Eleições municipais: resultado das urnas deu os traços do desenho do cenário para a guerra eleitoral de 2018

 

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Flávio Dino, Roseana Sarney, Roberto Rocha, Luis Fernando, Eduardo Braide, Wellington do Curso e Hilton Gonçalo: vias para disputar as eleições de 2018

Não há mais qualquer dúvida de que as eleições municipais – em especial a reeleição do prefeito Edivaldo Holanda (PDT) em São Luís – produziram o desenho primário do cenário em que se darão as eleições de 2018, quando os maranhenses participarão da eleição do presidente da República, e elegerão dois senadores, 18 deputados federais e 42 deputados estaduais. Os prefeitos e vereadores saídos das urnas de outubro foram de tal modo distribuídos política e partidariamente pelo eleitorado que a distribuição resultou num tabuleiro traçado por quatro vias. A primeira via é formada pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e seu grupo, a segunda pelo grupo hoje liderado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB/PV), a terceira pelo senador Roberto Rocha (PSB) e Luiz Fernando Silva, prefeito eleito de São José de Ribamar, e a quarta representada por grupos e lideranças independentes que poderão se agregar: os deputados estaduais Eduardo Braide (PMN) e Wellington do Curso (PP), o atual e o futuro prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB) e Assis Ramos (PMDB) e líderes como Hilton Gonçalo (PCdoB), prefeito eleito de Santa Rita. Identificados pelo peso que exibem neste momento pós-eleitoral, esses grupos têm 20 meses para uns se fortalecer e outros se consolidar.

Já previsto pela Coluna, esse rascunho ganhou contornos em reportagem interpretativa produzida pelo competente jornalista Marcos D`Eça e publicada na edição de fim de semana de O Estado. É, portanto, o quadro de leitura possível no momento, mas já evidenciando alguns movimentos e possibilidade que poderão alterar alguns dos seus pontos mais sensíveis. Sua consolidação ou transformação em cenário diferente vai depender da resposta à pergunta que hoje domina os bastidores da política do Maranhão: o governador Flávio Dino será candidato à reeleição ou a uma cadeira no Senado da República? Se o seu projeto for renovar o mandato e consolidar o seu projeto de governo, o desenho da disputa será um; mas se resolver se tornar senador e nessa condição assumir um espaço de liderança na seara da esquerda, como ventilam alguns, a construção do cenário para 2018 será bem diferente.

Na guerra eleitoral que se aproxima, a via liderada pelo governador Flávio Dino só tem ele próprio credenciado para entrar num embate pelo Palácio dos Leões. Se vier a optar por disputar cadeira no Senado, terá de escolher o candidato do seu grupo à sua sucessão. O nome mais cogitado para essa possibilidade é o deputado federal Weverton Rocha, que comanda o PDT e tem sinalizado que será candidato a senador, mas é visto como um político ousado o suficiente para ser candidato a governador. Não há outro nome no horizonte, e Dino sabe e alguns resultados das eleições municipais alertaram que a construção de uma candidatura com alguma viabilidade será um desafio de altíssimo risco. Daí é que, para não perder o poder que acumulou, o mais provável é que o governador concorra à reeleição, adiando assim um projeto nacional.

A segunda via ainda é o principal obstáculo ao projeto de poder do governador Flávio Dino. Mesmo em baixa, desfigurado e amargando a distância do poder, o Grupo Sarney encontra-se no estaleiro, mas vivo, e com possibilidade de recuperar forçar e partir para um novo embate, provavelmente com Roseana Sarney ou com o senador João Alberto para Governo e Senado ou vice-versa.

Na terceira via, o nome mais reluzente é mesmo o do senador Roberto Rocha. Mas ele ainda precisa resolver se continua no PSB, onde mede forças com o deputado federal José Reinaldo Tavares. Nos bastidores corre que Rocha está flertando com o PSDB incentivado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, podendo se reconverter ao tucanato e nessa condição sair candidato a governador pelo partido. Isso se o PSDB não optar por turbinar a posição de Luiz Fernando Silva no Maranhão e lançá-lo candidato ao Governo e atraindo para o partido o ex-governador José Reinaldo Tavares. A terceira via, portanto, tem duas alternativas possíveis.

Eles não formam um grupo, têm pouca articulação entre si, se fortaleceram no cenário das eleições municipais, e têm chance de crescer e ocupar espaço. Nele estão políticos como o deputado Eduardo Braide e Wellington do Curso, que entraram no cenário maior da política estadual porque tiveram desempenho excepcional na corrida para a Prefeitura de São Luís. É o caso também de Assis Ramos, que atropelou meio mundo e se elegeu prefeito de Imperatriz, e Hilton Gonçalo, que além de voltar à Prefeitura de Santa Rita com mais de 80% dos votos, teve participação decisiva na eleição da mulher prefeita de Bacabeira. São hoje políticos de ponta, com cacife para aparecer bem no cenário de 2018, inclusive com a possibilidade de surgir entre eles candidatos a governador e a senador. O fato é que poderão fazer planos e estão nos planos dos líderes maiores.

Claro que essa é a leitura do momento, feita ainda sobre os louros e os escombros das eleições municipais, e que poderá mudar leve ou radicalmente à medida que processo político nacional evoluir também para definições voltadas para as eleições de 2018.

Em tempo: o articulado e influente secretário de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry, garante que o governador é candidato à reeleição.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Em defesa de Roseana, Sarney declara “guerra santa” a Dino
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José Sarney declara guerra santa contra Flávio Dino

Se havia ainda alguma réstia de possibilidade de uma convivência minimamente pacífica do grupo do governador Flávio Dino com o grupo liderado pela ex-governadora Roseana Sarney, essa foi para o espaço na manhã de sábado, quando veio a público a crônica domingueira do ex-presidente José Sarney na capa do jornal O Estado. Mais do que um protesto duro ao indiciamento da ex-governadora Roseana Sarney sob a acusação de haver ela se beneficiado com a concessão de incentivos fiscais a empresas que se instalaram no Maranhão durante o seu Governo, Sarney declara uma espécie de “guerra santa” contra o Governo do comunista Flávio Dino.  Com base nos dados levantados pelo atual Governo, o Ministério Público diz que o Estado perdeu quase meio bilhão de reais. A ex-governadora reagiu dizendo que não cometeu qualquer ilegalidade e que todos os incentivos concedidos a empresas tiveram o respaldo de pareceres da Procuradoria Geral do Estado. E acusa o governador Flávio Dino de persegui-la movido pela ambição política. O ex-presidente José Sarney vai mais além na sua inconformação escrita vendo no petardo judicial dirigido à filha um movimento de ódio do atual governante. Sob o título “O ódio e a perseguição”, a crônica do ex-presidente é um primor de construção e pode ser vista também como um pequeno tratado sobre o ódio, sustentado em pensamentos e fatos históricos. Nela, Sarney alerta que o ódio embrutece, corrompe e deforma. E decidido a tirar o sono de quem acusa de perseguição, cita Robespierre, o arquiteto do terror na Revolução Francesa que acabou guilhotinado, como um exemplo de que “sempre o perseguidor termina exterminado”. Sarney expõe o seu anticomunismo fustigando os comunistas no poder com a acusação histórica de que Lenine e Stalin mudaram o conceito de política ao transformá-la em guerra e adversários em inimigos, e por isso hoje respondem por milhões de mortos. E arremata como cristão conservador pedindo a Deus que “salve o Maranhão dessa epidemia maldita”. Ou seja, uma acusação de desvio fiscal acabou transformada numa “guerra santa”.

André Fufuca se firma como líder e articulador
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André Fufuca: bom articulador

Depois dos tropeços causados pela ligação que mantinha com o então presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), o deputado maranhense André Fufuca, que assumiu o comando do PP no estado na poeira do desastre político em que se transformou o deputado federal Waldir Maranhão (PP), vem se revelando um articulador de mão cheia. Foi, por exemplo, um dos incentivadores da aliança do PP com o PSB em torno da candidatura do deputado Wellington do Curso a prefeito de São Luís. Teve também atuação decisiva na decisão que consolidou a candidatura de Luciano Genésio, que se elegeu prefeito de Pinheiro. Atuou também fortemente para apoiar a candidatura de Zé Vieira em Bacabal, que ganhou nos votos, mas enfrente uma grave pendência judicial. E vem trabalhando discretamente para levar o presidente da Assembleia Legislativa, Humberto Coutinho, caso ele venha a deixar o PDT para viabilizar sua candidatura a senador. André Fufuca está se tornando um politico acreditado e de futuro longo e largo.

 

São Luís, 05 de Novembro de 2016.

 

3 comentários sobre “Eleições municipais: resultado das urnas deu os traços do desenho do cenário para a guerra eleitoral de 2018

  1. Esse pessoal do Sarney quem fala em perseguição esse pessoal dessa oligarquia que atrazou o Maranhão cinqüenta anos eles vão pagar por tudo que fizeram por povo do Maranhão deixando o maranhenses na beira da miséria

  2. Sarney , falando de perseguição, é um verdadeiro hipócrita, pois quem não se lembra das perseguições praticadas por ele contra Zé Reinaldo, Jackson Lago e tantos outros que tiveram a ousadia de enfrentá-lo.

  3. “Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas.”
    Lênin

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