MDB continua sem rumo definido na corrida aos Leões e ao Senado

 

Roseana Sarney, Roberto Costa e Edison Lobão (embaixo à esquerda): rumos diferentes no mesmo partido

Em meio ao frenesi da pré-campanha para as eleições de 2022, quando a grande maioria dos partidos já se posicionou em relação às candidaturas para o Governo do Estado e para o Senado, o MDB, que ao longo de 25 dos últimos 32 anos foi, de longe, o maior e mais poderoso partido do Maranhão, iniciou e mantém até aqui um jogo político estranho, no qual suas forças atuam independentes uma das outras, passando a impressão de que não têm uma liderança que as junte e lhes dê um norte. Em relação à disputa para o Palácio dos Leões, o partido presidido pela ex-governadora Roseana Sarney faz um jogo furta-cor, ora sinalizando apoio ao projeto de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), ora se inclinando na direção da pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), e ora jogando nos dois campos ao mesmo tempo. Em relação ao Senado, é visível, de um lado, a simpatia da ala mais jovem mais descolada do partido e, de outro, a má vontade ostensiva dos chefes emedebistas em relação à pré-candidatura do ex-governador Flávio Dino (PSB), preferindo apoiar o projeto de reeleição do senador Roberto Rocha (PTB).

Sem condições políticas para disputar o Governo do Estado nem a vaga para o Senado depois das fragorosas derrotas em 2014 e 2018, em que pese o fato de Roseana Sarney haver liderado as primeiras pesquisas de intenção de voto para os Leões para a próxima eleição, o MDB do Maranhão passou a ser uma força cobiçada pelos principais candidatos ao Governo e ao Senado. Ciente da importância que ainda detém no cenário político estadual, o partido que agrega o que sobrou do Grupo Sarney não consegue – ou não quer mesmo? – definir uma posição. E marcha para a convenção acenando para os dois lados, mesmo sofrendo o desgaste de parecer um partido sem rumo.

Líder maior da agremiação emedebista, a ex-governadora Roseana Sarney se movimenta sem demonstrar muito interesse pela disputa majoritária, concentrando seus esforços no projeto de eleger o maior número possível de deputados federais, a começar por ela própria, e de deputados estaduais. Quer desembarcar em Brasília no ano que vem liderando três ou quatro deputados federais, o que representa muito no complexo e decisivo tabuleiro em que se transformou a Câmara Federal. Ao mesmo tempo, espera ter o controle de uma bancada expressiva na Assembleia Legislativa. No mais, o interesse visível é fazer o jogo da influência em relação aos governos que emergirão das urnas e se instalarão no Palácio do Planalto e no Palácio dos Leões em janeiro do ano que vem.

Enquanto essa definição não vem, líderes do MDB se movimentam de acordo com os seus interesses. No fim de semana, por exemplo, o ex-senador Edison Lobão suspendeu a aposentadoria política e desembarcou em Açailândia, para participar de um evento de pré-campanha dos senadores Weverton Rocha e Roberto Rocha. O retorno de Edison Lobão, um dos políticos mais bem-sucedidos da história recente do Maranhão, está diretamente relacionado com a pré-candidatura do ex-suplente de senador Lobão Filho à Câmara federal pelo MDB. O deputado federal Hildo Rocha também tem participado de atos em favor da pré-candidatura do governador Carlos Brandão.

Por outro lado, a ala mais jovem do MDB, liderada pelo vice-presidente do partido, deputado estadual Roberto Costa, e que atua em sintonia com o ex-senador João Alberto, construiu uma ligação forte com o governador Carlos Brandão e com o ex-governador Flávio Dino, e vem sinalizando que será esse o seu caminho nas urnas. Roberto Costa tem trabalhado duro para costurar a unidade partidária em torno do governador Carlos Brandão, e, se possível, reunir também apoios emedebistas ao ex-governador Flávio Dino. Sua cruzada, no entanto, tem esbarrado na dura resistência da ala conservadora da agremiação, que não esquece o fato de que foi tirada do poder pelo movimento liderado por Flávio Dino, preferindo apoiar Weverton Rocha e Roberto Rocha, que se elegeram senadores desbancando candidatos emedebistas.

O meio político aguarda a definição do MDB, que pode surpreender se posicionando por uma chapa majoritária ou a liberação das suas alas para seguir os rumos que quiserem.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Adversários tentam usar Camarão para desestabilizar Brandão

Felipe Camarão cumpre agenda como vice de Carlos Brandão

Granadeiros de grupos adversários têm feito de tudo para explodir o suporte político do governador Carlos Brandão, usando, principalmente, a situação de saúde dele. Depois de disseminarem petardos insinuando o seu não retorno à disputa eleitoral, agora reforçam essa linha tentando criar um clima de mal-estar entre o governador e o seu candidato a vice, Felipe Camarão (PT). O objetivo da estratégia de desgaste é fomentar a ideia de que Felipe Camarão começa a se movimentar como candidato e não como candidato a vice, pelo simples fato de ele estar representando candidato a governador nos atos de pré-campanha. O comando da pré-campanha brandonista bateu martelo e decidiu que, enquanto o governador Carlos Brandão estiver ausente, Felipe Camarão o representará em todos os eventos. Afinal, a função primordial de um vice é exatamente substituir o titular. Portanto, não faria sentido algum o companheiro de chapa do governador evitar a representação por causa das provocações adversárias.

 

Apoio das Força Armadas é tradição no processo eleitoral

A Justiça Eleitoral conseguiu força militar para garantir a segurança das eleições em 97 dos 217 municípios maranhenses. Esse procedimento é tradição em todas as eleições, e se dá por conta de tensões partidárias que via de regra ocorre em boa parte do Maranhão. Há quem esteja vendo “chifre em cabeça de burro” na iniciativa do TRE-MA, fazendo uma relação sem sentido com os arroubos da direita golpista. Nada a ver. Em todas as eleições ocorridas desde a redemocratização do País em 1986, o Exército, a Marinha e Aeronáutica atuaram efetiva e tranquilamente na segurança e na logística do processo de votação, sem qualquer envolvimento com apuração e apresentação dos resultados. E não será diferente agora, apesar das provocações antidemocráticas.

São Luís, 27 de Junho de 2022.

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