Mesmo com eleições municipais no meio, a ação política de agora prevê luta titânica pelo Senado

Carlos Brandão, Eliziane Gama e Weverton Rocha:
duas cadeiras do Senado em jogo em 2026

A atuação dos braços políticos do Governo, os destaques da bancada federal, os embates ainda discretos na Assembleia Legislativa e a agitação que já ganha os municípios maranhenses são, em larga medida, movimentos que têm como foco imediato as eleições municipais do ano que vem. Isso é ponto pacífico. Mas ocorrem, também em grande medida, já mirando as eleições de 2026 que, ao contrário do que muitos avaliam, já estão na pauta das lideranças que têm força para influenciar na definição dos rumos. Nessa agenda, dois focos são prioridade, a sucessão do governador Carlos Brandão (PSB) e a corrida às duas vagas no Senado. O primeiro item parece, pelo menos até aqui, bem delineado, com a provável ascensão do vice-governador Felipe Camarão (PT), em razão do caminho natural do governador, que é renunciar e se candidatar a uma cadeira no Senado. O segundo, mesmo tendo as candidaturas naturais dos senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) à reeleição, está sendo rascunhado como a grande disputa das eleições gerais.

A disputa pelo Governo do Estado já tem roteiro definido com a saída do governador Carlos Brandão e a ascensão do vice-governador Felipe Camarão. Isso porque não há hipótese de esse roteiro ser mudado. A começar pelo fato de que até agora não há o menor indício de que o governador venha a mudar de ideia e decida, por exemplo, permanecer no cargo até o final do mandato, qualquer que seja o motivo. E depois, é improvável que, permanecendo ou não no cargo, o governador Carlos Brandão se disponha e lançar um candidato e entrar em rota de colisão com seus aliados e, principalmente, com o Palácio do Planalto, que já tem em Felipe Camarão o nome a ser apoiado pelo presidente Lula da Silva (PT) ao Governo do Maranhão. Além disso, não há, ao alcance da vista, uma razão para que esse roteiro seja alterado. Mas como o ditado popular diz que na política do Maranhão “boi voa de asa quebrada”, vale aguardar os acontecimentos a partir dos resultados das urnas de 2024.

A situação que envolve a eleição senatorial de 2026 é bem diferente. As duas vagas têm candidatos naturais, que são os senadores Weverton Rocha e Eliziane Gama. Ocorre que o roteiro já desenhado prevê que o governador Carlos Brandão vai disputar uma dessas vagas, e isso muda radicalmente a configuração da disputa. Mais do que isso, não será surpresa se um quarto nome com cacife político e eleitoral vier a entrar no circuito senatorial aspirando uma das vagas, como a deputada federal Roseana Sarney (MDB), o ministro do Esporte André Fufuca (PP) ou o atual prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), por exemplo.

Nesse rascunho, a avaliação dominante é de que, se mantiver o roteiro atualmente traçado e o ritmo da sua gestão, o governador Carlos Brandão é, de longe, o candidato mais forte a uma das vagas, uma vez que não existe no cenário de agora um nome com a sua força política e o seu suporte eleitoral. No caso, a grande disputa pela segunda vaga vai se dar entre os senadores Eliziane Gama e Weverton Rocha e demais interessados, se aparecerem de fato.

Sem desgastes sofridos nas eleições de 2022, quando limitou sua atuação a apoiar o projeto de reeleição do governador Carlos Brandão e a candidatura do ex-governador Flávio Dino (PSB) à terceira vaga na Câmara Alta, a senadora Eliziane Gama vem num forte processo de ascensão como legisladora. Sua atuação tem sido tão forte e intensa que a tornou relatora da CPMI dos Atos Golpistas, com projeção nacional, a ponto de a bancada feminina articular um movimento para lança-la candidata à presidência do Senado e do Congresso Nacional, na eleição da nova Mesa, em fevereiro de 2025.

O senador Weverton Rocha, por sua vez se movimenta para superar o desgaste que sofreu na corrida ao Governo do Estado em 2022, contra o governador Carlos Brandão, realizando uma extensa pauta de visitas aos municípios, liberando recursos de emendas parlamentares para o Maranhão, e ações localizadas, como o Hospital do Câncer de Pinheiro e entrega de viaturas policiais blindadas à Polícia Militar e à Polícia Rodoviária federal (PRF). Se não disputar novamente o Governo do Estado, irá para uma reeleição complicada.

Como é possível prever, será uma luta titânica pelas duas vagas, com desfecho imprevisível para, pelo menos, uma delas.

PONTO & CONTRAPONTO

Condutor da redemocratização, Sarney continua entre os líderes do MDB

José Sarney, Simone Tebet e Roseana
Sarney: posições diferentes no MDB

Pesquisa divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou o prestígio dos grandes líderes do MDB. A pesquisa perguntou aos entrevistados de quem eles se lembram quando pensam no MDB.

Foram lembrados Ulisses Guimarães, que foi o grande timoneiro do partido, Tancredo Neves, que se tornou presidente da República eleito mas morreu antes de assumir, José Sarney, que era vice e assumiu no lugar de Tancredo Neves e conduziu o processo de transição da ditadura para a democracia, Michel Temer, que era vice e assumiu no lugar da presidente Dilma Rousseff (PT), tirada do cargo por um impeachment fajuta, e Simione Tebet, que foi senadora e candidata a presidente, e hoje é  ministra de Planejamento do Governo do PT.

Alguns espaços registraram que a deputada federal Roseana Sarney não foi lembrada na pesquisa. Não faria muito sentido, já que ela não é emedebista de raiz, é uma política estadual, com ação restrita. Ganhou projeção há três décadas como a primeira mulher governadora do País, eleita pelo PFL e no início deste século como pré-candidata à Presidência da República, também pelo PFL, e que só não avançou porque foi atropelada por uma grande armação em que foi acusada de corrupção. Roseana Sarney e seu entorno até hoje acham que tudo foi armado pela cúpula do PSDB para ajudar José Serra, que acabou derrotado por Lula da Silva (PT).

Mesmo com uma trajetória bem mais modesta do que a de Roseana Sarney – que além de ser a primeira mulher a governar um estado, venceu três eleições para o Governo, chegou a liderar pesquisas para a Presidência da República pelo PDS, foi senadora e líder do Governo Lula no Congresso Nacional -, Simone Tebet teve a vantagem de concorrer à Presidência da República, apoiar no segundo turno o candidato vencedor, Lula da Silva (PT), e agora está pontificando com uma atuação forte no Ministério do Planejamento.

E a explicação para Roseana Sarney não aparecer como líder do MDB é que ela, mesmo com sua rica trajetória, nunca teve nenhuma ação destacada em nome do partido. Simone Tebet, ao contrário, nasceu e cresceu emedebista, seguindo os passos do pai, o prestigiado líder sul-mato-grossense Ramez Tebet, que foi governador e senador.

Já José Sarney, mesmo não sendo emedebista de raiz, se credenciou integralmente para ser lembrado como um dos líderes do partido.

Ministério: enquanto André Fufuca entra, Juscelino Filho não sabe se fica ou sai

André Fufuca e Juscelino Filho: o primeiro
está confirmado, o segundo é dúvida

Uma situação curiosa evolui na fatia maranhense do ministério. Enquanto o ministro Flávio Dino se consolida cada vez mais no Ministério da Justiça e Segurança Pública, mesmo diante da possibilidade de se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal, e o deputado federal André Fufuca (PP) vive a inebriante expectativa de assumir o Ministério do Esporte, o ministro Juscelino Filho (UB), das Comunicações, vive um tenso processo de contagem regressiva para saber se permanece no cargo ou volta para a Câmara Federal.

Todas as informações que circularam desde a semana passada dão conta de que a banda do União Brasil que o segura no cargo já estaria lavando as mãos, uma situação desfavorável reforçada pela pressão que a esquerda petista está fazendo para que o presidente Lula da Silva troque o ministro, nem que seja por outro representante do UB. Isso sem contar o bombardeio que Juscelino Filho está sofrendo na imprensa.

O ministro das Comunicações vem se esforçando para mostrar tranquilidade. No dia do Soldado (25 de agosto), ele estava no palanque e foi homenageado com uma comenda militar. Já no 7 de Setembro, compareceu ao desfile em Brasília com a família, tendo se posicionado estrategicamente atrás do presidente Lula da Silva.

O presidente Lula viajou para a Índia depois de confirmar a entrega do Ministério do Esporte para André Fufuca, mas sem dizer uma só palavra sobre o futuro de Juscelino Rezende no Governo.

São Luís, 10 de Setembro de 2023.

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