Com nova orientação, bom tempo de rádio e TV e forte cacife político, MDB é “noiva” cobiçada em São Luís

 

Roberto Casta e Roseana Sarney em live recente: descontração e foco político sem restrições

O MDB fixou o dia 15 de Agosto como data limite para bater martelo a respeito de como vai participar da corrida à Prefeitura de São Luís. Poderá lançar candidato próprio, apoiar candidato de outro partido indicando o vice, ou participar de uma aliança sem fazer parte da composição de chapa majoritária, investindo suas forças na eleição de uma bancada na Câmara Municipal, reocupando pelo menos parte do espaço que já ocupou na Capital. O vice-presidente regional do partido, deputado estadual Roberto Costa, designado articulador da participação emedebista nas eleições em todo o Maranhão, revelou a data-limite no caso de São Luís durante entrevista recente ao programa “Ponto e Vírgula”, da Rádio Difusora, capitaneado pelo jornalista Leandro Miranda. A definição, portanto, ocorrerá em duas semanas, tempo suficiente para que o braço ludovicense do MDB se posicione em relação à briga pelo Palácio de la Ravardière, que envolve hoje nada menos que 13 pré-candidatos e uma penca de quase três dezenas de partidos.

Roberto Costa trabalha para situar o MDB no epicentro da disputa, isso porque o partido que ele comanda hoje pouco se parece com o MDB de algum tempo atrás, hegemônico no estado, dono do poder estatal e regido rigorosamente pela cartilha do sarneysismo. O partido agora não nega suas origens, não se movimenta para se desvencilhar do Grupo Sarney, mas está vivendo um amplo processo de redefinição, que o faz diferente, mais aberto e mais realista. Isso se deve à tomada de posição da ala jovem, que decidiu assumir os rumos da legenda, tendo enfrentado dificuldades internas no início do movimento, mas que conseguiu convencer a “velha guarda” de que chegara a hora de uma grande virada. Hoje, ao contrário de 2018, por exemplo, o MDB, é um partido muito mais leve e ágil.

O MDB que procura um rumo na corrida à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) tem capital político expressivo, potencial eleitoral respeitável e instrumentos valiosíssimos, cacife que lhe permite sentar à mesa para negociar aliança com qualquer partido. O capital político pode ser medido pelo tamanho e pela organização da legenda, com estrutura e mobilidade na cidade, e pelo saldo de realizações dos governos emedebistas, principalmente os comandados por Roseana Sarney. O potencial eleitoral é uma decorrência desse espaço político conquistado. E os instrumentos de campanha começam pelo tempo de rádio e TV, que representa 6,08% do tempo destinado ao horário eleitoral gratuito, equivalente aos de PSDB, PSD, PP, PSB e PL, maior que o do PDT e do DEM. Esse tempo turbinará qualquer candidatura de partido pequeno, como a do deputado federal Eduardo Braide pelo Podemos, por exemplo.

Não é sem razão que a maioria dos pré-candidatos já abriu canal de comunicação com Roberto Costa, tendo alguns deles já conversado informalmente com o presidente João Alberto e Roseana Sarney. Eles enxergam no MDB uma “noiva” vistosa e dona de um respeitável dote. Há, por outro lado, o temor de desgaste de uma aliança com o sarneysismo, mas não há como negar que o MDB de agora começa a construir uma nova identidade, na qual o rótulo não terá muita influência. Um exemplo é a postura da ex-governadora Roseana Sarney, que declinou do convite para ser candidata, avalia como “muito bom” o grupo de pré-candidatos – “Tá difícil de escolher”, disse -, colocando-se à disposição do partido para seguir os rumos que forem definidos pela articulação dos seus novos líderes na Capital e no interior.

Uma avaliação cuidadosa do cenário em evolução certamente concluirá que o MDB se encontra numa posição confortável, podendo escolher seu rumo na corrida sucessória na Capital. Pode lançar um nome-surpresa, pode se aliar a um candidato forte ou pode simplesmente esnobar a disputa pela Prefeitura e investir todo o seu cacife na briga por cadeiras na Câmara Municipal. Nessa linha de pragmatismo, já definiu posição em Imperatriz, onde apoiará o prefeito Assis Ramos (DEM), indicando o empresário Franciscano como vice. Nada impede que repita a aliança com o DEM em São Luís em torno do deputado estadual Neto Evangelista, ou com qualquer outro candidato.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino confirma estatura política em entrevista à CNN

Flávio Dino: demonstração de preparo e equilíbrio durante entrevista à CNN

O governador Flávio Dino (PCdoB) deu mais uma demonstração de que é um dos mais preparados e articulados políticos da sua geração e da atualidade no Brasil. O que já é uma realidade foi de novo reafirmada ontem numa longa entrevista que o governador do maranhão concedeu ao programa “O Ponto”, da CNN, na qual falou de pandemia, os resultados e desdobramentos, economia no presente e no futuro, e política neste momento e no porvir. “Bombardeado” de perguntas inteligentes e bem formuladas, Flávio Dino foi hábil e preciso nas respostas, fazendo uma avaliação realista e honesta do cenário sanitário, econômico e político nacional.

Em relação à pandemia, mostrou, por A mais B, que os resultados alcançados até aqui são frutos dos esforços feitos pelos governadores, que não se deixaram dominar pelo negacionismo pregado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pela inércia da máquina federal.

No campo econômico, o governador avaliou a situação como dramática, mas apontou caminhos para a retomada das atividades e do crescimento. Defendeu a manutenção do auxílio emergencial de R$ 600 pelo menos até dezembro, mas alertou que, por se tratar de uma ação temporária, poderá haver desdobramentos graves quando for suspenso. Daí a necessidade de um pacto pelo emprego, liderado pelo presidente, que por sua vez demonstrou não estar interessado nesse tido de solução. O governador avalia que propor reforma tributária agora não ajuda e entende que as medidas do ministro da Economia, Paulo Guedes, tendem a dificultar a retomada.

No campo político, o governador Flávio Dino reafirmou integralmente a proposta de a esquerda democrática deve articular uma ampla frente, que inclua o centro e até mesmo parte da direita democrática para enfrentar a direita conservadora representada pelo presidente Jair Bolsonaro. Ele defendeu essa frente como o caminho político mais seguro e mais saudável para o grande embate eleitoral de 2022.

Em tempo: logo após a entrevista do governador Flávio Dino, o programa “O Ponto” entrevistou o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD). Quem assistiu às duas pode observar a diferença espantosa de nível entre os dois mandatários.

 

 Dias Toffoli foi desrespeitoso com Douglas Martins em julgamento no CNJ

Dias Toffoli foi desrespeitoso com Douglas Martins

Injustas e desnecessárias as declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, feitas na condição de presidente do Conselho Nacional de Justiça ao julgar a reprimenda ao juiz Douglas Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, por haver ele adotado uma postura midiática após a decretação do Lockdown na Ilha de Upaon Açu, ao conceder entrevistas e participar de lives com políticos sobre o assunto. O ministro Dias Toffoli foi no mínimo precipitado na maneira com que ele se referiu ao magistrado maranhense, tratando-o como um juiz menor, irresponsável e não digno de respeito. Como presidente do STF e do CNJ, o ministro Toffoli deveria ter sido mais formal e respeitoso, a começar pelo fato de que deveria se informar melhor em relação à trajetória e à postura do juiz Douglas Martins. O magistrado maranhense estava sendo julgado por uma postura controversa assumida por conta de uma decisão igualmente controversa, e não por desvio de conduta, corrupção ou incompetência jurídica. O ministro deveria saber que no comando da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, o juiz Douglas Martins tem realizado um trabalho de largo alcance social, sendo que muitos dos casos são resolvidos por acordos bem amarrados e produtivos, principalmente quando envolvem a Prefeitura de São Luís e a coletividade. Se, neste caso, Douglas Martins não seguiu estritamente as regras da magistratura no que diz respeito a postura de magistrado, falando para TVs, emissoras de rádio imprensa e jornais, além de participar de lives, sempre justificando sua decisão, cometendo, portanto, algum excesso, nada de anormal seria ser ele chamado às falas pela Corregedoria Geral de Justiça do Maranhão. E também pelo CNJ, à medida que está nos regimentos da magistratura que juiz não pode nem deve se manifestar além do conteúdo dos seus despachos e sentenças. Douglas Martins pode ter extrapolado quando, contagiado pelos holofotes e atendendo a pedido do Ministério Público, determinando ao Poder Executivo a decretação do Lockdown em São Luís e região, usurpando uma prerrogativa do Poder Executivo e do Poder Legislativo, e ao ter assumido um protagonismo impróprio como magistrado, ainda que sua decisão tinha contribuído para poupar milhares de vidas. Nada justifica, portanto, a maneira pouco respeitosa com que o presidente do STF e do CNJ se referiu ao juiz maranhense ao colocar o caso em julgamento, conforme vídeo viralizado nas redes sociais.

São Luís, 02 de Agosto de 2020.

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