Disputa Brandão-Weverton causa tensão, mas Dino mantém situação sob controle

 

Flávio Dino mantém controle sobre a disputa entre Carlos Brandão e Weverton Rocha pela sua sucessão

Não é novidade que o governador Flávio Dino (PSB) está enfrentando fortes pressões nos bastidores do seu Governo e da sua base política, feitas por aliados do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) e do senador Weverton Rocha (PDT), ambos pré-candidatos ao Palácio dos Leões e em busca do apoio do chefe do Executivo e do grupo que lidera. Pelo que corre nas entranhas partidárias, essas pressões são frutos da guerra aberta entre os dois pré-candidatos, que ganha intensidade à medida que vão se aproximando os momentos de decisão, quando o governador baterá o martelo e dirá como e com quem seguirá para as urnas. Até aqui, Flávio Dino vem conduzindo o processo de maneira republicana, dando apoio político a Carlos Brandão, mas sem criar qualquer tipo de embaraço para a movimentação de Weverton Rocha e mantendo representantes do PDT nos espaços do Governo destinados ao partido. No delicado e complexo xadrez que movimenta o poder, os dois pré-candidatos jogam pesado na ocupação de espaço.

Carlos Brandão e Weverton Rocha são políticos experientes, que sabem onde querem chegar e estão determinados a isso. Eles jogam por padrões totalmente diferentes. O vice-governador é contido, não é dado a exposição, fazendo, por temperamento, uma política de articulação, de conversa direta, de preparação de terreno para chegar ao eleitor; ao mesmo tempo, conta com aliados aguerridos, que, também nos bastidores, vão para o confronto com adversários. Weverton Rocha é o inverso, joga forte nos bastidores, mas se mostra, ousada e intensamente, criando as mais diversas situações para o contato direto com o eleitorado, realizando grandes eventos, como as edições do “Maranhão mais feliz”, para o que conta com aliados igualmente envolvidos no projeto e dispostos ao confronto com adversários.

À sua maneira, Carlos Brandão vai agregando força política ao seu projeto de candidatura, com o envolvimento de deputados federais, deputados estaduais, prefeitos, ex-prefeitos e vereadores. É um trabalho intenso, complexo, no qual conta com o apoio valioso de dois ex-prefeitos e políticos experientes, o ex-prefeito de São José de Ribamar Luiz Fernando Silva (PSDB) e o ex-prefeito de Tuntum Cleomar Tema (PSB), contando ainda com o incentivo e a colaboração direta do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB), além do apoio de deputados federais e estaduais e um número expressivo de prefeitos. Um time de peso, que conhece o caminho das pedras e sabe jogar em terreno pedregoso adversos. Esse time, que conta com vários apoiadores empenhados dentro e fora do Governo, dá o suporte necessário ao fortalecimento do projeto de candidatura do vice-governador.

Weverton Rocha é o contrário. Jovem e impetuoso, faz uma pré-campanha intensa, buscando ao mesmo tempo a articulação de uma base política e uma aproximação direta com o eleitorado, objetivos para os quais não mede esforços nem os meios disponíveis para alcançar. O articulador-mor dessa ação é o prefeito de Igarapé Grande e presidente da Famem Erlânio Xavier (PDT), que atua apoiado por um grupo forte de colaboradores. No campo político, Weverton Rocha conta com o aval do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), hoje o seu apoiador mais destacado, além de deputados federais e estaduais, dezenas de prefeitos, formando uma base que o mantém confiante.

Mesmo administrando tensões produzidas em ambas as frentes, e ciente de que dificilmente Carlos Brandão e Weverton Rocha dificilmente abrirão mão de seus projetos em favor de um deles, o que leva suas pré-candidaturas para o campo da irreversibilidade, o governador Flávio Dino vai conduzindo o processo fazendo o que pode para evitar um confronto arrasador. Nesse sentido, o governador tem reafirmado sua liderança, mostrando que está no pleno cumprimento da agenda acertada com os dois pré-candidatos. E por mais fortes que venham a ser as pressões por eles produzidas, disputa política nesse nível é assim mesmo, é o jogo pelo poder o governador Flávio Dino dificilmente perderá o controle da situação.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

João Marcelo faz esclarecimentos sobre a situação no MDB

João Marcelo: inclinação por Carlos Brandão, mas sem martelo batido ainda

O lúcido e bem articulado deputado federal João Marcelo acendeu algumas luzes sobre a turva e complicada situação do MDB, seu partido, no contexto da corrida ao Palácio dos Leões.

Para começar, afirma que, pelas informações que dispõe, a ex-governadora Roseana Sarney, atual presidente do MDB maranhense, já bateu martelo quanto ao seu futuro: será mesmo candidata a deputada federal, enfatizando que ela publicou tal decisão nas suas redes sociais no último fim de semana. Certo, mas vale lembrar que essa decisão foi tomada no final de 2020 e divulgada em primeira mão por esta Coluna. Só que de lá para cá, ao sabor das pesquisas que a apontaram na liderança, ela ensaiou três vezes entrar na briga pelo Palácio dos Leões, o que semeia dúvida sobre a última declaração. De qualquer maneira, disputando o Governo ou uma cadeira na Câmara Federal, a participação da ex-governadora na corrida eleitoral é saudável.

No que diz respeito à sua posição em relação aos pré-candidatos ao Governo, o deputado João Marcelo afirma, categórico, que ele e seu pai, o ex-governador João Alberto, ainda não se posicionaram. Continua conversando, avaliando e articulando uma posição conjunta com o deputado federal Hildo Rocha, seu colega de partido. Nas suas conversas, ambos estão até aqui inclinados a apoiar o projeto de candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que já conta com o apoio dos deputados estaduais emedebistas Arnaldo Melo e Socorro Waquim, sem descartar, no entanto, a possibilidade de uma aliança com o senador Weverton Rocha (PDT), apoiado pelo vice-presidente do MDB, deputado estadual Roberto Costa. Nada além disso.

O deputado João Marcelo aposta alto que, mesmo passando a impressão de que está sentido atingido por um racha, o MDB chegará a uma posição de consenso em relação à disputa para o Governo do Estado.

 

Combustíveis: Bolsonaro usa Lira contra governadores e Dino formula sobre ICMS

Flávio Dino rebate discurso de Arthur Lira sobre ICMS para agradar Jair Bolsonaro

 

O Brasil assistiu ontem a uma jogada política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para atacar governadores, aos quais atribui a responsabilidade pelo estratosférico preço dos combustíveis, por conta do ICMS, usando o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP/AL), como bucha de canhão, num palanque em Alagoas. Mesmo sabendo que suas declarações carecem de verdade, Arthur Lira servilmente adotou o discurso do presidente contra os governadores, como se a mudança na legislação dependesse deles.

Mais tarde, do alto da sua autoridade de governador cujo Estado cobra, com base na Constituição Federal, a alíquota mais baixa de ICMS sobre combustíveis, o governador Flávio Dino entrou na discussão e postou nas suas redes sociais:

“Sobre o ICMS, reitero aposição que sustento há muito tempo: O ICMS deve acabar. Para isso, basta que o Congresso Nacional mude a Constituição Federal. Mas que fique claro: não vai haver redução de preço de combustível sem mudar a política federal de ‘paridade internacional’”.

Será que Arthur Lira vai topar o desafio de mudar a regra? Vale aguardar.

São Luís, 29 de Setembro de 2021.

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