Fora do PSB, Brandão diz que não tem pressa, mas está avaliando siglas para definir seu futuro partidário

Carlos Brandão: sem pressa para escolher partido

Oficialmente fora do PSB, do qual se desligou no dia 17 de setembro, num movimento que manteve sob sete capas, salvo para seus auxiliares mais próximos, o governador Carlos Brandão encontra-se agora em busca de uma legenda que o acolha sem problemas e o permita a seguir com sua trajetória política. Ele tem sido procurado por líderes de diferentes partidos, mas até onde se sabe, prefere permanecer sem legenda por algumas semanas, para avaliar bem o rumo que pretende tomar na seara partidária. À Coluna, o governador Carlos Brandão disse que “ninguém”, ou seja, nem ele nem seus aliados, está tratando disso nesse momento. No entanto, no meio político é nítida a expectativa quanto ao futuro partidário do mandatário estadual, cuja escolha certamente influenciará parte dos seis deputados estaduais que seguem sua linha política e permanecem filiados ao PSB, aguardando a janela partidária a ser aberta em março do ano que vem.  

De pronto, o caminho natural do governador Carlos Brandão é o MDB, partido identificado no Maranhão com o Grupo Sarney, que tem como referências o ex-presidente José Sarney, a deputada federal Roseana Sarney e o prefeito de Bacabal e presidente da Famem Roberto Costa, e que desde o ano passado é controlado por seu irmão, o empresário Marcus Brandão, e ao qual é filiado o seu sobrinho Orleans Brandão, pré-candidato a governador com o seu apoio. O problema é que o MDB é hoje um partido nacionalmente dividido entre o núcleo paulista, que tem como referências o atual presidente nacional, deputado federal Baleia Rossi (SP), e o ex-presidente Michel Temer, e que faz dura oposição ao presidente Lula da Silva (PT). A outra banda do MDB é liderada pelo senador Renan Calheiros (AL) e tem como reforço a família Barbalho no Pará, formando uma corrente aliada do presidente da República. O MDB maranhense é mais identificado com a segunda, o que deixa o governador maranhense um pouco mais à vontade em relação ao partido.

A segunda opção partidária do governador é o União Brasil. O problema é que esse partido é atualmente fortemente dividido em duas alas, que se batem internamente e mantém a legenda em permanente estado de crise. Uma é remanescente do PSL, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e tem hoje o comando de Antônio Amoedo, adversário agressivo do Governo Lula da Silva e que no Maranhão é representado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes. A outra ala, de direita, mas com viés democrático, é o que sobrou do antigo PFL e é hoje comandada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, atual vice-presidente, mais aberta a uma convivência com o PT, e que no maranhão tem como representante o deputado federal Juscelino Filho, ex-ministro das Comunicações. Por conta da sua boa relação com o presidente Lula. O governador Carlos Brandão dificilmente ingressará no União Brasil.

Outro caminho partidário para o governador Carlos Brandão poderia ser o PDT, comandado no Maranhão pelo senador Weverton Rocha e que é política e ideologicamente alinhado ao presidente \Lula e ao Governo do PT, podendo ser também o caminho partidário da deputada Iracema Vale, conforme ela própria sinalizou. O problema o partido foi envolvido seriamente no escândalo dos descontos ilegais e criminosos de aposentados do INSS, tendo vários dos seus quadros, a começar pelo ex-ministro e atual presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, sob forte suspeita. Tal situação criou uma barreira ao ingresso de Carlos Brandão na legenda.  

Finalmente, o governador poderias se filiar ao PSDB, controlado no Maranhão pelo chefe da Casa Civil, Sebastião Madeira. Só que na semana passada o ex-ministro Ciro Gomes se converteu ao tucanato, provavelmente com a pretensão de se candidatar a presidente da República. Por mais afeição que tenha aos PSDB, pelo qual foi deputado federal duas vezes e no primeiro mandato de vice-governador, o “efeito Ciro Gomes” reduziu as chances de sua volta ao tucanato.

Além desses partidos, o governador maranhense tem sido procurado por emissários do PP, Republicanos, PV, Cidadania, entre outras legendas de cara descartadas. E essa cautela está no fato de que, por mais que o discurso seja esse, ainda não é 100% certo que o governador Carlos Brandão permanecerá no cargo até o final do mandato.

PONTO & CONTRAPONTO

HILTON GONÇALO CONSTRÓI CANDIDATURA AO SENADO FORA DOS GRANDES GRUPOS

Hilton Gonçalo: quer aval de prefeitos

Não há dúvida de que no momento, segundo as pesquisas, sem a participação do governador Carlos Brandão (sem partido) e da deputada federal Roseana Sarney (MDB), a corrida ao Senado tem o senador Weverton Rocha (PDT) como líder nas preferências para uma vaga e que a outra vaga está sendo disputada pelo ministro do Esporte André Fufuca (PP) e pela senadora Eliziane Gama (PSD).

Na equação tradicional das eleições tem o componente segundo o qual, para ser bem-sucedido numa disputa senatorial é preciso fundamentalmente o apoio de prefeitos. Nesse item, o ministro André Fufuca aparece forte, uma vez que conta com prefeitos de grandes cidades, como Imperatriz, Caxias e Santa Inês, por exemplo, seguido por Weverton Rocha, que conta com forte base municipal, com apoio em vários municípios de peso. Por essa lógica, a senadora Eliziane Gama (PSD) teria peso diferenciado com o apoio do prefeito de São Luís, Eduardo Braide, que pode ser candidato a governador.

Vista por esse ângulo, a corrida às duas cadeiras do Senado pode sofrer acirramento com o desempenho do ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza). Ele tem investido forte no apoio de prefeitos de médios e pequenos municípios, como Santa Rita, São João dos Patos e Bacabeira, por exemplo. Nas contas de um político a ele ligado, Hilton Gonçalo já teria contabilizado o apoio declarado de 16 prefeitos.

Não é muita coisa, mas levando em conta as muitas dúvidas em relação sobre candidaturas para essa eleição no Maranhão, e o fato de que faltam ainda mais de sete meses para as convenções partidárias que sacramentarão as candidaturas às duas vagas de senador, faz sentido avaliar que ex-prefeito de Santa Rita está no páreo.

Político arredio aos grandes grupos e visto por alguns como um outsider bem sucedido, Hilton Gonçalo carrega na bagagem quatro mandatos bem sucedidos de prefeito de Santa Rita e uma desenvoltura que o fez muito próximo de Jackson Lago, tendo pertencido ao PDT, convive muito bem com o prefeito de São Luís (PSD) e tem boa relação com o governador Carlos Brandão (sem partido),

Com o trabalho político que vem realizando, sem recorrer a jogadas populistas nem buscar abrigo nos grandes guarda-chuvas partidários – pelo menos por enquanto – Hilton Gonçalo vem construindo uma candidatura sugestiva ao Senado.

ANA PAULA LOBATO VIVE SEMANA INTENSA COMO CHEFE PARTIDÁRIA E LEGISLADORA

Ana Paula Lobato agora atua como senadora e chefe partidária

A senadora Ana Paula Lobato (PSB) viveu dois momentos importante durante a semana que passou, um como chefe partidária, e outra como legisladora.

Como chefe partidária, ela divulgou nota orientando membros do seu partido a deixarem os membros do partido que tiverem cargos no Governo a se demitirem. Com a medida, ela se posicionou a favor dos deputados dinistas Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Jr. (PT), que romperam com o governador Carlos Brandão.

Depois, ela mergulhou no alto astral com a aprovação, pela CCJ do Senado, do Projeto de Lei nº 896/2023, que tipifica misoginia como crime de discriminação.

Muito elogiado por alguns membros da CCJ, o projeto propõe a atualização da legislação brasileira ao incluir os crimes de misoginia, ódio, desprezo ou aversão à mulher no mesmo rol das punições previstas para os crimes de racismo, etnia, religião ou procedência nacional.

A proposta institui ainda que injúria e incitação misógina passarão a ser punidas com penas mais severas, reconhecendo o caráter estrutural e coletivo dessa forma de violência.

A senadora Ana Paula Lobato aposta que o seu projeto será aprovado pelo senado e pela Câmara dos Deputados.

O projeto propõe uma atualização importante na legislação brasileira ao incluir os crimes praticados por misoginia, o ódio, desprezo ou aversão às mulheres, no mesmo rol de punições previstas para crimes de racismo, etnia, religião ou procedência nacional. Pela proposta, injúrias e incitações misóginas passarão a ser punidas com penas mais severas, reconhecendo o caráter estrutural e coletivo dessa forma de violência.

Ana Paula Lobato destacou que o objetivo do projeto é dar visibilidade e resposta penal à violência que nasce do discurso de ódio e que muitas vezes antecede a violência física. “A misoginia não é um crime contra a honra de uma pessoa isolada. É um crime contra a dignidade de todas as mulheres. É o discurso que sustenta e legitima toda a cadeia de violências, do insulto cotidiano ao feminicídio”, afirmou.

A senadora também citou dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, segundo os quais uma mulher ou menina é estuprada a cada 10 minutos e quatro mulheres são vítimas de feminicídio por dia no país. Para ela, a aprovação do projeto é um passo necessário para enfrentar a raiz dessas violências e reafirmar o compromisso do Estado com a igualdade de gênero.

“Criminalizar a misoginia é tornar visível o que a cultura tenta esconder. É dizer, com todas as letras, que o ódio às mulheres não é mais aceitável, não é mais invisível e não passará impune”, ressaltou Ana Paula.

Com a aprovação em caráter terminativo na CCJ, o projeto segue para a Câmara dos Deputados. Se também for aprovado pelos deputados, o Brasil passará a ter uma legislação que reconhece a misoginia como crime de discriminação, reforçando a proteção às mulheres e a promoção da igualdade no país.

São Luís, 26 de Outubro de 2025.

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