Os números da pesquisa Escutec, publicados na edição de fim se semana de O Estado, confirmam que sólida maioria dos maranhenses tem o governador Flávio Dino (PCdoB) na conta de um gestor correto, eficiente e que realiza um Governo que atende às suas expectativas, ao mesmo tempo em que enxergam no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) um mau governante, cuja gestão é largamente reprovada. O cenário encontrado pelo Escutec é claro no que envolve o governador Flávio Dino: 59% acham que ele está agindo corretamente no combate ao coronavírus, contra 23% que discordam, 16% que ficaram em cima do muro e 2% que não souberam avaliar; ao mesmo tempo, 57% disseram aprovar sua gestão, contra 35% que disseram não aprovar e 8% que quiseram ou não souberam avaliar. Em relação ao presidente Jair Bolsonaro, o cenário é esse: 61% disseram que ele não está sendo correto no combate à pandemia, 24% acham que está sendo correto e 15% não souberam responder; na sequência, 60% disseram reprovar a gestão de Jair Bolsonaro, enquanto 34% disseram aprová-la, e 16% não responderam.
O painel de posições mostrado pelo Escutec indica com clareza que o prestígio do governador se mantém sólido 65 meses depois que ele chegou ao comando do Estado, em janeiro de 2914, dado indiscutível de uma liderança consistente, que tende a se manter. Em relação ao presidente Jair Bolsonaro, a situação é rigorosamente inversa, mas também com a mesma consistência: ele recebeu votação pífia e ao longo de 15 meses no comando do País, todos os seus gestos, políticos e administrativos em relação ao Maranhão indicaram clara hostilidade política em relação ao governador Flávio Dino e uma visível má vontade no que diz respeito a medidas e providências que possam melhorar a vida dos maranhenses.
Esse relacionamento tenso é alimentado, primeiro, pelo fato de o governador Flávio Dino não se dobrar às políticas pouco republicanas postas até agora pelo presidente Jair Bolsonaro, e tentar, ao mesmo tempo manter com o Governo Central uma convivência institucional dentro das regras da Federação. Na seara política, Flávio Dino tem mantido coerência na defesa do equilíbrio institucional, pela garantia do estado democrático de direito, e na defesa de posições de centro-esquerda. Todas as suas posições se chocam com as do presidente da República, que tem defendido políticas nada coerentes – como o “libera geral” da economia diante do ataque impiedoso do coronavírus no País, por exemplo -, tentado submeter os demais poderes à tutela do Palácio do Planalto com incentivos à movimento pró-ditadura, e pregar o pensamento da extrema-direita semelhante ao facismo.
O confronto administrativo-institucional-ideológico aberto entre Flávio Dino e Jair Bolsonaro é alimentado pelas vozes políticas dos dois grupos. Partidários do governador, como o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) e a senadora Eliziane Gama (Cidadania), por exemplo, defendem a gestão e a ação política de Flávio Dino e batem forte nos movimentos de Jair Bolsonaro, enquanto o senador Roberto Rocha (PSDB) e o deputado Edilázio Júnior (PSD) defendem as medidas administrativas e a ação política do presidente da República e atacam ferozmente o governador em todas as frentes. Nesse ambiente atuam também grupos que jogam nos dois campos, confundindo esperteza com inteligência política, confusão que via de regra leva ao tombo, conforme inúmeros exemplos na história recente da política maranhense.
A pesquisa Escutec revela que Flávio Dino e seu grupo estão em sintonizados com a larga maioria dos maranhenses, enquanto os seus adversários estão identificados com uma fatia minoritária da população do estado. No mesmo cenário, o levantamento demonstra, com clareza solar, que em sua maioria os maranhenses alimentam pelo presidente Jair Bolsonaro o mesmo sentimento demonstrado nas urnas em 2018, quando lhe deram votação medíocre, posição que mantêm diante da inércia administrativa federal em relação ao Maranhão, apesar de todos os esforços feitos pelo governador Flávio Dino no sentido de estabelecer um relacionamento institucional equilibrado com Brasília.
Trata-se de um cenário que dificilmente mudará se as posições forem mantidas.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino reage duro a atitude de Bolsonaro de incentivar invasão de hospitais
O governador Flávio Dino reagiu duramente ao que para muitos foi a mais irracional atitude do presidente Jair Bolsonaro na sua incompreensível postura de tentar desmoralizar as medidas adotadas pelos governadores no combate ao coronavírus: incentivar apoiadores a invadir hospitais e fotografar leitos vazios. Vista com assombro por autoridades e especialistas da área de saúde, a pregação do presidente rebatida pelo governador do Maranhão no seguinte tom, em entrevista à CNN:
“Nós precisamos que o presidente da República abandone essa posição agressiva, porque não se trata apenas de se omitir diante da temática do coronavírus. É algo mais grave. Além de se omitir, ele se ocupa de sabotar. Agora tivemos esse ato mais recente, em que ele estimula que haja invasões a hospitais, num triplo desrespeito. Em primeiro lugar, aos pacientes, aos doentes, que podem ter a sua intimidade invadida. Em segundo lugar, aos profissionais de saúde que estão lá, trabalhando, seguindo normas técnicas que devem ser respeitadas. E em terceiro lugar, um desrespeito aos próprios invasores, à medida que eles estarão se expondo, podendo inclusive ficar doentes. Então, é muito estranho que o presidente da República se dedique o tempo todo a estimular a prática de crimes como esse, a criar um clima como esse”.
Um pito preciso e sem agressão. E com acerto na mosca.
PDT pode mudar projeto eleitoral em São José de Ribamar
Todos os sinais sugerem que, não bastasse o jogo de alto risco que poderá resultar na perda da Prefeitura de São Luís, o PDT está joga estranho também em São José de Ribamar, onde lançou a pré-candidatura do ex-deputado Jota Pinto para enfrentar o projeto de reeleição do prefeito Eudes Sampaio (PTB). Não funcionou. Jota Pinto não fez um só movimento que o tenha embalado para a frente, dando a impressão de que está estacionado e sem ânimo para prosseguir com o projeto eleitoral. Enquanto isso, o prefeito Eudes Sampaio está dando os passos certos, demonstrando equilíbrio e que o grupo liderado pelo ex-prefeito Luís Fernando Silva ainda dá as cartas na Cidade do Padroeiro. Já correm inclusive rumores de que o comando regional do PDT estaria avaliando a possibilidade de alterar radicalmente o projeto trocando Jota Pinto por outro candidato. O provável adiamento do pleito dará ao comando pedetista tempo para bater martelo sobre o assunto.
São Luís, 14 de Junho de 2020.