Reunião com deputados deflagrou a corrida aos Leões e confirmou a pré-candidatura de Orleans Brandão

Iracema Vale apresenta Orleans aos deputados;
Orleans Brandão fala do seu projeto
e consegue no apoio do grupo governista

Mesmo considerando os nove meses que faltam para o prazo fatal das desincompatibilizações, e que nesse período muita água ainda vai rolar e muitas cobras ainda fumarão, começam a surgir sinais consistentes de que o governador Carlos Brandão (PSB) poderá mesmo permanecer no cargo até o final do mandato e tentar fazer o seu sucessor com a candidatura, que ganha forma a cada movimento, do seu sobrinho e principal auxiliar, o secretário de Assuntos Municipalista Orleans Brandão (MDB). A reunião de quarta-feira, num restaurante de São Luís, de 26 deputados da base governista, mobilizados pela presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), para declarar apoio à pré-candidatura do auxiliar do chefe do Executivo ao Palácio dos Leões foi, de longe, a mais forte manifestação confirmadora desse projeto.

“Orleans representa a continuidade de um projeto que vem dando certo. Tem preparo técnico, sensibilidade política, humildade e conhece o Maranhão de perto”, declarou, em tom afirmativo, a presidente Iracema Vale, ao defender o projeto de candidatura do secretário, obtendo, como resposta, manifestações entusiasmadas dos seus colegas base governista na Assembleia Legislativa.

A reunião de quarta-feira foi reveladora de vários aspectos que envolvem o tenso e movimentado momento político do Maranhão. Primeiro: a reunião pode ter selado de vez o rompimento do governador Carlos Brandão o com o ministro Flávio Dino (STF), eliminando a possibilidade de união em torno do vice-governador Felipe Camarão (PT). O segundo é que o projeto de candidatura de Orleans Brandão ganha a definição de fato consumado. O terceiro: o principal desdobramento desse movimento é a agora provável decisão do governador Carlos Brandão de abrir mão de ser senador para permanecer no Governo até o final do mandato. E o quarto é que o Palácio dos Leões recompôs quase que integralmente a sua base na Assembleia Legislativa, que foi fortemente abalada na eleição da presidência do Poder Legislativo, em novembro de 2024.

Nesse contexto, outro ponto importante é que a reunião praticamente mandou para o espaço a decisão tomada no Palácio dos Leões de que o governador, seus auxiliares e seus aliados só deveriam falar de política e eleições no ano que vem. E o atropelamento dessa posição cai na conta da deputada Iracema Vale, que se consolidou de vez como a como a grande operadora desse arrojado projeto político. Têm sido dela as principais iniciativas para promover o secretário de Assuntos Municipalista à condição de candidato a governador. Há cerca de um mês, ele reuniu sua base em Urbano Santos e declarou-lhe. Depois, emplacou o secretário de Assuntos Municipalista como representante do governador num congresso de legisladoras maranhenses. E o resultado é que há muito não se via no tabuleiro político maranhense uma ação política catalizadora tão forte e decisiva. O secretário Orleans Brandão, por sua vez, vai aos poucos abandonando o discurso cauteloso de não se apresentar ainda como candidato a governador, até porque não há como invocar prudência diante de 26 deputados estaduais declarando apoio ao seu projeto de candidatura.

No que respeita à reunião de quarta-feira em si, vale registrar o fato de que entre os 26 deputados participantes representam o mosaico partidário da Assembleia Legislativa, que vai do PSB do governador Carlos Brandão até o PL do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, passando pelo PDT do senador Werverton Rocha, pelo PP do ministro André Fufuca e do MDB do próprio Orleans Brandão, que deve receber em breve a declaração de apoio da deputada federal Roseana Sarney, já que o hoje mais destacado líder e emedebista, o prefeito de Bacabal e presidente da Famem Roberto Costa tem sido linha de frente na construção desse projeto.

O grande e incontestável fato é que a reunião de quarta-feira deflagrou de vez a corrida sucessória, não havendo mais argumento – pelo menos na base governista – para manter o adiamento do processo político-eleitoral para 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Ação política visando sucessão acontece em meio a embates entre dinistas e brandonistas na Alema

Carlos Lula tem sido duro nos ataques ao
Governo e ao governador, enquanto Florêncio
Neto faz a defesa do Governo e do
governador sem atacar Flávio Dino

O movimento da base parlamentar do Governo em torno da pré-candidatura do secretário Orleans Brandão (MDB) à sucessão do governador Carlos Brandão (PSB) acirrou os ânimos no plenário da Assembleia Legislativa. Nesta semana, deputados dinistas, a começar por Carlos Lula (PSB), atacaram duramente o governador Carlos Brandão, afirmando que ele está agindo para abafar o legado do Governo Flávio Dino. Deputados brandonistas rebateram a acusação dizendo que o governador está realizando a sua gestão e preservando o que Flávio Dino fez de bom.

O que deveria ser um debate sobre a qualidade dos dois governos vem se transformando num embate duro, com acusações graves. Carlos Lula vem usando adjetivos fortes contra o Governo e o governador, a quem já chamou diversas vezes de “mentiroso”, afirmando também que o Governo falseia a realidade por meio da propaganda. Nessa linha têm atuado os deputados Rodrigo Lago (PCdoB), dinistas de proa, e Fernando Braide (PSD), que expressa a posição do prefeito Eduardo Braide (PSD) em relação ao Governo e ao governador.

Esses ataques oposicionistas têm sido rebatidos com eficiência pela bancada governista, liderado pelo deputado Neto Evangelista (União), que tem rebatido com equilíbrio as investidas da oposição. A ele têm se juntado os deputados Florêncio Neto (PSB), Davi Brandão (PSB), Adelmo Soares (PSB), e mais recentemente Catulé Júnior (PP), que de uma posição de independência passou a integrar a base governista assumindo a defesa do Governo, o mesmo acontecendo com a deputada Helena Duailibe (PP). O que chama a atenção no discurso dos deputados governistas é que eles defendem o governador e o Governo, mas não atacam o antecessor Flávio Dino.

Na quarta-feira, por exemplo, após o deputado Rodrigo Lago fazer um duro ataque ao governador e ao Governo, o deputado Adelmo Soares sugeriu que o PCdoB entregue os cargos que tem na máquina governista, como a Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano, por exemplo.

AL pede ao STF que destrave ação sobre TCE-MA; ato depende de Dino, que refuta apelido de “ministro travão”

Flávio Dino pode mostrar que não é “ministro travão”

Deve sair a qualquer momento a decisão do ministro-relator Flávio Dino, da Suprema Corte, a respeito da ação do deputado Othelino Neto, por meio do Solidariedade pediu e obteve a suspensão da escolha, pela Assembleia Legislativa, de dois conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.

Na ação, o Solidariedade alegou que várias regras para a escolha de conselheiros do TCE-MA seriam inconstitucionais, sugerindo que a Justiça determinasse mudanças nesse conjunto de normas. Para surpresa de muitos, o relator, ministro Flávio Dino, suspendeu o processo de escolha e determinou que o Poder Legislativo providenciasse as mudanças, o que foi feito.

Mesmo tendo a Assembleia Legislativa atendido a todas as exigências atualizando o Regimento Interno nesse item, de acordo com as orientações judiciais, o processo permaneceu emperrado. Recentemente, após várias tentativas de obter da Corte o reconhecimento de que as providências foram tomadas, a Assembleia Legislativa foi surpreendida pelo Solidariedade, que foi ao Supremo para reconhecer que o problema está resolvido e que a sua própria ação perdeu sentido.

Com base nesse fato, e sustentada no argumento de que até a Advocacia Geral da União já reconheceu a atualização das regras, a Assembleia Legislativa acionou a Suprema Corte solicitando ao relator, ministro Flávio Dino, o destravamento do processo, devolvendo normalidade ao funcionamento do Poder Legislativo do Maranhão, que está impedido de escolher dois conselheiros, acarretando sobrecarga e atrasos no TCE-MA.

Nesse caso, a um fato curioso: a petição da Assembleia pedindo que o ministro-relator Flávio Dino destrave o andamento da ação acontece no exato momento em que o ministro se declara incomodado como a fama de “ministro travão”, o que no caso da Alema faz todo sentido.

São Luís, 04 de Julho de 2025.

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