Lula mantém vantagem larga sobre Bolsonaro nas intenções de voto dos maranhenses

 

Pesquisa Escutec: Lula da Silva tem mais que o dobro das intenções de voto de Jair Bolsonaro no Maranhão

A mais recente pesquisa Escutec confirmou uma realidade política e eleitoral que dificilmente mudará nos próximos 11 meses: o ex-presidente Lula da Silva (PT) reúne as condições para vencer de braçadas o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Maranhão. O petista, que ainda vive o “drama shakespeariano” de “ser ou não” candidato, embora o Brasil inteiro não tenha nenhuma dúvida de que ele o será, aparece com robustos 57% na preferência do eleitorado. Já o atual presidente, seu principal oponente, uma vez que também não gera dúvidas quanto às suas intenções de voto, o equivalente a menos da metade do potencial do ex-presidente, o que indica tendência clara a um resultado desastroso para o atual mandatário.

De acordo com os números do Escutec, os demais pré-candidatos – Ciro Gomes (PDT) com 7%, Sérgio Moro (Podemos) com 6%, e Eduardo Leite (PSDB), João Dória (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Rodrigo Pacheco (PSD) com 1% cada – nem de longe ameaçam as bases da polarização Lula/Bolsonaro no Maranhão. Apenas 2% responderam que não votariam e nenhum dos candidatos e 3% não quiseram ou não souberam responder, o que indica uma taxa de definição muito elevada. A pesquisa Escutec foi feita no período de 23 a 27 de Novembro, entrevistou dois mil eleitores, tem intervalo de confiança de 90% e margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Não bastasse o percentual raquítico de intenções de voto, o presidente Jair Bolsonaro é trucidado no item “rejeição”, com nada menos que 60% dos entrevistados dizendo que não querem sua reeleição e, ao contrário, querem vê-lo pelas costas, o que praticamente elimina a possibilidade de uma reação. Alguns bolsonaristas centrados, mas não roxos, veem como possível o presidente melhorar sua performance na esteira do Auxílio Brasil, o pacote de reforço ao Bolsa Família, o revolucionário programa de transferência de renda criado por Lula da Silva no segundo ano do primeiro mandato presidencial. É difícil virar o jogo por esse caminho, já que mais de 80% dos beneficiários do Bolsa Família no Maranhão tem claro que Lula da Silva é o “pai” do programa, “e ninguém tasca”.

No jogo político propriamente dito, Lula da Silva leva uma vantagem oceânica sobre Jair Bolsonaro no Maranhão. Conta com o governador Flávio Dino e com os maiores partidos da base governista no Maranhão, e ainda com ampla fatia do que restou do grupo Sarney, o que lhe dá uma vantagem acentuada, e certamente irreversível, no campo político maranhense. Além do mais, muito mais que o próprio PT, Lula da Silva é um mito entranhado nas faixas mais populares do eleitorado, o que torna muito difícil, senão impossível ainda nesta geração, o surgimento de um adversário capaz de ameaçar para valer sua posição de liderança em território maranhense, principalmente nas grandes cidades.

Jair Bolsonaro, por seu turno, não foi bem aceito pelo eleitorado, a começar pelo fato de que se apresentou com o inimigo assumido e agressivo de Lula da Silva que uma levou a uma derrota acachapante no Maranhão em 2018, isso contra Fernando Haddad, um ilustre desconhecido do eleitorado maranhense. No Maranhão, o presidente conta com o senador Roberto Rocha, que, como ele, deve se filiar ao PL, e com o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe absoluto do seu partido no estado, mas que hoje representa o lado cinzento, fumacento e sombrio da política maranhense, principalmente no que diz respeito à corrupção. Depois das bombásticas revelações feitas pela revista “Crusoé”, dificilmente Josimar de Maranhãozinho sustentará seu projeto de disputar o Governo do Estado, tarefa que deverá ser cumprida pelo senador Roberto Rocha, que ainda mantém silêncio sobre seu futuro.

O cenário encontrado pelo Escutec para a corrida presidencial do Maranhão representa a realidade mais fiel, devendo ser mantida com muito poucas variações, independentemente de como o quadro de candidatos presidenciais seja montado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Josimar de Maranhãozinho vive situação dramática e pode perder força política

Capa da revista “Crusoé” mostra Josimar de Maranhãozinho e seus milhões cuja origem a Polícia federal garante ser a corrupção

A reportagem da revista “Crusoé”, revelada em primeira mão aos maranhenses pelo blog do jornalista John Cutrim, tem o poder de “tiro de misericórdia” no projeto do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, o controvertido chefe maior do PL no Maranhão, de ser candidato ao Governo do Estado, mesmo tendo agora o presidente Jair Bolsonaro como seu mais novo colega de partido. O esquema de desvio de dinheiro público por meio de emendas parlamentares, tendo prefeituras e empresas fantasmas como braços operacionais da criminosa lavagem dos recursos, e as imagens mostrando o parlamentar conferindo e passando adiante milhares e milhares de reais em espécie, chocaram a sociedade e alarmaram expressiva fatia do meio político.

Com semblante abatido e nem de longe parecendo aquele político dono de si, capaz de desafiar e atropelar adversários, Josimar de Maranhãozinho tentou se defender. Num vídeo gravado no curral de uma fazenda, sem mostrar um único boi, nem qualquer outro animal, o deputado disse que ali trabalha nos seus fins de semana para “organizar a minha vida empresarial”. E em frente, sem exibir qualquer traço de convicção, declarou que a dinheirama viva é fruto da sua atividade empresarial e que as ações da Polícia Federal, autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal, são ataques de adversários.

O deputado prestaria um bom serviço a ele próprio à classe e à sociedade em geral se abrisse o jogo e falasse a verdade, doesse em quem doesse, sobre a sua fortuna, como ganha realmente tanto dinheiro, e onde pretende mesmo chegar com ao distribuí-lo de maneira tão generosa aos seus aliados político. Quem são esses adversários tão implacáveis, que o perseguem tanto e não o deixam em paz?  E prove, por A mais B que suas empresas são genuínas, que pelo menos parte do valor das emendas que destina a municípios com prefeitos aliados não é desviada nem é devolvida a ele em dinheiro vivo. Por fim, esclareça todas as suspeitas e incertezas sobre sua ação política, sem deixar margem para dúvidas. Do contrário, corre o sério risco de definhar politicamente.

 

PP continua na base governista, mas pode mudar de posição

André Fufuca

Com a definição do PL, que virou de vez bolsonarista, a grande incógnita do cenário político maranhense é o deputado federal André Fufuca, que tem o controle absoluto do Progressistas (PP) no Maranhão e está instalado no comando nacional do partido como presidente interino, enquanto o presidente titular, senador piauiense Ciro Nogueira, estiver à frente da Casa Civil do Governo Bolsonaro. Ninguém duvida que o PP fechará com o presidente Jair Bolsonaro no plano nacional, mas mantém seus espaços de independência para fechar alianças da sua conveniência nos estados. É o caso do Maranhão, onde André Fufuca, apesar de manter certa distância do centro das decisões, mantém boa relação com o governador Flávio Dino, devendo apoiá-lo para o Senado, e estando no momento alinhado à pré-candidatura do senador Weverton Rocha para o Palácio dos Leões, mas nesse caso com a ressalva de que pode mudar de posição. Essa mudança poderá acontecer se o PP emplacar o vice de Jair Bolsonaro, situação que obrigará André Fufuca a dar uma guinada radical para a oposição no estado.

São Luís, 05 de Dezembro 2021.

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