A saída do ex-presidente Lula da Silva da prisão estremeceu o cenário político nacional, assanhando as forças de centro-esquerda e esquerda, a começar pelo PT, que passaram a ter de novo uma referência forte, e mexeu com o centro-direita e a direita, principalmente a banda mais conservadora, representada pelas forças que se juntaram em torno do presidente Jair Bolsonaro, que está em crise de identidade partidária e tenta criar um partido. A nova situação e os passos iniciais do ex-presidente precipitaram uma intensa onda de especulações sobre quem é quem para 2022, e nesse contexto o governador Flávio Dino (PCdoB) tem sido um dos nomes mais citados, ora como possível candidato a presidente, ora como nome adequado para vice numa chapa liderada pelo PT em aliança com o PCdoB, também como candidato a senador, e até candidato a permanecer no cargo até o final do mandato. Foram muitas citações do nome do governador do Maranhão no tabuleiro do xadrez político nacional, reforçando sua posição de destacado líder oposicionista e, por isso, uma presença a ser considerada em qualquer avaliação, articulação ou previsão que venha a ser feita sobre o grande embate eleitoral em que se dará a sucessão presidencial.
Direta ou indiretamente presente em todos os movimentos que que criticaram os excessos da Operação Lava Jato e pressionaram pela soltura de Lula da Silva, Flávio Dino faz a reverência de sempre ao ex-presidente Lula da Silva, manteve diálogo com as principais lideranças petistas e de outros partidos da esquerda, e tem tido influência decisiva na permanência do PCdoB como aliado preferencial do PT. Tem sido seguro e cuidadoso em todos os seus pronunciamentos, entrevistas, atos e movimentos, não caindo, em nenhum momento, na tentação de colocar o carro na frente dos dois na corrida presidencial. E quando tratou do assunto especificamente, defendeu a candidatura do líder petista como projeto maior do campo progressista. Ou seja, ao manter-se coerente, tem sido por isso elogiado por seus aliados e duramente bombardeado por seus adversários.
Nos últimos dias, Flávio Dino cumpriu uma intensa agenda de trabalho, que incluiu uma série expressiva de inaugurações, despachos e audiências, e também comemorou informações altamente positivas, como a divulgada pelo IBGE informando que o Maranhão obteve o 4º maior crescimento entre todos os estados da Federação, estando em 2º lugar no Nordeste. Politicamente, apoiou todos os movimentos iniciais de Lula da Silva, evitou exposições que pudessem ser usadas por seus adversários como atos de tietagem oportunista ao ex-presidente. Manteve-se no seu lugar de líder estadual, com forte influência na região, e caminhando a sério na ocupação de um espaço nacional, ciente, portanto, de que, a partir de agora, qualquer passo em falso pode colocar em risco o patrimônio político que vem construindo desde que se elegeu deputado federal em 2006.
Consolidado no plano estadual como a grande liderança do Maranhão na atualidade, independentemente do que venha a acontecer de agora por diante, Flávio Dino alcançou um patamar político diferenciado entre os líderes em ascensão no País. É hoje reconhecido como um gestor eficiente e correto, que realiza um Governo produtivo, não atrasa os salários dos servidores e mantém arrojados programas sociais – acaba de inaugurar o 35º restaurante popular, por exemplo. Esse desempenho, somado ao seu preparo técnico e intelectual e a uma ampla compreensão da realidade brasileira em todos os campos tornaram sua presença indispensável em qualquer discussão sobre o futuro político do País.
Exagero? Nenhum. Os registros jornalísticos estão aí mesmo para confirmar. Eles mostram também que outros governadores influentes pelo poder de fogo dos seus estados, como João Dória (PSDB) em São Paulo e Wilson Witzel (PSC) no Rio de Janeiro, tentam ganhar projeção nacional, mas a desordem que enfrentam nos seus estados é tamanha que não, apesar dos grandes desafios ainda em curso, pode dizer que o Maranhão está andando.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana deixa dúvidas no ar a respeito da sua aposentadoria política
A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) está mesmo aposentada da política? Seus movimentos mais recentes espalharam uma densa nuvem de dúvidas. A ex-governadora tem conversado com líderes da base sarneysistas, tem sido consultada sobre candidaturas de aliados em diversos municípios. O mais recente fato gerador de dúvidas foi sua reação à possibilidade levantada pelo vice-presidente do MDB, deputado Roberto Costa, de ela vir a ser candidata à Prefeitura de São Luís. “Nem, nem, nem”, respondeu a ex-governadora, produzindo com sua resposta mais interrogações do que certeza. Dona de uma carreira vitoriosa, apesar de todos os revezes que sofreu nas urnas e fora delas, a ex-governadora enfrenta o dilema de assistir ao emagrecimento progressivo do Grupo Sarney, que hoje só se mantém de pé pelo trabalho obstinado de Roberto Costa e alguns jovens líderes emedebistas e pelo mandato exercido sobrinho, deputado estadual Adriano Sarney (PV). Uma fonte próxima à ex-governadora garante que em conversas informais ela “às vezes” admite a possibilidade de vir a disputar o Governo do Estado em 2022. E não descarta que, num rompante, ela surpreenda Deus e o mundo e se envolva na corrida ao Palácio de la Ravardière, não exatamente como candidata, mas como carro-chefe de alguma candidatura, como a do juiz federal Carlos Madeira, um projeto acalantado pela cúpula do MDB, ou o já anunciado projeto de Adrian Sarney. Quem sabe?
Quase ninguém no Maranhão quer saber do novo partido de Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro terá muitas dificuldades para emplacar o seu novo partido no Maranhão. Por convicção ideológica e para preservar seus empregos, devem assumir a agremiação, no primeiro momento, a ex-prefeita Maura Jorge, atualmente dirigente da Funasa no estado, o coronel Ribamar Monteiro, que responde pela Superintendência de Coordenação e Governança do Patrimônio da União no Maranhão, e o médico Allan Garcez, que dirige o pomposo Departamento de Articulação Interfederativa da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde. Além deles, o apoio mais provável será o da deputada estadual Mical Damasceno (PTB), que já sinalizou intenção nesse sentido. Nos bastidores, há quem diga que o deputado federal Pastor Gildenemyr, que se elegeu pelo PMN e já migrou para o PL, poderá embarcar nessa aventura partidária. Nenhum outro deputado federal se interessou pelo projeto.
São Luís, 17 de Novembro de 2019.