No meio da semana que passou, alguns blogs anunciaram que o vice-prefeito de São Luís, Júlio Pinheiro (PCdoB), está se preparando para pleitear a vaga de candidato do partido à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT). Dias atrás, outros blogs surpreenderam seus leitores com a informação segundo a qual o vereador Astro de Ogum (PR) começa a se movimentar com o mesmo objetivo, e, mais surpreendente ainda, circulou, também em blogs, a pré-candidatura do vereador Aldir Júnior (PR) ao Palácio de la Ravadière. Os três novos candidatáveis fazem agora parte de um grupo de potenciais candidatos já formado pelos deputados federais Eduardo Braide (?), Bira do Pindaré (PSB), Márcio Jerry (PCdoB), pelos deputados estaduais Duarte Jr. (PCdoB) e Wellington do Curso (PSDB), pelo secretário de Educação Felipe Camarão (DEM( ex-governadora Roseana Sarney (MDB), o juiz Roberto Veloso, a arquiteta Kátia Bogea e o ex-vereador Fábio Câmara (PSL). Há ainda especulações remotas sugerindo a senadora Eliziane Gama (PPS), e outras, mais tênues ainda, levantando a possibilidade de o senador Weverton Rocha (PDT) entrar na briga.
Feitas as contas, são 15 nomes de diferentes cores partidárias, origens políticas, bases ideológicas, com cacifes até aqui inexpressivos, de médio porte e de peso pesado, destacando-se os nomes ligados à aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) – Júlio Pinheiro, Bira do Pindaré, Márcio Jerry, Felipe Camarão, Duarte Jr., Weverton Rocha e Eliziane Gama -, os identificados com o Grupo Sarney – Roseana Sarney, Kátia Bogea e Roberto Veloso -, os pertencentes ao grupo que vem sendo formado pelo deputado federal Josimar Maranhãozinho (PR) – Aldir Júnior e Astro de Ogum – e os chamados independentes: Eduardo Braide e Wellington do Curso.
Desde que os prefeitos das Capitais brasileiras voltaram a ser eleitos pelo voto direto, em 1985, nos estertores da ditadura – na célebre disputa entre Jaime Santana (PMDB), o “Força Total” e Gardênia Gonçalves (PFL), “Nome de Flor”, vencida por ela – a Prefeitura de São Luís não despertava o interesse de tantos candidatos. Hoje com 1,2 milhão de habitantes e tendo em seu entorno três municípios em franco processo de crescimento, a Capital do Maranhão ganhou estatura de metrópole, reconhecimento mundial e, claro, importância política. Política e eleitoralmente, permanece como um “bastião” do PDT, num período de domínio iniciado por Jackson Lago em 1989 e mantido até hoje, com apenas duas interrupções – Conceição Andrade (PSB) de 1993 a 1995 e João Castelo (PSDB) de 2009 a 2012 – a cidade foi alvo de dura disputa em 2016 – Edivaldo Jr. contra Eduardo Braide – e daqui a 20 meses será o troféu de uma verdadeira guerra pelo seu comando.
A explicação é óbvia, e começa com o fato de a Capital, além do seu poder econômico, que cresce com a importância do complexo portuário do Itaqui e com outros projetos em andamento, abrigar mais de 600 mil eleitores, o que equivale a quase 15% do eleitorado do Maranhão. Isso quer dizer que o prefeito de São Luís, se jogar com eficiência no campo administrativo e competência na seara política, poderá se posicionar com cacife graúdo em numa disputa estadual majoritária, como senador ou governador, por exemplo. O prefeito Edivaldo Jr., por exemplo, está reunindo força política e eleitoral para chegar em 2022 com cacife para uma confortável eleição de deputado federal, entrar na briga pelo Senado se o governador Flávio Dino alçar voo nacional ou encarar a disputa pelo Governo do Estado se o senador Weverton Rocha abrir mão da vaga de candidato do PDT.
O surpreendente e expressivo número de candidatáveis à Prefeitura de São Luís tem várias outras explicações, entre elas o objetivo do PDT de manter-se como força partidária dominante, a determinação da aliança de consolidar cada vez mais sua força política na cidade, e o sonho do ex-presidente José Sarney de sentar praça no Palácio de la Ravardière, o que só conseguiu quando o prefeito era nomeado pelo governador. Nesse tabuleiro, há nomes que não representam tendências e que conseguiram espaços como outsiders diferenciados e por isso se destacam como nomes fortes para a disputa, como Eduardo Braide e Duarte Jr., o primeiro já testado e o segundo ainda uma promessa.
PONTO & CONTRAPONTO
Josimar de Maranhãozinho faz movimentos ousados para fortalecer grupo e ganhar peso na política estadual
Para muitos, o lançamento do vereador Aldir Júnior (PR) para a Prefeitura de São Luís soou como um gesto solto, sem beira, eira ou rumo de um edil que parece fora do contexto de São Luís. Nada disso. O movimento de Aldir Júnior é parte da audaciosa e ambiciosa estratégia do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que comanda o PR estadual com mão de ferro e eficiência e parece disposto a ocupar um espaço expressivo e sentar na mesa das decisões para as próximas guerras eleitorais. Até aqui, Josimar de Maranhãozinho tem mostrado fôlego para chegar a ampliar e consolidar seu poder de fogo. Foi o deputado estadual mais votado em 2014 (100 mil votos) e o campeão de votos para deputado federal em 2018 (190 mil votos), sua mulher, Detinha (PR), saiu das urnas com a maior votação para a Assembleia Legislativa (88 mil votos), tendo sido também decisivo o seu apoio às eleições de Hélio Soares e Vinícius Louro para a Assembleia Legislativa, e a de Júnior Lourenço para a Câmara Federal. E para fortalecer seu grupo, Josimar de Maranhãozinho atraiu o depurado estadual Leonardo Sá, que trocou o PRTB pelo PR. Conseguiu assim o controle de quatro votos na Assembleia Legislativa e dois na Câmara Federal. Tem vários municípios sob seu comando político, entre eles o importante e estratégico Zé Doca, onde sua irmã, Josenilda Rodrigues (PR), é prefeita. A eleição de Aldir Júnior vereador de São Luís em 2016 foi um passo importante na estratégia de Josimar de Maranhãozinho com o objetivo se preparar para passos mais largos, entre eles o de chegar ao Governo do Estado. Ele já deixou isso claro em várias entrevistas. E para quem avalia esse objetivo como uma fantasia do parlamentar, vale lembrar que ele já tem o controle direto sobre uma informação dada por ele próprio em várias entrevistas: foi votado em 214 dos 217 municípios e montou estrutura em 102 municípios, façanha que nenhum dos candidatos a senador conseguiu. É verdade que Josimar de Maranhãozinho é um político marcado por algumas controvérsias, mas não há com desconhecer que é também um político hábil, ousado, ambicioso e que sabe onde quer chegar, usando seus talentos para dar passos bem pensados. O lançamento de Aldir Júnior pode ser apenas um aviso de que já está no jogo sucessório da Capital.
Alterar nome político pode ser uma faca de dois gumes
A polêmica envolvendo o deputado Adriano Sarney (PV), que teria suprimido o Sarney para se chamar apenas Adriano, é antiga e faz algum sentido uma discussão sobre nomes de políticos. Afinal, nome é a mais importante marca de identificação de uma pessoa, e quando se abre mão do nome de batismo ou do sobrenome, que identifica família, preferindo ser identificado com um apelido ou qualquer outra marca nominal, essa iniciativa pode consolidar ou fragilizar o político, por exemplo. Daí ser de risco a estratégia de identificar o prefeito Edivaldo Holanda Júnior apenas como “prefeito Edivaldo” ou simplesmente “Edivaldo”. Essa simplificação drástica pode até passar a ideia de mais intimidade com o público, mas pode também torná-lo um Edivaldo qualquer, quando se está falando de Edivaldo Holanda Braga Júnior, filho do deputado Edivaldo Holanda Braga. Trata-se do político que foi vereador de São Luís por dois mandatos, deputado federal e prefeito eleito e reeleito de São Luís e que tem uma longa estrada pela frente, que nasceu como Edivaldo Holanda Jr., nada justificando esse arranjo minimalista da sua identidade nominal. Imagine-se “deputado Edivaldo”, “senador Edivaldo” ou “governador Edivaldo”, ao lado de deputado Rubens Jr., senador Weverton Rocha e governador Flávio Dino. Há casos absurdos em sentido contrário, como o do deputado federal Júnior Marreca Filho, uma verdadeira equação nominal para ligar o nome do jovem político ao do pai, o ex-deputado federal e ex-prefeito de Itapecuru Mirim, Júnior Marreca. E o do deputado André Fufuca, que adotou o apelido do pai, Fufuca Dantas, que também adotou como identidade política um apelido de infância. E ainda o exemplo da deputada Detinha, Maria Deusdeth Lima Cunha Rodrigues, só identificada por um apelido de infância, como se não tivesse uma raiz familiar. O caso de Adriano Sarney é mais falatório, porque ele dificilmente abrirá mão da sua identidade familiar, pois sabe que dificilmente terá futuro sem ela. Já Júnior Marreca Filho, André Fufuca e Detinha nasceram políticos como esses nomes, que dificilmente mudarão. Quanto à simplificação do nome do prefeito Edivaldo Holanda Jr. para Edivaldo é uma tentativa ousada quando ele já é um político maduro identificado pelo nome que carrega, e por isso a reviravolta nominal não faz muito sentido.
São Luís 10 de Fevereiro de 2019.
Mais uma vez o nobre esquece de incluir o Deputado ADRIANO. Quem vem costurando apoio de lideranças para entrar forte na disputa para Prefeitura de Slz
Cadê o juiz federal Luiz Carlos madeira não apareceu nas candidaturas