Se o jornalista Márcio Jerry falou como presidente do PCdoB e não como secretário de Comunicação e Articulação Política, é quase 100% certo que o governador Flávio Dino (PCdoB) já vez mesmo a opção por se candidatar à reeleição em 2018, deixando para 2022 a briga por uma cadeira no Senado ou encarar a grande, desafiadora e espetacular aventura de se candidatar à Presidência da República. Com a autoridade de quem é o mais próximo colaborador do governador, Márcio Jerry desmente categoricamente que a cúpula nacional do seu partido tenha lançado Flávio Dino pré-candidato a presidente, esclarecendo que a decisão partidária foi exatamente no sentido contrário ao definir a reeleição do chefe do Executivo como sua maior prioridade em todo o país. Ou seja, se o direito concorrer à reeleição para os atuais governadores em primeiro mandato, o que já estaria acordado entre os líderes do Congresso Nacional, o governador do Maranhão irá às urnas de 2018 com o objetivo de renovar o mandato, não havendo no horizonte, segundo Márcio Jerry, qualquer possibilidade de Flávio caminhar por uma trilha diferente.
Não é novidade que desde sua retumbante eleição em 2014, quando saiu das urnas com mais de 65% dos votos, o governador Flávio Dino foi colocado diante de dois desafios. O primeiro: realizar um bom governo e, assim, corresponder às expectativas dos muitos que nele apostaram como um político com muitos degraus a escalar. O segundo: aproveitar a projeção nacional que o tornou a mais autorizada voz das esquerdas depois que as estrelas do PT se transformaram em meteoritos e foram pulverizados pela densa atmosfera da Operação Lava Jato. De sua posse para cá, Dino cumpriu fielmente a sua tarefa de defender a presidente Dilma Rousseff (PT), assumindo todos os riscos de desgaste político. Soube, no entanto, dosar o discurso com duros ataques ao “golpe”, mas sem sair em defesa dos próceres petistas que foram parar atrás das grades sob a acusação de enfiar as mãos no jarro. Esse cuidado lhe deu credibilidade suficiente para sair politicamente ileso do processo que resultou no impedimento da presidente da República.
Agora, ultrapassada a etapa das eleições municipais, das quais sua base partidária e as correntes aliadas saíram com mais de 150 dos 217 prefeitos eleitos, além de dezenas de vice-prefeitos e centenas de vereadores, Flávio Dino de volta para dois objetivos: intensificar as ações para consolidar em definitivo os programas por meio dos quais espera reverter os pífios indicadores sociais do Maranhão, e trabalhar politicamente para liderar a grande aliança às eleições de 2018, com a tarefa de se reeleger, eleger os dois senadores e formar bancadas majoritárias na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. A lógica política fria, que costuma se desdenhar como dois e dois são quatro, ensina que uma coisa depende da outra, ou seja, que o sucesso político vai depender do sucesso administrativo. Sabe, portanto, que tem pela frente o desafio de driblar a crise, de se defender das investidas dos adversários, que voltaram as dar as cartas nas mesas de decisão de Brasília e se movimentam para usar as armas possíveis na tentativa de dar viabilidade eleitoral ao projeto de voltar ao poder no Maranhão.
Político inteligente e com os pés na realidade, o governador Flávio Dino tem plena consciência de que, se o presidente Michel Temer (PMDB) sobreviver às tsunamis que estão se desenhando no horizonte cinzento – incluindo a cassação do mandato presidencial pela Justiça Eleitoral e dois pedidos de impeachment já protocolados na Câmara Federal -, o governo pemedebista não lhe facilitará a vida; ao contrário, jogará pesado para desestabilizá-lo. Se o Governo do PMDB cair, o sucessor de Michel Temer, que será eleito pelo Congresso Nacional dificilmente terá alguma identificação com as esquerdas e terá como foco principal montar a grande aliança para enfrentar o ex-presidente Lula (PT) em 2018. Até lá, ninguém duvida que Flávio Dino de lutar pela sobrevivência dele próprio, do seu Governo e da base partidária que lidera.
Analisada sob qualquer ângulo, a afirmação categórica do secretário Márcio Jerry de que o governador Flávio Dino é candidato à reeleição faz todo sentido. Isso porque se optar por outro caminho, poderá até ocupar um espaço no plano nacional, mas pagará o preço imensurável de perder o Governo, a maior e mais importante fonte de poder político, e sem a qual o seu futuro será rigorosamente incerto.
PONTO & CONTRAPONTO
João Alberto ajudou na mobilização do PMDB pró-Renan
O senador João Alberto (PMDB) acompanhou de perto todos os momentos de tensão e decisão durante a crise causada pela liminar por meio da qual o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afastou o senador Renan Calheiros da presidência do senado e do Congresso Nacional, e no rebate em que a mais alta Corte de Justiça do País desautorizou o ministro e manteve o senador no cargo. Um dos membros mais experientes do Senado, com o poder de fogo que detém como presidente do Conselho de Ética da Casa, João Alberto é um dos nomes mais atuantes na bancada do PMDB. Ele participou de todas as reuniões em que o PMDB buscou uma solução para a crise, conversou várias vezes com o próprio presidente do Senado, e funcionou na mobilização da bancada pemedebista em torno do presidente Renan Calheiros.
Nova geração assumirá o comando da ACM
A vitória folgada da chapa liderada pelo empresário Felipe Mussalém na disputa pelo comando da Associação Comercial do Maranhão (ACM) encerra, em definitivo, uma era na trajetória da entidade. Na verdade, esse processo começou para valer com a eleição, há quatro anos, da empresária Luzia Rezende, que se tornou um marco, a começar pelo fato de ser ela mulher e representar a transição da geração que sai de cena e a ascensão de uma novíssima geração de empresários. Felipe Mussalém, que atua na área de tecnologia e educação, liderou a Associação de Jovens Empresários. Com a eleição do novo comando da mais importante entidade representativa do empresariado que forma o comércio varejista, encerra-se uma era iniciada nos anos 70 do século passado com a sempre lembrada gestão do empresário Haroldo Cavalcante que, na avaliação de muitos, deu uma guinada radical no processo de modernização da entidade. Depois de Haroldo Cavalcante, a entidade foi comandada por empresários importantes que pontificaram nos anos 80 e 90 do século passado, como Hedel Ázar, Carlos Gaspar, Afonso Manoel Ferreira, Luis Carlos Cantanhede, entre outros. Tudo indica que sob a liderança de Felipe Mussalém, a entidade ganhe novo e forte impulso.
São Luís, 08 de Dezembro de 2016.