Estava escrito nas estrelas que, se os sintomas de derrota de Roseana Sarney (MDB ao Governo e do deputado federal Sarney Filho (PV) na corrida a uma das vagas no Senado se tornassem muito fortes, o Grupo Sarney lançaria mão de armas política e eleitoralmente letais para reverter a tendência, disparando chumbo de grosso calibre contra o governador Flávio Dino (PCdoB) e, principalmente, contra os deputados federais Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT). Essa pedra, cantada desde o início da campanha, começou a se confirmar na semana passada, quando, diante dos números incontestáveis encontrados por várias pesquisas, apontando os candidatos apoiados pelo governador Flávio Dino como virtuais vencedores da disputa, a máquina sarneysista de triturar adversários entrou em operação, acrescentando forte dose de tensão à disputa na reta final. Faltando dois programas de TV e mais algumas inserções para governador, senador e deputado estadual para terminar a campanha no Rádio e na TV, a aliança comandada no caso por Roseana Sarney (MDB) parece estar se dando conta de que sua situação é dramática, e com o risco de encarar a ausência de sarneysistas nos mandatos majoritários desde que o próprio ex-presidente José Sarney tornou-se governsdor em 1965 e senador em 1970.
A metralha disparada impiedosamente contra Weverton Rocha e Eliziane Gama, com o objetivo explícito de desestabilizar suas campanhas e fragilizar suas candidaturas, tornou-se tão intensa que os roseanistas encarregados de executá-la acabaram tropeçando e tombando feio, nesta segunda-feira, caindo nas garras da Polícia Federal, com a prisão dos responsáveis pela produção e divulgação de um pasquim destinado a desidratar os aliados do governador Flávio Dino e ele próprio. Com o episódio, que surpreendeu pelo primarismo da artimanha, o Grupo Sarney, mais especificamente a candidatura do ex-ministro Sarney Filho, sofreu um revés amargo e inesperado, correndo o sério risco de ter consumado aí a sua própria queda no resultado final da corrida. Isso porque as digitais do Grupo no caso são muito nítidas, coisa do tipo batom no colarinho, devendo resultar no mínimo num enorme e insuportável dissabor.
A verdade é que o Grupo Sarney vem dando seguidas demonstrações de que agora, quando se desdobra para driblar a decadência e tendo de se virar nos trinta sem o poder politicamente milagroso da máquina pública, não consegue gás natural para enfrentar o movimento liderado pelo governador Flávio Dino. Os fortes sinais dessa tormenta estão em fatos antes inimagináveis, como a decisão do deputado Souza Neto (PRP), genro e homem de confiança do ex-deputado Ricardo Murad (PRP), e do ex-deputado Carlos Filho (PRTB), ex-genro da ex-governadora Roseana Sarney, de sair da corrida à Assembleia Legislativa, com o objetivo de garantir pelo menos a reeleição de Andrea Murad (PRP) e Adriano Sarney (PV). Em outros tempos, as duas candidaturas seriam mantidas, e com a certeza de que sairiam vitoriosas das urnas.
O que chama a atenção é que um político do quilate do Sarney Filho, com uma dezena de mandatos, com pelo menos uma década no comando da coordenação da bancada maranhense, com participação ativa em todas as legislaturas, e duas bem sucedidas passagens pelo Ministério do Meio Ambiente, seja suspeito de lançar mão do recurso da desconstrução de adversários.
O problema é que o Grupo Sarney enfrenta nestas eleições duas situações se completam em seu desfavor. A primeira é o seu já óbvio e indiscutível desgaste histórico como um todo, e que não mostrou capacidade de se renovar. A outra é a força e a consistência política de Weverton Rocha, que tem feito a diferença na Câmara Federal, e Eliziane Gama, que, além do bom desempenho parlamentar, é dona de um carisma político excepcional. A essas credenciais se somam a liderança firme e o aval decidido do governador Flávio Dino, um dos políticos mais acreditados da atualidade em todo o País, e que caminha a passos largos para se reeleger e consolidar o seu projeto de poder.
É quase certo que a natureza de combatente do ex-presidente Jose Sarney fará com que o seu Grupo não se conforme com o rumo que a corrida às urnas tomou e nas horas que restam de campanha, e vai usar todas as armas que puder para evitar a derrocada e emplacar pelo menos Sarney Filho no Senado, já que a guerra pelo Palácio dos Leões parece irremediavelmente resolvida a favor do candidato do PCdoB.
PONTO & CONTRAPONTO
Econométrica aponta consolidação da tendência de reeleição de Flávio Dino no primeiro turno
Mais uma informação indicativa de que o governador Flávio Dino (PCdoB), candidato da coligação “Todos pelo Maranhão”, seria reeleito em turno único, com 61,1% dos votos válidos. É o que informa a nova pesquisa do instituto Econométrica, divulgada ontem. Em segundo lugar viria a candidata da coligação “O Maranhão quer Mais”, Roseana Sarney (PMDB), com 29,9%, seguida de Maura Jorge com 5,3%, Roberto Rocha com 2,5%, Ramon Zapata com 0,4% e Odívio Neto com 0,1%.
A pesquisa, foi feita entre os dias 27 e 30 de setembro, com 1.411 entrevistados em todas as regiões do Maranhão, confirma todos os demais levantamentos realizado nas últimas duas semanas. O levantamento tem margem de erro de 2,6 pontos para mais ou para menos e está registrado sob o número MA-01075/2018.
Com cinco candidatos, debate de hoje na TV Mirante será o ponto alto da campanha ao Palácio dos Leões
Tudo pronto, conforme anunciado em telejornal, para o debate de hoje na TV Mirante entre cinco dos seis candidatos a governador. Participarão Flávio Dino (PCdoB), Roseana Sarney (MDB), Maura Jorge (PSL), Roberto Costa (PSDB) e Odívio Neto (PSOL). Será um momento importante e decisivo na campanha eleitoral, a começar pelo fato de que será o único em que os candidatos estarão frente a frente. É evidente que a grande expectativa será o embate entre Flávio Dino e Roseana Sarney. Com a experiência de quem nasceu político nos embates do movimento estudantil e ampliou sua vivência como juiz federal e deputado federal, o governador sabe que será o alvo principal e preferencial de todos os seus adversários, e por isso deve ir para o enfrentamento com um arsenal cartas na manga. Roseana Sarney, que não tem muita habilidade com as palavras, vai jogar com frases de efeito e perguntas bem elaboradas para desestabilizar o governador, correndo, porém, o risco de ser apanhada no contrapé da réplica ou da tréplica, podendo também ser colocada contra a parede com perguntas incômodas. Hábil com as palavras, Roberto Rocha vai usar todo o seu malabarismo verbal para tirar o governador do eixo, podendo também jogar pesado contra Roseana Sarney, apostando no sonho de substituí-la como adversário principal na reta final. Maura Jorge poderá soltar alguns petardos incômodos na direção de Flávio Dino ou Roseana Sarney, mas poderá também ser alvejada com questionamentos ácidos. Odívio Neto poderá, se jogar com habilidade, sair do debate sendo olhado com respeito.
O debate dificilmente mudará o cenário da disputa desenhado até agora, mas será importante para resolver alguma dúvida sobre esse ou aquele candidato.
São Luís, 01 de Outubro de 2018.