Partidos de peso enfrentam dificuldades e crises no animado cenário político do Maranhão

 

Lahesio Bonfim disputa com Mical Damasceno; Pedro Lucas Ferrnandes e Juscelino Filho vivem indefinição, Josimar de Maranhãozinho e Roberto Rocha terão de negociar e Eliziane Gama e Eliel Gama vivem guerra doméstica

À medida que vão se aproximando o momento das grandes definições para as eleições gerais marcadas para daqui a exatos 11 meses, vários partidos, em especial os que hoje fazem parte do núcleo básico do que se conhece por Centrão, por causa das suas relações no Congresso Nacional, enfrentam dificuldades para se acertar no Maranhão, além de legendas de foras desse grupo. Quatro casos – PTB, PL, PP e União Brasil, formado pela fusão de DEM e PSL e o Cidadania – são exemplares. Essas agremiações enfrentam sérias dificuldades, que vão desde problemas de identidade até disputa pelo comando quando o normal seria estarem se movimentando em busca de fortalecimento por meio de novas filiações de peso ou pela via de alianças promissoras.

O caso mais emblemático é o PTB, que já foi um partido de centro-esquerda, mas que hoje ocupa o espaço mais agressivo do bolsonarismo. Usurpado do controle dos Fernandes, que vinham mantendo o que ainda restava da identidade trabalhista, o PTB do Maranhão foi parar nas mãos da deputada estadual Mical Damasceno, que vem transformando a legenda fundada por Getúlio Vargas num braço político da ala mais radical da comunidade evangélica. O PTB ganhou o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, pré-candidato a governador, que vem pontuando entre cinco e oito pontos percentuais nas pesquisas. Ele, ou alguém por ele autorizado, anunciou, há duas semanas, que havia assumido a presidência do PTB maranhense. A deputada Mical Damasceno reagiu, colocou a cúpula nacional do partido contra a parede e obteve a confirmação de que é ela, e não Lahesio Bonfim, quem dá as cartas no partido. Lahesio Bonfim depende do comando partidário para confirmar sua candidatura. Corre o risco de ficar pelo caminho.

A situação do PL vem gerando expectativa. Comandado no estado de maneira absolutista pelo deputado Josimar de Maranhãozinho, o PL foi transformado em partido do presidente Jair Bolsonaro, e isso pode significar alterações no seu formato e na sua atuação. A chave do futuro do PL é a provável filiação do senador Roberto Rocha, que, também muito provavelmente, será candidato a governador em dobradinha com Jair Bolsonaro. Josimar de Maranhãozinho tem dito e repetido que será candidato a governador “de qualquer maneira”, o que poderá configurar um problemão se Roberto Rocha entrar no partido decidido a disputar Palácio dos Leões. Tudo poderá ser resolvido na conversa, já que o senador e o deputado se declaram amigos e efeitos ao diálogo. O problema é que, a julgar pelas suas trajetórias, Josimar de Maranhãozinho e Roberto Rocha dificilmente permanecerão num partido na condição de Número 2. Se acontecer, a filiação do senador Roberto Rocha dirá como ficará o PL, hoje uma força partidária de peso no estado.

União Brasil, é esse o nome dado ao partido que resultou (?) do casamento do DEM, comandado no Maranhão pelo deputado federal Juscelino Filho, com o PSL, cujo chefe maranhense é o deputado federal Pedro Lucas Fernandes. Por conta do cipoal burocrático porque passa uma fusão partidária no Brasil, os braços maranhenses do DEM e do PSL encontram-se numa espécie de “banho maria”, com cada líder tentando manter seu pedaço, mas correndo o risco de sofrer perdas. Isso sem contar o baita problema que terá de ser resolvido quando o novo partido ganhar forma: quem o comandará no Maranhão? Ambos sabem que a ascensão de um poderá ser vista como desprestígio para o outro. Corre que os dois parlamentares, vistos por muitos – inclusive por esta Coluna – como destaques da sua geração e que chegar ao topo da política estadual, estariam negociando dividir o poder com um ocupando a presidência do partido no estado e outro ocupando cargo de destaque no comando nacional do partido. Vale aguardar.

O Cidadania – a identidade mais recente do velho partido Partido Comunista Brasileiro, que depois se transformou em Partido Popular Socialista e finalmente foi rebatizado como Cidadania – enfrenta uma crise familiar. É que a senadora Eliziane Gama, a sua grande estrela, decidiu apoiar a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado, não levando em conta as relações do partido com o governador Flávio Dino (PSB). O seu irmão, Eliel Gama, que preside formalmente o partido no Maranhão, decidiu, com o apoio da maioria da Comissão Executiva Estadual, que o Cidadania será parte da base de apoio da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão. Do alto da sua estatura senatorial e da condição de vice-presidente nacional, bateu pé e decidiu que o Cidadania vai é com Weverton Rocha. Acontece, porém, que nas questões estaduais a palavra final é a da Executiva estadual, comandada por Eliel Gama. E se não encontrarem a via do acordo, Eliziane Gama só terá um caminho, que é o mais desgastante e antipático: convencer o comando nacional a intervir no braço maranhense do partido e impor sua vontade na marra.

São encrencas de difíceis soluções, mas que sempre aparecem quando os contendores resolvem sentar para conversar. Em políticas, a conversa faz milagre.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Partidos mais fortes e organizados também enfrentam problemas

Luciano Leitoa, Marco Aurélio, Rafael Leitoa e Fábio Gentil: dissidência forte dentro dos seus partidos

A corrida às urnas vem criando problemas também para os partidos mais poderosos e organizados no Maranhão.

O PSB hoje comandado pelo governador Flávio Dino enfrenta uma incômoda dissensão em Timon, um dos seus berços mais fortes. Ali, o ex-prefeito Luciano Leitoa, ainda inconformado com a perda do controle da legenda socialista, a que presidiu por mais de uma década, apoia a pré-candidatura do senador Weverton Rocha, numa dobradinha com seu pai, o ex-prefeito Chico Leitoa, que comanda o PDT. Não há sinais de conciliação.

O PCdoB, por sua vez, está sendo submetido a um duro teste de sobrevivência desde que o governador Flávio Dino, o seu maior quadro no País, migrou para o PSB, levando junto vários quadros importantes, como o deputado estadual Marco Aurélio, por exemplo. O presidente da legenda, deputado federal Márcio Jerry,

O PDT, comandado pelo senador Weverton Rocha, está salpicado de pequenos focos de dissidência, a exemplo do deputado estadual Rafael Leitoa, pedetista de raiz, mas que, por conta das diferenças da política de Timon, e por lealdade ao projeto comandado pelo governador Flávio Dino, decidiu não apoiar o senador Weverton Rocha e correr para as urnas alinhado ao projeto do vice-governador Carlos Brandão (PSDB).

Comandado pelo deputado federal Cléber Verde e alinhado ao senador Weverton Rocha, o Republicanos também enfrenta dissidências, como a de uma das suas principais estrelas, o prefeito de Caxias, Fábio Gentil, que contraria a orientação do coimando e apoia a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão.

Em resumo: não há um só partido onde não corram problemas dessa ordem.

 

Conversa com Bial: Dino vê bolsonarismo como maior adversário e reafirma candidatura ao Senado

Flávio Dino: reafirmando  candidatura ao Senado

O governador Flávio Dino (PSB) foi um dos entrevistados do programa Conversa com Bial, da Reder Globo, no início dessa madrugada, juntamente com o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao Governo do Rio de Janeiro.

Indagado se o Grupo Sarney seria o grande adversário a ser enfrentado, o governador respondeu que o adversário a ser enfrentado e derrotado é o bolsonarismo, a exemplo do que acontece em todo o País.

E sobre o seu futuro, Flávio Dino descartou entrar na disputa nacional como vice do ex-presidente Lula da Silva (PT) e reafirmou o seu projeto de disputar uma cadeira no Senado.

São Luís, 03 de Dezembro de 2021.

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