José Reinaldo critica política de Dino; Castelo diz que São Luís retrocedeu

 

reinaldo castelo
José Reinaldo criticou a política de Flávio Dino; João Castelo atacou Edivaldo Jr.

Duas entrevistas publicadas na edição de domingo (10) do Jornal Pequeno vão entrar para a crônica política do Maranhão como um todo e de São Luís especificamente como marcos a partir dos quais o cenário sucessório de 2016 que começa a se desenhar ganhará ingredientes que podem lhe dar cores bem mais fortes e formatos não previstos. Na primeira, feita pelo jornalista Itevaldo Júnior, o entrevistado foi o ex-governador e atualmente deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB), que avaliou positivamente a gestão do governador Flávio Dino (PCdoB), mas em contrapartida criticou duramente a ação política dele; e avaliou o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) como “não competente”.  A outra, conduzida pelo jornalista Linhares Júnior, ouviu o ex-governador, ex-prefeito e atualmente deputado federal João Castelo (PSDB), que saiu da discrição para disparar chumbo grosso contra o prefeito de São Luís, colocando-se como pré-candidato assumido à Prefeitura, dependendo apenas do aval do seu partido. Em princípio, as duas entrevistas nada têm a ver uma com a outra, mas se analisadas pelas conexões políticas que ligam os dois entrevistados, elas levam a uma série de conclusões comuns, sendo a principal delas o desenho de um racha na base de sustentação do governador Flávio Dino. E com a agravante de que são manifestações de dois ex-governadores, portanto políticos experientes, independentes e com autoridades para dizer o que pensam e serem levados em conta.

José Reinaldo critica  ação política de Flávio Dino

O deputado José Reinaldo foi direto ao que considera o grande problema do governador Flávio Dino e das forças que o apoiam. Para ele, Dino realiza um bom governo, mas vem cometendo erros no plano político. E o ponto central da sua crítica é o esforço para dar musculatura ao PCdoB, sem levar em conta os partidos aliados, a começar por PSB e PDT, por exemplo. Na sua avaliação, a atenção com sua legenda e a desatenção com parceiros fatalmente levará o governo para uma situação política complicada, principal ente depois das eleições municipais.

– Vejo o governo Flávio Dino de duas maneiras. Uma parte administrativa e outra política. Ao meu ver, ele faz um grande governo, para um governador que está no primeiro ano. (…) Agora, na parte politica, o governo tem pecado demais, não tem tido solidariedade com alguns companheiros. Tem privilegiado muito o PCdoB na ocupação dos cargos no interior. E com isso há uma insatisfação grande (…). Ele tem de renovar a articulação politica – declarou José Reinaldo.

E na sequência da entrevista, o ex-governador traça um diagnóstico no qual a saúde politica do governo está comprometida pela linha de ação que o governador escolheu. E ele acha que deveria agir para vencer as eleições pelo menos nos 10 maiores municípios, a começar por São Luís. E prevê ainda que o prefeito Edivaldo Jr. pode perder a reeleição, avaliando que o próximo prefeito da Capital será a deputada federal Eliziane Gama (Rede), cuja candidatura apoia abertamente, na contramão do Palácio dos Leões.

Não é preciso muito esforço de avaliação para concluir que o José Reinaldo disparou na direção do governador, mas que o alvo do seu disparo é o secretário de Articulação Politica e Assuntos Federativos, Márcio Jerry, que funciona como porta-voz e articulador do Palácio dos Leões na área política. O que foi dito na entrevista sem citá-lo é o que vem sendo dito e repetido com nome e sobrenome nos bastidores, onde o arrojo e a desenvoltura de Jerry são festejados por muitos e criticados por outro tanto, sendo o ex-governador um dos críticos mais severos. O problema é que até aqui o governador Flávio Dino tem emitido todos os sinais de que avaliza integralmente as ações do seu articulador político. As declarações do ex-governador sugerem que ele também está insatisfeito com o seu papel no governo, já tendo sinalizado várias vezes nessa direção sem que o Palácio dos Leões tenha mostrado que captou e fez a leitura correta dos sinais.

Não é a primeira vez que José Reinaldo Tavares dispara o seu canhão verbal na direção do governador Flávio Dino com o tom de “fogo amigo”. Agora, porém, ele foi mais enfático e, ao que tudo indica, com disposição para encarar qualquer que seja a reação ao Palácio dos Leões. Resta saber como os Leões reagirão.

 

Castelo vê retrocesso em São Luís na gestão de Edivaldo Jr.

O deputado federal João Castelo saiu definitivamente de cima do muro e deixou claro, com todas as letras, que sua candidatura à Prefeitura de São Luís depende apenas do seu partido, o PSDB, que no Maranhão é controlado pelo vice-governador Carlos Brandão e está sendo levado para a aliança que dará suporte ao projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr..  João Castelo foi cuidadoso quando se referiu ao PSDB, mas deixou muito claro o que pensa a respeito de como definir a situação do partido. Ele defendeu que o PSDB lance um candidato a prefeito, e argumentou que se aparecer alguém com mais densidade eleitoral do que a dele, abrirá mão da candidatura e irá para as ruas apoiar o candidato do partido. Mas em seguira indaga: “Quem?”. Ele mesmo responde: “Não tem ninguém”. E completa: “Precisamos ser realistas”.

Ao ser indagado sobre a situação de São Luís, Castelo respondeu  incialmente que não costuma se manifestar sobre gestão alheia, mas segurou o ímpeto e disparou afirmando que a cidade mergulhou no retrocesso. Avalia que vinha realizando uma gestão em que São Luís “vinha num processo de expansão, com ogras importantíssimas entregues. (…) A coisa estava andando, essa é a verdade. Mas, infelizmente, São Luís retrocedeu nos últimos três anos”. Relacionou em seguida uma série de programas iniciados no seu governo e que foram suspensos. E reafirmou: “São Luís deu um passo para trás nesses três anos”. E nessa batida fez duras críticas ao prefeito Edivaldo Jr.

Castelo mirou seus disparos verbais na direção do prefeito Edivaldo Jr, que, na opinião dele, comanda um “retrocesso”. Mas o foco maior das suas declarações é o PSDB, sobre o qual não tem controle total para se lançar candidato sem abrir uma crise de largas proporções dentro da agremiação. Não há duvida que entre ele e o vice-governador Carlos Brandão, o ex-governador tem muito mais cacife político e eleitoral e pode ainda impor esse cacife no comando nacional do partido. Castelo sabe que se sair candidato sairá na contramão do governador Flávio Dino, que não tem como não apoiar o prefeito Edivaldo Jr., e nesse caso, o vice-governador Carlos Brandão fará de tudo para levar o PSDB para a aliança apoiada pelo chefe do Executivo.

Nas suas declarações, Castelo deixa claro que seu projeto maior é disputar a Prefeitura de São Luís, por enxergar fragilidade no projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr. e por acreditar que está mais cacifado do que os demais candidatos e certo de que o eleitorado não escolherá o “garotinho ou a garotinha pela cara”, numa referência indireta e irônica ao prefeito e à deputada federal Eliziane Gama, até aqui líder nas pesquisas sobre a corrida ao Palácio de la Ravardière.

 

 

PONTO & CONTRAPONTO

Denúncia grave, mas ignorada pelo Ministério Público

22/01/2014. Crédito: Karlos Geromy/OIMP/D.A.Press. Brasil. São Luís - MA. Advogado Luís Antonio Pedrosa, pré-candidato do PSOL do Maranhão ao Governo do Estado, para o pleito de 2014.

Uma terceira entrevista, esta concedida pelo ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB e atual presidente estadual do PSOL, advogado Luis Pedrosa, ao jornalista Diego Emir, torna pública uma das  denúncias mais graves feitas na os últimos tempos. Segundo Pedrosa, a calmaria no sistema penitenciário do Maranhão é aparente, porque é fruto de um suposto acordo feito pelo Governo do Estado com as facções que comandam o crime organizado no Maranhão. Tal afirmação não foi feita de maneira subliminar e escorregadia, não. Em realidade institucional mais severa, a afirmação do ex- presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB teria de ser imediatamente investigada pelo Ministério Público, para o qual parece que nada foi dito. Isso porque foi feita por Luis Pedrosa em declaração aparentemente bem refletida. O que disse o presidente do PSOL:

Blog do Diego Emir – O senhor concorda com o status que ganhou o governo do Maranhão como referência na política de administração penitenciária?

Luís Pedrosa – Esse status existe como obra de ficção da propaganda governamental. Desafio qualquer pessoa a visitar os presídios e reafirmar isso publicamente. As mortes do sistema foram controladas na base das concessões a facções criminosas e aos setores mais retrógrados do sistema. A sociedade paga um preço muito alto com isso aqui fora, com a diversificação das ações criminosas, onde as facções operam os assaltos a ônibus, os latrocínios e as explosões de banco com muito maior intensidade. A redução pequena dos índices de homicídios está relacionada em grande parte à consolidação dos territórios das facções, diminuindo os confrontos entre elas.  A doutrina da beligerância conseguiu apenas aumentar os índices de letalidade policial, de um lado, e ceifar a vida de policiais, de outro. Do programa Pacto pela Vida só se tem hoje vaga lembrança.

 Brandão cumpre roteiro correto como vice
luis fernando e brandão
Brandão recebe os cumprimentos de Luis Fernando Silva

O vice-governador no exercício do Governo, Carlos Brandão (PSDB), tem surpreendido observadores durante o período em que responde pelo Poder Executivo durante as férias do governador Flávio Dino. Recebeu grande numero de políticos aliados que foram cumprimentá-lo pela interinidade, fez uma visita protocolar ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Cleones Cunha; fez uma festiva a Colinas, seu torrão natal; e desembarcou ontem em Imperatriz, onde inspecionou obras do Governo em andamento. Até ontem à noite não havia notícia de que cometera algum ato ou gesto não condizente com a postura de um governador e, ao que tudo indica, vai devolver o cargo ao titular sem o registro de qualquer deslize. É verdade que o governador Flávio Dino saiu de férias deixando o governo completamente amarrado, pois em janeiro é tempo de recolhimento e tudo o que o governo movimenta são algumas contas deixadas do ano anterior, pois o orçamento só será aberto em fevereiro.

 

 

São Luís, 11 de Janeiro de 2016.

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