Na falta de qualquer novidade, de algum movimento improvável, que chame a atenção, no que diz respeito à disputa pelo Palácio dos Leões, a corrida eleitoral continua sendo pautada pelos movimentos do ex-governador e deputado federal José Reinado Tavares, que peregrina em busca de um partido pelo qual possa viabilizar o seu projeto de disputar uma cadeira no Senado. Os movimentos do parlamentar têm surpreendido pela sua capacidade de romper relações e queimar pontes, mas mesmo assim manter-se como uma das principais referências do cenário político do Maranhão atual. Rompido com o governador Flávio Dino (PCdoB) e com o senador Roberto Rocha (PSDB) e agora empenhado em ser um dos construtores da candidatura do deputado Eduardo Braide (PMN), o ex-governador começa a viver a fase crítica desse processo intenso e complicado, tendo o dia 7 de abril – quando termina a janela para troca de partido – como data fatal para sua definição partidária, que terá repercussão no seu projeto senatorial.
Há algumas semanas, diante do rompimento dele com o governador e baseada em algumas conversas, a Coluna levantou a possibilidade, ainda que remota, de José Reinaldo vir a ingressar no PSDB e compor uma chapa com o senador Roberto Rocha, candidato tucano ao Governo do Estado, e ele, José Reinaldo, como postulante a uma cadeira no Senado. O argumento: aliado a Roberto Rocha, teria ele um partido sólido, o PSDB, um candidato a presidente para reforçar sua campanha, Geraldo Alckmin – com chances concretas de eleição -, e disporia de estrutura mínima para embalar sua candidatura, já que discurso não lhe falta.
Ontem, em entrevista à Rádio Difusora, ele descartou categoricamente essa possibilidade e afirmou que seu candidato a governador é o deputado Eduardo Braide (PMN). Ao apostar no deputado Eduardo Braide, que é um dos destaques da nova geração e tem grande potencial para o futuro, vai ter de correr atrás de um partido, não terá um candidato a presidente ao qual possa atrelar sua candidatura, e não contará com uma estrutura mínima necessária para colocar a sua campanha em movimento. Ou seja, aposta num projeto de viabilidade improvável neste momento em que os caminhos já estão em sua maioria traçados.
Nesse contexto de surpresas impactantes, chama atenção o fato de o ex-governador ainda acreditar que pode vir a assumir o controle do DEM no Maranhão, o que, segundo rumores, no próximo dia 27, com as bênçãos do presidente nacional da agremiação, o prefeito de Salvador (BA) ACM Jr. Só que agora, provavelmente farejando essa possibilidade, o presidente estadual do DEM, deputado federal Juscelino Filho, com ajuda discreta do Palácio dos Leões, cuidou de consolidar o seu controle sobre o partido dando uma nova cara ao DEM no Maranhão, turbinando os quadros do partido com políticos fortemente ligados ao governador Flávio Dino: os deputados estaduais Stênio Rezende, Cabo Campos e Neto Evangelista (licenciado), além do respeitado e influente prefeito de São José de Ribamar, Luís Fernando Silva, e do secretário de Educação, Felipe Camarão.
O fato é que, segundo algumas vozes experientes e abalizadas, a partir de agora o ex-governador enfrentará muitas dificuldades para viabilizar o seu projeto de chegar ao Senado, mesmo que o deputado Eduardo Braide consiga contrariar a lógica e entre de cabeça na corrida ao Palácio dos Leões.
Em Tempo: Uma movimentação de bastidor por pouco não conseguiu restaurar os laços do ex-governador José Reinaldo Tavares com o governador Flávio Dino – que, diga-se, não quis o rompimento. No dia 9 de março, uma sexta-feira, o prefeito de Tuntum e presidente da Famem, Cleomar Tema, o deputado Fábio Macedo (PDT) e o jornalista Lourival Bogéa, bateram à porta do apartamento de José Reinaldo, em São Marcos, com o objetivo de fazê-lo reatar as relações com o governador Flávio Dino. Depois de uma conversa tensa, mas produtiva, ficou acertado que os dois se encontrariam no sábado (10) para conversar e, possivelmente, selar a paz. Só que na manhã de sábado, o mundo político foi surpreendido pela bombástica entrevista de José Reinaldo publicada na coluna Roda Viva, do jornalista Benedito Buzar, na edição de fim de semana de O Estado do Maranhão. Mesmo concedidas dias antes, as declarações do ex-governador tornaram inviável o último esforço de paz entre os dois.
PONTO & CONTRAPONTO
HTO vira marca de quando saúde pública é tratada com decisão política
Em meio à intensa movimentação política, cacife político mostrando resultados positivos de projetos que, mesmo sob intenso bombardeio das vozes oposicionistas do Grupo Sarney, foram levados à frente e se tornaram referências. Um deles é o Hospital de Traumatologia e Ortopedia, que depois de cinco meses de funcionamento, comemorou, com bolo e tudo, a marca de 1.033 cirurgias. O número equivale a nada menos que 6,8 cirurgias por dia, uma marca absolutamente vitoriosa, principalmente se levadas em conta as circunstâncias em que a antiga clínica foi transformada em hospital bem equipado e aberto ao atendimento de quem de fato precisa. A comemoração das mil cirurgias realizada nos primeiros 150 dias de funcionamento pleno do HTO pode ser considerada um marco na situação atual do Sistema Estadual de Saúde. Os demais números alcançados pelo HTO impressionam: 744 pequenos procedimentos (troca de curativos, pontos, pequenas cirurgias), 6.508 consultas, além de 4.411 exames (raios-X, tomografia, eletrocardiograma e ultrassonografia). “Antes, só havia 30 cirurgias ortopédicas por mês em São Luís. Hoje são 300 por mês e logo serão 400. Hoje comemoramos as primeiras 1.000 cirurgias do nosso Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão”, comemorou o governador Flávio Dino, com justificado entusiasmo. Resultado de um decisivo esforço político do governador Flávio Dino e de um obstinado esforço administrativo do secretário Carlos Lula, hospital estourou um gargalo histórico e elevou a saúde pública do Maranhão a um patamar superior na área de traumatologia e ortopedia.
Edison Lobão aposta que se recupera a tempo de correr pelo voto
O acidente que levou o senador Edison Lobão (MDB) a se afastar temporariamente da corrida pela reeleição instalou um forte clima de expectativa nos bastidores do Grupo Sarney. Exames médicos dirão nas próximas horas a gravidade do caso e a perspectiva da retomada do senador à sua rotina de movimentação política. Nas rodas de conversa, as impressões vão de o caso é de baixa gravidade, devendo o senador retomar rapidamente a sua corrida às urnas, até impressões de que o caso é grave e que ele poderá até passar a bola para o suplente Lobão Filho (MDB). Fontes melhor informadas sobre o estado de saúde do senador Edison Lobão encontra-se numa espécie de meio-termo: o acidente – uma queda que lhe fraturou a bacia – não foi uma tragédia, mas também não foi uma coisa simples, que se resolva com o estalar de dedo de um especialista. O senador deve passar por procedimentos delicados e deverá ter uma recuperação cuidadosa antes de voltar à movimentação intensa e agitada da campanha eleitoral. Aos 81 anos e com larga experiência em corridas às urnas, o senador Edison Lobão sabe que o acidente limitou o seu poder de fogo na luta pelo voto, e por isso decidiu compensar a sua ausência com a presença constante e efetiva do suplente Lobão Filho, por meio do qual mandará suas mensagens ao eleitorado. Mas está movido pela certeza de que logo, logo estará de pé fazendo corpo-a-corpo com o eleitorado. Afinal, sabe que essa será uma guerra diferente, na qual enfrentará, além de políticos bem sucedidos como o deputado federal Sarney Filho (PV) e José Reinaldo Tavares, aguerridos candidatos da nova geração, como os bem sucedidos deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS).
São Luís, 21 de Março de 2018.