Contrariando algumas previsões iniciais, a saída do governador Flávio Dino para se filiar ao PSB não deve condenar o PCdoB ao emagrecimento imediato, reduzindo-o novamente à condição de partido mais importante pela história do que pelo poder de fogo eleitoral. Vozes da agremiação avisam que até agora apenas o governador a deixou, o que significa dizer que, pelo menos por enquanto, o seu braço maranhense continuará politicamente forte, com dois deputados federais (Márcio Jerry e Rubens Júnior) e cinco deputados estaduais (Othelino Neto, Marco Aurélio, Adelmo Soares, Carlinhos Florêncio e Ana do Gás), mais de 20 prefeitos e pelo menos 150 vereadores. A lógica política sugere que sem Flávio Dino nos seus quadros, o PCdoB sofrerá, mais cedo ou mais tarde, um duro golpe, perdendo muito poder. Mas essa mudança não deve acontece de imediato, e sua intensidade e o seu maior ou menor grau dependerão de uma série de fatores relacionados com as eleições do ano que vem.
São vários os fatores que definirão o futuro do PCdoB no Maranhão. O primeiro são prováveis mudança nas regras eleitorais, que deverão passar pelo o Congresso Nacional até Outubro, para valerem para o pleito de 2022. Nesse pacote em tramitação está, por exemplo, a proposta de criação de Federações partidárias para as eleições. Se essa regra passar, PCdoB e PSB muito provavelmente formarão uma Federação, e isso significa dizer que tanto faz mudar de legenda como lena permanecer não fará diferença, já que, federados, os dois partidos funcional eleitoralmente como um só. O mecanismo está sendo fortemente debatido nos bastidores do Congresso e sua aprovação significará sobrevivência para pequenos, enquanto a rejeição terá o peso de sentença de morte para vários nanicos. O PCdoB aposta alto na aprovação da Federação.
Outra inovação em debate no Congresso Nacional é o Distritão, proposta que cria, em vez do distrital simples ou misto, um terceiro formato misturando regras do voto proporcional em vigor com o voto distrital. O Distritão é defendido por boa parte dos deputados federais, uma vez que, na avaliação de especialistas, é um sistema criado sob medida para favorecer os atuais parlamentares, tornando o candidato mais importante do que o partido. Uma corrente do Congresso Nacional defende o Distrital, ou no máximo o Distrital Misto, por ser um sistema assegura maior representatividade ao deputado federal. Mas no jogo de interesse que move o Congresso Nacional, o Distritão é a escolha mais provável. Qualquer que seja a fórmula, essa terá impacto importante na existência do PCdoB.
Além de mudanças nas regras eleitorais, o futuro do PCdoB também está relacionado com a janela partidária, que será aberta e, março do ano que vem. Esse mecanismo permite que deputados mudem de partido sem correr o risco de perder o mandato. Os líderes do PCdoB acreditam que esse momento será decisivo para definir o tamanho e o futuro do partido.
O fato é que, contrariando expectativas do meio político, o clima dentro do PCdoB é de tranquilidade. O partido sentiu fortemente a saída do governador Flávio Dino, mas não se deixou dominar pela tendência de esvaziamento, que não está se concretizando, pelo menos até aqui. Nenhum dos líderes do partido, a começar pelo seu ainda presidente Márcio Jerry, fez as malas para migrar para o PSB, por exemplo. Nesse clima, o deputado federal licenciado e atual secretário de Articulação Política, Rubens Júnior, um dos integrantes do “núcleo de ferro” que assessora o governador Flávio Dino, resumiu numa frase lapidar o momento atual e o porvir no PCdoB: “Pode acontecer tudo, inclusive nada”.
Ninguém duvida de que o braço maranhense do PCdoB sofrerá perdas e emagrecerá, mas os primeiros dias da mudança estão indicando que esse processo não será fácil. Mas nada que um partido como esse, que passou décadas na clandestinidade, enfrentou a ditadura e foi o primeiro proscrito a ser reintegrado à realidade democrática com a redemocratização comandada pelo presidente José Sarney (PMDB).
PONTO & CONTRAPONTO
Mesmo com chapa forte, PDT terá dificuldades para reeleger bancada na AL
Comandado pelo senador Weverton Rocha, pré-candidato a governador, o braço maranhense do PDT tem um desafio enorme: administrar a disputa no partido para a Assembleia Legislativa. Para começar, são cinco deputados estaduais em busca da reeleição: Cleide Coutinho, Glaubert Cutrim, Rafael Leitoa, Ricardo Rios e Zito Rolim. Além desses, dois pesos pesados que veem de fora: Chico Leitoa, ex-prefeito de Timon e ex-deputado estadual, e Osmar Filho, presidente da Câmara Municipal de São Luís. Mais ainda: o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto, hoje no PCdoB, poderá migrar para o PSB ou para o PDT, e se ficar com a última opção, entrará numa barca em que, à exceção de Cleide Coutinho, que tem base para se reeleger sem problemas, os outros quatros deputados e mais o ex-deputado de Timon e o vereador de São Luís travarão uma guerra de vida ou morte no que diz respeito ao mandato. O certo é que, por mais votos que a chapa pedetista para a Assembleia Legislativa venha receber, dificilmente reelegerá os cinco deputados mais Osmar Filho e Chico Leitoa. Não se discute que será uma chapa muito forte, principalmente se vier a ser reforçada pelo deputado Othelino Neto, mas também não há garantia de que a massa de votos do PDT para deputado estadual saia das urnas com poder de fogo para eleger oito deputados estaduais, mesmo que o senador Weverton Rocha venha a ser candidato a governador.
TV Assembleia inicia hoje a versão 2021 do “Arraiá do Povo em Casa”
A crueza da pandemia de Covid-19 e a necessidade de se manter as regras sanitárias, em especial o distanciamento social, para evitar o aumento do contágio pelo novo coronavírus impôs, mais uma vez, a não realização das festas de São João, São Pedro e São Marçal, que anima São Luís e o Maranhão décadas a fio. Mas nem tudo é tristeza, apesar das limitações. A TV Assembleia Legislativa inicia hoje a versão 2021 do Arraiá do Povo em Casa”, a bem-sucedida fórmula de manter viva a chama junina sem que famílias saiam para as ruas. Para tanto, montou uma programação rica e animada, com apresentações inéditas por parte dos grupos de bumba-meu-boi, que será exibida hoje, amanhã e depois de amanhã na TV Assembleia (canal aberto 9.2), no YouTube da emissora (tvassembleiama), no Instagram e no Facebook, a partir das 19 horas.
A programação foi cuidadosamente pensada para que telespectadores e internautas se divirtam com o se estivessem em arraiais, a exemplo do que aconteceu no ano passado, quando as festas foram suspensas. O “Arraiá do Povo em Casa” obteve audiência surpreendente, com milhares de pessoas curtiram as festanças juninas embaladas por apresentações dos mais importantes grupos folclóricos juninos. Idealizado pelo diretor de Comunicação da Assembleia Legislativa, jornalista Edwin Jinkings, e realizado pela competente equipe do Centro de Comunicação do Poder Legislativo, o “Arraiá do Povo em Casa” deste ano promete ser bem mais animado e rico em matéria de diversidade na programação a ser iniciada hoje.
A iniciativa segue expressa orientação do presidente da Casa, Othelino Neto, que determinou as providências necessárias para que o isolamento social dos servidores da Casa seja compensado com a festança virtual que será realizada a partir de hoje, às 19 horas. O diretor Edwin Jinkings afirmou que as expectativas para a segunda edição do “Arraiá do Povo em Casa” são as melhores possíveis e que tudo está sendo preparado com muito carinho para os três dias de transmissão.
– É a nossa forma de manter acesa a chama junina que existe em cada maranhense apaixonado pelo São João – declarou.
A programação é a seguinte:
Hoje: Boi de Morros, Cacuriá de Dona Teté, Boi de Nina Rodrigues, Boi de Santa Fé, Boi da Maioba e Tambor de Crioula de Leonardo.
Sexta-Feira: Boi Pirilampo, Dança Portuguesas Arte e Beleza de Portugal, Boi Novilho Branco, Boi União da Baixada, Boi de Ribamar e Boi de Itapera.
Sábado: Boi de Sonhos, Boi da Pindoba, Boi da Lua, Quadrilha Mocinha do Sertão, Boi de Maracanã, Boi Brilho da Ilha e Boi do Bairro de Fátima.
São Luís, 24 de Junho de 2021.