O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve ontem em São Luís, participou de uma carreata e de um comício em apoio à candidatura do deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) à Prefeitura da Capital. O objetivo maior do ex-presidente, porém, foi colocar em prática o plano do comando bolsonarista de fragilizar os candidatos do PSD, caso do prefeito Eduardo Braide. O ex-presidente fez festa numa carreata e terminou com um comício para cerca de quatro mil pessoas na Praça Maria Aragão, no meio da tarde. Foi o Jair Bolsonaro de sempre ao longo de toda a programação: atacou o presidente Lula da Silva e os partidos de esquerda (PT, PSB, PSOL e PCdoB), disse que seu governo foi “muito melhor” que o de Lula da Silva, que Paulo Guedes foi melhor do que Fernando Hadade e que “nem dá para comparar a Janja com a Michele”, num surto audacioso de provocação.
Jair Bolsonaro veio a São Luís apoiar a candidatura do deputado estadual Yglésio Moises (PRTB) a prefeito, já que o braço maranhense do seu partido, o PL, não reza muito na sua cartilha, e decidiu não lançar um candidato à sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD) no comando da Capital do Maranhão. A opção pelo deputado Yglésio Moises foi se delineando à medida que o PL fracassou e o parlamentar fez de tudo para provar que se converteu de fato ao bolsonarismo, transformando-se em inimigo Número 1 do prefeito Eduardo Braide, das esquerdas, dos ministros Flávio Dino e Alexandre de Morais (STF), do aborto, da ideologia de gênero, da educação sexual nas escolas, da comunidade LGBTQI+, faltando agora se converter à corrente evangélica da sua partner parlamentar, a deputada Mical Damasceno (PSD). Para ele, o prefeito Eduardo Braide (PSD) agora é de esquerda, e por aí vai…
O fato é que Yglésio Moises viu em Jair Bolsonaro o seu norte político e ideológico, lapidando-se para se parecer um militante autêntico da direita, para ganhar a sua confiança. E Jair Bolsonaro, que sempre foi impiedosamente surrado nas urnas de São Luís e não tem nem simpatia de muitos militantes do seu próprio partido, o PL -, que está alinhado com o socialista Duarte Jr. (PSB), parece ter acreditado que o seu agora fiel escudeiro ludovicense tem alguma chance de chegar ao Palácio de la Ravardière e transformar o coração da Ilha Rebelde num bolsão bolsonarista. A julgar pelo que as pesquisas têm mostrado, houve algum ruído no que um disse ao outro e vice-versa.
Chamou a atenção o fato de que os seguidores que participaram das concentrações – a maioria evangélicos convocados por pastores – gritavam, num corinho ensaiado, o nome do ex-presidente, mas pareciam esquecer, aqui e ali, que ele estava lá para dar força a um aliado candidato a prefeito, uma vez que quase não pronunciavam seu nome. Essa lacuna era preenchida convenientemente por um locutor instalado num trio elétrico, que vez por outra emendava um “Yglésio” após os gritos da assistência exaltando o visitante.
Os dois, vale ressaltar, permaneceram juntos, trocando figurinhas, às vezes passando a impressão de intimidade. Mas ficou claro também que o ex-presidente mostrou simpatia, mas não entusiasmo, pelo projeto de candidatura. “Se eu votasse aqui, eu votaria nele”, disse Jair Bolsonaro fechando o discurso na Maria Aragão.
Mas não há dúvida de que o grande ato convocado por igrejas evangélicas – com chamadas apelativas e pagas em horário nobre da TV – favoreceu a candidatura do deputado Yglésio Moises, que por conta da inexpressividade do seu partido, não tem tempo no rádio nem na TV. Mas não dá para saber se o benefício é só político ou terá desdobramento eleitoral numa eleição com desfecho está mais ou menos desenhado. O movimento de ontem pode ter injetado algum ânimo na candidatura do deputado, mas isso não se materializará eleitoralmente se o candidato não tiver o suporte de uma base partidária.
O fato é que Yglésio Moises tanto se mexeu que conseguiu o que queria: trazer o ex-presidente Jair Bolsonaro a São Luís para manifestar apoio à sua candidatura à Prefeitura, com direito a carreata e comício e alguns elogios. Isso vai mudar o curso da sua candidatura, tirá-lo do patamar dos 3%? As próximas pesquisas poderão responder.
PONTO & CONTRAPONTO
Agressão de Léo Costa a Iracema Vale provoca reações críticas
Chocante, sob todos os aspectos, a agressão verbal feita pelo ex-prefeito e de novo candidato a prefeito de Barreirinhas, Léo Costa (Podemos), à deputada Iracema Vale (PSB), presidente da Assembleia Legislativa, mãe do também candidato a prefeito daquele município, Vinícius Vale (MDB). Falando para seguidores, o ex-prefeito comparou-a a “uma galinha”, fazendo trejeitos grosseiros, numa atitude tipicamente misógina.
Obviamente explicada pela sua inconformação por conta dos números das pesquisas que o apontam em segundo lugar na corrida à Prefeitura, tendo o jovem Vinícius Vale na liderança, que parece consolidada, a atitude do ex-prefeito de Barreirinhas foi duramente criticada pela própria classe política, principalmente pelo seu caráter misógino. Afinal, o jogo ali é político, partidário e eleitoral, não cabendo o viés pessoal.
Além disso, Léo Costa é sociólogo, o que lhe obriga a ter comportamento e discurso civilizados. Mais ainda pelo fato de que já foi duas vezes prefeito de barreirinhas e sabe a dimensão que a cidade ganhou, principalmente agora, quando se transformou no portal de entrada dos Lençóis Maranhenses, o mais noivo Patrimônio Natural da Humanidade, exigindo governantes preparados.
O que está acontecendo em Barrerinhas é uma visita eleitoral, que comporta até confrontos verbais duros, debates fortes, mas sempre no limite da ética e da civilidade.
A reação à agressão verbal do ex-prefeito Léo Costa à deputada Iracema Vale foi repudiada por duas deputadas: Daniella (PSB), atual procuradora da Mulher na Assembleia Legislativa, e Abigail (PL), secretária estadual da Mulher. Ambas divulgaram nota repudiando a atitude
A primeira escreveu: “Mulher, mãe de família, cidadã trabalhadora, Iracema é uma legítima representante do povo maranhense com uma atuação extremamente significativa na luta em defesa dos direitos das mulheres. A cidade de Barreirinhas não merece um gestor machista e, tenho certeza, dará resposta a esse ato covarde nas urnas!”
A segunda completou: “A violência política de gênero é algo que para muitos é mimimi, mas isto afeta profundamente a pessoa atingida. Este momento que era para ser democrático, com a livre escolha dos nossos representantes políticos, vivenciamos por parte de machistas estas condutas, que em nada contribuem para o processo. Minha indignação presidente Iracema Vale, exigimos no mínimo: respeito”.
A presidente da Assembleia Legislativa não se manifestou.
Pesquisa aponta virada tensiona a reta final da corrida em Balsas
Uma pesquisa feita pelo instituto AR7 Pesquisas Inteligentes – que alguns contestam -, a disputa pela Prefeitura de Balsas pode estar caminhando para um resultado que pode minar seriamente o poder de fogo político do prefeito Eric Silva (PDT). Ali, o candidato dele, Celso Henrique (PP), apoiado ostensivamente pelo ministro do Esporte, André Fufuca, e pela deputada estadual Viviane Silva (PODT), perdeu a liderança, que agora, segundo o levantamento, está com Alan da Marissol (PRD), apoiado pelo deputado federal Marreca Filho, que comanda o partido no estado, e pelas forças tradicionais do município, que tem à frente a deputada Andreia Rezende (PSB).
Os números são os seguintes: Alan da Marissol tem 52,3% das intenções de voto, seguido de Celso Henrique com 39,2% e Fernando Cunha (Novo) com 1,2%. Nenhum, nulo e branco somaram 1,7%, enquanto 5,6% não souberam ou não quiseram responder. Ou seja, se forem confirmados, será uma vitória maiúscula das forças tradicionais e uma derrota pesada e inesperada do prefeito Eric Silva, que atinge também o ministro André Fufuca, o senador Weverton Rocha (PDT) e a deputada pedetista Viviane Silva.
A disputa em Balsas ganha importância à medida que o município, hoje com 108 mil habitantes e uma economia que cresce a passos largos pela força do agronegócio e pela a atração de indústrias. O prefeito Éric Silva é apontado como bom gestor, mas pode perder o processo de continuidade se Alan da Marissol for eleito.
Em Tempo: Encomendada pelo Jornal Pequeno, a pesquisa foi realizada no período de 13 a 15 de setembro, tem margem de erro de 3,98%, intervalo de confiança de 95% e está registrada sob o protocolo MA-02966/2024.
São Luís, 24 de Setembro de 2024.