Ribamar: disputa entre Eudes Sampaio e Júlio Matos é guerra política e será decidida na reta final  

 

Eudes Sampaio e Júlio Matos polarizam a disputa na cidade do Padroeiro, sem chance para outros nomes

São José de Ribamar será palco de uma das mais intensas retas finais entre as corridas por Prefeituras em curso em todo o Maranhão. Quarto maior colégio eleitoral do estado, com 105 mil eleitores, a Cidade do Padroeiro está transformada num campo de guerra pelo voto, com duas forças políticas tentando assumir o controle administrativo e político da cidade a partir de Janeiro, num jogo que terá repercussão na corrida eleitoral de 2022. Ali, o prefeito Eudes Sampaio (PTB) busca a reeleição embalado pelo apoio político do ex-prefeito Luís Fernando Silva, e o ex-prefeito Júlio Matos (PL) tenta voltar ao poder com o apoio do ex-prefeito e atual deputado federal Gil Cutrim (ainda no PDT) e do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL). Entre eles, mas sem chance, o ex-deputado Jota Pinto (PDT) se movimenta com o aval do senador Weverton Rocha, que comanda o partido no estado. Outros candidatos – Beto das Vilas (Republicanos), Edson Júnior (MDB) e Magao (PSOL) – estão no páreo apenas para marcar posição e ocupar espaço visando eleições futuras.

Com grande potencial para o turismo religioso e cultural, polo pesqueiro e abrigo de várias unidades industriais importantes, São José de Ribamar é o que pode se definir como uma extensão autônoma de São Luís. Com uma população de 176 mil habitantes, sendo que a maioria de adultos trabalha na Capital, a Cidade do Padroeiro vem se esforçando para ganhar identidade política própria e avançar na formação de uma base econômica forte, de modo a desfazer a imagem de dependência de São Luís.

Todos os observadores da evolução da disputa em São José de Ribamar ouvidos pela Coluna externaram a mesma impressão: o embate decisivo será entre o prefeito Eudes Sampaio e o ex-prefeito Júlio Matos. Isso porque, ao contrário do que alardeou quando articulava para ingressar no PDT, o ex-deputado Jota Pinto não tem ali expressivo lastro político nem eleitoral. Tanto que o comando pedetista, que no início da corrida demonstrava algum entusiasmo com a sua candidatura, parece ter tirado o pé do acelerador, mantendo-lhe o apoio, mas sem muito entusiasmo. Entre os que não têm chance de eleição, o candidato mais pé no chão é Edson Júnior, uma aposta do MDB para a sucessão municipal de 2024.

No início da corrida, o prefeito Eudes Sampaio se movimentava com a certeza de que seria reeleito, já que ficou claro desde o início que Jota Pinto seria facilmente batido nas urnas. Só que a entrada de Júlio Matos – que estava inelegível, mas está brigando na Justiça pelo direito de se candidatar – alterou drasticamente o cenário da disputa. Apoiado pela família Cutrim e por Josimar de Maranhãozinho, e contando com uma base expressiva de apoiadores, Júlio Matos se mostrou um adversário forte e com cacife para entrar no jogo em condições de enfrentar o prefeito de igual para igual. A mudança no cenário acendeu a luz amarela para Eudes Sampaio e para o seu principal apoiador, Luís Fernando Silva, que saiu a campo para fortalecer a campanha do aliado, participando de atos de campanha e da propaganda.

Os Cutrim encontraram em Júlio Matos o caminho para derrotar o prefeito Eudes Sampaio e, assim, atingir politicamente o ex-prefeito Luís Fernando Silva, de quem já foram aliados, mas que agora o apontam como inimigo político irreconciliável. Júlio Matos parece nutrir o mesmo sentimento pelo ex-prefeito, e tem como um dos seus objetivos minar o poder de fogo de Luís Fernando Silva derrotando seu aliado e reassumindo o comando do terceiro maior município e colégio eleitoral do estado.

Os mesmos observadores da cena ribamarense avaliam que, independente do retrato de pesquisas até o momento, a disputa pela Prefeitura de São José Ribamar será decidida na reta final. Partidários do prefeito Eudes Sampaio fazem contas e garantem que ele se reelegerá, mantendo o grupo liderado por Luís Fernando Silva, enquanto os aliados de Júlio Matos apostam alto na eleição dele, o que abrirá caminho para a volta do ex-prefeito Gil Cutrim ao poder.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino desafia Jair Bolsonaro a provar que ele lhe negou segurança em Balsas

Flávio Dino diz que Jair Bolsonaro faltou com a verdade na declaração à Jovem Pan

O que, em princípio, parecia uma mentira dita por provocadores que navegam em redes sociais, a “informação” de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria cancelado sua ida a Balsas para um evento evangélico porque o governador Flávio Dino (PCdoB) teria proibido a Polícia Militar de participar do esquema de segurança presidencial, ganhou uma dimensão bem maior ontem, com a revelação de que a “informação” foi dada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan.

Na manhã de quarta-feira, a “informação” ganhou as redes sociais, levando o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, reagir com um desmentido contundente dizendo tratar-se de uma mentira. Ele afirmou que até aquele momento não havia recebido do Palácio do Planalto qualquer solicitação de apoio à segurança do presidente da República em Balsas. Mesmo diante do desmentido do secretário de Segurança Pública, o senador Roberto Rocha (PSDB), que articulara a visita do presidente a Balsas, divulgou comentário criticando o governador Flávio Dino.

Ontem, Flávio Dino usou sua conta no twitter para divulgar a seguinte mensagem: “Acabo de descobrir que a mentira de que eu neguei segurança a Bolsonaro em Balsas partiu dele próprio. Exijo que ele mostre o documento que prova a sua versão”. E anexou o áudio em que o presidente da República diz que sua ida a Balsas foi cancelada porque “o sr. Flávio Dino resolveu não ceder a Polícia Militar para fazer a segurança mais aberta”.
Indignado com a declaração do presidente, o governador afirmou categoricamente que não houve nenhuma negativa de segurança ao presidente, desafiando o chefe da Nação a provar, com documento, o que classificou de “fantasiosa versão”.

Reforçando a reação do governador, a Associação dos Pastores Evangélicos de Balsas (APEB) também divulgou nota, assinada por seu presidente, pastor Natanael Gomes, esclarecendo que “em nenhum momento foi procurada ou informada sobre a realização do evento, tomando conhecimento apenas pela divulgação do vídeo”.

Chefe de Estado que tem consciência plena dos seus deveres institucionais, o governador Flávio Dino jamais cometeria a insensatez de negar o apoio da PM a um esquema de segurança ao presidente da República em território maranhense, independentemente das diferenças políticas e do grau de animosidade nas suas relações.

Resumo da opereta: ou alguém “envenenou” o presidente Jair Bolsonaro com uma mentira cabeluda, que ele não checou e mandou em frente, como costuma fazer, ou o presidente escorregou feio na ética.

 

Neto Evangelista tem preocupação com a situação fiscal de São Luís

Neto Evangelista tem manifestado preocupação com a situação fiscal a ser deixada por Edivaldo Holanda Jr.

“Tenho ciência da situação fiscal de São Luís e não vou prometer o que sei que não poderei cumprir”. Essa declaração tem sido feita com frequência pelo candidato do DEM/PDT/MDB/PSL à Prefeitura de São Luís, Neto Evangelista. Ao fazê-la, ele joga no ar uma nuvem de interrogações de que existe uma situação complicada a ser resolvida nessa área, contrariando o discurso do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) de que, se não é excelente, a situação fiscal (equilíbrio entre receita e despesa) da Capital não é temerária. Chama atenção o fato de que os demais candidatos anunciam projetos e projetos, passando ao largo de uma discussão sobre a situação financeira do município. Ao contrário dos seus concorrentes, Neto Evangelista vez por outra faz menção à situação financeira, às vezes dizendo que “vai olhar primeiro esse problema”. É fato que no seu primeiro mandato, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior passou pelo menos dois anos “arrumando a casa” e colocando as finanças em ordem. E é quase certo que ele repassará ao seu sucessor uma situação muito melhor do que a que recebeu. O candidato do DEM sabe disso, mas prefere não fazer promessa de custo elevado enquanto não tiver acesso à chave do cofre. Caso seja eleito, é claro.

São Luís, 23 de Outubro de 2020.

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