Enquanto a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) ainda tenta dar forma e conteúdo à sua pré-candidatura recém anunciada, o senador Roberto Rocha (PSDB) dá os primeiros passo para dar consistência ao seu projeto eleitoral, a ex-prefeita Maura Jorge (Podemos) continua se esforçando para convencer o eleitorado e a classe política de que não é um blefe, e a pré-candidatura do deputado Eduardo Braide (PMN) ainda é apenas uma possibilidade com chance de se tornar uma realidade, o governador Flávio Dino (PCdoB) fortalece o seu projeto de reeleição construindo sem maiores dificuldades uma ampla e sólida aliança, reunindo em torno da sua candidatura líderes expressivos e um espectro partidário que vai da esquerda à direita. Está concluindo negociações com o ex-ministro Gastão Vieira (PROS), com o deputado federal Juscelino Rezende (DEM) e com o deputado federal André Fufuca.
Favorito em todas as pesquisas, exceto nas realizadas em bolsões isolados, o governador vai aos poucos dando velocidade a essa locomotiva em direção às urnas. E o faz inaugurando ou anunciando obras em todas as regiões do estado, numa maratona que o difere da maioria esmagadora dos demais governadores, muitos atolados no charco da má gestão e da crise financeira. Essa realidade foi traduzida recentemente pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, em visita a São Luís: “Muitos Estados estão passando por um momento difícil, mas aqui no Maranhão, com a gestão Flávio Dino, a gente percebe que há rigidez e uma eficiência muito grande, que privilegia o desenvolvimento, a geração de renda”.
Enquanto comanda um Governo correto, que paga suas contas em dia e faz investimentos em áreas vitais, como educação, saúde e infraestrutura, o governador vai aos poucos dando coloração politica à sua maratona, certo de que, a menos de 11 meses das eleições, é hora de começar a fazer política e mostrar o que fez e está fazendo para dar mais legitimidade ao pedido de votos para a reeleição. Nas últimas semanas, Flávio Dino vem intensificando suas incursões pelos municípios, cumprindo uma agenda intensa, que inclui sábados, domingos e feriados.
E com o cacife de bom Governo – a Oposição não engole e o acusa de má gestão -, o governador tem auferido também bons resultados dos seus movimentos políticos. Repercutiu fortemente nas últimas horas sua aproximação com o ex-ministro Gastão Vieira, que decidiu a afastar-se do Grupo Sarney e levar o PROS para a órbita governista. A aproximação de Gastão Vieira tem um simbolismo forte e repercute com maior intensidade, principalmente pelo fato de que o ex-ministro foi durante décadas um dos “homens de ouro” do núcleo mais próximo de Roseana Sarney. Sua saída do PMDB foi a mais nítida sinalização de que o Grupo Sarney está fragilizado e terá dificuldades para se recompor. Seu ingresso na aliança situacionista demonstra que ele enxerga caminho largo nessa banda da polpitica estadual.
A política de atração de reforço partidário tem produzido outros resultados surpreendentes. É o caso do PTB, por exemplo, hoje comandado pelo deputado federal Pedro Fernandes. Agremiação alinhada – mas sem submissão – há décadas ao Grupo Sarney, o PTB ingressou firme na aliança governista, tendo como elo o vereador Lucas Fernandes, que é hoje o atual gestor urbanístico da Região Metropolitana de São Luís, numa aliança com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) sob as bênçãos e estímulos do Palácio dos Leões. Na mesma linha, o governador Flávio Dino está praticamente fechado com DEM, liderado pelo deputado federal Juscelino Filho, num pacote que deve incluir a filiação do deputado federal José Reinado Tavares ao partido e a sua candidatura ao Senado – exigência do comando nacional.
O reforço à aliança liderada pelo PCdoB ganhou ainda mais consistência e densidade quando o PP, agora liderado pelo deputado federal Fufuca Dantas, que colocou as cartas na mesa e decidiu aliar-se ao governador, deixando de lado uma relação de décadas com a família dele com o Grupo Sarney visando exatamente dar uma guinada radical. Na mesma trilha, o governador construiu uma relação surpreendente com o ex-prefeito de Imperatriz, Ildon Marques, que foi por quase duas décadas a voz de Roseana Sarney na Princesa do Tocantins.
No cenário do momento, não dá para menosprezar nenhuma das candidaturas ou projetos de candidatura já postos, mas é absolutamente inviável enxergar algum candidato em condição de encarar Flávio Dino e acreditar que tenha condições de levar a melhor. Isso porque o que garante o favoritismo do governador é um conjunto de fatores – uma gestão eficiente e limpa, força política, credibilidade pessoal e boa articulação.
PONTO & CONTRAPONTO
Sarney Filho minimiza participação no programa do PV
Estranha a participação do ministro Sarney Filho no programa nacional do PV, exibido ontem antes do Jornal Nacional, da rede Globo. Enquanto o presidente da agremiação verde, Luiz Penna, bateu forte no desmonte moral e ético do Governo e dos políticos de um modo geral, mas com um foco claro no PMDB, e a líder do partido na Câmara Federal, deputada Leandre Dal Ponte (PR), criticou o desrespeito com as minorias e defendeu uma maior atuação política das mulheres, Sarney Filho participou com uma amena e didática defesa dos grandes rios. Como quem nada tinha a ver com a pancadaria, o deputado federal, que é candidato a senador, fez de conta que ignorou a pancadaria do presidente do partido contra o Governo Michel Temer, que identificou como um antro de corrupção. Como um professor ginasial, o ministro Sarney Filho, que é deputado federal licenciado e candidato a senador, aproveitou o horário nobre para, em cadeia nacional, ensinar, de maneira quase prosaica, que o importante é “salvar as nascentes dos pequenos rios”, porque, ensinou, “são eles que formam os grandes rios”. A participação “professoral” escondeu totalmente o deputado federal Sarney Filho, político de discurso forte e combativo, mas que ficou inteiramente apático diante da pancadaria no Governo do qual ele é parte. Essa situação esdrúxula pode ser uma sinalização de que o ministro está a caminho de mudar de partido, como vem sendo especulado sem que ele desminta.
Lobão desafia adversidades e fala na inserção do PMDB como candidato à reeleição
Mesmo sob intenso bombardeado pelos canhões impiedosos da Operação Lava Jato, que o acusam – até agora sem provas concretas – de participar de esquema, o senador Edison Lobão fez no horário destinado ao PMDB exatamente o contrário do que o ministro Sarney Filho fizera no programa do PV. Na inserção pemedebista, Edison Lobão jogou pesado como parlamentar informando haver destinado R$ 200 milhões em emendas para as áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura, etc.. O senador pemedebista sinalizou com clareza que, apesar dos pesares, ele está no jogo e disposto a jogar pesado para renovar o mandato. Lobão, que se apresentou sem paletó nem gravata fez um discurso direto, objetivo, como um comunicado, com uma formação precisa, sem adereços. Falou como um senador que está determinado a seguir na carreira, mesmo correndo o risco de ter sua carreira interrompida por um processo judicial.
São Luís, 14 de Novembro de 2017.
Favorito na tua visão ressentida Corrêa, vai pelo interior pra te constatar.FD caminha celeremente pra uma derrota eminente. Esquece o episódio EM e faz tuas análises com isenção!!
Caro Gustavo Rolla
Não há ressentimento. Não escrevo partidariamente. Pratico a isenção jornalística. E se não identifica isso nos meus textos, será bom parar para rever seus conceitos. Um abraço.