Com a confirmação da aliança com o PSB em torno da pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição, tendo o petista Felipe Camarão como pré-candidato a vice-governador, e o ex-governador Flávio Dino pré-candidato ao Senado, o braço maranhense do PT deu ontem o passo decisivo para consolidar a chapa governista às eleições de outubro. O anúncio da decisão foi o ponto alto do Encontro Estadual de Tática Eleitoral (ETE) realizado no final de semana pelo partido para definir as posições que serão levadas à convenção de agosto, quando as candidaturas e alianças serão formalizadas. Com a decisão de confirmar, por aclamação a indicação do advogado Felipe Camarão para companheiro de chapa de Carlos Brandão, o PT ocupa um espaço amplo na aliança e cria uma perspectiva de poder considerável para disputas futuras ao Governo do Estado. Basta para isso lembrar que o governador Carlos Brandão é candidato a um só mandato, o que, caso seja reeleito, dará ao seu vice o horizonte de tornar-se seu sucessor, abrindo a possibilidade concreta para a chegada do PT ao poder estadual em 2026. Um cenário que a dissidência que apoia o senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT, não consegue enxergar.
O ETE petista foi antecedido por muito barulho dentro do partido, feito por uma ala eleitoralmente inexpressiva que, alinhada ao projeto de candidatura do senador pedetista Weverton Rocha, contrariando a orientação do comando nacional do partido e ignorando a tendência da maioria petista no estado, vem pregando rompimento com o PSB, contra o governador Carlos Brandão, e estimulando ao lançamento do sociólogo Paulo Romão como pré-candidato ao Senado contra o ex-governador Flávio Dino, ou apoiar a candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição, o que parece mais provável diante da posição majoritária do partido de manter e consolidar a aliança com o PSB, a exemplo do que acontece no âmbito nacional, com a chapa unindo o petista Lula da Silva e o neossocialista Geraldo Alckmin.
Mesmo já escrita nas estrelas, a posição do PT, como não poderia deixar de ser, não se deu de pronto. Isso porque, mesmo sabendo que não tinha a menor chance de desbancar Felipe Camarão e ser alçado companheiro de chapa de Carlos Brandão, o deputado Zé Inácio, que é vice-líder do Governo na Assembleia Legislativa, manteve o clima de disputa e levou para o ETE sua condição de candidato a pré-candidato a vice-governador. Seu argumento alimentou o factoide de ser um petista “de raiz”, o que não significa absolutamente nada na guerra pelo voto, se isso contasse, Geraldo Alckmin não seria o indicado do PSB para vice de Lula da Silva. Zé Inácio manteve o script, mas no momento em que lhe foi dada a palavra ele uniu a lógica ao bom senso e anunciou a retirada da sua pretensão de ser candidato a vice e anunciou seu apoio a Felipe Camarão. Nos bastidores, correu que Zé Inácio retirou seu projeto de ser candidato a vice-governador depois de intensas articulações nas entranhas do partido.
Sem a presença de representantes da minúscula, mas zoadenta, ala dissidente, e diante da desistência do deputado Zé Inácio, o presidente estadual do PT, Francimar Melo, colocou a indicação e Felipe Camarão em votação, e o resultado foi acachapante: aprovação pela unanimidade dos presentes ao ETE. O presidente consumou a escolha: “É com muita alegria que anuncio a posição unificada do nome Felipe Camarão como pré-candidato a vice-governador pelo PT. Em clima de aliança com o PSB para reelegermos Carlos Brandão governador, Flávio Dino senador e Lula presidente”
Aclamado sem qualquer voz questionando sua indicação, Felipe Camarão calçou as sandálias da humildade e declarou: “Recebo com entusiasmo e muita humildade o resultado do Encontro Estadual de Tática Eleitoral, que confirmou meu nome como pré-candidato a vice-governador, na chapa do governador Carlos Brandão. O PT é grande porque constrói sua história com sua base, de forma democrática e com decisões coletivas. Como afirmei desde que cheguei ao partido, não me filiei para ser uma estrela, mas para somar forças e me juntar a tantos companheiros e companheiras a manter o brilho da grandiosa estrela do PT”.
O fato é que a decisão do PT colocou definitivamente a chapa Brandão/Camarão/Dino nos trilhos, para acelerar e ganhar cada vez mais consistência política e força eleitoral.
PONTO & CONTRAPONTO
Aliança PSB/PT com Camarão de vice empurra Weverton para o bolsonarismo
Depois de uma semana em que contabilizou ganhos políticos com sua guinada na direção do bolsonarismo no Maranhão, o senador Weverton Rocha, pré-candidato do PDT aos Leões, assiste o PT lhe escapar para fortalecer o governador Carlos Brandão (PSB), seu principal oponente. O chefe e pré-candidato pedetista percebeu cedo que não teria o PT no seu leque de alianças, e por conta disso, cuidou de fazer as pazes como inimigos de outrora, como o senador Roberto Rocha, pré-candidato do PTB à reeleição, e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), que está na linha de frente da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Maranhão. No sábado, por exemplo, pré-candidato do PDT fez uma caminhada na área Itaqui/Bacanga de mãos dadas (literalmente) com o deputado federal Júnior Lourenço (PL), bolsonarista e uma das figuras mais controvertidas da bancada maranhense no Congresso Nacional. A confirmação da aliança PT/PSB em torno das candidaturas do governador Carlos Brandão à reeleição tendo Felipe Camarão como vice, e de Flávio Dino ao Senado, funcionou como uma ducha forte na sua direção.
Líderes maranhenses do União Brasil não declaram apoio à pré-candidatura de Bivar ao Planalto
Os deputados federais Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes, que representam o União Brasil no Maranhão e disputam o posto de presidente regional, não fizerem qualquer movimento concordando ou discordando da pré-candidatura do deputado federal pernambucano Luciano Bivar à presidência da República. Por um lado, oriundo do DEM, que presidiu no Maranhão, Juscelino Filho não apoia o projeto presidencial do parlamentar, seguindo a inclinação do presidente do partido, o baiano ACM Neto, que tende a apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Por outro, está Pedro Lucas Fernandes, que simpatiza com a pré-candidatura de Luciano Bivar, mesmo sabendo que ele dificilmente se sustentará, e num eventual segundo turno, seu caminho será o apoio à candidatura do ex-presidente Lula, independentemente de quem vier a ser o seu oponente.
São Luís, 06 de Junho de 2022.