Votação do impeachment na Câmara Federal produziu ganhadores e perdedores na bancada do Maranhão

 

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Júnior Marreca, Weverton Rocha, José Reinaldo, João Castelo, André Fufuca, Rubens Jr., Eliziane Gama, João Marcelo, Pedro Fernandes e Aluísio Mendes saíram ganhando com seus votos

Como em todo embate político, a votação por meio da qual a Câmara federal autorizou o Senado da República a instaurar um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, realizada domingo, produziu vencedores e perdedores. Mas uma análise mais cuidadosa de casa caso levou à conclusão de que uns deputados ganharam muito mais do que outros que votaram na mesma direção, enquanto que alguns saíram da sessão com grandes problemas para resolver nos próximos tempos. De um modo geral, ganharam politicamente os deputados que votaram a favor do impeachment, ficando os que votaram contra em situação delicada, amargando o sentimento de derrota. Em meio a aqueles, um grupo significativo fez sua parte e não espera afagos nem castigos e pretendem tocar suas carreiras situando-se na realidade política que começa a se desenhar em Brasília.

Protagonista do voto “sim” que chamou mais atenções na bancada maranhense, o deputado José Reinaldo Tavares (PSB) foi, de longe, o que saiu da sessão mais tranquilo, tanto no sentido pessoal quanto no que diz respeito à política. Na sua declaração de voto, fez um desabafo, soltando “o que estava entalado há muito tempo na minha garganta” em relação ao que sofrera por parte do Governo Lula quando comandava o Maranhão, e também quanto à cassação do governador Jackson Lago, que na sua avaliação foi patrocinada pelo PMDB com a anuência do PT com o aval do presidente Lula. “Não poderia votar ´não` aos que fizeram tanto mal a mim e ao Maranhão”, justificou, pedindo desculpas ao aliado e amigo governador Flávio Dino. Além disso, José Reinaldo ganhou politicamente porque tem canal aberto de comunicação com o vice-presidente Michel Temer, podendo ser um interlocutor importante em situação futura.

Inicialmente visto como um parlamentar que estava “perdido”, André Fufuca saiu da sessão de domingo fortalecido, com cacife para se situar num eventual governo do PMDB. Seu maior ganho foi herdar o comando do PP no Maranhão, que, tudo indica, foi tirado do deputado Waldir Maranhão, que decidiu romper com a orientação do partido e votar contra o impeachment. André Fufuca, que chegou à Câmara Federal timidamente como membro do PEN, se aliou ao presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ganhou a presidência da CPI da Prótese, driblou deputados experientes e assumiu a função de coordenador da bancada maranhense, migrou para o PP e agora é o chefe do partido no Maranhão, o que lhe dá expressiva força política, dado o tamanho da agremiação.

A deputada Eliziane Gama (PPS) votou pelo impeachment apostando que terá turbinado o seu projeto de chegar à Prefeitura de São Luís, tanto que ao declarar seu voto o dedicou “à minha querida São Luís”, confirmando um afinado senso de oportunidade. A parlamentar conta com o aval do seu partido e acredita que num eventual Governo do PMDB possa turbinar seu projeto político de chegar ao comando de São Luís nas eleições de outubro. Na mesma linha, o deputado João Castelo (PSDB) ganhou pontos políticos com seu partido, o PSDB, que deve ocupar um espaço de larga importância num eventual Governo Michel Temer, daí porque saiu da sessão com um sorriso largo.

O deputado Weverton Rocha (PDT) saiu do processo fortalecido como líder partidário, mesmo tendo perdido na votação. A atuação dele no comando da bancada do PDT foi irreprovável, mesmo com o registro de alguns excessos. Com o ele, o deputado Rubens Jr. (PCdoB), que comprou a briga contra o pedido de impeachment como um parlamentar centrado, bem informado e competente no que diz respeito à natureza e ao funcionamento das instituições.

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Afinados com seus partidos, Hildo Rocha, Victor Mendes, Cléber Verde, Juscelino Filho, Zé Carlos, Sarney Filho e Alberto Filho sapiram como entraram na votação

No quesito coerência, três deputados saíram maiores da sessão de domingo: Pedro Fernandes (PTB), que não se deixou seduzir pela possibilidade de se dar bem num eventual Governo temer e votou “não” com convicção; João Marcelo Souza (PMDB), que também por convicção, esnobou o oportunismo e votou com consciência; e Aluísio Mendes (PTN), que resistiu a muitas pressões, mas manteve sua convicção de que a denúncia não tem base para justificar um processo de impeachment. Como eles, o deputado Júnior Marreca (PEN), que parecia um parlamentar apagado, mas que cresceu e no ato de votar fez uma defesa surpreendente de princípios que devem nortear a vida pública.

Os deputados Alberto Filho (PMDB), Hildo Rocha (PMDB), Sarney Filho (PV), Victor Mendes (PSD), Cléber Verde (PRB), Zé Carlos (PT) e Juscelino Filho (DEM) votaram com suas bancadas e não cresceram nem diminuíram de tamanho político nesse processo.

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Waldir Maranhão saiu da sessão como o grande perdedor

A votação do impeachment na Câmara Federal teve um grande perdedor na bancada maranhense, o deputado Waldir Maranhão (PP). Ao contrariar o seu partido e votar contra o impeachment, Waldir Maranhão, 1º vice-presidente da Casa, viu seu castelo de poder quase desabar. Convencido pelo governador Flávio Dino a apoiar a presidente Dilma Rousseff, Maranhão comprou duas brigas com adversários que ninguém quer. Primeiro contrariou frontalmente o presidente Eduardo Cunha e depois peitou o seu partido, que fechara questão pelo impeachment. Foi um Waldir tenso e constrangido que, ao votar, desculpou-se com Cunha, a quem prometeu fidelidade plena e de quem recebeu apenas um sorriso debochado. Antes, fora informado de que perdeu o comando do PP o Maranhão, que era a sua maior fonte de poder político. O fato é que Waldir Maranhão saiu da histórica sessão da Câmara como um vice com problemas e um deputado praticamente sem partido.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Wellington e Edivaldo Holanda travam dura guerra verbal
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Edivaldo Holanda e Wellington do Curso: guerra aberta e palavras muito duras

Piorou ontem a grau preocupante, a relação dos deputados  Edivaldo Holanda (PTC) e Wellington do Curso (PP). Os dois trocaram palavras duras ontem no plenário da Assembleia Legislativa por causa do prefeito Edivaldo Jr. (PDT); tendo Wellington do Curso criticado acidamente o chefe do Executivo municipal, que foi defendido pelo pai, deputado Edivaldo Holanda. Tudo começou quando Wellington do Curso acusou o prefeito de haver mentido quando prometeu construir uma rede de creches durante seu governo, o que não aconteceu. A resposta do deputado Edivaldo Holanda foi excessivamente dura. Ele acusou o deputado Wellington de se meter onde não é chamado nem, acusando ainda de “não ter ética” e que ataca sua adversários de maneira “covarde” e de ter “diarreia mental” e de se comportar de maneira “histérica” e de ter uma boca “que fede”. A metralha verbal de Edivaldo Holanda surpreendeu os deputados, principalmente quando ele resolveu lecionar as primeiras letras. Poucas vezes um deputado foi tão duro com um colega como Edivaldo Holanda, um político de larga experiência com o parlamentar, fez com Wellington do Curso. O deputado reagiu com indignação, cobrando mais moderação do colega, mas reafirmando tudo o  dissera e acusou o Edivaldo Holanda pai, repetiu que o prefeito “é mentiroso”, que não trabalha perla população e que é preguiçoso”. O fato é que a temperatura dos dois só aumenta quando eles entram em combate. E se o presidente Humberto Coutinho (PDT) não agir rápida para  construir uma ponte entre os dois lados, as sessões do parlamento estadual poderão virar um campo de batalha com todos os riscos para os gladiadores. Em tempo: Wellington do Curso é pré-candidato à Prefeitura de São Luís, e tem tentado viabilizar o seu projeto batendo forte no prefeito Edivaldo Jr., levando o deputado Edivaldo Holanda, seu pai a defendê-lo em tom cada vez mais elevado e duro.

 

 

São Luis, 18 de Abril de 2016.

 

 

5 comentários sobre “Votação do impeachment na Câmara Federal produziu ganhadores e perdedores na bancada do Maranhão

  1. Mestre me surpreendeu seu conentario: weverton fortalecido? Ou protegido de suas falhas pelo atual governador? João Marcelo convicção? Beirou o humor! Gargalhada. … tudo menos isso

  2. Concordo com você, os que votaram não, sairam fortalecidos, pois votaram respeitando os maranhenses que votaram em Dilma em 2014, dando a maior votação proporcional do Brasil a Presidenta.

  3. Pois é, como poderei apoiar uma pessoa que votou contra meu PRONATEC? JAMAIS! Se hoje tenho alguma perspectiva de futuro é graças a esse programa, mas eles querem tirar isso de nós!!

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