A instalação da Assembleia Legislativa e das duas Casas do Congresso Nacional mostrou que o governador Flávio Dino (PCdoB) é um dos poucos chefes de Governo da Federação que começam novo mandato com um suporte político excepcional. Nada menos que 36 dos 42 deputados estaduais fazem parte da sua base de sustentação na Assembleia Legislativa, pelo menos 11 dos 18 deputados federais lhe dão apoio, e dois dos três senadores estão na linha de frente da aliança partidária que lhe dá suporte. Com esses números, e mais cerca de 180 dos 217 prefeitos e centenas de vereadores, o governador do Maranhão está politicamente lastreado para enfrentar as grandes dificuldades políticas que poderão ganhar corpo nos próximos tempos, principalmente em decorrência das suas diferenças políticas e ideológicas com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
Na Assembleia Legislativa a posição do governador é sólida, sem risco de uma ruptura que possa vir a engrossar as magras fileiras da Oposição. Ali, além do apoio da maioria esmagadora do plenário, Flávio Dino conta com o aval do presidente da Casa, deputado Othelino Neto (PCdoB), que além de correligionário partidário, é um dos generais mais destacados da aliança comandada pelo governador. E para assegurar a unidade da bancada governista no parlamento estadual, o governador entregou a liderança do Governo ao deputado Rafael Leitoa (PDT), jovem político timonense, nascido no movimento estudantil e forjado na militância brizolista sob a liderança do legendário ex-governador Jackson Lago (PDT), e que se revelou um bom articulador no mandato passado. E escolheu para liderar o blocão governista o deputado Marco Aurélio (PCdoB), político correto e competente que atua na Região Tocantina a partir de Imperatriz. Ali, apenas os deputados Roberto Costa (MDB), Arnaldo Melo (MDB), Adriano Sarney (PV), Rigo Teles (PV), César Pires (PV) e Wellington do Curso (PSDB) são opositores atuantes.
Na Câmara Federal, o governador Flávio Dino conta com o apoio de pelo menos 10 dos 18 membros da bancada maranhense. O seu principal aliado é o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), que decidiu exercer o mandato para ser uma espécie de braço avançado do Governo em Brasília, onde atuará apoiado por vários aliados, entre eles os deputados Bira do Pindaré (PSB), Pedro Lucas (PTB), Josimar de Maranhãozinho (PR), Zé Carlos (PT), Gil Cutrim (PDT), André Fufuca (PP), Juscelino Filho (DEM). Cléber Verde (PRB), Júnior Lourenço (PR). Boa parte dos seus aliados apoiam o Governo Jair Bolsonaro, mas esse apoio ao Palácio do Planalto não inviabiliza a aliança deles com o Palácio dos Leões. No contraponto estão os deputados federais Eduardo Braide (sem partido), Aluísio Mendes (Podemos), Hildo Rocha (MDB), João Marcelo (MDB), Edilázio Jr. (PSD) e Júnior Marreca Filho (Patriotas), que lhe fazem Oposição cuja intensidade de um para outro, não configurando um bloco oposicionista compacto.
O governador Flávio Dino completa sua base de apoio parlamentar com os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), eleitos em 2018 e empossados na semana passada, e que, por coincidência, foram escolhidos por seus pares para liderarem as suas respectivas bancadas lideram as suas bancadas na Câmara Alta. E como diferencial de que Weverton Rocha, além de ser um dos mais destacados líderes do PDT no plano nacional, é também, pelo menos até aqui, o nome de maior expressão entre os que poderão disputar a sucessão no Palácio dos Leões.
Reveladora da habilidade e do poder de aglutinação do governador Flávio Dino, esses pilares de sustentação do seu Governo lhe dão autoridade para desembarcar em Brasília e construir pontes institucionais que possam reforçar sua gestão. Sua incursão em Brasílias na semana que passou mostrou isso com clareza.
PONTO & CONTRAPONTO
André Fufuca se consolida no PP ao ser indicado de novo para a Mesa da Câmara Federal
O deputado federal André Fufuca deu mais uma demonstração de que é um político de grande habilidade ao ser eleito para a 4ª Secretaria da Câmara Federal, depois de já ter sido vice-presidente da Casa e assumido a presidência em momentos críticos, em que teve de todas decisões de grande envergadura. Para quem não sabe, a 4ª Secretaria é um dos cargos mais cobiçado da Mesa Diretora da Câmara Federal, exatamente porque o seu titular cuida da administração dos apartamentos funcionais da instituição. André Fufuca foi eleito com 408 votos, numa demonstração de que sua candidatura foi cuidadosamente costurada, ao contrário de outras para outros cargos, que receberam votações bem menores. Outra informação dessa eleição é a de que o deputado André Fufuca está consolidado como um dos líderes do PP no plano nacional, posição que construiu e consolidou depois de haver assumido o controle do partido no Maranhão com a derrocada política do então deputado Waldir Maranhão, que foi mandado embora do PP depois das situações que protagonizou quando esteve na presidência da Câmara Federal por causa da cassação do deputado e presidente Eduardo Cunha (MDB), de quem era 1º vice. André Fufuca também presidiu a Casa, tendo assumido na ausência do então presidente Rodrigo Maia, que se afastou para não assumir a Presidência da República, o que lhe tiraria o direito de se reeleger deputado federal. Esses movimentos tornam André Fufuca um dos políticos mais promissores da nova geração.
Com novas lideranças, DEM tira o pé da cova e dá a volta por cima
Até sexta-feira um partido mediano do Centrão do Congresso Nacional, o DEM deu uma guinada radical, de muitos graus, ao emplacar, numa sucessão de fatos que causaram perplexidade. Os presidentes da Câmara Federal, o deputado fluminense Rodrigo Maia (DEM), e do Senado da República, o senador amapaense David Alcolumbre (DEM). De maneira surpreendente, o DEM saiu da rota dos partidos condenados a desaparecer, para se tornar de novo um partido forte e com largo potencial de crescimento, graças à renovação do seu comando. O melhor exemplo está no Maranhão, onde o DEM encontrava-se abandonado numa gaveta qualquer do ex-deputado federal Clóvis Fecury, que com seu poder financeiro avassalador chegou a ter três partidos sob seu controle. Com faro aguçado, o deputado federal Juscelino Filho e o seu tio, o experiente e tarimbado então deputado estadual Stênio Resende, tiraram a sigla dos Fecury, deram-lhe nova roupagem e lhe devolveram muito da força de antes. Hoje, além do deputado federal Juscelino Filho, o partido tem cinco deputados estaduais, uma penca de prefeitos, e com a possibilidade de ganhar mais espaço nas eleições municipais de 2020 se os novos líderes continuarem surfando como o fazem agora.
São Luís, 05 de Fevereiro de 2019.