Ações da PF investigando supostos desvios deixam prefeitos de Imperatriz e Pinheiro em posição delicada

 

Assis Ramos (Imperatriz) e Luciano Genésio (Pinheiro): gestões passadas colocadas à prova por operações da PF

A credibilidade das administrações dos prefeitos reeleitos de Imperatriz, Assis Ramos (DEM), e de Pinheiro, Luciano Genésio (PP), foi colocada à prova terça-feira e ontem pelas operações “Recôndito” e “Estoque Zero”, realizadas pela Polícia Federal (PF) ambas autorizadas pela Justiça Federal para apurar supostos desvios de recursos federais destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus. Apoiada pelo Ministério Público do Maranhão (MPE) e pelo Ministério Público Federal (MPF), que encontraram indícios de irregularidade em processo de licitação, realizado em 2020, para a compra de refeições para doentes infectados pelo novo coronavírus, a operação de Imperatriz, mobilizou 25 policiais para o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão. Na ação em Pinheiro, que teve o objetivo de “desarticular grupo criminoso estruturado para promover fraudes licitatórias e irregularidades contratuais envolvendo recursos públicos federais que seriam utilizados no combate à pandemia”, segundo a Controladoria Geral da União (CGU), a PF usou 30 policiais para cumprir cinco mandados de busca e apreensão, quatro mandados de constrição patrimonial e um mandado de suspensão do exercício de função pública. As operações foram amplamente divulgadas, causaram forte impacto nos dois municípios e colocaram os seus dirigentes em situação delicada.

O caso de Imperatriz ganha cores mais fortes à medida que o prefeito Assis Ramos é um delegado de Polícia com ficha até aqui sem mácula e que entrou na política tendo o combate à corrupção como um dos focos da sua ação administrativa. No primeiro mandato, não houve registro de casos de desvios, nem mesmo no período da campanha eleitoral, salvo acusações genéricas de má gestão e outras bordoadas de adversários e concorrentes. A operação “Recôndito”, porém, deflagrada agora, mas relacionada com supostos desvios praticados em 2020, coloca em dúvida a integridade do primeiro mandato e deixa o prefeito Assis Ramos numa situação desconfortável, mesmo não sendo ele diretamente envolvido. A acusação de que licitações foram fraudadas para turbinar preços e desviar recursos por meio de empresas “laranjas” foi, de fato, uma pancada.

Ontem, ao tomar conhecimento da ação dos policiais no cumprimento dos mandados, o prefeito de Imperatriz gravou um vídeo dentro de um veículo em movimento, para afirmar que duvida da veracidade da acusação e que todos os segmentos da sua administração estão à disposição da PF e da Justiça para serem investigados. E declarou, enfático, que ele, como prefeito, é o maior interessado no esclarecimento. Com vasta e sólida experiência em investigação policial, o prefeito Assis Ramos sabe que dificilmente a PF desembarcaria em Imperatriz com tal contingente sem o aval da Justiça baseado em indícios levantados pela CGU. Sabe também que o andamento da investigação dirá o que de fato aconteceu em Imperatriz.

O caso de Pinheiro parece mais complexo e coloca a primeira gestão do prefeito Luciano Genésio sob forte suspeição. Nascido em berço político – é filho do ex-prefeito e ex-deputado estadual José Genésio – e um dos políticos mais importantes da sua geração, o prefeito de Pinheiro fez um primeiro mandato produtivo, com expressivo e reconhecido saldo de realizações, tendo se reelegido por larga maioria de votos. A operação “Estoque Zero” pode rasurar a imagem da sua gestão, ainda que ele próprio não seja alcançado pela acusação: esquema de servidores municipais com uma empresa de Teresina (PI) para a compra de 6 mil testes rápidos por R$ 960 mil. De acordo com a CGU, a compra foi armada para beneficiar empresários piauienses. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em São Luís.

O prefeito de Pinheiro não usou qualquer artifício ou instrumento para abafar o caso ou esconder a operação da PF. Demonstrando segurança e determinação, Luciano Genésio disse a jornalistas que é ele o maior interessado para que tudo seja colocado em pratos limpos. E fica difícil compreender que um quadro como ele, que tem futuro promissor, tenha algo a ver com alguma falcatrua ocorrida nas entranhas da Prefeitura de Pinheiro.

Os prefeitos Assis Ramos e Luciano Genésio precisam mostrar com clareza que as denúncias não têm lastro ou, se houve desvio, demitir, processar e ajudar a mandar os responsáveis para a cadeia.

Em Tempo: Vale lembrar que em junho de 2020, no auge da pandemia, nada menos que 60 policiais federais estiveram na Prefeitura de São Luís para cumprir três mandados de prisão temporária e 14 de busca e apreensão, na operação “Cobiça Fatal”, que investigou suspeita de superfaturamento na compra de 360 mil máscaras hospitalares, a um custo unitário de R$ 9,90, quando no preço de mercado a unidade custaria R$ 3,17. O caso repercutiu, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) demitiu o secretário municipal de Saúde, Lula Filho, e não deu mais uma palavra sobre o assunto, tendo deixado o cargo como se nada tivesse acontecido.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Premiando a arte e ajudando o artista

Flávio Dino : mais Conexão Cultura para apoiar a classe artística atingida pela pandemia

Um dos segmentos mais prejudicados pela ação avassaladora do novo coronavírus em todos os planos da atividade econômica e cultural, a classe artística do Maranhão, como acontece em todo o País, foi mergulhada num período de paralisação e incertezas. Shows musicais, espetáculos teatrais, cinema, foram suspensos, causando estragos imensuráveis os meios de sobrevivência nos fazedores de cultura.

Ontem, o governador Flávio Dino (PCdoB), que tem sido incansável na busca de soluções para, pelo menos, minimizar tal situação, que alcança muitos militantes da arte, anunciou uma nova edição do Projeto Conexão Cultural, um meio de lhes assegurar algum suporte financeiro. A iniciativa vai distribuir R$ 1,5 milhão na premiação, no valor de R$ 1.500,00, de mil produções artísticas.

Para participar, o artista terá de se inscrever conforme o edital, que será divulgado nos próximos dias pela Secretaria de Estado da Cultura, de modo que as inscrições sejam feitas até o dia 10 deste mês no endereço https://cultura.ma.gov.br/.

A iniciativa é oportuna e benvinda.

 

Bolsonaro está se desmanchando

Jair Bolsonaro perde força

Bolsonaristas maranhenses antes irredutíveis começam a analisar o cenário nacional com mais sobriedade e menos partidarismo e a perceber uma realidade está ganhando forma: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está perdendo rapidamente prestígio e força política e caminhando para o desastre eleitoral no ano que vem.

O ponto de reflexão mais forte é a posição do presidente em relação à pandemia – negacionismo, rejeição à máscara, afronta às normas sanitárias, ministro Pazuello, cloroquina, atraso na comora de vacinas, tentativas de inibir governadores e prefeitos, defesa da abertura total, entre outros itens.  Simpatizantes com bom grau de esclarecimento, que antes aplaudiam qualquer sandice do presidente, hoje já não se empolgam e, ao contrário, já ensaiam críticas às decisões e atitudes políticas do ex-mito.

A conclusão de alguns agora ex-partidários é que o governo Bolsonaro, que de fato nem começou, já está no fim, de maneira irreversível. Mesmo que venham por aí a nova edição do auxílio emergencial, R$ 10 reais a menos no preço do gás de cozinha e outros mimos sociais, a derrocada é quase certa. Isso porque está claro que tais concessões não são programas de um governo com visão social séria, como foi o Bolsa Escola no Governo FHC, que evoluiu para Bolsa Família no Governo Lula. São, na verdade, jogadas destinadas a seduzir o eleitorado pobre e obter dele uma reeleição cada vez mais improvável.

São claros os sinais de que Jair Bolsonaro está perdendo gás e sendo desmontado por ele próprio e pela turma que o cerca. O melhor exemplo disso é a mansão de R$ 6 milhões comprada em Brasília pelo seu filho, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Um deboche injustificável diante de milhões e milhões de brasileiros que estão amargando os duros efeitos da crise.

São Luís, 04 de Março de 2021.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *