Por mais que tente politizar as Operações “Descalabro” e “Maranhão Nostrum”, que o apontam como chefe de um esquema milionário de dinheiro público por meio de licitações fraudalentas feitas por empresas a ele ligadas, numa movimentação que já alcançou mais de R$ 170 milhões, segundo o que foi apurado pela Polícia Federal e pelo Gaeco, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) está enfrentando enormes dificuldades para manter esse discurso. Mesmo ajudado por aliados de outros pré-candidatos a governador, que relacionam ostensivamente a Operação “Maranhão Nostrum” com o movimento do parlamentar no sentido de romper com o governador Flávio Dino (PSB), os fatos relatados pelo Ministério Público em nota divulgada ontem são nitroglicerina pura, frutos de uma investigação ampla e complexa, na qual não comporta o argumento da “perseguição política”.
O problema é que observações cuidadosas, feitas pelo prisma da isenção, via de regra levam à identificação de dois personagens que respondem pelo nome político Josimar de Maranhãozinho.
O mais visível é o político astuto, de faro apurado, enorme capacidade de movimentação, bom articulador, que saiu da Prefeitura de Maranhãozinho para ser o candidato a deputado estadual mais votado em 2014, com assombrosos quase 99 mil votos, que se elegeu deputado federal em 2018 com 195 mil votos, levando junto a esposa Detinha (PL), ex-prefeita de Centro do Guilherme, eleita com maior votação para a Assembleia Legislativa. Esse político que saiu do nada e alcançou à mesa das decisões maiores da política estadual como controlador de três partidos (PL, Avante e Patriotas), apoiador político e financeiro de candidatos a prefeituras, exibindo atualmente a paternidade eleitoral de pelo menos 40 prefeitos, mais o controle político e partidário sobre cinco deputados estaduais e três deputados federais. Embalado por essa espantosa força política, que é visível, apesar das controvérsias que a envolvem, o político Josimar de Maranhãozinho se movimenta hoje no tabuleiro da política estadual com gás para se lançar candidato a governador do Estado, jogando para valorizar seu passe ao afirmar que está rompendo com o governador Flávio Dino, mas sem dizer o motivo.
O Josimar de Maranhãozinho menos visível é o que atua como empresário, que amealhou uma fortuna que ninguém consegue mensurar, por meio de empresas que quase ninguém conhece, todas, ou a maior parte delas, operando em atividades bancadas com dinheiro público, especialmente da mais produtiva e mais controversa de todas as fontes: as emendas parlamentares. As investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) levaram a empresas como a Joas Consultoria Marketing Ltda, a Águia Farma Distribuidora de Medicamentos Ltda e a Construtora Madry, todas ligadas ao empresário Josimar de Maranhãozinho. Elas venceram licitações marcadas por irregularidades em Zé Doca – a prefeita de lá, Josenilda Cunha Rodrigues (PL) é irmã do deputado -, Maranhãozinho, Centro do Guilherme, Araguanã, Carutapera, Pedro do Rosário, onde sua influência política é avassaladora. Um Relatório de Análise de RIF (Relatório de Inteligência Financeira) acerca das movimentações suspeitas apontadas pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), essas empresas movimentaram, de maneira suspeita, nada menos que R$ 159.745.884,37.
E é exatamente nesse ponto nervoso e cinzento, uma espécie de fronteira entre o mundo e o submundo da política, que o político campeão de votos e controlador de um grupo de peso no cenário estadual se mistura com o empresário de atuação controversa e suspeita, que guarda milhões de reais em espécie, com os pacotes acomodados em caixas de papelão, como as que foram encontradas pela Polícia Federal no escritório do parlamentar, em São Luís, em dezembro passado. O que veio à tona nas investigações reduz drasticamente o poder de convencimento da defesa de Josimar de Maranhãozinho pelo viés político com a alegação de que está sendo perseguido porque vem “crescendo” na corrida para o Governo do Estado, o que não é exatamente verdade – basta ver os números.
As informações contidas na nota do MPE sugerem uma indagação: quem sobreviverá, o político ativo e ousado ou o empresário sob a mira da PF e do Gaeco?
PONTO & CONTRAPONTO
Pré-candidatos atuam ouvindo integrante dos seus núcleos de campanha
Ontem, vários leitores, após terem lido a entrada do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), para o time de conselheiros do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), formado pelos ex-prefeitos Cleomar Tema (PSB), de Tuntum, e Luís Fernando Silva (PSDB), de São José de Ribamar, além, claro, do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB), que hoje formam a base do núcleo central da pré-candidatura do vice-governador.
Uma apuração rápida levantou que o senador Weverton Rocha (PDT), que está na frente nas intenções de voto, tem três conselheiros com quem conversa com frequência: o deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Assembleia Legislativa, hoje o principal avalista da sua pré-candidatura, e o presidente da Famem e prefeito de Igarapé Grande e presidente da Famem, Erlânio Xavier (PDT), principal responsável pela organização da sua pré-campanha. Conversa também com a senadora Eliziane Gama (Cidadania).
E, finalmente, Edivaldo Holanda Jr. (PSD) que até aqui está assessorado pelos principais avalistas da sua candidatura: o deputado federal e presidente do partido Edilázio Jr. e o deputado estadual César Pires, que até aqui está funcionando com o operador da pré-campanha.
Isso é só o começo.
PP pode receber a filiação de Jair Bolsonaro, Roberto Rocha e Lahesio Bonfim
Todos os sinais emitidos nos últimos dias indicam que o presidente Jair Bolsonaro não terá vez no União Brasil, o gigante partidário que ganha forma com a fusão do DEM com o PSL. A esmagadora maioria dos líderes do partido já disse que não quer conversa com o presidente e muitos defendem o lançamento de uma candidatura forte, que pode ser a do presidente do Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco para enfrentar Lula da Silva (PT) e o próprio Jair Bolsonaro, que voltou a assediar o PP, e como tem o chefe maior do partido, o presidente da Câmara Federal Arthur Lira (AL) nas mãos, é possível que a filiação do presidente e sua tropa de choque aconteça em breve. Presidente nacional em exercício do PP, o deputado federal André Fufuca dá sinais de que está na linha de frente colocando o tapete vermelho para Jair Bolsonaro ingressar no partido. E pode abrigar no Maranhão o senador Roberto Rocha, que ainda não disse como enfrentará as urnas, e o tonitruante prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, pré-candidato assumido a governador.
São Luís, 09 de Outubro de 2021.
Essa operação do MP merece a mesma credibilidade que tem o Josimar: ZERO.