Nas últimas 48 horas o meio político, os programas de rádio e a blogosfera foram animados por uma súbita e curiosa preocupação com o futuro político do governador Flávio Dino (PSB). E o ponto “X” da agitação foi a possibilidade de ele permanecer no Governo até o final do seu mandato, prevista por dois dos seus principais aliados em diferentes entrevistas, o secretário de Indústria e Comércio Simplício Araújo, que preside o Solidariedade no Maranhão e é pré-candidato assumido ao Governo do Estado, e o deputado Duarte Jr. (PSB), linha de frente do grupo liderado pelo governador. Eles provavelmente se basearam na impactante entrevista concedida por Flávio Dino ao portal de notícias UOL, no final da semana passada. Nela, em meio a um bombardeio de indagações que sofreu a respeito de uma possível composição do PSB com o PT, admitiu que poderá ser candidato a vice na chapa liderada pelo ex-presidente Lula da Silva, mas também ser candidato a senador e, numa hipótese muito remota, permanecer no Governo até o final do mandato. A possível composição com Lula da Silva animou o meio político, assim como a candidatura ao Senado, que é o caminho mais lógico, mas a possibilidade de permanecer no comando do Governo até o final do mandato causou um frisson surpreendente.
É verdade que o governador Flávio Dino é um político diferenciado, para quem um mandato parlamentar, mesmo de senador – que segundo Lula da Silva dá ao detentor poder quase divino -, não é um objetivo de vida ou morte política. Para ele, não fará muita diferença assumir um mandato de senador no início de 2023 ou reassumir sua cadeira de Direito Constitucional na UFMA e ocupar uma mesa num escritório de advocacia. Ao mesmo tempo, o governador tem perfeita e ampla noção de que no exercício de um mandato ele pode atuar politicamente com mais efetividade e com poder de participar, chancelado pela instituição legislativa, do debate dos grandes temas de interesse do País e, em alguns casos, diretamente do Maranhão.
Em 2010, por exemplo, o então deputado federal Flávio Dino abriu mão de uma reeleição fácil e entrou na corrida para o Governo do Estado com noção muito clara de que suas chances eram mínimas, uma vez que disputava com a então governadora Roseana Sarney (MDB) e com o ex-governador Jackson Lago (PDT). Não deu outra: Roseana Sarney venceu no 1º turno. A falta do mandato de deputado federal não o impediu de fazer política plena nos anos seguintes, quando incursionou pelos municípios com o projeto “Diálogos pelo Maranhão”, quando conversou com a população em praça pública, sem precisar de palanques nem carros de som. Quando seus adversários se deram conta, ele já liderava um movimento avassalador, que o levaria ao Palácio dos Leões em 2014 no 1º turno.
É claro que a realidade agora é outra. Depois de dois mandatos de governador, de comandar um governo diferenciado e limpo, e de protagonizar uma ação política forte no plano nacional, destacando-se como Oposição ao Governo inclassificável do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Flávio Dino se credenciou para continuar atuando nesse plano. Daí, se não vier a ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula da Silva, o governador do Maranhão dificilmente abrirá mão de se tornar senador e, como tal, ampliar sua atuação política como uma das vozes mais consistentes do Senado e do Congresso Nacional. Flávio Dino sabe que o espaço que conquistou limitou o seu direito de escolha.
E nesse contexto, investir na participação em uma chapa presidencial faz sentido, mas é uma aposta de risco demasiado. Invertendo os polos, se for levada em conta apenas a lógica, não faz muito sentido considerar a hipótese de que permaneça no Palácio dos Leões até o fim do mandato. Logo, a candidatura ao Senado se cristaliza como o caminho mais lógico, mais racional e politicamente mais identificado com as aspirações da maioria do eleitorado maranhense, segundo todas as pesquisas publicadas até aqui.
PONTO & CONTRAPONTO
Marcelo Tavares é o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado
O deputado Marcelo Tavares (PSB) é o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele ocupará a cadeira vaga com a aposentadoria do conselheiro Nonato Lago. Sua indicação foi aprovada por unanimidade, ontem, pela Assembleia Legislativa, confirmando a aprovação que recebera da Comissão Especial, que o sabatinou em reunião realizada Segunda-Feira. Após a manifestação do plenário, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), determinou a edição de Decreto Legislativo formalizando a indicação. Marcelo Tavares tem 49 anos, é Bacharel em Direito e exerce atualmente o quinto mandato de deputado estadual. Além da sólida formação técnica e vasta experiência política, o novo conselheiro do TCE foi chefe da Casa Civil nos dois mandatos do governador Flávio Dino. O governador, aliás, ao tomar conhecimento da decisão da Assembleia Legislativa, declarou: “Parabenizo o ex-Chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, que passará a exercer o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Marcelo tem longa experiência profissional e preenche os requisitos constitucionais. Cumprimento a Assembleia Legislativa pela escolha”. O TCE ganha um quadro de excelência.
O outro lado do desfecho do preenchimento da vaga no TCE pela Assembleia Legislativa: o até então suplente de deputado no exercício do mandato Ariston Ribeiro (Avante) ganha a condição de titular. Integrante de um dos partidos controlados pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), o agora deputado estadual Ariston Ribeiro não faz parte da tripa de choque comandada no Legislativo pela deputada Detinha (PL). Seu grupo político é liderado pelo o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PMN).
Diego Galdino no comando da Casa Civil e Marcela Mendes na Secretaria de Governo
O governador Flávio Dino confirmou o que já corria a boca pequena nos bastidores do Palácio dos Leões: anunciou que o atual secretário de Governo, Diego Galdino, será o novo chefe da Casa Civil, e que sua adjunta, Marcela Mendes, ascenderá ao comando da Secretaria de Governo. “(Eles) darão continuidade ao ótimo trabalho na coordenação das ações de governo e na execução de metas administrativas”, afirmou Flávio Dino.
Originário dos quadros da Vale, Diego Galdino iniciou no Governo substituindo a professora Esther Marques no comando da Secretaria de Cultura. Seu desempenho o levou à Secretaria de Governo, cujo mister é coordenar as ações do Governo em todas as áreas. Fez ali também um bom trabalho, credenciando-se para a chefia da Casa Civil, onde também participará da coordenação das ações do Governo, mas também, e principalmente, de ações no plano institucional. A menos que o governador Flávio Dino altere o papel da Casa Civil, o novo secretário-chefe fará a ponte do Palácio dos Leões com os demais poderes e com a sociedade civil. Nesse aspecto, o secretário-chefe precisa ter habilidade diplomática e bom faro político para ser efetivamente o interlocutor eficiente.
Embalada pela condição de secretária adjunta de Governo, Marcela Mendes tem perfil técnico e sabe o que fazer no comando da pasta.
São Luís, 01 de Setembro de 2021.