Em meio ao turbilhão especulativo que o envolveu desde que veio à tona a informação de que se encontrara com apresentador Luciano Huck – um dos mais destacados integrantes ainda sem partido do time de candidatos a candidatos a presidente da República -, o governador Flávio Dino (PCdoB), em entrevista ao Jornal Pequeno, disparou um aviso direto: sua agenda política em 2020 será focada nas eleições municipais. E dentro do aviso, o governador mandou uma série de recados: vai participar do processo de disputa por prefeituras incentivando candidatos a prefeito do seu grupo e da aliança partidária que lidera, assinalando ainda que onde houver dois aliados disputando, não tomará posição no embate. No caso de São Luís, onde enxerga um cenário político-eleitoral mais complexo, o governador revelou que entregou a coordenação ao prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), que terá o desafio de harmonizar o máximo possível as forças aliadas que estarão no confronto pelo comando político e administrativo da Capital. Em resumo, 2020 será um ano essencialmente político, voltado para a eleição de 217 prefeitos e de 2.320 vereadores no Maranhão.
Depois de ter vivido intensamente 2019 como um ano político que refletiu o resultado das eleições de 2018, de cujas urnas saíram vários projetos mirando o Palácio do Planalto em 2022, o governador do Maranhão, reeleito em turno único, foca agora sua agenda na base que lhe dá sustentação. A começar pelo fato de que os prefeitos que serão eleitos em Outubro estarão no auge dos seus mandatos na corrida eleitoral de 2022, com poder de fogo político que os tornarão peças-chaves nos projetos eleitorais visando Assembleia Legislativa, Governo do Estado, Câmara Federal, Senado e Presidência da República. E como líder de uma grande aliança, sua tarefa – gigantesca e desafiadora, diga-se -, será turbinar os partidos aliados, começando pelo PCdoB, para manter ou até mesmo ampliar, seus espaços políticos na seara municipal. Daí o recado direto de que vai participar apoiando aliados, mas tendo o cuidado de não se envolver onde dois estiverem disputando.
Hoje um político que usa conhecimento, inteligência e experiência em todos os seus movimentos, o governador do Maranhão já conhece a fundo as sutilezas, os humores e os interesses que movem a política na base. Nesse sentido, sinaliza com esforços para ajudar seus aliados a alcançar um bom desempenho nas urnas, cada vez mais ciente de que o resultado das eleições municipais terá reflexo direto nas eleições gerais de 2022, que por sua vez serão decisivas para o futuro do estado. E nesse contexto, o seu partido, o PCdoB, que comanda atualmente mais de 40 prefeituras, tem papel fundamental, não apenas elegendo o maior número de prefeitos, como também dando exemplos de boa gestão. PDT, PSB, PT e Cidadania, seus principais aliados à esquerda, são também partes importantes desse projeto.
O trecho da entrevista dedicado a São Luís reforça a ideia de fortalecimento da aliança. Isso porque, ao entregar a Edivaldo Holanda Júnior a coordenação do processo que resultará na escolha do candidato – ou candidatos – do grupo e na campanha governista, Flávio Dino dá ao prefeito uma responsabilidade excepcional. O governador sabe que agora, mais do que nunca, a eleição do prefeito de São Luís é um desafio para o grupo que lidera. Primeiro porque a aliança tem o que ele definiu como “vários ótimos pré-candidatos” – Duarte Júnior (PCdoB), Rubens Júnior (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB), Neto Evangelista (DEM) e Yglésio Moises (sem partido). E depois, porque a Oposição também está entrando no confronto com candidatos fortes, entre eles Eduardo Braide (Podemos), apontado pelas pesquisas como favorito. Nesse contexto, com duas eleições de vereador e duas de prefeito, Edivaldo Holanda Júnior conhece bem o caminho das pedras, estando, portanto, em condições de obter bom resultado.
O projeto presidencial permanecerá de pé, mas em “banho maria”, para ser retomado com toda força em 2021.
PONTO & CONTRAPONTO
Tadeu Palácio estaria satisfeito com os 6% na pesquisa
O ex-prefeito Tadeu Palácio (PSL) teria comemorado efusivamente os 6% de intenções de voto que recebeu na pesquisa Econométrica feita no apagar das luzes de 2019. Não é para menos. Afinal, ele recebeu percentual na faixa recebida pelo deputado federal Bira do Pindaré (PSB) e dos deputados estaduais Neto Evangelista (DEM) e Wellington do Curso (PSDB). Para ele, que estava afastado do cenário político depois de ter governado São Luís por seis anos e com a experiência de uma reeleição vencida no primeiro turno, retornar à cena com 6% das intenções de votos num time de pré-candidatos que estão no jogo e em grande evidência. Parece também não ter sido atingido fortemente pelo destino comum a vários ex-prefeitos de São Luís, como as ex-prefeitas Gardênia Gonçalves e Conceição Andrade, por exemplo, que romperam com as urnas depois das suas conturbadas passagens pelo Palácio de la Ravardière. Para o ex-prefeito Tadeu Palácio, o simples fato de ter sido lembrado e escolhido por uma fatia expressiva dos entrevistados pelo Econométrica é alvissareiro, pois permitiu que ele retornasse ao cenário da política municipal, se não para voltar à Prefeitura, pelo menos para se divertir tentando.
Roseana não será candidata e tentará levar o MDB a apoiar Adriano Sarney
Corre nos bastidores que a ex-governadora Roseana Sarney já teria batido martelo e decidido não ser candidata à Prefeitura de São Luís pelo MDB. Sem ela na disputa, o deputado Adriano Sarney (PV) deverá consolidar o seu projeto de candidatura, e apostando que terá o apoio da tia. No MDB, há ainda que acredite que a ex-governadora repense sua decisão e seja candidata, mas ela dificilmente deixará de apoiar o sobrinho, se ele de fato mantiver o projeto. E pelo que imaginam alguns sarneysistas mais experientes, a estratégia será levar o MDB para uma aliança com o PV, tendo Adriano Sarney como candidato a prefeito com um vice emedebista. Há quem diga que até o ex-presidente José Sarney estaria inclinado a apoiar essa equação, que encontra forte resistência na ala jovem do partido. Essa aliança pode até não sair, mas certamente será proposta.
São Luís, 07 de Janeiro de 2020.
Roseana já era! O seu tempo já passou. Agora os tempos são outros. Tem é que abrir espaço para Adriano Sarney! O cara é novo, preparado e tem gás para trabalhar por São Luís!
Voto em Adriano, tem futuro e seriedade. Acho que
Roseana não será candidata, ela só faz esse ensaio pra lembrar aos que elegeram Flávio Dino, taí o governador bom da mudança. Nós votamos pra mudar, repetimos sempre o mesmo blá, blá, blá, de oligarquia, de mudança e quando mudamos é essa tragédia, uma desgraça de gestão pior que a Roseana.
Falta saber se o restante da liderança do MDB, diga-se João Alberto e Roberto Costa, concordam com esta ideia ou se já estão com uma estratégia em andamento