Osmar Filho comandará a Câmara de São Luís, mas acordos com Astro de Ogun e Chico Carvalho limitaram o sopro de renovação

 

Astro de Ogum e será o 1º vice na gestão de Osmar Filho, que pode modernizar a Câmara
Osmar Filho (d) vai comandar, mas Astro de Ogum (e) como sombra na sua gestão

 

Quem aguardava um sopro total de renovação na Câmara Municipal de São Luís com a eleição, ontem, da Mesa Diretora que assumirá o controle administrativo e político da instituição a partir de fevereiro de 2019, com a eleição do vereador Osmar Filho (PDT) para presidente, foi apanhado de surpresa com a reviravolta que resultou na eleição do atual presidente, vereador Astro de Ogum (PR), para 1º vice-presidente, e do ex-presidente, vereador Chico Carvalho (PSL), para secretário. O que a lógica sugeria era que, mesmo considerando a enorme diversidade de posições numa Casa política com 31 cadeiras, o presidente eleito Osmar Filho lideraria um movimento por meio do qual cargos-chave como a 1ª Vice-Presidência e a Secretaria da Mesa fossem também ocupados por representantes da nova geração de edis ludovicenses. O que aconteceu nos gabinetes e no plenário do Palácio Pedro Neiva de Santana resultou numa grande acomodação, na qual caciques tarimbados, como Astro de Ogum e Chico Carvalho, que há tempos vêm controlando os destinos da instituição, continuarão poderosos e influentes.

Não há dúvida de que o presidente eleito Osmar Filho reúne as condições necessárias para fazer diferença no comando da Câmara de São Luís, como, por exemplo, promover mudanças importantes e necessárias em determinados bolsões de poder encrostados há anos naquele Poder. A importância do seu mandato começa com o fato de ser ele do mesmo partido do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), o que assegurará ao Palácio de la Ravardière a construção de uma ponte mais segura com o Legislativo municipal, amenizando o volume de pressões que, sob o comando de Astro de Ogun, por exemplo, via de regra desemboca na mesa do prefeito de São Luís. Osmar Filho poderá ser um interlocutor mais confiável e mais eficiente do prefeito Edivaldo Jr. com os vereadores, exercendo um papel mais eficiente e menos tenso na relação do Governo municipal com a Câmara Municipal.

Não há dúvida, no entanto, que a sua presidência sofrerá, de alguma maneira, a influência do grupo hoje representado por Astro de Ogum, Isaías Pereirinha (PSL) e Chico Carvalho. São políticos que, independentemente dos méritos que possam ter, jogam pesado no tomaládácá com o Poder Executivo, uma vez que, por já terem exercido o poder maior na Casa, conhecem como ninguém o caminho das pedras para arrancar “prestígio” da máquina municipal. Como 1º vice-presidente e como secretário, respectivamente, Astro de Ogum e Chico Carvalho poderão agir para tentar isolar o presidente e, assim, manipular pelo menos parte do poder do qual a Mesa Diretora é detentora. É apenas uma hipótese, caso o futuro presidente não imponha sua autoridade, o que parece improvável.

Em princípio, não há dúvida de que o vereador Osmar Filho conduzirá a Casa numa perspectiva bem diferente da atual, mais moderna, portanto mais compatível com a realidade política hoje em curso em São Luís e no Maranhão, na qual novas forças enfrentam forças já defasadas e descontextualizadas, mas que teimam em continuar agarradas ao poder de qualquer maneira. Sua trajetória o tem mostrado como um político inteligente, determinado e “bom de briga”, que começou no antigo PMDB e acabou migrando para o PDT. Tanto que saiu das urnas como o mais votado, desbancando o presidente Astro de Ogum, que concorreu à reeleição no cargo com a certeza de que sairia das urnas como campeão de votos. Em 2017, Osmar Filho tentou emplacar sua candidatura a presidente, mas recuou quando percebeu que as favas já estavam contadas em favor de Astro de Ogum, ocupando rapidamente a vaga de 1º vice-presidente, numa jogada que lhe permitiu inviabilizar a estratégia do presidente de renovar o mandato. Deu tudo certo.

Com a eleição de Osmar Filho presidente ganha a Câmara Municipal, que experimentará um sopro de renovação, ganha o prefeito Edivaldo Jr., que terá no comando do Legislativo um interlocutor inteiramente afinado com sua gestão, e ganha a nova geração política de São Luís, que, como o prefeito e o presidente eleito da Câmara, certamente se sentirá motivada a brigar mais para ocupar espaços que já devia estar ocupando.

Em Tempo: A composição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Luís eleita ontem e que assumirá em fevereiro do ano que vem é a seguinte: Osmar Filho (presidente), Astro de Ogum (1º vice), Nato Jr. (2° vice), Josué Pinheiro (3° vice), Chico Carvalho (1º secretário), Chaguinhas (2º secretário), Beto Castro (3º secretário), Concita Pinto (4º secretário) e Afonso Manoel (5º secretário).

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino propõe que, com Lula preso, as esquerdas se unam em torno de Ciro Gomes

Flávio Dino defende união das esquerdas em entrevista à Folha de São Paulo
Flávio Dino defende união das esquerdas em entrevista à Folha de São Paulo

Repercutiram fortemente no meio político e fora dele as declarações do governador Flávio Dino (PCdoB) defendendo, primeiro, a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) e, sem isso, a união dos partidos de esquerda em torno de um candidato, que ele propõe ser o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) sobre sucessão presidencial e publicadas na edição de terça-feira do jornal Folha de S. Paulo. Na entrevista, o governador defendeu o direito de o ex-presidente Lula da Silva (PT) de ser candidato, e avaliou, por outro lado, que a sucessão presidencial sem Lula é uma “tragédia política” para as esquerdas no País, só comparável ao suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, fundador do PTB, e ao golpe militar de 1964, que mergulhou o Brasil em duas décadas de ditadura e de atraso político-partidário. E no caso da união das esquerdas, seu argumento mais importante é o fato de o PT não dispor de um nome conhecido e densidade para liderar o partido e uma frente partidária. Daí sua opção por Ciro Gomes, que naturalmente arrebanhará 15% dos eleitores de Lula. Partidário intransigente da candidatura de Lula, o governador argumenta que a prisão do líder petista impõe uma nova agenda às esquerdas para a corrida presidencial.

 

 Decidido: Waldir Maranhão não qualquer chance de ser candidato a senador pelo PSDB

Waldir Maranhão: sem chance de ser candidato ao Senado pelo PSDB
Waldir Maranhão: sem chance de ser candidato ao Senado pelo PSDB

Erram redondamente os que insistem em alimentar a hipótese de o deputado federal Waldir Maranhão vir a ser candidato a senador pelo PSDB. Ele será candidato a deputado federal ou, se preferir, a deputado estadual, não havendo assim qualquer possibilidade de participar da chapa majoritária dos tucanos. Tal situação desenhada por fontes seguras do PSDB, que não declaram, mas estão fortemente incomodadas com a celeuma que os simpatizantes do parlamentar estão fazendo. As fontes foram categóricas: nada existe contrário à presença de Waldir Maranhão nos quadros do PSDB, depois de perder o PP, transitar pelo PTdoB, ser rejeitado pelo PT, tentar flertar com o DEM antes de ingressar no ninho dos tucanos. Mas seu ingresso no PSDB não se deu por convite das lideranças tucanas, mas por pedido dele próprio, que só foi aceito depois que eu ficou claro que ele teria uma vaga para disputar a reeleição de deputado federal, ficando desde logo descartada qualquer possibilidade de ele vir a ser candidato a senador ou a vice-governador, por exemplo. Isso porque antes do seu ingresso o partido. Até porque as vagas de candidatos a senador já têm donos: O ex-governador José Reinaldo Tavares e o deputado estadual Alexandre Almeida, que foi convidado partido do para esse desafio político e eleitoral. Trata-se, portanto, segundo as fontes, de caso encerrado.

São Luís, 09 de Maio de 2018.

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