Maranhãozinho reafirma candidatura, mas os fatos sugerem que seu fôlego é curto no jogo sucessório

 

Josimar de Maranhãozinho se diz  candidato, “venha quem vier”

“Venha quem vier, Josimar Maranhãozinho estará na disputa para o Governo do Estado em 2022”. A declaração, enfática, foi feita pelo próprio deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), no fim de semana, em Bacuri, como uma espécie de aviso no sentido de que, pelo menos até aqui, ele está no jogo sucessório. Essa manifestação, que muitos veem como uma bravata pura e simples, aparenta ser parte de uma estratégia do parlamentar para ser levado em conta nessas articulações em quatro frentes, sendo que a primeira gira em torno do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) – que será governador a partir de abril -, a segunda tem como base o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), a terceira envolve o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD), e a quarta pode ter como alvo o ainda impreciso projeto eleitoral do senador Roberto Rocha (sem partido). Josimar de Maranhãozinho está se movimentando para ser parte decisiva de um deles, com poder de indicar o vice, por exemplo.

É verdade que Josimar de Maranhãozinho é um político polêmico, com sua atuação marcada por controvérsias e que não esconde que joga com a força de um intrigante – e para muitos, suspeito – poder financeiro, e que no contraponto ao seu espantoso sucesso eleitoral, carrega no currículo também a condição de investigado pela Polícia Federal por suspeitas de esquema de desvio de dinheiro público – que ele nega, claro, apesar de algumas evidências. Por outro lado, exibe músculos políticos no controle absoluto de três partidos – o PL, que preside no estado, o Avante e o Patriotas -, no comando uma minibancada federal formada por ele próprio e pelos deputados federais Júnior Lourenço, Pastor Gildenemyr e Marreca Filho, e de uma bancada estadual formada pelos deputados Detinha, Vinícius Louro, Leonardo Sá e Hélio Soares, ao que se somam 35 prefeitos e um expressivo número de vereadores.

Como está demonstrado, Josimar de Maranhãozinho é um político com poder de fogo nada desprezível nesse cenário, credenciado, portanto, a reivindicar espaço no jogo sucessório. Ele sabe que sozinho não irá lugar algum, e que se resolver encarar essa aventura com o desafio do “venha quem vier”, correrá o risco de sair triturado das eleições, saindo das urnas com imensas dificuldades para se recuperar no futuro. Seus movimentos e declarações sugerem que ele se move por uma lógica cartesiana segundo a qual é ouro em pó como aliado e chumbo grosso como adversário. Não deve esquecer, porém, de que a corrida ao Palácio dos Leões exige muito mais em estatura e postura políticas.

Nesse contexto, mesmo municiado e se movimentando em campanha aberta, reafirmando diariamente o seu projeto de candidatura, as pesquisas têm dito que seu fôlego é curto numa corrida majoritária. A pesquisa mais recente, feita pela Econométrica, o encontrou com módicos 4,5% de intenções de voto, metade do que obteve, por exemplo, o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSL), que não tem um naco do seu poder e da sua estrutura. Logo, ele não parece ser páreo para Carlos Brandão, Weverton Rocha, Edivaldo Holanda Jr. ou Roberto Rocha. Mas pode ser um aliado para qualquer um deles, desde que atue como tal, sem querer dar as cartas na campanha e num eventual futuro Governo.

No discurso que fez em Bacuri, sua frase completa foi a seguinte: “É com esse sentimento de querer fazer mais pelo nosso estado do Maranhão, que afirmamos que, venha quem vier, Josimar de Maranhãozinho estará na disputa para o Governo do Estado em 2022”. Pode ser, afinal, esse é um direito de todo cidadão brasileiro maior de idade e filiado a um partido político que o credencie para tal. Mas o chefe maior do PL, do Avante e do Patriotas no Maranhão acumula esperteza suficiente para entrar na guerra sucessória sabendo que pode sair das urnas chumascado, quando pode renovar o mandato e permanecer na cena política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Maioria da bancada dirá hoje “não” à PEC do voto impresso

Vice-líder do Governo, Aloísio Mendes deve atuar hoje em defesa do voto impresso

Todos os sinais demonstram que a esmagadora maioria da bancada maranhense na Câmara Federal votará hoje para enterrar de vez a PEC que prevê a desnecessária implantação do voto impresso no sistema eleitoral brasileiro. Há quem preveja que pelo menos 15 dos 18 deputados rejeitarão o projeto já rejeitado pela Comissão Especial por 23 votos contra 11. A grande maioria dos integrantes da bancada – entre eles os João Marcelo (MDB), Hildo Rocha (MDB), Edilázio Jr, (PSD), Marreca Filho (Patriotas), Rubens Jr. (PCdoB) e Zé Carlos (PT) – já declarou voto contrário à PEC, enquanto um pequeno grupo que vota contra preferiu não fazer alarde. Os prováveis apoiadores da proposta também preferiram se manter discretos. Não é o caso do deputado Aloísio Mendes (PSC), que já votava alinhado ao Palácio do Planalto, e que agora como vice-líder do Governo deve se desdobrar hoje na ingrata tarefa de defender um projeto sem futuro.

 

Em Tempo: a Coluna errou

José Sarney perdeu para Epitácio Cafeteira em São Luís em 1970

A Coluna cometeu um grave erro de informação na edição de 08/08. Foi registrado que na eleição de 1970 para o Senado, José Sarney perdeu para José Mário Ribeiro da Costa em São Luís. Na verdade, quem o derrotou na Capital naquele pleito foi Epitácio Cafeteira. A derrota de José Sarney para José Mário Ribeiro da Costa em São Luís ocorreu na eleição de 1978 para o Senado.

Vale lembrar que, apesar das derrotas em São Luís, José Sarney venceu as duas eleições com vantagens largas.

Quanto à derrota de Epitácio Cafeteira para Bira do Pindaré em São Luís, o surpreendente fato político ocorreu mesmo na eleição para senador em 2006. Lembrando que naquele pleito Epitácio Cafeteira foi candidato com o apoio de José Sarney, na chapa encabeçada pela então senadora Roseana Sarney, que perdeu para Jackson Lago.

O autor pede desculpas aos leitores pela falha.

São Luís, 10 de Agosto de 2021.

Um comentário sobre “Maranhãozinho reafirma candidatura, mas os fatos sugerem que seu fôlego é curto no jogo sucessório

  1. Ribamar, concordo com quase tudo que vc falou sobre o Maranhaozinho, discordo apenas em um ponto: o fato de Maranhaozinho ser investigado pela Polícia Federal apenas o IGUALA à MAIORIA dos políticos e gestores brasileiros, especialmente os do Estado do Maranhão.

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