O retorno do ex-deputado Marco Aurélio ao PCdoB, seu partido de origem, deixando o PSB, definiu, agora com toda clareza, quem é quem na corrida à Prefeitura de Imperatriz, o segundo maior e mais importante município do Maranhão. Com a reviravolta, ele descarta – pelo menos por enquanto – a retirada da sua candidatura para apoiar a do deputado Rildo Amaral (PP), que é prioridade do ministro do Esporte André Fufuca e tem o aval pelo Palácio dos Leões, uma vez que, se vitoriosa, fortalecerá a aliança governista na região. Com a permanência do ex-deputado na corrida, as forças alinhadas ao Governo do Estado se dividirão, podendo criar uma situação em que o candidato de oposição, o deputado federal Josivaldo JP (PSD), que tem o apoio dos atuantes grupos bolsonaristas tocantinos, seja beneficiado. Pesquisas qualitativas recentes dariam conta de que Marco Aurélio, que já foi segundo colocado, só perdendo para Rildo Amaral, agora estaria brigando com Mariana Carvalho (Republicanos) pelo terceiro lugar. Na frente, lutando pela cabeça, estão Josivaldo JP e Rildo Amaral, segundo números levantados pela empresa Econométrica de três semanas atrás.
O que poderia ser um ganho político robusto para a aliança governista, se Marco Aurélio e Rildo Amaral chegassem a um acordo, é agora foco de incertezas, que exigirá uma intervenção mais forte do governador Carlos Brandão (PSB), auxiliado pelo ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB) e pelo ministro André Fufuca. Os primeiros levantamentos apontaram uma larga vantagem de Rildo Amaral, fazendo com que o PP, com o aval discreto do Palácio dos Leões, definisse sua candidatura como uma prioridade. O ex-deputado Marco Aurélio foi sondado para apoiar o pré-candidato do PP, mas decidiu seguir seu próprio rumo, convencido de que pode ganhar o mandato. Filiado ao PSB, ele teria sido avisado de que, em nome da aliança governista, o partido provavelmente não lhe daria legenda. Diante do quadro, Marco Aurélio decidiu deixar o PSB, abrindo primeiro uma negociação com o PDT, que não prosperou. Em seguida, bateu martelo e optou por retornar para os quadros do PCdoB, o que aconteceu depois de algumas conversas com o presidente do partido, Márcio Jerry.
O que os líderes da base governista não queriam, aconteceu ontem: o ex-deputado Marco Aurélio deixou o PSB e se re-filiou ao PCdoB, para em seguida anunciar, com vivo entusiasmo, a sua candidatura à Prefeitura de Imperatriz. Sua volta ao PCdoB foi comemorada com festa pelo comando do partido, que acredita que ele conseguirá virar a mesa e deixar os candidatos hoje à frente dos demais candidatos. Ele próprio se movimenta para passar a impressão de que agora tem cacife para se eleger prefeito do município mais rico e politicamente importante do Maranhão, polo de quase duas dezenas de municípios.
Fontes políticas tocantinas dizem que o cenário provável da corrida à Prefeitura de Imperatriz está dividido em duas disputas acirradas. Rildo Amaral e Josivaldo JP brigam pela liderança, numa guerra com desfecho imprevisível. Rildo Amaral, que foi vereador de Imperatriz por anos, conhece a cidade como poucos, o que lhe deu base para estar no segundo mandato de deputado estadual, sempre com foco na cidade e na região. Josivaldo JP, um comerciante de feira, soube transformar a habilidade em cacife eleitoral, tornando-se suplente de deputado federal em 2018, tendo dois anos de mandato lhe caído no colo em 2020, com a eleição do titular Eduardo Braide, para a Prefeitura de São Luís. Embalado por emendas do orçamento secreto, reelegeu-se em 2022 e agora tenta dar um salto maior brigando pela prefeitura de Imperatriz.
Na outra disputa, Marco Aurélio, agora apoiado pelo PCdoB, tendo como suporte o deputado federal Márcio Jerry e o deputado estadual Othelino Filho – é provável que tenha também o apoio da senadora Ana Paula Lobato (PSB) – mede forças agora com Mariana Carvalho, apoiada pelo deputado federal Aluísio Mendes e por parte da direita bolsonarista que atua na região. Marco Aurélio vem de duas derrotas – prefeito em 2020 e deputado estadual em 2022, Mariana Carvalho disputou várias eleições sem sucesso, mas vem crescendo a cada uma delas.
O fato é que a volta do ex-deputado Marco Aurélio ao PCdoB desenha com precisão o cenário da corrida à Prefeitura da “Segunda Capital” do Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Após deixar o TCE, Washington Oliveira assume hoje a Representação em Brasília
O ex-sindicalista, ex-vice-governador e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), muito conhecido como um dos mais atuantes dirigentes do PT no Maranhão, Washington Oliveira será empossado hoje como secretário-chefe da Representação do Governo do Maranhão em Brasília. Ele chega ao cargo após antecipar para fevereiro sua aposentadoria como conselheiro do TCE, beneficiado pelo seu tempo de serviço como servidor federal. O governador Carlos Brandão deve presidir o ato de posse.
No comando da Representação do Governo do Maranhão em Brasília, cargo até semanas atrás ocupado pelo deputado estadual Othelino Neto (PCdoB), Washington Oliveira será o responsável pela relação operacional do Governo do Estado com a Espanada dos Ministérios e toda a estrutura do Governo federal. Isso quer dizer que ele acompanhará os pleitos do Maranhão nos ministérios, cobrará a liberação de recursos negociados pelo Governo estadual com a União. A Representação também dá suporte ao governador do Estado em Brasília. Suas relações com o presidente Lula da Silva e com a cúpula do PT certamente facilitará a sua atuação no cargo.
Um dos mais ativos militantes do PT, tendo presidido o partido no Maranhão por vários anos, Washington Oliveira teve papel decisivo na relação do PT com o Grupo Sarney, tendo sido indicado vice na chapa de Roseana Sarney em 2010. Em 2014, ele renunciou ao cargo e foi nomeado conselheiro do TCE, agindo sempre de acordo com a cúpula petista. Mesmo no TCE, manteve linha direta com o PT, permanecendo como referência do partido, liderando a ala mais raiz do partido.
Há quem diga que Washington Oliveira só ficará no cargo até abril de 2026, quando deverá se desincompatibilizar para disputar uma cadeira na Câmara Federal, onde já esteve como suplente.
Filiação de Chiquinho da FC ao PT muda o cenário da disputa em Codó
A surpreendente filiação do empresário Chiquinho da FC ao PT deu uma guinada de muitos graus na corrida pela prefeitura de Codó. Para começar, ele atraiu para a sua base de apoio o ex-prefeito e ex-deputado estadual Zito Rolim, que havia sido lançado candidato pelo PDT, e também o ex-prefeito Biné Figueiredo, que ainda tem algum prestígio na vida política codoense.
Com esses movimentos e com o apoio da cúpula estadual do PT, a disputa será polarizada entre o empresário petista e o prefeito Zé Francisco (PSD), que busca a reeleição, é bem avaliado e lidera as pesquisas divulgadas até aqui. O jogo, porém, começa para valer agora, com a, para muitos inacreditável, conversão de Chiquinho da FC ao petismo, em grande parte articulada pelo seu filho, o deputado estadual Francisco Nagib, que já foi prefeito pelo PDT e hoje está filiado ao PSB. Com esse lastro, Chiquinho da FC poderá reunir condições para disputar com o prefeito Zé Francisco de igual para igual.
Nesse contexto, a candidatura de Chiquinho das FC passa a ser uma prioridade para o PT, que quer ampliar seu poder de fogo no estado, assim como a reeleição do prefeito Zé Francisco é considerada uma prioridade do PSD, assim como também são a reeleição do prefeito Eduardo Braide em São Luís e a eleição do deputado federal Josivaldo JP em Imperatriz.
São Luís, 22 de Março de 2024.