O PMDB resolveu mostrar a cara e entrar para valer na briga pela Prefeitura de São Lís. Vai para o embate eleitoral representado pelo vereador Fábio Câmara, cuja caminhada para a convenção será iniciada no próximo dia 28, quando assumirá a presidência do partido na Capital, substituindo ao deputado estadual Roberto Costa, que já teve confirmada sua candidatura à Prefeitura de Bacabal. Com a decisão, confirmada ontem pelo presidente estadual do partido, senador João Alberto, ao bem informado blog do jornalista Marco D`Eça, o PMDB, que continua sendo o maior partido do Maranhão, sai da incômoda e inexplicável condição de coadjuvante, para entrar na cena sucessória como protagonista. A candidatura de Fábio Câmara colocará o partido numa disputa que promete ser dura, a começar pelo fato de que envolve o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que corre pela reeleição; e a deputada federal Eliziane Gama (Rede), que aparece como líder nas pesquisas.
Desde que sofreu a dura derrota nas eleições de 2014, quando seus candidatos a governador e a senador, elegeu apenas três deputados federais e quatro deputados estaduais, o PMDB mergulhou numa crise interna, causada principalmente por divergências relacionadas com a disputa pela prefeitura de São Luís. A pré-candidatura do vereador Fábio Câmara surgiu exatamente nesse contexto de tensões no partido. Revelando muita habilidade e uma vontade política surpreendente, Câmara foi aos poucos quebrando resistências e se credenciando para ser a cara nova do PMDB na disputa em São Luís.
Uma série de fatores o favorece. Será a primeira vez que o PMDB lançará um negro como candidato majoritário numa corrida à Prefeitura de São Luís, o que deve fortalecer a relação que ele já cultiva com os diversos segmentos do movimento negro da Ilha. Além disso, nas eleições de 2014 e em condições desfavoráveis, disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa saindo das urnas com nada menos que 13 mil votos na Capital, um cacife raramente alcançado por outros candidatos. E tem a seu favor o fato de ter iniciado a vida como funcionário do PMDB. Eleito vereador em 2012, fez dura oposição ao prefeito Edivaldo Jr., se destacando como um dos membros mais ativos da Câmara Municipal.
O fato é que o PMDB decidiu entregar-lhe o comando do partido em São Luís e, por via de desdobramento, a vaga de candidato a prefeito. E o fez por avaliar que, se ele obtiver o apoio de um partido com o peso de um PMDB unido, reunirá as condições para entrar na briga pelo Palácio de la Ravardière como um candidato competitivo, com potencial até para vislumbrar uma briga de segundo turno com o prefeito Edivaldo Jr..
O ânimo para mostrar a cara nas eleições municipais levou o PMDB a escalar o deputado Roberto Costa, um dois seus mais importantes quadros da nova geração pemedebista, a entrar na briga pela Prefeitura de Bacabal, onde disputará com o prefeito José Alberto, que tentará a reeleição, e com o vereador Florêncio Neto (PHS). Com o aval do presidente do partido, senador João Alberto, Roberto Costa passará o comando do PMDB de São Luís ao vereador Fábio Câmara, para se dedicar inteiramente ao projeto de chegar ao comando político e administrativo de Bacabal, um dos 10 mais importantes municípios do Maranhão, que vem sofrendo as consequências de uma gestão que, segundo avaliações feitas por fontes políticas fora do PMDB, não correspondeu às expectativas.
Com esses dois projetos, que deverão ser associados a muitos outros nas mais diferentes regiões do estado, o PMDB entra na corrida eleitoral disposto a manter o status de maior e mais importante partido do Maranhão.
PONTO & CONTRAPONTO
Sarney continua a ser ouvido na República
Ao contrário do que muitos imaginam, o ex-presidente José Sarney (PMDB) não está afastado do circuito politico nacional. Mesmo sem mandato, Sarney continua sendo uma das vozes mais ouvidas da República, sendo consultado sobre os mais diversos temas que envolvem os mais diferentes da realidade política e institucional brasileira. Uma prova disso foi a visita que ele recebeu sexta-feira do presidente do Conselho Federal da OBA, advogado Marcos Vinícius Coêlho, que veio a São Luís pedir o seu apoio para o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que propõe mudança no sistema de poder político no Brasil criando o “novo presidencialismo”. A proposta reduz o poder do presidente da República, que continuaria como chefe de Estado e de governo escolhido pelo voto popular, e introduz a figura do primeiro-ministro, que governador em coabitação com o presidente. Em caso de crise, o governo do premier cairia, para que o presidente autorizasse a formação de um novo gabinete. É um sistema híbrido, como é o da França, por exemplo. Sarney sabe exatamente o que é o presidencialismo. Os seus cinco anos de mandato o permitiram governar o país sob a Constituição que herdou da ditadura e com a Constituição Cidadã, editada em 1988. Tudo indica que o ex-presidente continua presidencialista, mas não faz restrições ao sistema híbrido proposto pela OAB quanto ao parlamentarismo puro e simples. Sarney concorda que o sistema brasileiro precisa sofrer mudanças, mas ainda não deixou claro qual modelo considera o ideal para o Brasil. Prometeu entrar no debate, que deve ganhar corpo com as suas intervenções.
Novas decisões alcançam o senador Edison Lobão e Lobão Filho
A Procuradoria Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF) dispararam poderosos petardos na direção da família Lobão. A PGR pediu e o STF autorizou, sexta-feira, a quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal do senador Edison Lobão (PMDB), numa investigação na qual ele é suspeito de envolvimento com o esquema de desvio de recursos da Usina Nuclear de Angra 3. Na quarta-feira, um vazamento seletivo das ações da Operação Lavas Jato informou que uma força-tarefa da Operação Lava Jato está investigando o pagamento de oito promissórias no valor de R$ 1 milhão cada uma, feito pelo Grupo Bertin – ligado ao pecuarista José Carlos Bumbai, amigo do ex-presidente Lula – ao ex-senador Lobão Filho (PMDB). A investigação teria descoberto documentos que comprovariam esses pagamentos ao ex-senador foram feitos entre agosto de 2014 e maio deste ano. Com relação ao senador Edison Lobão, a suspeita do seu envolvimento em esquema de corrupção em Angra 3 é fruto até aqui de informações colhidas pela Polícia Federal e que até agora não produziu nenhum fato concreto incriminando o senador, que mantém a serenidade reafirmando que que a acusação não tem fundamento. Quando aos supostos pagamentos do Grupo Bertin ao suplente de senador Lobão Filho, o que está sendo investigado no momento são negócios do empresário. Na avaliação de um advogado, nota promissória é muito usada no mundo dos negócios, sendo transações legais dependendo da origem do dinheiro e da natureza do negócio. Em princípio, a própria Polícia Federal não formou juízo sobre os negócios do suplente de senador Lobão Filho e o Grupo Bertin. As investigações e as explicações de Lobão Filho devem esclarecer os fatos.
São Luís, 10 de Janeiro de 2016.