Câmara Alta. E quem o conhece e acompanha seus movimentos não tem dúvida que ele fala sério quando avisa que será páreo duro para o Governo de Jair Bolsonaro e das forças da direita.
PONTO & CONTRAPONTO
Roberto Rocha será responsável pela investigação da suspeita de fraude na eleição do Senado
O senador Roberto Rocha ganhou mais um impulso para dar volta por cima na sua carreira, que vinha mergulhando na direção do limbo da política. Depois de ser catapultado para a liderança da poderosa bancada do PSDB no Senado, o parlamentar maranhense foi chamado ontem para ocupar mais espaço no epicentro da Câmara Alta. Corregedor-geral do Senado, cuja função é investigar denúncias de má conduta de senador, e encontrado indícios de que o suspeito tenha cometido crime ético, quebrando o decoro parlamentar, encaminhar o pepino ao Conselho de Ética, ele tem um desafio pela frente. Recebeu a delicada tarefa de investigar a suspeita de que a primeira votação para a eleição para a presidência do Senado foi fraudada, uma vez que foram encontradas 82 cédulas, quando o eleitorado é de apenas 81 senadores. Se confirmada, essa fraude equivale a adulterar uma urna eletrônica numa votação convencional, pesando sobre o fraudador penas duras, como a perda do mandato, por exemplo. Um exemplo: por ter mandado mexer no painel eletrônico da Casa para identificar um voto, o célebre senador Antônio Carlos Magalhães perdeu a presidência e o mandato. No caso a ser investigado por Roberto Rocha, a fraude beneficiaria o senador Renan Calheiros (MDB), que diante da descoberta, retirou sua candidatura e abriu caminho para a eleição do senador amapaense Davi Alcolumbre (DEM). Parlamentar experimentado, o senador Roberto Rocha sabe que a visibilidade como corregedor-geral é uma faca de dois gumes, dependendo da condução que ele der à investigação. Se fizer tudo como mandam as regras da Casa, pode ganhar pontos na opinião pública, mas se houver alguma derrapagem – o que é improvável, mas possível – sua imagem poderá ser fortemente arranhada. Que sua investigação coloque tudo em pratos limpos.
Neto Evangelista e Helena Duailibe são escolhas adequadas para a CCJ e Comissão de Saúde
A se confirmar a informação segundo a qual o deputado Neto Evangelista (DEM) presidirá a poderosa Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, e a deputada Helena Duailibe (SD), a também importante Comissão de Saúde, os dois órgãos legislativos estarão em boas mãos.
Neto Evangelista é advogado, conhece bem as leis em vigor no estado e no País, além de ter no currículo dois mandatos parlamentares, o que lhe dá as condições necessárias para comandar a Comissão cuja função primordial é analisar a constitucionalidade de todos os projetos de emenda à Constituição, projetos de lei, medidas provisórias e as proposições em geral que dependam da aprovação do plenário e venham a alterar a realidade cotidiana da sociedade. Além disso, Neto Evangelista já foi secretário de Estado, o que lhe valeu o conhecimento de como funciona a máquina pública, e por fim, traz no seu conhecimento político o gene do pai, o ex-vereador e ex-deputado João Evangelista, que entre outros cargos, presidiu a Câmara Municipal de São Luís e a Assembleia Legislativa. O parlamentar do DEM dispõe, portanto, de cacife elevado para presidir a CCJ, sonho de pelo menos oito entre 10 deputados.
A deputada Helena Duailibe tem todos os predicados para comandar com eficiência a Comissão de Saúde. Médica por formação, ela tem como lastro uma trajetória pública dividida entre o exercício de mandatos parlamentares – foi vereadora de São Luís por dois mandatos -, e atividades na área como secretária de Saúde de São Luís e do Estado. Para começo de conversa, Helena Duailibe conhece na palma da mão a estrutura e a funcionalidade do sistema de Saúde de São Luís, que dirigiu por pelo menos cinco anos, se somados os dois períodos em que esteve no seu comando. Conhece também, em profundidade, o sistema estadual de Saúde, uma vez que foi secretária de Saúde no Governo de José Reinaldo Tavares. A presidência da Comissão de Saúde lhe cabe, portanto, como uma luva.
Nos dois casos, a Assembleia Legislativa acertou em cheio na escolha dos presidentes de comissões.
São Luís, 09 de Fevereiro de 2019.