Início de campanha indica favoritismo de Flávio Dino e dificuldades de Roseana Sarney, Roberto Rocha e Maura Jorge para reverter tendência

 

Flávio Dino mantém favoritismo na corrida com Roseana Sarney e Roberto Rocha na corrida ao Palácio dos Leões

O que foi nitidamente rascunhado ao longo da pré-campanha eleitoral para o Governo do Estado começa a ser confirmado com desenho bem nítido na campanha para valer, com todos os seus ingredientes: todas as informações de números e movimentos indicam com clareza que o  governador Flávio Dino (PCdoB) caminha firme para conquistar mais um mandato, tendendo a fechar a conta em turno único à medida que os demais concorrentes não dão sinais de que dispõem de gás político, argumento programático ou encanto pessoal suficientes para reverter o quadro e apontar um desfecho diferente. Até o momento, a liderança e o  favoritismo do governador nessa corrida estão estampados nas pesquisas de opinião, no gigantismo da aliança partidária que articulou, no  desempenho positivo do seu Governo e na desenvoltura pessoal e política do próprio candidato do PCdoB. No contraponto, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), melhor posicionada no campo adversário, tem mostrado um lastro político sólido, um capital eleitoral denso e um visível poder de sedução, mas que, somados, não têm alcançado o peso necessário para ameaçar a liderança do governador no processo. O mesmo está acontecendo com o senador Roberto Rocha (PSDB), com a ex-prefeita Maura Jorge (PSL) e com os esquerdistas Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU), que se mantiveram nos mesmos patamares nas cinco últimas pesquisas.

As impressões iniciais, porém, não podem ser interpretadas como o desenho definitivo da corrida eleitoral. Pela frente está mais de um mês de campanha de rua, de caminhadas e carreatas, de trabalho de militantes e cabos eleitorais, de propaganda no Rádio e na TV, de entrevistas e debates, durante os quais os candidatos terão oportunidades de expor suas propostas e posições e assim convencer o eleitorado. Além do mais, todos sofrerão, em maior ou menor grau, os fluídos da disputa para a presidência da República, que poderá injetar ânimo ou aumentar o desânimo desse ou daquele candidato a governador. O que vem pela frente, portanto, pode alimentar o quadro desenhado até aqui na corrida ao Palácio dos Leões, como também pode alterar posições ou rumos, ainda que, pelo que vem acontecendo, há certo grau de previsibilidade no ar.

O cenário de agora é mais ou menos como os embates polarizados de Luiz Rocha (PDS)/Renato Archer (MDB) em 1982, Epitácio Cafeteira (MDB)/João Castelo (PDS) em 1987, Roseana Sarney (PMDB)/Epitácio Cafeteira (PTB) em 1994, Jackson Lago/Roseana Sarney (PMDB) em 2006, Roseana Sarney (PMDB)/ Flávio Dino (PCdoB) em 2010 e Flávio Dino/Lobão Filho (PMDB) em 2014, em que os primeiros foram favoritos desde sempre e venceram as eleições. Bem diferente das guerras com desfechos imprevisíveis que foram travadas com munição pesada em 1990 entre Edison Lobão (PMDB) e João Castelo (PRN), em 1994 entre Roseana Sarney (PMDB) e Epitácio Cafeteira (PTB) e em 2002 entre José Reinaldo Tavares (PMDB) e Jackson Lago, todas elas decididas à última hora.

Está muito claro que, repetindo a lógica da maioria das disputas para o Governo do Estado ocorridas desde a volta da escolha de governador pelo voto direto desde 1982, o governador Flávio Dino, por conta do seu favoritismo, será alvo preferencial de todos os concorrentes, como aconteceu na pré-campanha. O problema maior dos adversários reside no fato de que, por conta da sua postura política e da sua conduta administrativa, Flávio Dino é um alvo muito difícil de ser atingido por denúncias de desvio, como ficou demonstrado com a mais absoluta ineficácia do bombardeio que sofreu do Grupo Sarney desde que assumiu o comando do Estado em janeiro de 2015. Roseana Sarney também conseguiu blindagem eficaz contra eventuais petardos, não conseguindo, porém, livrar-se do visível e já acentuado desgaste do sarneysismo, independentemente do seu lastro de 14 anos de governo. Além disso, Roseana Sarney sabe como ninguém o poder de fogo de um governador que concorre no cargo, independente das práticas que usa para renovar o mandato. Os disparos dos franco-atiradores Roberto Rocha e Maura Jorge dificilmente arranharão o entorno blindado do governador Flávio Dino.

Por conta de todos os pontos, aspectos e vieses que desenham o cenário da disputa, o caminho é uma campanha propositiva, com os candidatos tentando seduzir o eleitor com ideias, planos e objetivos convincentes e viáveis.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Roseana Sarney e Sarney Filho têm problemas para se situar na corrida presidencial

Roseana Sarney não abraçou ainda Henrique Meirelles e Sarney Filho não adotou Marina Silva na campanha

Fica cada a dia mais complicada a situação dos irmãos Roseana Sarney (MDB) e Sarney Filho (PV) em relação à disputa para presidente da República.

O partido da ex-governadora tem o candidato Henrique Meirelles, que parece disposto a tudo para, pelo menos, sair da rabeira da corrida presidencial. Só que a emedebista até agora ignorou solenemente a existência da candidatura de Meirelles, preferindo insistir numa relação com o ex-presidente Lula (PT), que não será candidato e cujo virtual substituto, o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), esteve há poucos dias em São Luís Maranhão e declarou reiteradas vezes que o candidato de Lula no Maranhão é o governador Flávio Dino. Roseana Sarney, no entanto, mantém peças de campanha nas quais insiste em vender ao eleitorado a falsa impressão de que Lula a apoia. Essa parada terá de ser resolvida cedo ou tarde.

A mesma situação envolve o deputado federal Sarney Filho, candidato do Grupo Sarney ao Senado. O partido de Sarney Filho, o PV, fez aliança com a Rede em torno da candidatura da presidenciável Marina Silva, tendo como vice-presidente o respeitadíssimo ex-deputado federal Eduardo Jorge (PV). Sarney Filho até agora não se manifestou sobre essa aliança, parecendo desconhecer o fato de que existe uma disputa presidencial em curso, na qual o padrinho maior do candidato emedebista Henrique Meirelles é o presidente Michel Temer (MDB), que o fez ministro do Meio Ambiente pela segunda vez. A qualquer momento a cúpula da Rede ou a do PV vai querer cobrar o desatar desse nó, exigindo uma posição clara do ex-ministro do Meio Ambiente em relação à corrida presidencial.

 

Econométrica confirma tendência de desfecho da eleição para governador em turno único

A medição das preferências do eleitorado maranhense em relação aos candidatos a governador, já bem apurada por pesquisa dos institutos Exata, DataIlha e Ibope ganha mais consistência com o levantamento feito pela Econométrica, a mais tradicional e experiente empresa de investigação estatística do Maranhão. De acordo com a sua apuração, contratada pela TV Guará, se a eleição fosse agora o governador Flávio Dino sairia das urnas com eleito em turno único com 53,1% dos votos nominais, o equivalente a 60% dos votos válidos. Em segundo lugar viria Roseana Sarney com 28,8% dos votos nominais, equivalendo a 32,5% dos votos válidos. Roberto Rocha teria 3,7% dos votos nominais ou 4,2% dos votos válidos, enquanto Maura Jorge teria 2,1% dos votos nominais ou 2,4% dos votos válidos. E somados, Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU) não alcançariam 1% dos votos. De acordo com Econométrica, somente 6,6% disseram que votariam em branco ou anulariam o voto e 4,9% não saberiam em quem votar.

Mesmo com o cenário indicando nítida tendência de desfecho em turno único, a Econométrica consultou os eleitores entrevistados sobre a hipótese de um segundo turno. O resultado que encontrou: Se a disputa fosse entre Flávio Dino e Roseana Sarney, o comunista teria 56,3% dos votos nominais contra 30,8% da emedebista, tendo brancos e nulos somado 8,2% e não sabem ou não responderam, 4,7%. Na simulação com Roberto Rocha, Flávio Dino teria 63,3% dos votos nominais contra apenas 17,3% do candidato tucano, 13,1% de brancos e nulos e 6,3% dos indecisos.

Em Tempo: a Econométrica ouviu 1.407 pessoas em todo o Maranhão no período entre 21 e 25 de Agosto e foi registrada no TSE sob o número MA-08877/2018. A pesquisa tem intervalo de confiança de 95% margem de erro de 2,61%.

São Luís, 02 de Setembro de 2018.

 

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