“Eu preciso do apoio de vocês”. O pedido, feito de maneira honesta, franca e direta, partiu do ex-governador Flávio Dino aos presentes da primeira reunião por sua pré-campanha ao Senado organizada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), na noite de segunda-feira (9). Além de ser a primeira mobilização, o encontro serviu também para mostrar o tamanho e o poder de fogo da base de apoio à chapa liderada pelo governador Carlos Brandão (PSB), pré-candidato à reeleição. Ao encontro compareceram a pré-candidata a primeiro suplente de senador, Ana Paula Lobato (PCdoB), o pré-candidato a vice-governador Felipe Camarão (PT), nada menos que 21 dos 42 deputados estaduais – incluindo o presidente -, seis deputados federais – um deles representado pelo pai e o outro participou virtualmente –, a senadora Eliziane Gama (Cidadania) e o governador Carlos Brandão (PSB), que fez questão de participar.
Interpretado por adversários do ex-governador como um apelo “dramático”, o pedido de apoio à classe política foi mais uma demonstração de que Flávio Dino é hoje um político maduro e que sabe o que faz. Quando diz que precisa do apoio de aliados, ele fala francamente, demonstrando sólida consciência de que uma candidatura ao Senado não é um projeto individual, solitário, movido pela arrogância do candidato, mas um projeto de grupo, como é uma candidatura a governador e a presidente. Muito diferente de atitudes caudilhescas de pré-candidatos que jogam seus nomes no tabuleiro achando que todos estão obrigados a apoiá-lo. Quando um ex-governador bem avaliado se lança candidato a senador e reúne aliados e lhes diz que precisa do apoio deles, ele dá uma demonstração clara de maturidade e consciência política.
O primeiro movimento do deputado Othelino Neto como coordenador político do projeto da candidatura senatorial de Flávio Dino foi certeiro, rigorosamente dentro da lógica política pré-eleitoral. Reunir 21 deputados estaduais e seis deputados federais em torno de uma pré-candidatura ao Senado não é tarefa fácil. No caso, a tarefa do coordenador foi facilitada pela importância e a estatura política do pré-candidato, o ex-governador Flávio Dino, hoje o mais destacado político em ação no Maranhão, o que lhe deu até aqui a condição de favorito, e pela qual não se deixa seduzir, mesmo com ampla vantagem sobre seu principal adversário, o senador Roberto Rocha, que busca a reeleição.
Nesse contexto, Flávio Dino tem um discurso com dois motes, o cenário político e o seu Governo. No campo político, o seu discurso é fundamentado dos princípios básicos do estado democrático de direito – com eleições livres, regulares, organização partidária e alternância no poder -, a defesa das garantias constitucionais e o repúdio implacável a qualquer gesto que possa ser interpretado como golpismo. No campo administrativo, defende exatamente as marcas do que foi o seu Governo: gestão responsável, eficiente e transparente, com o dinheiro público sendo investido na sua destinação, e sem uma única suspeita de desvio. O resultado é óbvio: em sete anos, seu Governo fez na educação, na saúde e na segurança pública do que governos somados nas três últimas décadas. Os números estão aí, é fácil comprovar.
O deputado Othelino Neto justificou o encontro: “Cada deputado estadual, que aqui está, representa milhares de maranhenses, pois foram escolhidos pelo povo do Maranhão. E nós vamos levar essa mensagem para cada canto do estado”. E deixou claro que a ação de coordenação inclui também o esforço de mobilização em torno do projeto de reeleição do governador Carlos Brandão: “O governador pode contar comigo, como um militante político, porque, sobretudo, tenho responsabilidade com o que estamos construindo desde janeiro de 2015”. Na contrapartida. O governador Carlos Brandão elogiou os primeiros resultados do trabalho do deputado Othelino Neto como coordenador político da pré-candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado: “Othelino tem o nosso respeito e a nossa gratidão por decidir continuar conosco nesse projeto, iniciado pelo ex-governador Flávio Dino, e que pretendemos continuar desenvolvendo em prol do Maranhão”.
Para o grupo situacionista, a reunião de segunda-feira iniciou de fato a pré-campanha do ex-governador Flávio Dino ao Senado.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão anuncia o “Maior São João do Brasil”
O Maranhão terá o “Maior São João do Brasil”, afirmou ontem o governador Carlos Brandão (PSB) ao anunciar a programação da mais importante festa popular do estado, que volta a ser realizada depois de dois anos suspensa por causa da pandemia do novo coronavírus. Os números apresentados pelo governador e pelos secretários de Cultura, Paulo Victor, e de Turismo, Paulo Matos, impressionam: serão 500 apresentações de bumba-boi e outros folguedos no período de 28 de maio e 31 de julho em 20 arraiais oficiais e dezenas de arraiais espalhados pelos bairros da Capital. O público evangélico também será contemplado, com o Arraial do Povo de Deus, no Parque do Rangedor, dias 1° e 2 de julho. A expectativa é a de que São Luís receba nada menos que 450 mil visitantes durante a temporada festiva, o que pode lotar a rede hoteleira durante os festejos. Além da animação popular, o Governo vai usar o programa Mais Renda para incentivar centenas de microempreendedores a aproveitarem o período junino para movimentar a microeconomia. Além disso, uma novidade em relação aos grupos contratados: o pagamento adiantado de 30% do valor do cachê.
Depois do sufoco causado pela pandemia, São Luís já vive uma festiva contagem regressiva para o início da festança junina, com intensa movimentação nas sedes dos grandes grupos de bumba-boi, como Maracanã, Maioba, Pindoba, e batalhões como os visitantes da Baixada, como o zabumba de Guimarães, e grupos especiais, como o Barrica, já consolidado como tradição. Outros folguedos são esperados, como Cacuriá, Dança do Coco, Dança Portuguesa e Quadrilha. São Luís, como sempre, virará o centro do mundo, ao som de matracas, pandeirões e clarins.
Crise no PSD: destempero causado pela falta de afinação
Nenhuma surpresa em relação ao destempero verbal do ex-prefeito de São Pedro dos Crentes e pré-candidato do PSD ao Governo do Estado, Lahesio Bonfim, em relação ao presidente do seu partido, deputado federal Aluísio Mendes. Ao tomar conhecimento de que Aluísio Mendes declarara que o PSD apoiará a pré-candidatura do senador Roberto Rocha à reeleição e que, num eventual segundo turno sem Lahesio Bonfim, apoiará o candidato contra o governador Carlos Brandão (PSD), ele foi direto no ponto central da questão: Aluísio Mendes fala em nome dele e do partido dele e não em nome de Lahesio Bonfim. E justificou sua posição com um argumento convincente: o seu foco é a sua pré-candidatura ao Governo do Estado, e não a pré-candidatura do senador Roberto Rocha nem a do governador Carlos Brandão.
É verdade que Lahesio Bonfim reagiu forte ao chefe do seu partido, ao dizer, à sua maneira, que não concorda com o que ele dissera. Mas, observada com mais cuidado, o presidente Aluísio Mendes cometeu falha grave ao posicionar o seu partido em questões melindrosas sem discuti-las com o candidato a governador da legenda. Isso porque, queira ou não o presidente do PSD, durante uma campanha, quem fala pelo partido, leva sua mensagem ao público, é o candidato a governador, o que exige, claro, a afinação de um discurso comum. Nesse sentido, ainda que tendo se manifestado de maneira destemperada, como sempre o fez, Lahesio Bonfim tem razões que amenizam sua reação. Afinal, ele é um candidato a governador, com alguma viabilidade, e com pleno direito de participar das decisões do partido sobre todas as questões relacionadas com a eleição.
Se houver inteligência política no PSC – e os movimentos do presidente Aluísio Mendes dizem que sim -, o episódio servirá para acertar os ponteiros e ajustar o discurso.
São Luís, 11 de Maio de 2022.