O deputado federal Gil Cutrim formalizou sua saída das fileiras do PDT, confirmando o que já estava desenhado desde 2019, quando votou várias vezes contrariamente à posição do partido na Câmara Federal, atuando com clara tendência governista. Com a decisão, o PDT do Maranhão perde força na bancada federal, onde só conta agora com o senador e presidente do partido Weverton Rocha, já que com a saída de Gil Cutrim, o PDT fica sem deputado federal. A desfiliação de Gil Cutrim do PDT pode ser anotada como a primeira de uma série de migrações na seara partidária maranhense, envolvendo senadores, deputados federais e deputados estaduais, que precisam normalizar suas vidas partidárias para as eleições do ano que vem. Nessa linha de incertezas quanto ao futuro partidário estão dois casos emblemáticos, o senador Roberto Rocha, que está em total desalinho com o PSDB, e o deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que rompeu com o comando partidário nacional.
O então ex-prefeito de São José de Ribamar, que havia rompido com o MDB, juntamente com o irmão, o deputado estadual Glaubert Cutrim, desembarcou no PDT causando surpresa. Primeiro pela escolha partidária de quem havia saído do Grupo Sarney, onde foi politicamente originado. Depois por nada ter com o PDT em matéria de identidade política e ideológica. O advogado Gil Cutrim não tem qualquer traço de esquerda nem de centro-esquerda na sua concepção política e ideológica. Ele é um político de direita, podendo até ser situado, com alguma boa vontade, num espectro de centro-direita, muito distante, portanto, do PDT de Jackson Lago, Neiva Moreira e de Weverton Rocha. Logo, sua desvinculação do que ainda resta do brizolismo no Maranhão não é nenhuma surpresa. Para onde vai? Para a direita, claro.
Em outro patamar, o senador Roberto Rocha segue o mesmo rumo. Saiu das entranhas do sarneysismo, virou manda-chuva do PSDB e rumou para a esquerda até desembarcar no PSB, onde passou uma temporada e por lá se elegeu senador, apoiado pelo PCdoB. No Senado, iniciou uma guinada em sentido contrário, retornando à direita, tendo feito a escala mais prolongada no PSDB, que retomou do vice-governador Carlos Brandão. O senador parece ter encontrado o seu ideal político no bolsonarismo, que representa a direita conservadora e radical. Não se sabe exatamente para onde Roberto Rocha migrará, mas, a julgar pelos movimentos que ele tem feito, se deixar mesmo o PSDB, como está desenhado em traços fortes, a maioria das apostas é no sentido de que ele se filiará à legenda na qual o presidente Jair Bolsonaro vier a se filiar, ou numa bem próxima, para ser candidato a governador, a senador ou a deputado federal.
Uma das lideranças mais ativas da nova geração, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes foi atropelado pelo chefe maior do partido, ex-deputado federal e deflagrador do “Mensalão” Roberto Jefferson, por ter votado a favor da prisão do seu colega de Câmara Federal, o golpista Daniel Silveira (PSL-RJ). Foi-lhe tirado o comando do PTB no Maranhão, que estava há décadas sob controle da sua família, e entregue à deputada estadual Mical Damasceno, que concordou integralmente com Roberto Jefferson, sem ter movido uma palha pelo agora ex-presidente. Se não houver uma reviravolta com a destituição do mensaleiro-mor da presidência do PTB, Pedro Lucas Fernandes terá de deixar o partido. O problema é que será difícil para ele encontrar agora um partido para chamar de seu pois seria terrivelmente desgastante ingressar numa legenda como mais um, depois de ter sido chefe incontestável do PTB. Há quem diga que ele assumirá o PSDB, que já foi controlado por seu pai, o ex-deputado federal e atual prefeito de Arame, Pedro Fernandes.
Outras situações de ajustes e sem o tom dramático estão em processo cuidadoso de avaliação. É o caso, por exemplo, da senadora Eliziane Gama, bem acomodada no Cidadania, mas sabendo que logo terá de turbiná-lo ou migrar para uma legenda mais forte, com capilaridade no estado inteiro, sem o que será complicado dar novos passos no plano majoritário.
Essas mudanças devem acontecer até setembro.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão visita fábrica da vacina Sputnik V no Brasil; Dino pode comprar imunizante russo
Quanto maior for o número de vacinas, mais certeza se terá de que a população do Maranhão será imunizada o mais rapidamente possível. É o que pensam o governador Flávio Dino e o núcleo duro do Governo em relação ao novo coronavírus. E foi com essa motivação que, atendendo a recomendação do governador, o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) visitou ontem, em Brasília, as instalações da farmacêutica União Química, que está produzindo a vacina russa Sputnik V no Brasil, juntamente vários governadores. Ali, os mandatários constataram a eficácia da estrutura industrial e conversaram com os dirigentes da empresa sobre a possibilidade de os Estados e a União comprarem o imunizante, que já está sendo fabricado naquele complexo industrial.
Como já é sabido mundialmente, a Sputnik V foi a primeira vacina russa contra o novo coronavírus. Seus testes registraram eficácia de até 91,6%. Seus relatórios estão sendo analisados pela Anvisa, que poderá autorizar o seu uso emergencial nas próximas semanas. Informações da União Química preveem que dez milhões de doses sejam importadas prelo Brasil, podendo aumentar com a fabricação do imunizante no Distrito Federal.
O governador Flávio Dino já foi à Justiça em busca de autorização para que os Estados possam comprar imunizantes. Ele inclusive já separou R$ 50 milhões para serem usados na compra de vacinas tão logo os Governos estaduais e prefeituras sejam autorizados.
A missão do vice-governador Carlos Brandão será concluída com um relatório que fará ao governador Flávio Dino sobre o que viu e ouviu. Ele é sempre acionado pelo governador, numa demonstração de que as informações que lhe são consistentes e confiáveis.
Aliado de Eudes Sampaio, Pedro Lucas entregou veículo a Júlio Matos em Ribamar
Situação curiosa viveu ontem o deputado federal Pedro Lucas Fernandes. Ele foi a São José de Ribamar entregar um veículo para o Conselho Tutelar da Região das Vilas, que conseguiu, via emenda ao Orçamento. E o fez em ato em frente à Prefeitura com a presença do prefeito Júlio Matos (PL). Um fato absolutamente normal não fossem os vínculos partidários que envolvem os presentes no ato.
O deputado Pedro Lucas foi um dos principais esteios da candidatura do então prefeito Eudes Sampaio (PTB) à reeleição. Júlio Matos venceu com folga nas urnas, mas seu mandato está sob risco, uma vez que sua candidatura foi impugnada sob o argumento de que ele não poderia se candidatar por ser ficha suja. O rolo tramita na Justiça Eleitoral, podendo ganhar um desfecho a qualquer momento.
Júlio Matos e seus advogados apostam alto que seu mandato está garantido, uma vez que a pendência não mais existe. Por outro lado, ex-prefeito Eudes Sampaio, apoiado pelo ex-prefeito Luís Fernando Silva também jogam cacifes elevados na certeza de que haverá ali uma reviravolta, com a queda do atual prefeito e a volta do petebista.
No ato de entrega do veículo, Pedro Lucas Fernandes parecia tranquilo ao lado do seu arqui-inimigo prefeito Júlio Matos. Provavelmente o parlamentar destinou a emenda certo de que entregaria o veículo ao seu aliado Eudes Sampaio, que pelos seus cálculos estaria hoje no comando da Prefeitura ribamarense. Ao mesmo tempo, entregar uma ambulância para Júlio Matos pode ter tido o sabor de vingança em relação ao que lhe fizeram no PTB. E até mesmo iniciando uma nova amizade política.
O prefeito Júlio matos estava à vontade, dono da situação.
São Luís, 03 de Março de 2021.