Em meio à escassez de líderes fortes, nomes que podem chegar, cedo ou tarde, ao Palácio dos Leões

 

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Flávio Dino, Roseana Sarney e Roberto Rocha estão na disputa, enquanto João Alberto, Sarney Filho, Lobão Filho, Luis Fernando Silva, Edivaldo Jr., Weverton Rocha, Eduardo Braide e Hilton Gonçalo podem brigar pelo Palácio dos Leões com chance de chegar ao topo

Em meio à escassez de líderes que torna imprevisível o futuro político do Brasil, uma pergunta se torna frequente e prioritária nas rodas de conversa sobre política no Maranhão: além do governador Flávio Dino (PCdoB), da governadora Roseana Sarney (PMDB) e do senador Roberto Rocha (PSB), quais políticos teriam cacife para entrar na briga pelo gabinete principal do Palácio dos Leões? Ouvindo aqui e ali em conversas com observadores dos mais diferentes campos, a Coluna chegou a mais nove nomes: João Alberto (PMDB), Luis Fernando Silva (PSDB), Sarney Filho (PV), Weverton Rocha (PDT), Lobão Filho (PMDB), Eduardo Braide (PMN), Edivaldo Jr. (PDT), Hilton Gonçalo (PCdoB) e Carlos Brandão (PSDB). Flávio Dino, Roseana Sarney e Roberto Rocha têm pesos diferentes, mas são hoje os políticos com maior possibilidade de vencer uma disputa para o Governo do Estado, e a menos que acontece uma mudança radical no cenário em construção, um deles será governador a partir do dia 1º de janeiro de 2019. Os demais são possibilidades que poderiam se encaixar na eventual mudança no cenário. E o cacife de cada será maior ou menor dependendo da disputa para a Presidência da República.

Oito entre 10 observadores cena política maranhense – aí incluídos políticos tarimbados – preveem que, mantida regra da reeleição, o governador Flávio Dino reúne todas as condições para renovar o seu mandato em 2018, independentemente de quais sejam seus adversários. Dino vem construindo cuidadosamente um lastro político de muita densidade, que inclui a via de fazer uma carreira no plano nacional, como quer o seu partido. O seu maior contrapeso é a ex-governadora Roseana Sarney, que livre do cutelo da Operação Lava Jato, começou a se movimentar com desenvoltura no cenário político. Não fez ainda uma declaração cabal sobre o assunto, mas todos os seus movimentos são indicativos de que ela está se preparando para enfrentar as urnas em 2018. Na sequência está o senador Roberto Rocha, político jovem, ousado e em franca ascensão e que decidiu abrir o seu próprio caminho em vez de permanecer como liderado do governador Flávio Dino. Como Roseana, Rocha não se declarou ainda candidato ao Governo, mas vem se comportando como tal, a começar pelo discurso crítico em relação ao ex-aliado Flávio Dino.

O senador João Alberto, que chegou a anunciar sua aposentadoria, vem desmontando esse projeto e admiti do entrar na corrida para renovar o mandato no Senado. Há, porém, nas entranhas do Grupo Sarney, um movimento que o vê como nome para encarar Flávio Dino na disputa pelo Governo do Estado, caso Roseana mude de plano e resolva disputar a senatória. Por seu turno, o deputado federal Sarney Filho, hoje ministro do Meio Ambiente, tem como projeto maior disputar uma cadeira no Senado, puxando o filho, deputado estadual Adriano Sarney (PV), para a Câmara Federal, mas admite, numa circunstância especial, entrar na briga pelo Palácio dos Leões contra Flávio Dino, caso a irmã Roseana não seja candidata nem ao Governo nem ao Senado. Nesse grupo, a quarta alternativa seria o suplente de senador Lobão Filho, que estaria trabalhando para disputar a vaga do pai, senador Edison Lobão (PMDB), que caminha para a aposentadoria. Ressabiado com a experiência de 2014, Lobão Filho não simpatizaria com o projeto, mas se for “pressionado”, topa.

No leque das possibilidades, o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, aparece como um nome cacifado para liderar uma aliança partidária forte ao Governo, se conseguir, claro, restabelecer as relações que construiu quando foi candidato a candidato em 2014. O prefeito de São Luís, Edivaldo Jr., é nome de peso no projeto do governador Flávio Dino, já tendo sido inclusive citado como virtual candidato a vice em 2018, podendo também vir a ser candidato a governador se o chefe não puder sê-lo – vitoriosa até aqui, sua trajetória sugere que cedo ou tarde ele disputará o Palácio dos Leões. Na mesma posição está o deputado federal Weverton Rocha, um dos nomes que mais se destacam na política estadual, que já decidiu disputar o Senado, mas é arrojado o suficiente para encarar uma briga pelo Palácio dos Leões se as circunstâncias o convocarem.

O deputado Eduardo Braide é um que investe com seriedade na sua carreira, dando todas as indicações de que pretende chegar no topo. Sua desempenho na corrida para a Prefeitura de São Luís revelou que o investimento faz todo sentido, pois mostrou que ele reúne todas as condições para elaborar e maturar o projeto de chegar ao Palácio dos Leões. Num outro campo, o prefeito de Santa Rita, Hilton  Gonçalo, se movimenta sempre trabalhando a possibilidade de chegar mais longe, tendo nos seus planos o projeto de ser governador do Estado, restando saber por qual via ele pretende chegar lá. É o caso também dom vice-governador Carlos Brandão, que sabe ser essa possibilidade muito remota, mas trabalha para ocupar espaço.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Mário Soares: presidente português veio a São Luís para encontro líderes  de países de língua portuguesa e chegou incomodado
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Mário Soares liderou Portugal após a queda do salazarismo

Morreu ontem Mário Soares, o líder socialista que foi ex-presidente e ex-primeiro-ministro de Portugal após a queda da ditadura salazarista, derrubada pela histórica Revolução dos Cravos, que eclodiu no dia 25 de abril de 1974 e da qual foi uma das lideranças civis. Fundadores do Partido Socialista (PS) português, Mário Soares é apontado como uma das mais complexas personalidades políticas europeias, e um dos mais notáveis protagonistas da História da política portuguesa da segunda metade do século XX.

Quando presidente da República de Portugal, Mário Soares esteve no Maranhão, trazido pelo então presidente brasileiro José Sarney (PMDB). Os dois foram bons amigos, se encontraram inúmeras vezes e mantinham contato sempre que possível. Sempre que foi a Portugal, Sarney visitou Mário Soares, e vice versa.

A visita de Mário Soares por São Luís se deu no dia 1 e 2 de novembro de 1989, quando na Capital maranhense se reuniram os presidentes de países de língua portuguesa num evento que deu origem ao acordo ortográfico que entraria em vigor duas décadas e meia depois, no dia 31 de dezembro de 2015.

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Mário Soares, ao lado de José Sarney, com os lideres de países africanos de língua portuguesa reunidos em São Luís, onde iniciaram as bases do acordo ortográfico

Presidente de Portugal, Mário Soares tentou levar o encontro dos líderes lusófonos para Lisboa. Sarney, que queria o encontro no Brasil, mais especificamente em São Luís, articulou com seus colegas , “Nino” Vieira (Guiné-Bissau),  Aristides Pereira (Cabo Verde), Joaquim Chissano (Moçambique), Manoel Costa Pinto (São Tomé e Príncipe) e Lopo Nascimento (representante de Angola) conseguiu o aval deles. Mário Soares não gostou nem um pouco da articulação de Sarney, que mandou um Boeing 707, conhecido com o “Sucatão”, buscar os cinco presidentes africanos. O líder português chegou ao Brasil no dia 1º de novembro por Recife, pernoitando na Capital pernambucana para só no dia 2, data do encontro, desembarcar em São Luís.

Durante a reunião, que se deu no Palácio dos Leões, Mário Soares parecia mal-humorado, mas quando percebeu que nada poderia fazer para reverter a criação da entidade que cuidaria do acordo, relaxou e entrou no clima. Na reunião, os chefes de Estado criaram o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, entidade que cuidaria do acordo ortográfico que só nasceriam na segunda década do século XXI.

O mal-estar inicial foi logo superado e o fato histórico terminou em festa, e nada abalou a amizade entre Mário Soares e José Sarney.

Em Tempo: informações mais detalhadas sobre o histórico encontro lusófono de São Luís foi publicada na edição da Coluna publicada no dia 17 de janeiro de 2016.

 

São Luís, 07 de Janeiro de 2017.

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