Num cenário de tragédia em que o Brasil já contabiliza 15,6 mil vítimas da covid-19 e 233 mil infectados, sem ministro da Saúde – dois deixaram o cargo em cinco semanas – e com um general “especialista em logística” no comando temporário do Ministério da Saúde, situação causada por um presidente da República que, em vez de unir a Nação, faz de tudo para dividi-la, o País parece estar todo na contramão do resto do planeta na luta contra novo coronavírus. Nas entranhas do País, porém, a epidemia avança, já teria assumido dimensões catastróficas não fosse o contrapeso sensato de governadores e prefeitos, que ao contrário do que deseja o presidente da República, materializam, em esforços gigantescos, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de sanitaristas e infectologistas do mundo inteiro.
O Maranhão, comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), é um exemplo. Um dos estados mais pobres da Federação, com uma extensão territorial avantajada e 7,5 milhões de habitantes de 217 grandes, médios e pequenos centros urbanos espalhados na imensidão de 331,9 mil quilômetros quadrados, o estado, que até ontem já havia sido contabilizado por 11.592 infectados (8.307 ativos, 2.761 recuperados) e 524 mortos, tem dado uma demonstração de que, quando há Governo com liderança firme, uma cadeia ajustada de comando que se move para efetivar medidas devidamente maturadas, baseadas em ciência e suporte técnico, a coisa anda. Sob essa cadeia de comando, a estrutura hospitalar responde, apesar das limitações. E os números mostram que, com decisão política, determinação operacional e muito trabalho devidamente ordenado, o Governo do Maranhão conseguiu ampliar a estrutura hospitalar pública de 200 leitos de UTI preparados no início de março para 1 mil leitos até ontem.
A eficácia da estrutura de Saúde no combate ao novo coronavírus se deve à unidade da cadeia de comando liderada pelo governador Flávio Dino, que toma as decisões políticas maiores e dá suporte à atuação estrutura operacional liderada pelo secretário de Saúde, Carlos Lula. O governador e o secretário contam com o apoio funcional do chamado Gabinete de Crise, integrado pelos secretários Marcelo Tavares (Casa Civil), Diego Galdino (Governo), Rodrigo Lago (Comunicação e Assuntos Políticos) e Francisco Gonçalves (Direitos Humanos e Participação Popular), e com o suporte científico do Gabinete Científico, comandado pelo secretário de Articulação de Políticas Públicas, Marcos Pacheco, que é médico infectologista. Embalado pelo lema segundo o qual, primeiro salvar vidas humanas, depois salvar a economia, o governador dedica de 14 a 16 horas diárias a frentes diversas: cuida da gestão de todas as áreas do Governo, mantém controle severo sobre as finanças públicas e dedica a maior parte do seu tempo ao acompanhamento de todas as ações na Saúde, mantendo contatos com colegas governadores e conversando com autoridades do Ministério da Saúde. E mantém sintonia fina com os Poderes Legislativo e Judiciário.
É esse Governo administrativa ajustado e politicamente ativo, com a cadeia de comando alinhada e funcionando de acordo com orientações técnicas e científicas, que vem ampliando a estrutura hospitalar – que está longe de ser a ideal, mas até agora está segurando a onda quase no limite -, que vem contratando pessoal para a linha de frente e até bombeiros civis para organizar as bagunçadas e explosivas filas nas agências da Caixa. Foi esse Governo articulado que, diante da ineficácia diplomática do Governo Bolsonaro, montou uma operação ousada e espetacular para trazer da China equipamentos para UTIs e EPIs para o pessoal da linha de frente. Foi esse Governo que adotou o isolamento social e o uso de máscara, e que, cumprindo de boa vontade decisão judicial, colocou o Maranhão nas manchetes planetárias ao o bloqueio total (lockdown) na Ilha de Upaon Açú, isolando 1,5 milhão de pessoas em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa como medida extrema de um esforço extremo para quebrar a onda de avanço do novo coronavírus na sua região mais populosa.
Os resultados já começam a aparecer, o que permitirá que os esforços possam ser canalizados em novas frentes, já que no sábado o novo coronavírus já havia alcançado 185 dos 217 municípios maranhenses, num aviso direto e amargo de que a guerra está longe do fim. E com o agravante de que está sendo travada sem um plano nacional que uniformize as ações em todo o País, como manda a lógica e o bom senso numa situação dessa natureza.
PONTO & CONTRAPONTO
Governo ouve empresas para montar protocolos que nortearão retomada da economia
Diferentemente do que faz o ministro Paulo Guedes (Economia) e a turma de ministros militares que auxiliam diretamente o presidente Jair Bolsonaro, que tentam usar empresários para pressionar governadores para que implantem o isolamento vertical, ou seja, promovam o “liberou geral” da economia, o Governo do Maranhão está mantendo diálogo aberto com a classe empresarial, objetivando torna-la parceira e não adversária. E o condutor desse processo é o secretário de Indústria, Comércio e Energia, Simplício Araújo, que esclarece o cenário afirmando que vem, por meio de vídeoconferência, trabalhando com empresários com o objetivo de definir protocolos que poderão ser usados quando o Governo do Estado decidir retomar gradualmente as atividades econômicas. Esses protocolos reúnem medidas sanitárias e de segurança que garantam a integridade de trabalhadores e clientes. O secretário informa que os protocolos estão sendo discutidos com empresários diretamente e com entidades empresariais, de modo que as medidas que integrem os protocolos a serem validados, dentro da linha adotada nos países mais avançados e que começam a criar condições para retomar o movimento da ciranda econômica. Simplício Araújo, porém, alerta: “Nós não estamos dizendo que após o lockdown vamos reabrir o comércio, isso não me cabe. Estamos fazendo um trabalho de formulação desse protocolo, que será geral e também específico, atendendo a particularidade de cada segmento. Ouvimos e discutimos com vários segmentos e vamos encaminhar o documento para o Governador Flávio Dino”.
Andreia Resende enfrenta a Covid-19
A deputada Andreia Resende (DEM) foi alcançada pelo coronavírus, conforme nota que divulgou sexta-feira por meio da sua assessoria, tornando-se o sexto parlamentar a ser acometido de Covid-19 – os outros foram os deputados federais Aluísio Mendes (PSC) e Pastor Gildenemyr (PL) e os deputados estaduais Daniella Tema (DEM), Helena Duailibe (Solidariedade) e Carlinhos Florêncio (PCdoB). Um dos membros mais respeitados da atual Assembleia Legislativa, Andrea Resende é dentista, integra a Mesa Diretora e tem a região de Balsas como principal base política.
A nota relata que a deputada Andreia Resende – que é paraplégica por conta de um acidente automobilístico que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018 -, procurou assistência médica após sentir os sintomas primários da Covid-19 – tosse, dores no corpo -, fez o teste e confirmou a suspeita de infecção pelo coronavírus. A nota informou que já naquele dia (sexta-feira, 15/05), a parlamentar já encontrava no 13º dia de isolamento em casa, em São Luís, cumprindo rigorosamente as orientações médicas.
São Luís, 17 de Maio de 2020.