Depois de perder o governador Flávio Dino, que migrou para o PSB, e os deputados estaduais Duarte Jr., que passou pelo Republicanos e hoje está no PSB, Marco Aurélio, que também se filiou à legenda socialista, e o deputado Othelino Neto, presidente da Assembleia Legislativa, que está migrando para o PDT, o braço maranhense do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) sofreu ontem mais um duro golpe: perdeu o deputado federal Rubens Pereira Jr.. Com a saída do parlamentar, o PCdoB passa agora a contar apenas com o deputado federal Márcio Jerry, seu presidente estadual e integrante do comando nacional do partido, e dois deputados estaduais: Carlinhos Florêncio e Adelmo Soares, e também a deputada licenciada Ana do Gás. Além disso, o PCdoB conta ainda com a maioria dos 22 prefeitos e um expressivo número de vereadores que elegeu em 2020, entre eles quatro em São Luís (Paulo Victor, Astro de Ogum, Concita Pinto e Fátima Araújo). É possível que o partido sofra outras perdas ao longo deste mês, período em que a “janela partidária” permanecerá aberta. Agora, o PCdoB se encontra na rota do seu desaparecimento como organização política.
Fundado em 1922, o PCdoB corre o risco de ser varrido da vida partidária brasileira exatamente quando completa um século de existência, tempo em que viveu longos períodos na clandestinidade, sob o comando de Luiz Carlos Prestes. O período mais longo de subsistência clandestina ocorreu duramente a ditadura militar de 1964 a 1984. Com a volta da democracia, coube ao então presidente José Sarney (PMDB) assinar o decreto que tirou o PCdoB das sombras, para se tornar um partido ativo sob o comando do lendário líder comunista João Amazonas.
No Maranhão, depois de um período de “timidez” com a volta da democracia, o PCdoB ganhou força no início do novo século, tornando-se a base do projeto de poder liderado pelo então juiz federal Flávio Dino que, juntamente com o jornalista Márcio Jerry e outros militantes oriundos do Movimento Estudantil e com passagem pelo PT, colocou o “partidão” no tabuleiro da política estadual. Sob a liderança de Flávio Dino, que se elegeu deputado federal em 2006, participando ativamente da histórica vitória de Jackson Lago (PDT) para o Governo do Estado, o PCdoB ganhou força e espaço, tendo se tornado a base partidária por meio da qual Flávio Dino articulou o movimento que o levou ao poder em 2014. E nesse contexto, o PCdoB se tornou a mais forte e importante máquina partidária do Maranhão, condição que manteve até junho do ano passado, quando o governador Flávio Dino deixou o partido e se filiou ao PSB.
Nos últimos sete anos, o PCdoB viveu no Maranhão o auge do seu poder. Teve um governador forte, uma bancada estadual expressiva, uma bancada federal respeitável, elegeu 47 prefeitos e mais de uma centena de vereadores em 2016, tendo mantido o seu poder de fogo em 2018, com a reeleição de Flávio Dino. O resultado que obteve nas urnas em 2018 foi pífio no resto do País, situação que o colocou no plano dos partidos ameaçados de extinção. A saída do deputado federal Rubens Jr. agrava muito a situação do partido no Maranhão, e mais ainda no amplo tabuleiro partidário nacional. Todas as previsões feitas até aqui indicam que o “partidão” sairá das urnas sem condições de continuar existindo como uma agremiação política.
O PCdoB está, de fato, fora do contexto político nacional. Ao contrário de outras legendas de esquerda, que se reinventaram nos últimos tempos, o partido não se reciclou, não fez ajustes na sua ideologia, não repensou sua doutrina, não modernizou seu programa, não atualizou seu discurso e não mudou de nome e nem aposentou a foice e o martelo como marca, dois símbolos incompreensíveis para o eleitor atual. Ou seja, o partido não se preparou para os novos tempos. Sintonizados com a realidade, o governador Flávio Dino e o deputado Márcio Jerry bem que tentaram dar ao PCdoB uma identidade preservando sua essência, mas não conseguiram.
Agora sem Flávio Dino e parte do seu grupo, mas ainda sob o comando quase paladino do presidente Márcio Jerry, o PCdoB enfrentará o desafio quase invencível de viver mais um século de solidão.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino fez análise correta do que é hoje o Grupo Sarney
Tem toda razão o governador Flávio Dino quando diz que o Grupo Sarney já não existe. É verdade, e os fatos estão aí para mostrar. O MDB é a maior das fatias do que restou do grande grupo, mas o comando da ex-governadora Roseana Sarney não tem produzido situações que indiquem a retomada de pelo menos parte do poder de outros tempos. Isso está claro nesse processo de preparação para as eleições, a começar pelo fato de que partes do que foi o Grupo Sarney tentam seguir seus próprios rumos.
É o caso, por exemplo, do PSD, liderado pelo deputado federal, Edilázio Jr. com o apoio do experiente deputado estadual César Pires, que tem o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. como pré-candidato a governador. E do PSC, comandado no estado pelo deputado federal Aluísio Mendes, nascido politicamente das entranhas do sarneysismo. A própria posição independente do deputado estadual Adriano Sarney, que comanda o braço maranhense do PV, é uma evidência incontestável de que o sarneysismo não mais existe como grupo.
Hoje, o que já foi o Grupo Sarney, dono de uma hegemonia avassaladora na vida política do Maranhão, está concentrado no MDB, com dois deputados federais, três deputados estaduais, e onde uma ala jovem, liderada pelo deputado estadual Roberto Costa, tenta usar o pragmatismo para fortalecer o partido, mas enfrenta forte resistência por parte de quadros mais conservadores. E essa resistência vem do próprio José Sarney, que é um liberal com mentalidade conservadora.
O governador Flávio Dino, portanto, fez a interpretação correta do que é hoje o que já foi o Grupo Sarney.
Lahesio confirma candidatura ao Palácio dos Leões
É grande a expectativa na pequena São Pedro dos Crentes com a iminência da renúncia do prefeito reeleito Lahesio Bonfim (Agir36), para levar em frente o seu projeto de disputar o Governo do Estado, baseado na convicção de que tem condições de vencer a eleição.
Ele teria sido sondado para retirar sua candidatura em favor de “um nome de consenso” na oposição, reagindo com um sonoro “Não!”. E teria sido enfático na argumentação: o projeto é dele, os esforços feitos até agora foram dele, o que lhe dá o direito e a escolha de recusar a sondagem e confirmar a candidatura.
Se renunciar, terá cumprido apenas um ano e três meses do novo mandato, reeleito que foi em 2020. Quando se lançou pré-candidato a governador, ele anunciou que renunciaria o mandato em março. E no meio político é geral a convicção de que ele não recuará.
São Luís, 04 de Março de 2022.