A pergunta mais insistente feita atualmente nos bastidores da corrida à Prefeitura de São Luís é a seguinte: Qual será a posição do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) na sua própria sucessão? As especulações sobre essa interrogação são frenéticas, ouve-se diariamente as mais diversas hipóteses possíveis, mas a verdade é que, demonstrando uma enorme capacidade de se manter no cenário escondendo o jogo, mesmo fazendo gestos aqui e ali, o prefeito vem surpreendendo com um silêncio obstinado sobre o assunto. Politicamente, é sabido que Edivaldo Holanda Júnior já acertou ponteiros com o governador Flávio Dino (PCdoB), de quem recebeu a tarefa de coordenar o processo sucessório no âmbito dos partidos que integram a aliança governista, uma tarefa complexa e que exigirá dele muita habilidade, paciência e eficiência como articulador. Partidariamente, ele depende de um posicionamento do comando do PDT, mais precisamente do senador Weverton Rocha, que não tem candidato e deve sugerir o vice numa aliança com o DEM ou com o PCdoB. Uma situação pouco confortável, uma vez que muito do seu futuro político, que é promissor, depende do desfecho da sua própria sucessão.
No que diz respeito à tarefa de coordenar a corrida sucessória na seara dos partidos governistas, é evidente que, por mais delicada que ela seja, o prefeito não terá maiores dificuldades: tem bom relacionamento com todos os partidos que apoiam sua gestão, tem se mostrado aberto a conversas reservadas e, para completar, é um craque na arte de ser discreto, pois nada, ou quase nada do que articula tem vindo à tona. Tem mantido conversas com o presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, do Cidadania, senadora Eliziane Gama, e do PSB, deputado federal e candidato a prefeito Bira do Pindaré, entre outros. Isso evidencia que o prefeito está cumprindo sua tarefa de articulador, sem soprar a brasa de nenhum pré-candidato até aqui. Vem fazendo, à sua maneira discreta, a parte que lhe cabe no entendimento com o governador Flávio Dino, que não pretende se envolver diretamente no embate do primeiro turno.
Partidariamente, o prefeito de São Luís encontra-se numa posição delicada. Primeiro porque, numa situação insólita, o seu partido, o PDT, não tem nome de peso para disputar a sua sucessão – alguns foram lembrados, como o presidente da Câmara Municipal, Osmar Filho, por exemplo, mas não prosperaram. E depois, têm corrido insistentes rumores de que já não seria mais firme como dantes a sua relação com o senador Weverton Rocha. Intrigas à parte, o fato é que Edivaldo Holanda encontra-se na politicamente inusitada e estranha posição de prefeito de um partido forte e no comando de uma gestão bem avaliada, mas obrigado a apoiar um candidato de outro partido ou, se preferir, ficar de fora sem apoiar ninguém.
Aos 41 anos, e dono de um lastro que inclui dois mandatos de vereador de São Luís, meio mandato de deputado federal e dois mandatos de prefeito da Capital, à frente de uma gestão equilibrada e eficiente, com um enorme saldo positivo a seu favor, Edivaldo Holanda Júnior tem maturidade suficiente para saber que não pode errar. Tem consciência que cada passo que vier a dar de agora por diante será decisivo para o desfecho da corrida à sua sucessão, podendo ser-lhe favorável ou desastroso. Sabe, finalmente, que, com a autoridade de quem tirou São Luís de uma cratera fiscal, pagou salários rigorosamente em dia, investiu forte em educação, saúde e infraestrutura e deu uma guinada radical na revitalização do Centro da Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, tem cacife para projetar futuro politicamente ambicioso.
Nesse contexto, aonde a partir de agora todo movimento será decisivo, o prefeito de São Luís passa o reinado de Momo distante da folia, certamente aproveitando para avaliar o cenário e se preparando para tornar sua coordenação mais efetiva com a chegada das águas de março. E com o trunfo de saber que o rumo que vier a tomar, discreta ou ostensivamente, influenciará fortemente no desfecho da disputa.
PONTO & CONTRAPONTO
PCdoB vai ter de mostrar o tamanho político real do pré-candidato Rubens Júnior
O PCdoB está se movimentando para transformar o deputado federal Rubens Júnior, seu pré-candidato ao palácio de la Ravardière, no grande nome da base dinista para enfrentar na campanha e nas urnas o deputado federal Eduardo Braide (Podemos), até aqui o nome a ser batido nessa disputa. A parte visível da estratégia é mostrá-lo como um dos políticos mais bem sucedidos da nova geração, aliado de primeira hora do projeto de poder desenhado nos primeiros anos deste século pelo então ex-juiz federal e candidato a deputado federal Flávio Dino, e nome de proa em todos os movimentos do grupo que começou a chegar ao poder em 2012, com a eleição de Edivaldo Holanda Júnior (PTC) prefeito de São Luís, e que culminou com a eleição de Flávio Dino governador do Maranhão e a reeleição em 2018, tomando também as três vagas do Senado, uma em 2014 e duas em 2018. O PCdoB vai mostrar que, advogado de formação e político por profissão, Rubens Júnior é um quadro com sólida base de conhecimento, ampliada pela vivência em dois mandatos de deputado estadual e um cumprido e outro em andamento de deputado federal e do qual se licenciou para assumir a Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano. Esse currículo, enriquecido por uma ação política intensa na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal – onde atuou fortemente em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), fez oposição intensa ao Governo do presidente Michel Temer (MDB) e foi duro com o Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no curso período em que o enfrentou. Rubens Júnior, portanto, não é um político qualquer, o que exige do PCdoB um cuidado especial ao mostrá-lo ao eleitorado de São Luís como candidato à sucessão. Vale aguardar o produto a ser embalado por marqueteiros.
Avante e Patriota apoiam Detinha por serem controlados com mão-de-ferro por Josimar de Maranhãozinho
Ao explicar sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís, a deputada estadual Detinha (PL) diz que seu nome foi escolhido após intenso debate no seu partido e no Avante e no Patriota, agremiações que, segundo ela, “somam com o projeto político do nosso grupo”. Só que a situação é bem mais que isso. Primeiro, Avante e Patriota não são partidos independentes no Maranhão. Assim como o PL, eles são controlados com mão-de-ferro pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que mantém seus representantes rigorosamente na linha que ele traça, e ponto final. Nessas reuniões ocorrem conversas animadas, mas a palavra final é do marido da deputada Detinha, que não aceita discordâncias. No meio político é sabido que os deputados federais Júnior Lourenço (PL), Pastor Gildenemyr (PL) e Marreca Filho (Patriota) e os deputados estaduais Hélio Soares, Vinícius Louro e Leonardo Sá seguem à risca as orientações de Josimar de Maranhãozinho. Ou seja, mais que um grupo político, o marido da deputada Detinha está formando uma tropa de choque com aliados incondicionais. O que muitos perguntam é do que é tecido o fio condutor de tanta lealdade.
São Luís, 23 de Fevereiro de 2020.