As duas pesquisas que mediram a posição dos candidatos na corrida para a Prefeitura de São Luís, em que pese a surpreendente diferença de uma e outra no percentual dado ao prefeito Edivaldo Jr. (PDT), revelaram, com pequenas variações nos menos votados, uma mesma ordem na posição de cada um. No domingo, o Jornal Pequeno publicou os seguintes números do instituto Data M: Edivaldo Jr. (35,5%), Eliziane Gama (20,9%), Wellington do Curso (15,2%), Rose Sales (4,7%), Fábio Câmara (4,1%), Eduardo Braide (2,6%), Claudia Durans (0,3%), Zéluiz Lago (0,2%), Valdeny Barros (0%) e Nenhum deles (9,8%) e Não sabe/Não respondeu (6.7%). Por sua vez, o jornal O Imparcial publicou ontem os números encontrados na pesquisa realizada pelo Instituto Impar: Edivaldo Jr. (23,65%), Eliziane Gama (18,50%), Wellington do Curso (16,58%), Rose Sales (4.36%), Eduardo Braide (3,32%), Fábio Câmara (3,05%), Zéluiz Lago (2,01%), Claudia Durans (0,44%), Valdeny Barros (0,25%) e Não sabe (9,51%), Branco/nulo (18,32%).
Independentemente da diferença dos percentuais do prefeito Edivaldo Jr. nas duas pesquisas, que chega a escandalosos 13%, sem que se possa afirmar, com segurança, quem tem a verdade, o fato é que a ordem é, com pequenas diferenças entre os menos posicionados na preferência do eleitorado, a ordem é a mesma das mais diferentes pesquisas recentes. E nessa ordem, o prefeito Edivaldo Jr. lidera a corrida já fora da margem de erro, tendo Eliziane Gama como segunda colocada e Wellington do Curso na terceira colocação. Entre os integrantes do segundo time, as pesquisas mostram uma grande variação nas posições, só que dentro das margens de erro, o que não altera em nada o rumo da corrida.
No primeiro time, a menos que todas as últimas pesquisas estejam erradas – o que um dos maiores escândalos da história política recente do Maranhão -, não há dúvida de que o prefeito Edivaldo Jr. reverteu sua posição inicial de terceiro colocado (16%), com rejeição alta (45%), para se tornar o líder, e com rejeição em queda. No contraponto, Eliziane Gama viveu até aqui o processo inverso, de líder destacada no primeiro momento, com mais de 57% na preferência do eleitorado, rejeição menor que 10%, para agora estacionar no patamar de mais ou menos 20%, num incômodo, mas não desastroso, segundo lutar. Wellington do Curso, que saiu de um dígito, desacelerou na zona que vai dos 15% aos 20%, dando a impressão de que está patinando, sem forças para retomar a aceleração. Em resumo, fora os inacreditáveis 35% que lhe foram atribuídos pela pesquisa Data M, o prefeito Edivaldo Jr. parece justificar a avaliação de que é o candidato com mais força política e política para chegar em primeiro, seja para enfrentar um eventual segundo turno, ou, numa perspectiva bem mais remota, para liquidar a fatura já no primeiro turno.
O cenário mostrado pelas duas pesquisas em relação às posições do primeiro time pode não ser definitivo, já que a campanha para valer está apenas começando. Mas como se trata de uma campanha de curta duração, com apenas quatro semanas, situações que possam reverter tendências desenhadas agora são bem mais difíceis de acontecer. Os motivos são vários, a começar pela diferença do tempo que cada um dispõe na propaganda no rádio e na TV. Edivaldo Jr. tem mais de três minutos, tempo que vem usando com um discurso político forte e ilustrado com imagens de ações do seu governo, o que lhe dá muito peso e densidade. Eliziane Gama até ontem pareceu mais interessada em exibir o seu sorriso contagiante, sugerindo que os marqueteiros que a atendem parecem não saber exatamente que linha de campanha adotar. A mesma situação vive Wellington, que parece não ter se dado conta de que uma eleição como essa não se ganha com algumas frases de efeito, principalmente quando o adversário a ser batido é um prefeito em busca da reeleição.
As pesquisas também indicam que dificilmente o resultado disputa fugirá de um dos três do primeiro time. Por mais distorcidas que possam ser, as pesquisas, principalmente as mais recentes, guardam certa semelhança no que respeita às posições dos candidatos Rose Sales, Eduardo Braide, Fábio Câmara, Cláudia Durans, Zéluiz Lago e Valdeny Barros. E os indicadores são claros: eles não têm a menor chance de avançar na disputa, restando-lhes o papel – muito importante, diga-se – de alimentar o debate, que é fundamental para a democracia.
PONTO & CONTRAPONTO
Dilma foi ao Senado e saiu maior do que entrou
O que a população brasileira assistiu ontem no Senado da República não tem precedente na História do Brasil nem paralelo na História contemporânea do mundo. Numa sessão histórica, a presidente da República, Dilma Rousseff, que ali se apresentou na condição de ré em processo de impeachment, enfrentou, de maneira serena e sem delongas, o questionamento de 51 senadores, afirmando e enfatizando que não cometeu os crimes de responsabilidade que lhe foram imputados, deixando desorientados os seus adversários mais agressivos visivelmente desanimados.
O discurso de defesa da presidente afastada foi contundente, bem alinhavado e construído para criar o clima político que lhe permitisse defender, com firmeza, a tese do golpe. A segurança que Dilma Rousseff demonstrou no pronunciamento inicial e nas respostas que deu a 51 senadores, ao longo de quase 13 horas, fez com que seus algozes fossem diminuindo o tom a cada resposta, de modo que os últimos passaram a, quando não se repetir, recorrer à uma afirmação que os desmentia, a de que ela não estava esclarecendo nada. O fato, porém, é que a presidente, mesmo com as suas proverbiais dificuldades de retórica, soube controlar seus impulsos e martelar como água mole em pedra dura para consolidar a tese do golpe.
Dilma Rousseff foi Dilma Rousseff em todos os momentos da sessão. Pregou sua inocência e insistiu na tese de que está sendo vítima de uma trama política. Não uma vitima do tipo “coitadinha”, mas uma vítima de cabeça erguida, que declarou estar mais preocupada com a integridade da democracia do que com o seu futuro político. E ao invés de tentar ser simpática, a presidente partiu para o ataque. Não para agredir a quem quer que fosse, mas para desmontar, com argumentos convincentes e diretos, o libelo formulado por seus acusadores. E se não conseguiu mudar votos, ficou claro que alcançou pelo menos um resultado visível: deixou em total desconforto os dois responsáveis para acusação: o jurista Miguel Reale Jr. – que foi ministro da Justiça dos anos finais do Governo de FHC – e a advogada Janaína Pascoal – que terminou a sessão transfigurada, como quem não gostou nem um pouco do que ouviu durante 13 horas.
Na avaliação de vozes que conhecem os humores de Brasília e sabem ou supõem saber o que está por trás do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff não deixou pedra sobre pedra. Desmontou a acusação de haver cometido crime de responsabilidade ao assinar três decretos – inicialmente eram seis, mas três não se sustentaram – de aumento de despesa sem a autorização do Congresso Nacional demonstrando podia fazê-lo porque não se tratou de aumento de gastos, mas de remanejamento de receita, sem alterar o valor do bolo orçamentário. E quanto às tais pedaladas, demonstrou fartamente que não participou diretamente das operações do Plano Safra e que não houve nenhuma ilegalidade nas operações do Governo com o Banco do Brasil nesse processo. Por fim, refutou, cabalmente, a acusação segundo a qual o impeachment em andamento é legal afirmando que, mesmo previsto na Constituição Federal, só pode ter sentido de se o acusado cometeu crime de responsabilidade, o que não ocorreu no seu caso, desafiando os acusadores a provar em contrário.
Quem assistiu à sessão por inteiro, não tem dúvida de que a presidente Dilma Rousseff saiu do Senado ontem bem maior do que entrou.
João Alberto só chegou ao Senado no início da noite
Quando a sessão em que a presidente Dilma Rousseff fez a sua defesa no Senado da República começou, o senador João Alberto (PMDB), encontrava-se no interior do Maranhão. Ele passou todo o fim de semana percorrendo a Região Tocantina dando assistência aos candidatos do seu partido, a começar por Imperatriz, onde o candidato pemedebista, Assis Ramos, tenta avançar na disputa de espaço com a candidata do PDT e apoiada pelo governador Flávio Dino, Rosângela Curado e pelo empresário e deputado federal Ildon Marques (PSB). A maratona de visitas a municípios em pleno calor da disputa eleitoral fez com que o senador João Alberto (PMDB) só seguisse para Brasília ontem, no meio da tarde, desembarcando na Capital da República no início da noite. Do aeroporto mesmo João Alberto seguiu para o Congresso Nacional, de modo que quando a sessão foi retomada por volta das 19 horas, depois de intervalo de 1 hora. Pr5ocurado pela imprensa, o senador pemedebista reafirmou que só manifestará seu voto, quando for a sua vez de votar. Corre, no entanto, nos bastidores políticos que o senador votará seguindo a orientação do PMDB.
São Luís, 29 de Agosto de 2016.